Com o olhar do ex-senador Armando Monteiro Neto, iniciamos hoje a série com 16 políticos convidados para opinar sobre o que representou o ano de 2024 e a expectativa para o ano que se aproxima. Para Armando Monteiro, Pernambuco teve ganhos neste ano, mas é “preciso acelerar o passo”.
Pernambuco, na sua avaliação, precisa ter senso de urgência, porque, com as transformações que estão acontecendo no ambiente externo, “se nós não acelerarmos o passo, o Estado vai perder oportunidades importantes”.
Leia maisQuanto ao País, avalia que falta uma convergência maior sobre a necessidade de ajustes que precisam ser feitos na economia brasileira. “Não pode haver retrocessos em algumas agendas, mas, por outro lado todos precisam ter a consciência de que o Brasil deve encaminhar melhor a questão fiscal”, afirmou.
Confira na íntegra:
O Brasil e Pernambuco precisam investir mais na agenda do crescimento e da geração de empregos
Por Armando Monteiro Neto*
O ano de 2024 chega ao fim com fatos positivos na economia e na vida das pessoas, no Brasil e em Pernambuco. O desempenho do PIB, por exemplo, tem superado as expectativas. Vamos fechar o ano com quase 3,5% de crescimento, o que, para o padrão histórico mais recente, representa um bom desempenho. O mercado de trabalho está aquecido, com aumento da renda, da massa salarial, e com o desemprego em baixa, e tudo isso deve ser destacado. Em Pernambuco, estão sendo retomados investimentos significativos em infraestrutura que vão impactar fortemente o nosso desempenho nos próximos anos.
Mas é preciso ter cautela quando se olha para as perspectivas de 2025 e do futuro, sobretudo porque está claro que, no plano nacional, é urgente promover ajustes para reverter a trajetória das contas públicas, cada vez mais desequilibradas. No nível estadual, temos necessariamente que promover uma maior convergência de todos os atores políticos e econômicos para que nosso Estado possa avançar de forma mais célere na busca de seus objetivos mais estratégicos, que são sobretudo garantir maior investimento público e privado em obras e ações estruturadoras e nos serviços públicos essenciais, principalmente educação, segurança e saúde.
No plano legislativo, o Brasil avançou na agenda de reformas do país, podemos celebrar algumas conquistas como o estabelecimento de alguns marcos regulatórios e principalmente o avanço da reforma tributária. Essa é sem dúvida nenhuma uma das mais importantes reformas já promovidas para o país Brasil, porque vai produzir um grande impacto no crescimento futuro, na dinamização dos investimentos, nas atividades econômicas.
Entretanto, o que é que nos preocupa mais e quais são as ameaças do presente e que podem comprometer o futuro? Em primeiro lugar, as disfuncionalidades do sistema político. Falta muitas vezes uma convergência maior sobre a necessidade de ajustes que precisam ser feitos na economia brasileira. Não pode haver retrocessos em algumas agendas, mas, por outro lado, todos precisam ter a consciência de que o Brasil deve encaminhar melhor a questão fiscal. O reflexo desse desajuste nas contas públicas se expressa negativamente nos dois principais preços da economia, o câmbio e os juros, além de significativo aumento na dívida pública. No caso do câmbio, produz impactos na inflação. E, no caso dos juros, desestimula e trava a atividade econômica.
Com relação a Pernambuco, é preciso destacar o fato de que, após o primeiro ano, quando o governo Raquel Lyra promoveu a reestruturação da máquina pública do Estado com aumento da capacidade de investimentos, nós já começamos a perceber em 2024 iniciativas concretas e de peso em obras de infraestrutura, a exemplo da requalificação da malha viária do Estado, com mais de R$ 5 bilhões em investimentos. Vemos também a retomada de obras de recursos hídricos, de adutoras no interior, de abastecimento de água no Recife e na Região Metropolitana, o programa Águas de Pernambuco, com forte atuação da Compesa e impacto em todo o Estado.
Outro fato positivo foi o anúncio das obras do PAC, as obras federais, como a licitação para ampliação da Refinaria Abreu e Lima, com mais de R$ 8,5 bilhões em investimentos. Por outro lado, há a consolidação de programas sociais de impacto, como o Mães de Pernambuco, que vem sendo ampliado, e das creches estaduais. Na saúde, obras de peso como reforma de hospitais, abertura de novos leitos. Foi um ano positivo na economia, no social e também na política. Isso já começa a se refletir nos índices de aprovação do governo, e eu tenho muita confiança que, com esse ajuste que foi promovido na administração de Pernambuco, com o aumento da capacidade de investimento do Estado, a governadora chegará ao final de 2025 fortalecida, inclusive com o fato de que, no plano político, os partidos que formam a base do governo Raquel saíram da disputa fortalecidos, com uma presença majoritária no comando dos municípios do Estado. Isso respalda e fortalece o projeto Raquel Lyra em Pernambuco.
Agora é preciso acelerar o passo. Pernambuco deve cada vez mais se dar conta, e não é só o governo, é a sociedade, que nós necessitamos ter um sentido de urgência e maior convergência dos atores políticos, da sociedade e do setor empresarial, para que possa avançar também na melhoria do ambiente de negócios, na promoção dos investimentos privados, aproveitando da melhor forma possível, por exemplo, alguns programas que o governo federal está implementando, como o da NIB, Nova Indústria Brasil, nos financiamentos que estão sendo oferecidos pelo BNDES, todas as linhas na área de inovação. Pernambuco precisa ter um senso de urgência, porque, com as transformações que estão acontecendo no ambiente externo, se nós não acelerarmos o passo, nosso Estado vai perder oportunidades importantes.
*Ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria
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