Por Mauro Ferreira Lima*
A partir da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco-Universidade de Pernambuco, temos acompanhado o trabalho da Prefeitura da Cidade do Recife para buscar a revitalização do decadente Centro da cidade. Trata-se de um desafio que demanda e demandará sempre medidas ousadas, diferenciadas e disruptivas.
Foi com esta visão que, nós, da FCAP/UPE, analisamos este desafiador complexo urbano. Chegamos a esboçar algo diferenciado e audacioso para um local específico do Centro: a Rua da Imperatriz.
Leia maisEm primeiro lugar, reabrir para o trânsito da metade da Rua da Imperatriz, visando integrá-la ao conjunto de ruas “isoladas” da vizinhança (aí, certamente, explodiria a polêmica!). Começaria pela sua entrada, em frente à tradicional Igreja Matriz, e iria até a Sete de Setembro. Seguiria pela Martins Júnior para juntar-se à Rua do Hospício. Daí, chegaria à histórica Praça Maciel Pinheiro, onde há um projeto para edificar um museu onde residiu, por 6 anos, Clarice Lispector.
Continuando, se atingiria a Rua do Aragão e Manoel Borba. Se chegaria, também, à Rosário da Boa Vista e o Pátio de Santa Cruz, beneficiando igualmente a rua de Sta. Cruz, com seu icônico Mercado. Ainda continuando, se atingiria a rua Visconde de Goiana, onde um polo de ateliês artísticos lá se expande podendo tornar-se atrativo turístico significativo para a localidade.
Como se constata, tudo isto poderia incrementar a dinâmica e integração destas artérias, que são verdadeiras localidades solitárias daquele conjunto urbano. Conjunto este, de tanta importância comercial, turística e cultural para a Cidade. Ações usuais tradicionais podem até chegar a algum resultado positivo, mas irão demandar uma distensão de tempo que, certamente, ultrapassará, em muito, a atual gestão da Cidade.
As causas disto são do conhecimento geral, só que no Recife tudo foi mais aguçado. Atualmente, é a capital mais castigadas por esta decadência, em todo Nordeste. O enfrentamento de tal situação exigirá um conjunto de medidas que passam, em primeiro lugar, pela segurança. No mínimo, pela sensação de que “isto” existe!
Como nos shoppings, uma pequena patrulha motorizada conectada, via rádio, com 2 guaritas situadas na entrada e saída desta rua, já ajudaria bastante. Isto, coadjuvado pelos postes de segurança visual recentemente instalados em vários pontos da Cidade.
De grande importância será que as áreas que receberão medidas de qualificação promovam divulgação permanente em mídias de grande acesso. A difusão de atratividades culturais constantes, o estímulo à oferta de cadeia de serviços públicos e privados e sua integração com o contexto das ruas próximas são fundamentais para um andamento promissor de uma requalificação planejada sem temor às contestações por inovações não usuais.
Através da FCAP/UPE, com o apoio do Sebrae, como instituição parceira, coordenamos um projeto para a Rua da Imperatriz, denominado “Imperatriz Moda Show”. Previa tornar esta rua uma vitrine do Polo de Confecções do Agreste.
Para ali se traria o que de melhor houvesse em termos de produção de roupas, sem a necessidade de aqui produzir-se absolutamente nada. Tudo viria de lá, para aqui ser exposto em lojas de imóveis “retrofitados” beneficiados por excepcionais e atrativas condições de financiamento público e funcionamento administrativo autônomo.
Reuniões aconteceram, incluindo com o Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco, órgão congregador das unidades de produção de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e demais cidades que compõem aquele polo de produção, de tanta importância para a região e o Estado.
O projeto foi desenvolvido concebido buscando congregar 4 componentes:
- Os proprietários dos imóveis locais para que, pesquisados, informassem sua disposição em participar, ou não deste projeto
- A PCR/Recentro
- A FCAP/UPE
- Os possíveis investidores que já têm seus negócios no Polo de Confecções.
Continuamos na expectativa de um retorno dos membros do Polo de Confecções sobre tudo o que foi apresentado e amplamente discutido na UPE/Sebrae e com outras importantes entidades vinculadas à área.
O Recife clama por uma solução inovadora, viável e mais rápida para requalificação e ressignificação do seu Centro.
* Economista, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
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