Parte do teto de praça de alimentação do Shopping Tacaruna desaba e atinge duas pessoas

Do G1/PE

Parte do teto de uma praça de alimentação do Shopping Tacaruna, no Centro do Recife, desabou na noite de ontem. Imagens enviadas mostram destroços da estrutura na área de mesas e cadeiras. Duas pessoas foram atingidas e tiveram escoriações, segundo a assessoria do shopping.

Em nota, o Shopping Tacaruna informou que as duas pessoas feridas foram atendidas no local e passam bem. O centro de compras afirmou também que a área foi isolada e nenhum cliente ficou sob os escombros.

Segundo testemunhas, o desabamento aconteceu por volta das 20h50, em frente a uma loja de produtos esportivos, na Praça Olinda. O Corpo de Bombeiros informou que recebeu um chamado para ir até o local, mas não atuou na ocorrência, pois a situação foi controlada pelos próprios funcionários do shopping.

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Floresta, no Sertão pernambucano, realiza hoje mais uma noite do “Floresta em Serenata”, evento que levou música e moradores às ruas do centro histórico da cidade. Com paradas em frente a casas antigas e participação de artistas locais, como Gatão e Banda e a cantora Lila, a programação começou ontem com um “esquenta” de serestas e sucessos antigos. O evento atraiu tanto moradores quanto visitantes e pretende resgatar a tradição das serenatas no interior do estado.

A proposta é tornar a celebração um marco cultural permanente, com edições anuais. Segundo a prefeita Rorró Maniçoba (PP), o objetivo é garantir apoio institucional para que a serenata entre no calendário oficial de eventos de Pernambuco. “Criamos esse projeto para resgatar e fortalecer a nossa cultura. Já estamos dialogando com o governo do estado e a Empetur para consolidá-lo”, afirmou.

A iniciativa tem ganhado força como forma de valorizar o patrimônio imaterial e movimentar a cidade com uma programação voltada à memória afetiva e à musicalidade regional. Com cortejos pelas ruas e estações montadas em frente às residências, o evento aposta no encontro entre passado e presente para reunir gerações em torno de canções que marcaram época.

Dulino Sistema de ensino

Por Luis Tôrres
Do Blog do Luis Tôrres

Hugo Motta viveu dias de popstar em sua passagem pelo sertão paraibano neste feriadão. Juntou gente, tirou fotos, deu entrevistas, foi saudado como “governador” e ainda ouviu apelo de prefeitos pedindo sua candidatura na Paraíba em 2026.

Um combustível infalível para recuperar as energias e voltar a enfrentar, a partir de segunda, a pressão tamanho Brasil que é presidir a Câmara dos Deputados. O jovem paraibano, no entanto, vive a dicotomia de encarnar o bom e o ruim na mesma criatura.

Se de um lado se apresenta como um dos melhores nomes para a disputa ao governo, conforme desejam muitos de seus aliados, do outro, esse sonho se transformaria num pesadelo caso a imprensa nacional descubra isso e estampe nas manchetes: Hugo vai disputar o governo da Paraíba em 2026.

A afirmação deflagraria uma sucessão antecipada no Congresso Nacional que transformaria seu mandato como presidente insustentável. Assim, a melhor coisa que Hugo Motta poderia ouvir da Paraíba, que é o grito de “governador” por onde passa, seria a pior coisa que ele poderia ouvir em Brasília.

Porque esse tema para ele só pode ser tratado em junho de 2026, e de sopetão, pegando a todos de (fingida) surpresa. Antes, reduziria sua capacidade de consolidar poder nacional e controlar aquilo que, com poder absoluto e com perspectiva de reeleição, já é muito difícil de fazer.

Por isso, inclusive, que o prazo de Hugo é diferente para todos os outros. E, talvez, para ele, também seja melhor definir nomes da base governista a fim de que ele mesmo fique livre de alguém gritar do plenário da Câmara, numa sessão qualquer, “governador!”.

Petrolina - O melhor São João do Brasil

Durante participação no programa de rádio “De Mãos Dadas com o Povo”, hoje, o prefeito de São José do Egito, Fredson Brito, anunciou a realização de um mutirão de saúde no município com a chegada da Carreta da Saúde. A estrutura itinerante ficará na cidade entre os dias 5 e 9 de maio, oferecendo atendimentos especializados em áreas como cardiologia, ortopedia, neurologia, dermatologia e gastroenterologia. A população também terá acesso a exames como ultrassonografia, endoscopia, ecocardiograma e teste ergométrico, além de serviços como vacinação, testes rápidos e aferição de pressão e glicemia.

Ao lado do secretário municipal de Saúde, Dr. Hugo Rabelo, o prefeito afirmou que a ação busca reduzir a demanda reprimida na rede pública, atendendo pacientes com encaminhamentos registrados até o fim de abril. A gestão avalia que o mutirão será importante para desafogar as filas de espera e ampliar o acesso a consultas e exames sem a necessidade de deslocamentos. A iniciativa ocorre em meio a uma série de ações voltadas para a área de saúde no município.

Ipojuca - No Grau 2025

A Justiça de Pernambuco autorizou o retorno ao cargo do prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), e dos vereadores Sil Xukuru (PT) e Pastinha Xukuru (PP), hoje. Os três políticos haviam sido afastados por 30 dias após a deflagração da Operação Pactum Amicis, que investiga suposto esquema de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro no município do Agreste. O grupo, agora réu no processo, é acusado de direcionar licitações e causar prejuízo de mais de R$ 15,7 milhões aos cofres públicos.

A decisão favorável aos investigados foi concedida no fim do prazo de afastamento. O juiz responsável pelo caso optou por não renovar a suspensão, e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) tentou impedir a volta com embargos de declaração. Como o recurso não foi analisado até ontem, prevaleceu o entendimento de que não havia impedimento legal para que os réus reassumissem suas funções, inclusive com acesso à Prefeitura e à Câmara Municipal. As informações são do Diário de Pernambuco.

Segundo o MPPE, o prefeito seria o líder de um esquema que fraudou contratos públicos em troca de apoio financeiro durante a campanha de 2020. Ele é acusado de receber vantagens indevidas, como transferências bancárias que somam R$ 77 mil e um veículo modelo Hilux. As licitações, conforme a denúncia, teriam sido direcionadas a empresas ligadas a doadores da campanha. Ao todo, 13 pessoas foram denunciadas, incluindo empresários e agentes públicos.

Uma das provas citadas pela promotoria é uma mensagem interceptada durante a investigação, em que um empresário diz que o prefeito “participa da safadeza”. A acusação afirma ainda que os investigados movimentaram mais de R$ 68 milhões, com saques em espécie e depósitos suspeitos em contas de empresas contratadas pelo município.

Cacique Marcos nega envolvimento em qualquer irregularidade e afirma que as acusações são parte de uma perseguição política. Em nota divulgada pela assessoria, ele sustenta que “jamais praticou qualquer ato de direcionamento de licitações” e que irá se defender judicialmente. A equipe do prefeito também tratou o retorno ao cargo como um “novo momento” da gestão municipal.

Os vereadores Sil e Pastinha Xukuru, que também reassumiram os mandatos, afirmaram por meio de suas defesas que são inocentes e que vão apresentar contrarrazões ao pedido de afastamento definitivo, ainda não julgado pela Justiça. Enquanto isso, seguem atuando na Câmara Municipal, mesmo com a continuidade do processo criminal.

Caruaru - São João na Roça

Da Agência O Globo

 O Vaticano apressou os trabalhos na Capela Sistina para receber os 133 cardeais que escolherão o próximo papa a partir da próxima quarta-feira (7).

Operários começaram a instalar um piso provisório para montar as bancadas onde os participantes do conclave vão se sentar. O piso original, de mármore, ficará coberto durante a votação.

Na sexta-feira, foi instalada a chaminé pela qual sairá a fumaça após a apuração dos votos. A preta indica que não houve um vencedor, e a branca, que foi escolhido um novo Papa.

Em imagens divulgadas pelo Vaticano hoje, é possível ver restauradores retocando afrescos e operários vistoriando as janelas do alto de andaimes.

Camaragibe - Cidade trabalho 100 dias

O prefeito de Recife, João Campos, chegou em São José do Belmonte na tarde de ontem acompanhado de sua namorada, a deputada federal Tabata Amaral, para participar do casamento do assessor Antônio Limeira com a médica belmontense Andressa Sá, que acontece hoje.

João e Tabata desembarcaram na cidade por volta das 13h e seguiram direto para um almoço no Sítio Histórico da Pedra do Reino, local simbólico onde os noivos se conheceram durante uma agenda do político em 2019.

Também compuseram a comitiva o vice-prefeito do Recife, Victor Marques, e o deputado federal Pedro Campos, reforçando o prestígio do evento e a ligação do casal com o cenário político pernambucano. As informações são do portal Geobelmonte.

Renata Campos, mãe de João, ficou deslumbrada com o local e com as histórias da cultura viva do Sertão, narradas com emoção por João Suassuna, neto do escritor Ariano Suassuna. Após a visita ao Sítio Histórico, a comitiva — acompanhada do prefeito de São José do Belmonte, Vinícius Marques — seguiu para o Sítio Caneta, onde participaram de um encontro com o ex-prefeito Romonilson Mariano, o vice-prefeito Erik Diniz, vereadores e lideranças políticas do município.

Cabo de Santo Agostinho - IPTU 2025 prorrogado

Da Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, iniciou hoje uma viagem internacional com foco em atrair investimentos para o setor de tecnologia no Brasil. A primeira parada será Los Angeles, na Califórnia (EUA), onde o ministro apresentará o novo Plano Nacional de Data Centers a representantes de big techs e participará de um fórum econômico.

Depois, segue para o México com agenda voltada à ampliação das relações bilaterais.

Haddad permanece nos Estados Unidos até terça-feira (6). Amanhã, participa de um jantar privado com investidores internacionais promovido pelo Instituto Milken, que reúne autoridades e líderes empresariais para debater economia global.

Encontro Big Techs 

Na segunda (5), o ministro tem reuniões com executivos de grandes empresas de tecnologia. Em Los Angeles, se encontrará com a diretora financeira do Google, Ruth Porat. Em seguida, viaja para San José, onde terá agenda com o CEO da Nvidia, Jensen Huang, e visitará as instalações da empresa. No dia seguinte, participa de uma mesa-redonda com empresários da área tecnológica organizada pela Amcham Brasil, e encerra a visita com uma reunião com executivos da Amazon.

O principal objetivo é apresentar o plano que prevê incentivos fiscais para empresas que investirem em infraestrutura de centros de dados no Brasil. A proposta, segundo Haddad, será enviada ao Congresso nas próximas semanas e deve incluir desoneração de bens de capital voltados ao setor de tecnologia da informação.

“Somos deficitários na balança de serviços. Contratamos 60% da nossa TI fora do país. Isso significa remessa de dólares e subinvestimento interno. Acredito que essa política pode mudar esse cenário”, afirmou o ministro na última segunda-feira (28), em São Paulo.

México

Na noite de terça-feira (6), Haddad desembarca na Cidade do México. A agenda oficial começa na quarta (7), com café da manhã com brasileiros que atuam em empresas no país. Depois, ele se reúne com o secretário da Fazenda e Crédito Público do México, Edgar Amador Zamorra.

Segundo o Ministério da Fazenda, o foco será alinhar estratégias para uma globalização mais justa e fortalecer os laços econômicos entre os dois países. A pauta segue diretrizes definidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidenta mexicana Claudia Sheinbaum durante encontro recente da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras.

O retorno de Haddad a Brasília está previsto para a madrugada de quinta-feira (8), após cinco dias de agendas nos dois países.

Toritama - FJT 2025

Editorial do Estadão

O presidente Lula da Silva finalmente demitiu o ministro da Previdência, Carlos Lupi, cuja permanência no cargo se tornou insustentável após a descoberta da extensão das fraudes em descontos nas aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Como costuma fazer em toda crise, Lula procrastinou na expectativa de que o escândalo esfriasse por conta própria, mas a negligência de Lupi, que já havia sido alertado do problema, deixou o governo exposto e sem respostas a dar a um público especialmente vulnerável, como é o caso de aposentados e pensionistas.

Para piorar, a oposição não teve dificuldade para conseguir as 171 assinaturas necessárias para protocolar um requerimento com vistas a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema. A decisão sobre a instalação da comissão caberá ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que poderá optar por priorizá-la ou deixá-la no fim de uma lista de 12 pedidos apresentados anteriormente

A demissão de Lupi parece uma tentativa de esvaziar o apelo da CPI do INSS. Para este jornal, no entanto, o tamanho da rapina mais que justifica a instalação da CPI.

De acordo com a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades associativas receberam quase R$ 8 bilhões entre 2016 e 2024, dos quais R$ 2,848 bilhões apenas no ano passado. A maioria dos beneficiários não havia autorizado a cobrança das mensalidades ou acreditava que seu pagamento era obrigatório.

Tudo começou no governo Michel Temer, mas foi em 2022, durante a administração de Jair Bolsonaro, que o número de reclamações de beneficiários na Ouvidoria do INSS sobre esses descontos disparou. Pesa contra o governo Lula da Silva a demora em agir, a despeito de alertas feitos ainda em 2023 no âmbito do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e também pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A apuração, portanto, deve ser rigorosa e ir além deste governo, haja vista que 6 milhões de beneficiários foram prejudicados ao longo dos anos.

CPIs muitas vezes não dão em nada, mas podem abalar qualquer governo. A CPI da Covid, por exemplo, recomendou o indiciamento de 78 pessoas e duas empresas. Embora a Procuradoria-Geral da República não tenha aberto inquérito sobre os casos, a comissão foi exitosa ao expor a má gestão de Bolsonaro ao longo da pandemia e certamente lhe custou votos na eleição de 2022.

Tudo o que o enfraquecido Executivo não precisava neste momento era de um escândalo. O governo aparentemente havia conseguido interromper a queda da popularidade de Lula, mas, se ainda não está claro qual impacto o escândalo do INSS terá sobre a imagem do governo, é certeza que haverá algum.

A prioridade, agora, será lidar com o escândalo, cujos desdobramentos eventualmente podem ameaçar a reeleição de Lula. E os próximos passos vão depender menos da capacidade de articulação da oposição na Câmara do que da capacidade do Executivo de dar satisfações à sociedade.

E nisso, até agora, o governo foi muito mal. Em vez de demonstrar ser implacável com os desvios, entregou apenas as cabeças do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de parte da diretoria do órgão e tentou poupar Lupi. Não funcionou. Alegou que foi sob a Presidência de Lula da Silva que a investigação começou, mas não convenceu ninguém. A atitude soou, no mínimo, como omissão.

Para piorar, uma das entidades envolvidas na investigação, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), mantém Frei Chico, irmão do presidente da República, em um cargo de direção. O Sindnapi multiplicou suas receitas de R$ 23,3 milhões em 2020 para R$ 154,7 milhões no ano passado.

Gerir o sistema previdenciário, mais que operacionalizar o pagamento dos benefícios, inclui a defesa dos direitos dos beneficiários, sobretudo daqueles em condições de vulnerabilidade, como idosos com doenças graves, indígenas de comunidades isoladas e pessoas com deficiência, que tampouco foram poupados. Tantas perguntas sem resposta apenas fortalecem a urgência da instalação da CPI.

Palmares - Pavimentação Zona Rural

Por Flávio Chaves*

Há amores que não voltam. Mas também não se vão. Ficam ali, parados no tempo, como porta entreaberta em casa vazia. São amores que esqueceram o caminho das palavras, mas ainda sabem onde a gente mora por dentro.

Agora é madrugada. E eu ainda estou aqui. Não por mim — porque de mim mesmo, já me perdi tantas vezes por esse amor. Estou aqui por ela. Por esse sentimento que não me larga, que não me solta, que não me liberta. Um amor que parece ter me esquecido mas que eu nunca consegui esquecer.

A rua está vazia. A cidade dorme. Mas no fundo do peito, algo vigia. De algum lugar lá fora, uma música começa a tocar — lenta, antiga, como se soubesse tudo que eu carrego no peito. E essa música, essa música traz o rosto dela. O jeito como ela me olhava. A voz que dizia meu nome com uma ternura que ninguém mais soube imitar. O cheiro dos cabelos molhados, a delicadeza de suas mãos encaixadas nas minhas. Tudo está ali, escondido entre os acordes. Tudo ainda toca, mesmo que ela não toque mais em mim.

Ela era a sinfonia dos abraços. O silêncio entre os beijos. A brisa que entrava pela janela quando o mundo parecia menos duro. Agora, ela é apenas ausência. E ainda assim, é tudo.

Não há mais cartas. Nem chamadas. Só essa memória viva que insiste em existir — como uma vela que não se apaga mesmo quando não há vento. O amor que tive, ou que ainda tenho, vive nos detalhes. No café que não preparo mais. No travesseiro que permanece vazio. Nas palavras que engasgam quando tento explicar o que já não sei dizer.

Quantas vezes já desejei abrir a porta e encontrá-la ali — com os olhos cheios d’água, dizendo: “Voltei porque não consegui te esquecer”? Mas a porta não se abre. A maçaneta continua fria. E o som que ecoa é o de um portão de ferro batido no instante da despedida.

O amor, quando é verdadeiro, não precisa mais de corpo. Ele sobrevive daquilo que ficou: uma frase, um gesto, um silêncio. E mesmo que tudo se cale, ele continua falando. Às vezes alto. Às vezes baixinho, feito essa música que agora escuto de longe, e que traz o rosto dela com uma nitidez que corta o ar.

E eu me pergunto, como quem sussurra dentro do próprio cansaço:
Quem virá me acudir nesta madrugada — mesmo que seja por dor ou piedade?

Talvez ninguém. Talvez apenas eu mesmo, tentando me salvar de um amor que nunca deixou de doer.

*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras

Por Marcelo Tognozzi
Colunista do Poder360

Na sua última entrevista como presidente da Câmara, ao jornal Valor Econômico, o deputado Arthur Lira (PP-AL) deu a senha dos próximos movimentos. Indagado se poderia ser ministro de Lula, Lira foi categórico: “Ninguém embarca em navio se sabe que vai naufragar”. Agora, passados três meses da entrevista, a federação formada por PP e União Brasil começou com a promessa de devolução dos ministérios. O PP tem o ministério do Esporte e a Caixa. O União Brasil indicou os ministros do Turismo e das Comunicações.

A frase de Lira explica a reação do deputado Pedro Lucas (União Brasil-MA), líder do União Brasil, ao recusar o Ministério das Comunicações oferecido por Lula. Ele também achou que a canoa estava furada.

A foto da cerimônia que celebrou a federação dos dois partidos mostra mudança importante. Lá está a nova geração que comanda a política brasileira: Davi Alcolumbre, 46 anos, Ciro Nogueira, 56 anos, Antonio Rueda, 50 anos, Arthur Lira, 55 anos, e ACM Neto, 46 anos.

O Brasil vive um momento inusitado. Lula e Bolsonaro, os dois líderes políticos mais populares, encontraram o ocaso. Lula completa 80 anos em outubro e amarga índices de impopularidade nunca por ele experimentados. Bolsonaro, embora 10 anos mais jovem, tem sérios problemas de saúde.

Como explicou-me esta semana um médico experiente, Bolsonaro é um paciente multioperado, sujeito a todo tipo de complicação a qualquer hora, como se deu no Rio Grande do Norte em 11 de abril. Não é outro o motivo que levou os líderes da fusão a anunciarem a fundação de uma nova direita e a renegarem o bolsonarismo e o lulismo.

Além da federação do União Brasil com o Progressistas, temos outra: a do PSDB com o Podemos. Fruto de uma negociação entre o tucano Marconi Perillo, 62 anos, e a deputada paulista Renata Abreu, 43 anos. E ainda há uma negociação em curso entre o MDB de Baleia Rossi, 52 anos, e o PSD de Gilberto Kassab, 64 anos. O candidato deles seria o atual governador gaúcho Eduardo Leite, 40 anos. Tucano, Eduardo negocia sua ida para o PSD e ficou à margem das conversas entre Perillo e Renata.

A consequência deste movimento é a formação de três grandes blocos no Congresso, o que irá reduzir o número de partidos, já que mais à frente a consequência natural será a fusão de agremiações. A federação seria uma espécie de noivado, um passo anterior ao casamento. Este movimento já vem sendo feito desde que o PFL/DEM se fundiu com o PSL.

Deputados e senadores podem se dar ao luxo de dispensar ministérios e cargos, porque ganharam autonomia financeira desde quando o STF pressionou por uma lei que proibisse o financiamento privado de campanhas. Eles têm hoje R$ 60 bilhões em emendas impositivas, as quais o governo é obrigado a executar. O Congresso decide quanto os partidos terão no bilionário Fundo Partidário e no Fundo Eleitoral, que chegou a R$ 5 bilhões em 2022.

Lula parece não ter entendido a nova regra do jogo. O governo perdeu a capacidade de pressão sobre os congressistas por causa da autonomia financeira. O dinheiro dos fundos partidário e eleitoral é gordo, recorrente e legal. Dá pouca ou nenhuma dor de cabeça. Diferentemente dos negócios nos ministérios.

O ministro Flávio Dino, o único no STF a passar por Executivo, Legislativo e Judiciário, tem feito de tudo para fazer voltar às mãos do governo o domínio sobre a liberação de emendas. É uma missão quase impossível, para dizer o mínimo.

Unir forças também significa criar anticorpos contra excessos do Judiciário. O próprio Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, já manifestou seu desconforto. Em setembro, haverá troca de comando no Supremo, com o ministro Fachin assumindo a presidência com o ministro Alexandre de Moraes de vice. Em 2027, Moraes será o presidente.

Diante do inevitável, resta a Lula preencher o ministério com nomes da esquerda, como Wolney Queiroz (PDT), filho do ex-prefeito de Caruaru José Queiroz, brizolista histórico. Outros nomes, tanto do PT quanto de outros partidos da esquerda serão chamados.

O PT está em efervescência com a disputa pela presidência do partido, marcada para 6 de julho. Lula pode esperar até o resultado desta eleição, que deve ser vencida por seu candidato, o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva.

Com a centro-direita se arrumando para a eleição de 2026, só restará a Lula um caminho: gastar, gastar e gastar para tentar reverter o mau momento de popularidade. Vamos assistir a um novo pico da taxa Selic e tensões no mercado financeiro. Para Arthur Lira, será um naufrágio. No mais, os movimentos indicam que as coisas estão mudando na política brasileira. Se vai piorar, só o tempo dirá.

Da Agência Brasil

O Brasil deu um salto de 47 posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização não governamental e sem fins lucrativos. A comparação é entre a posição de 2025, quando país ficou na 63º posição, e a de 2022. Segundo os pesquisadores, há um clima menos hostil ao jornalismo depois da “era Bolsonaro”.

O estudo define liberdade de imprensa como “a possibilidade efetiva de jornalistas, como indivíduos e como coletivos, selecionarem, produzirem e divulgarem informações de interesse público, independentemente de ingerências políticas, econômicas, legais e sociais, e sem ameaça à sua segurança física e mental”.

Os números brasileiros, porém, estão entre as poucas melhoras nesse indicador de 2025. Seis em cada dez países caíram no ranking. Pela primeira vez na história do levantamento, as condições para o jornalismo são consideradas “ruins” em metade dos países do mundo e “satisfatórias” em menos de um em cada quatro.

A pontuação média de todos os países avaliados ficou abaixo de 55 pontos, o que qualifica a situação da liberdade de imprensa no mundo como “difícil”. Segundo a RSF, o ranking é um índice que mede as condições para o livre exercício do jornalismo em 180 países do mundo.

O índice tem cinco indicadores: político, social, econômico, marco legal e segurança. Com base na pontuação de cada um, é definida a pontuação geral por país. O indicador econômico foi o que mais pesou em 2025. O que significa falar em concentração da propriedade dos meios de comunicação, pressão de anunciantes ou financiadores, ausência, restrição ou atribuição opaca de auxílios públicos.

Segundo a RSF, os meios de comunicação estão divididos entre a garantia da própria independência e a luta pela sobrevivência econômica.

“Garantir um espaço de meios de comunicação pluralistas, livres e independentes exige condições financeiras estáveis e transparentes. Sem independência econômica, não há imprensa livre. Quando um meio de comunicação está economicamente enfraquecido, ele é arrastado pela corrida por audiência, em detrimento da qualidade, e pode se tornar presa fácil de oligarcas ou de tomadores de decisão pública que o exploram”, diz Anne Bocandé, diretora editorial do RSF.

“A independência financeira é uma condição vital para assegurar uma informação livre, confiável e voltada para o interesse público”.

Outros dados

Alguns países merecem destaque na pesquisa. Caso da Argentina, que ocupa a 87ª posição entre os 180 países. Segundo a pesquisa, há retrocessos pelas tendências autoritárias do governo do presidente Javier Milei, que estigmatizou jornalistas, desmantelou a mídia pública e utilizou a publicidade estatal como instrumento de pressão política. O país perdeu 47 posições em dois anos.

O Peru (130º) também foi um lugar em que pesquisadores identificaram que a liberdade de imprensa entrou em colapso, 53 posições a menos desde 2022. Os motivos apontados são assédio judicial, campanhas de desinformação e crescente pressão sobre a mídia independente.

Os Estados Unidos (57º) são marcados pelo segundo mandato de Donald Trump, que, segundo o levantamento, politizou instituições, reduziu o apoio à mídia independente e marginalizou jornalistas. No país, a confiança na mídia está em queda, os repórteres têm enfrentado hostilidade e muitos jornais locais estão desaparecendo. Trump também encerrou o financiamento federal da Agência dos Estados Unidos para a Mídia Global (USAGM).

As regiões do Oriente Médio e Norte da África são consideradas as mais perigosas para os jornalistas no mundo. Destaque, segundo a RSF, para o massacre do jornalismo em Gaza pelo exército israelense. A situação de todos os países nessas regiões é considerada “difícil” ou “muito grave”, com exceção do Catar (79º).

Big Techs

A RSF pontua o papel das big techs nos problemas atuais. Diz que a economia de mídia é minada pelo domínio do GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) na distribuição de informações. O que significa falar em plataformas não regulamentadas, que capturam receitas de publicidade que sustentavam o jornalismo.

Os números de 2024 mostram que o gasto total com publicidade nas redes sociais alcançou US$ 247,3 bilhões, aumento de 14% em relação a 2023. A RSF aponta que elas também contribuem para a proliferação de conteúdos manipulados ou enganosos, tornando piores os fenômenos de desinformação.

Outro ponto de preocupação é a concentração de propriedade, que ameaça diretamente o pluralismo de imprensa. Em 46 países, a propriedade dos meios de comunicação está altamente concentrada — ou mesmo totalmente nas mãos do Estado —, segundo a análise dos dados do ranking.

O senador pernambucano Humberto Costa, segundo vice-presidente do Senado e presidente nacional do PT, em mandato tampão até julho, quando a legenda escolherá o seu sucessor em eleição que deve mobilizar dois milhões de filiados, participa do meu podcast “Direto de Brasília”, em parceria com a Folha de Pernambuco, da próxima terça-feira. Ele vai tratar das eleições internas do PT, que já tem cinco candidatos disputando o seu comando.

Estão no páreo representantes das mais diferentes correntes: Edinho Silva (CNB – Construindo um Novo Brasil), Valter Pomar (Articulação de Esquerda), Romênio Pereira (Movimento PT), Rui Falcão (Novo Rumo) e Washington Quaquá (CNB dissidente). O mais competitivo e tido como favorito é Edinho Silva.

Representante da corrente “Construindo um Novo Brasil (CNB)”, Edinho Silva é ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff. Edinho é o candidato preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O podcast vai ao ar das 18 às 19 horas, com transmissão pelo YouTube da Folha e deste Blog.

Além da transmissão pelo Youtube, o ‘Direto de Brasília’ também é veiculado pela Rede Nordeste de Rádio, formada por 48 emissoras em Pernambuco, Alagoas e Bahia, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM. A transmissão também será realizada no Instagram e no Facebook deste Blog.

Entram como parceiros na transmissão a Gazeta News, do Grupo Collor, em Alagoas, a Rede Mais Rádios, com 25 emissoras, na Paraíba, e a Mais-TV, do mesmo grupo, sob o comando do jornalista Heron Cid. Ainda a Rede ANC, do Ceará, formada por mais de 50 emissoras naquele Estado. Os nossos parceiros neste projeto são o Grupo Ferreira de Santa Cruz do Capibaribe, a Autoviação Progresso, o Grupo Antonio Ferreira Souza, a Água Santa Joana e a Faculdade Vale do Pajeú.