Por Cláudio Soares*
Inaugurado em 1958, o Aeroporto do Recife é o terceiro mais movimentado do Nordeste brasileiro e um dos principais centros de conexão para voos com destino a outras cidades da região. Mas o caos está estabelecido.
Motoristas piratas que constrangem passageiros. Param em filas duplas. Brigas entres motoristas de aplicativos, taxistas e piratas. Na busca por clientes, vale tudo, menos o respeito.
Leia maisO aeroporto não tem seguranças contratados suficientes. Predomina confusão, desordem, num cenário onde o policiamento é escasso. Os pedintes moradores de rua invadiram o empreendimento e sufocam os passageiros.
É patente ver mulheres com crianças de aluguel a invadirem o espaço dos passageiros para pedir dinheiro. Um dia desses foi visto uma pedinte num banheiro torturando uma criança.
Os banheiros são de uma imundície absoluta. Sujeira por toda parte. As lojas de alimentação são de uma exploração sem precedentes, água mineral de 200 ml por R$ 6,00. Um sanduíche por R$ 20,00. Um pedaço de bolo por R$ 15,00 a R$ 20,00. Essa prática absurda afasta os consumidores.
É uma relação social baseada numa assimetria de poder entre os proprietários de lojas e os seus contratos de alugueis que são caríssimos. Um gerente de uma loja de alimentação me disse que cobra caro pelos seus produtos porque a locação de seu ponto é irracional.
O consumidor é quem se ferra quando utiliza-se desse abuso. O que se vê são lojas vazias por conta do medo que as pessoas que passam por lá têm e não aceitam os preços que não se enquadram em regras e condições estabelecidas.
O pior é não ter a quem recorrer. A prefeitura do Recife é omissa. O Estado não destina um policiamento para garantir a segurança e organização nos arredores do aeroporto. Uma vergonha nacional.
Aena, administradora do Aeroporto Internacional do Recife, não investe há anos em reformas estruturais nos terminais administrados pela empresa no Nordeste.
Desde a privatização, em 15 de março de 2019, quando foi concedido para a empresa espanhola Aena Internacional juntamente com outros cinco aeroportos da região Nordeste por trinta anos, o aeroporto da cidade do Recife vive um cenário de destruição moral e de desprezo.
Essa tragédia toda parece não ser observada pela Anac. Os problemas estão, também, nos sistemas de processamento de bagagens no embarque e de devolução das bagagens no desembarque dos passageiros. Malas quebradas e demora na entrega. Sem falar das passagens caras e ainda cobrar R$ 160,00 por uma mala.
Falta de respeito. Onde está o Ministério Público e o Procon?
E não para por aí. A quantidade de reclamações sobre os serviços do aeroporto tem se intensificado entre os usuários. Uma das falhas relatadas por frequentadores do terminal se refere, por exemplo, ao ar-condicionado que é de péssima qualidade.
Omissão e inércia da Anac. Segundo a legislação brasileira, cabe à Anac regular e fiscalizar a infraestrutura aeronáutica e aeroportuária, bem como conceder ou autorizar a exploração da infraestrutura aeroportuária, e decidir, em instância administrativa final, as matérias de sua competência.
O aeroporto da capital pernambucana parece mais com uma rodoviária abandonada. O povo merece respeito!
Advogado e jornalista*
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