Por Rinaldo Remígio*
No coração árido e resiliente do sertão pernambucano, onde o sol castiga com intensidade e a vida floresce na resistência, nasceu uma obra que carrega mais do que paredes, leitos e aparelhos – carrega esperança. O Hospital Dom Tomás, mais que um prédio de tijolos e concreto, é uma declaração de amor à vida. É um suspiro de alívio no deserto da dor. É, sobretudo, um milagre forjado pela coragem de quem decidiu não esperar pelo acaso.
Sua origem remonta à generosa missão da APAMI, aquela instituição que, desde 1948, ousou sonhar grande. Primeiro com a maternidade, depois com o cuidado às crianças e, com o tempo, alargando seus braços para abraçar todos que precisavam de um olhar humano, de um gesto solidário. Não se trata apenas de números – e são muitos: mais de 1.500 pacientes atendidos por mês, 18 mil em acompanhamento, uma população de dois milhões espalhada entre sertões de Pernambuco, Bahia e Piauí. Trata-se de histórias. De gente.
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Gente que chega com medo, mas encontra acolhimento. Gente que chega ferida, mas encontra tratamento. Gente que, apesar da sentença cruel do câncer, encontra no Dom Tomás a chance de continuar.
A concepção do Hospital Dom Tomás, inaugurado em 2017, não é uma conquista isolada. Ela é o ponto alto de um longo caminho pavimentado com pioneirismo e solidariedade. A primeira creche de Petrolina, o primeiro lactário, as maternidades rurais, o laboratório de análises clínicas, o serviço de quimioterapia – tudo isso formou a trilha por onde se chegou até aqui. A APAMI não apenas tratou doenças; ela tratou dignidades.
O que temos hoje é um centro de referência em oncologia que nasceu não do capital, mas da fé. Não da iniciativa privada, mas da iniciativa humana. O Hospital Dom Tomás é mantido com parcerias, com doações, com a força de um povo que compreende que a saúde não pode ser privilégio, mas direito. Ele é campo de estágio, escola de humanidade, lar temporário para quem luta pela própria vida.
E agora, com a implantação da radioterapia, a última peça do complexo tripé oncológico o Hospital nos faz um apelo silencioso, porém urgente: não o deixemos só.
Cada contribuição, seja ela financeira, material ou simbólica, é um voto de confiança no futuro. Cada gesto solidário é um tijolo de esperança. Contribuir com o Hospital Dom Tomás é participar de uma missão que transcende qualquer bandeira, credo ou ideologia.
É, pura e simplesmente, estar do lado da vida.
No sertão, onde tantas vezes o Estado tarda e o socorro falha, o Dom Tomás é a prova de que a sociedade civil organizada pode fazer história. E fez. Mas ainda há capítulos a escrever. E nós, sertanejos ou não, podemos ser autores e testemunhas dessa jornada.
Porque, afinal, o câncer não escolhe CEP. Mas nós podemos escolher: estender a mão ou virar o rosto. E se há uma escolha que salva, essa escolha é doar, apoiar, se envolver.
O Hospital Dom Tomás é mais que um centro de tratamento. É um símbolo de resistência, um altar da vida, um farol no meio da noite. Que ele siga firme, iluminado pelo apoio de todos nós. Porque cuidar da vida é, talvez, o mais sagrado dos gestos.
*Administrador, contador e professor universitário
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