Operação policial cumpre mais de 15 mandados judiciais no Agreste e Sertão

Diário de Pernambuco

Mais de 15 mandados judiciais estão sendo cumpridos, hoje, durante uma operação da Polícia Civil de Pernambuco nas cidades de Alagoinha e Pesqueira, no Agreste, e em Arcoverde, no Sertão. A ação tem como alvo uma organização criminosa investigada pelos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.

Estão sendo cumpridos um mandado de prisão, 15 mandados de busca e apreensão domiciliar e as medidas cautelares de suspensão do exercício de função pública, sequestro de bens e valores e bloqueio judicial de ativos financeiros, todos expedidos pelo juízo da Vara Criminal da Comarca de Pesqueira. Na execução estão sendo empregados 100 (cem) Policiais Civis, entre Delegados, Agentes e Escrivães.

A operação é a 17ª de Repressão Qualificada do ano, denominada “Pactum Amicis”, vinculada à Diretoria Integrada Especializada (DIRESP), sob a presidência do Delegado Jeová Miguel, Titular da 3ª Delegacia de Combate à Corrupção (DECCOR), unidade integrante do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO).

As investigações foram iniciadas em abril de 2022, e assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (DINTEL) e pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB/LD), contando ainda com o apoio do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado do Ministério Público (GAECO/MPPE), do Comando de Operações e Recursos Especiais (CORE/PCPE), da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social e do Corpo de Bombeiros Militar (CBMPE).

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A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) chega aos 20 anos em 2025 como uma das principais referências na luta pelos direitos dos povos originários. Criada durante o segundo Acampamento Terra Livre (ATL), evento que ocorre anualmente em abril, a entidade surgiu da necessidade de uma representação nacional legítima e plural. Ao longo de duas décadas, tornou-se peça-chave na articulação entre as diversas etnias indígenas do país, promovendo unidade em torno de pautas históricas como a demarcação de terras e a participação nas decisões do Estado.

Às vésperas do Dia dos Povos Indígenas, lideranças que participaram da fundação da Apib relembraram os caminhos percorridos até sua criação. Jecinaldo Barbosa Cabral, do povo sateré-mawé, e Francisco Avelino Batista, o Chico Preto, do povo Apuriña, ressaltaram que o surgimento da entidade é fruto de um longo processo iniciado na década de 1970, em plena ditadura militar, quando os indígenas ainda enfrentavam repressão e invisibilidade. Com a redemocratização e a Constituição de 1988, novas possibilidades de organização começaram a se consolidar. As informações são da Agência Brasil.

A criação da Apib, em 2005, marcou a retomada de uma representação nacional indígena, após um período de desarticulação no início dos anos 2000. Segundo Jecinaldo, o ATL foi decisivo para esse novo fôlego. A primeira edição do acampamento, em 2004, reuniu 80 pessoas em Brasília. O grupo concluiu que era necessário criar uma nova instância, mas com um formato diferente: horizontal, colegiado e representativo das cinco grandes regiões do país.

Francisco relembra que experiências anteriores, como a União das Nações Indígenas (Uni) e o Capoib, foram importantes referências. Embora essas entidades não tenham resistido ao tempo, elas ajudaram a formar lideranças e fortaleceram a base para o surgimento da Apib. “Mesmo com dificuldades, já articulávamos regionalmente. Depois, passamos a nos organizar nacionalmente, até criar a Apib com força suficiente para representar todos nós”, afirmou.

Ao longo de seus 20 anos, a Apib participou de conquistas significativas, como a criação do Ministério dos Povos Indígenas, da Secretaria de Saúde Indígena e a presença de lideranças indígenas no comando da Funai. Ainda assim, os desafios permanecem. “Não garantimos plenamente o direito às nossas terras tradicionais. Os entraves continuam no Congresso, onde temos pouca representatividade”, disse Francisco, alertando para os riscos que ainda cercam os direitos indígenas.

Apesar disso, o futuro da Apib é visto com otimismo. O 21º ATL, realizado na última semana, reuniu milhares de indígenas de mais de 130 etnias em Brasília. Em carta divulgada ao fim do encontro, os participantes reafirmaram o compromisso com a luta coletiva. “A Apib tem força. Está em constante construção, mas as bases a sustentam. Basta que os que estejam à frente respeitem esses fundamentos”, concluiu Jecinaldo.

Dulino Sistema de ensino

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, em acompanhamento pós-operatório. A equipe médica informou hoje que Bolsonaro apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, já normalizado. As informações são da CNN Brasil.

Segundo o boletim médico divulgado, o ex-presidente segue sem se alimentar pela boca, recebendo alimentação pela veia, já que o intestino ainda não voltou a funcionar normalmente.

“Hoje, a programação é de intensificar fisioterapia motora e medidas de reabilitação. Persiste a recomendação de não receber visitas e não há previsão de alta da UTI”, diz o texto. Veja a íntegra do boletim:

O Hospital DF Star informa que o ex-Presidente Jair Bolsonaro permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em acompanhamento pós operatório. Apresentou episódio de alteração da pressão arterial, já normalizado. Devido à ainda não apresentar movimentos intestinais efetivos, segue em jejum oral e com nutrição parenteral exclusiva. Hoje, a programação é de intensificar fisioterapia motora e medidas de reabilitação. Persiste a recomendação de não receber visitas e não há previsão de alta da UTI.

Petrolina - O melhor São João do Brasil

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou hoje um cessar-fogo temporário durante o feriado de Páscoa na Ucrânia. Segundo o governo russo, a trégua deve começar a partir das 18h (horário local) deste sábado até às 00h de segunda-feira (21). A Ucrânia ainda não se manifestou sobre o anúncio da Rússia.

“Com base em considerações humanitárias… o lado russo anuncia uma trégua de Páscoa. Ordeno a suspensão de todas as atividades militares durante este período”, disse Putin ao seu chefe militar, Valery Gerasimov, em uma reunião no Kremlin. As informações são da Reuters.

O governo russo declarou esperar que Ucrânia faça o mesmo e as ações de Kiev durante esse período mostrarão a disposição do país para “uma solução pacífica para a guerra”.

“Presumimos que a Ucrânia seguirá nosso exemplo. Ao mesmo tempo, nossas tropas devem estar preparadas para repelir possíveis violações da trégua e provocações do inimigo, bem como quaisquer ações agressivas”, acrescentou Putin.

O líder do Kremlin continuou afirmando que Moscou “sempre esteve pronta para negociações” e agradeceu países que buscam o mesmo, citando EUA e China.

O Ministério da Defesa russo afirmou ter dado instruções sobre o cessar-fogo a todos os comandantes de grupos na área da “operação militar especial”, o termo usado para a guerra.

Ipojuca - IPTU 2025 - Vencimento 30 Abril

Uma campanha contra a anistia às pessoas que participaram da tentativa de golpe de Estado, ocorrida em 8 de janeiro de 2023, é exposta em outdoor em uma das regiões administrativas do Distrito Federal, o Jardim Botânico.

Idealizada e executada pelo Comitê Popular de Luta do Jardim Botânico, formado por pessoas progressistas e que rejeitam supressão da democracia, a campanha busca esclarecer à população que atos contra o Estado e a Constituição Federal não podem ser perdoados e devem ser exemplarmente punidos.

O outdoor — instalado na DF-01, no Jardim Botânico, perto do condimínio Ville —, com cartaz da campanha tem parte da bandeira do Brasil ao fundo e traz a frase: “SEM ANISTIA PARA GOLPISTAS”.

Lembrando que anistia é o perdão concedido pelo Estado a determinados crimes. O efeito para os acusados é a chamada extinção da punibilidade, ou seja, quem for beneficiado não mais responderá pelo delito. Destina-se, em regra, a crimes políticos (podendo, excepcionalmente, atingir crimes comuns). A anistia pode ser aplicada mesmo antes de uma condenação penal. Quando já houve a condenação, alcança efeitos penais (reincidência, por exemplo), mas não os civis (reparação de danos, por exemplo).

Projeto de anistia está tramitando no Congresso Nacional e é defendido por parlamentares e grupos políticos com perfil retrógrado e conservador, desrespeitando a Constituição.

Caruaru - São João na Roça

Da Reuters

O Grupo Volvo planeja demitir até 800 trabalhadores em três instalações nos Estados Unidos nos próximos três meses devido à incerteza do mercado e às preocupações com a demanda diante do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse um porta-voz ontem.

A Volvo disse em um comunicado que informou aos funcionários que quer demitir de 550 a 800 pessoas em sua unidade da Mack Trucks em Macungie, Pensilvânia, e em duas instalações do grupo em Dublin, Virgínia, e Hagerstown, Maryland. A empresa emprega cerca de 20.000 pessoas na América do Norte, de acordo com seu site.

Trump derrubou o sistema de comércio global que está em vigor há mais de 75 anos com um plano de tarifas sobre produtos de todo o mundo. Sua política comercial errática minou a confiança dos consumidores e das empresas e fez com que os economistas aumentassem suas previsões para uma recessão nos EUA.

As demissões na Volvo são a mais recente resposta de um setor de automóveis e caminhões que está sofrendo com as tarifas do presidente republicano sobre determinadas peças, o que deve aumentar o custo de fabricação dos veículos.

“Os pedidos de caminhões pesados continuam a ser afetados negativamente pela incerteza do mercado sobre as taxas de frete e demanda, possíveis mudanças regulatórias e o impacto das tarifas”, disse um porta-voz do Volvo Group North America em um comunicado enviado por e-mail.

“Lamentamos ter que tomar essa medida, mas precisamos alinhar a produção com a redução da demanda por nossos veículos.”

Camaragibe - Cidade trabalho 100 dias

Por Felipe Resk

Do Diário de Pernambuco

A Justiça de Pernambuco condenou por organização criminosa a alta cúpula do Comando Litoral Sul (CLS), antes chamado de Trem Bala, facção que domina Porto de Galinhas, no Litoral pernambucano. Um dos sentenciados é Osnir Cândido Urbano, o “Osnir Cabeça”, considerado líder máximo do bando, que está detido em presídio federal.

Ao todo, sete integrantes do CLS, incluindo dois “gerentes”, receberam condenação no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Destes, três também foram considerados culpados pelo crime de lavagem de dinheiro. A sentença, obtida com exclusividade pelo Diario de Pernambuco, foi proferida na terça-feira (15).

Considerada a maior no Estado, a facção é envolvida em homicídios e disputas pelo tráfico de drogas e de armas. O grupo criminoso começou a operar a partir de Ipojuca, no Litoral Sul, se ramificou pelo Grande Recife e já registra atuação em Sergipe, Alagoas e Rio Grande do Norte.

Chefão do CLS, Osnir Cabeça era acusado de construir uma rede de fornecedores em outros estados e de ser o verdadeiro “dono” de toda a cocaína, maconha, skunk e crack vendidos ilegalmente pelo bando. Ele foi denunciado ainda por lavar dinheiro com joias, mansões e empresas de fachada.

Condenado pelos dois crimes, o líder recebeu pena total de 12 anos, 11 meses e 22 dias de prisão em regime fechado. Ele ainda pode recorrer da sentença.

Outros líderes

Com “liderança incontestável”, segundo a sentença, Pedro Paulo de Jesus Teixeira, o “Carioca”, e Emerson José da Silva, o “Surfista” ou “Messinho”, foram condenados a 4 anos, 5 meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto. Ambos, no entanto, foram absolvidos da acusação de lavagem de dinheiro por falta de provas.

Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Carioca esteve envolvido em ordens de execuções e na expansão do número de bocas de fumo. Já Surfista, que é irmão de outro suspeito de liderar a facção, chegou até ao posto de número um do CLS nas ruas antes de ser preso no ano passado.

Fecham a lista de condenados Regival Alves da Silva, o “Val”; James Matheus da Silva, o “Cérebro”, além de Shirley Eugenia de Andrade e de Erica Eugenia de Andrade. As penas variam de 3 a 10 anos de prisão.

A sentença também determinou o perdimento de bens apreendidos durante a investigação.

Nesta semana, a facção foi alvo da Operação Kéfale, coordenada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Pernambuco (FICCO/PE), que cumpriu 60 mandados de prisão preventiva e 49 de busca e apreensão.

Segundo a investigação, a estimativa é que o CLS tenha movimentado R$ 40 milhões nos últimos três anos.

Cabo de Santo Agostinho - IPTU 2025 prorrogado

Um dos eventos mais emblemáticos do Sertão pernambucano, a Missa do Vaqueiro de Serrita, está no centro de uma polêmica que mobiliza moradores, representantes da cultura local e profissionais do turismo. A tradicional celebração religiosa, que acontece anualmente na quarta semana de julho, corre o risco de ter sua data modificada por decisão do prefeito Aleudo Benedito (MDB), que aprovou um projeto de lei que prevê uma celebração à parte intitulada “Festa do Jacó”. 

A medida foi aprovada em uma sessão extraordinária na Câmara de Vereadores, logo após uma audiência pública. Segundo denúncias, a população não foi informada com antecedência suficiente sobre a audiência, e o debate contou apenas com a presença de representantes da Empetur, Fundarpe, do secretário de Cultura do município, vereadores e alguns curiosos. Nenhuma consulta pública, de fato, foi feita com a comunidade. O novo projeto do prefeito transforma o tradicional evento sertanejo em duas festas distintas, com datas diferentes. A 55ª Missa do Vaqueiro está marcada para o quarto domingo de julho, dia 27, e conta com o Padre Antônio Maria.  

O anúncio da mudança foi feito por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, no qual Aleudo ignora os trâmites legais e o parecer do Ministério Público — o promotor de Justiça, Leon Klinsman Farias Ferreira, havia recomendado ao gestor que se abstivesse de sancionar o projeto, pois a proposta “caracteriza substituição simbólica indevida da manifestação cultural original, desrespeitando o patrimônio cultural protegido e ultrapassando a competência legislativa do Município, conforme disposto no artigo 24, inciso VII, e no artigo 215 da Constituição Federal”.

A população reagiu com indignação. “Não queremos que mudem a história de Serrita. A tradição é a Missa do Vaqueiro e ela deve permanecer como sempre foi, no quarto domingo de julho”, afirma Fátima Canejo, comunicadora e defensora da preservação do patrimônio público e da cultura de Serrita.

Uma tradição construída com fé e cultura

Criada em 1970 por Padre João Câncio, o cantor Luiz Gonzaga e o poeta Pedro Bandeira, a Missa do Vaqueiro nasceu como uma homenagem aos vaqueiros do Sertão. Com o passar dos anos, se transformou em um dos maiores eventos de religiosidade e cultura popular do Nordeste. Após a morte de seus criadores, a celebração foi assumida pela Empetur e, posteriormente, por Helena Câncio, filha do padre João, que propôs a transferência da festa para o quarto domingo de julho. O objetivo era evitar conflitos com outros eventos regionais e potencializar o fluxo de turistas.

A mudança, que já acontece há anos, nunca havia sido oficializada no calendário estadual, o que causou lacunas legais e permitiu manobras como a atual. Em 2009, o deputado Maviael Cavalcanti criou uma lei reconhecendo a Missa do Vaqueiro como Patrimônio Imaterial de Pernambuco. A sanção foi feita pelo então governador Eduardo Campos. Durante a gestão de Paulo Câmara, um termo de cessão entre o Governo do Estado e a população de Serrita garantiu a preservação do parque onde ocorre a celebração. 

Até o momento, a governadora Raquel Lyra (PSDB) não se pronunciou sobre o caso. A população escreveu uma carta à governadora. Veja na íntegra: 

Excelentíssima Senhora Governadora Raquel Lyra,

Nós, representantes da cultura sertaneja, vaqueiros, fiéis, organizadores, artistas, agentes de turismo e cidadãos de Serrita e de todo o sertão nordestino, viemos por meio desta carta expressar nossa profunda preocupação e indignação com a recente decisão da Prefeitura Municipal de Serrita de alterar a data da tradicional Missa do Vaqueiro, antecipando-a para o terceiro domingo de julho.

A Missa do Vaqueiro é mais que um evento. Ela é patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco, reconhecida pela Lei Estadual nº 13.636/2009, fruto do esforço de figuras históricas como Padre João Câncio, Luiz Gonzaga e Pedro Bandeira, que sonharam e construíram, com o povo sertanejo, uma celebração que honra a fé, a memória e a identidade do homem do campo.

É verdade que a missa teve origem no terceiro domingo de julho. No entanto, há décadas ela é realizada no quarto domingo do mês, por necessidade prática e consenso popular, pois o antigo período coincidia com outras festividades regionais, o que causava esvaziamento de público e prejuízo à economia local. A mudança, consolidada com o tempo, permitiu o crescimento da festa e transformou-a em um marco do calendário nordestino.

A recente decisão de dividir o evento em dois — criando a chamada “Festa de Jacó” e separando o momento religioso do profano — foi aprovada em projeto de lei por vereadores aliados da gestão atual, sem a devida escuta da população, das instituições culturais ou da Igreja. Com isso, estamos diante de dois eventos, duas datas, dois discursos — e um povo dividido.

Essa mudança já está causando prejuízos reais: cancelamento de viagens e pacotes turísticos, sobreposição com festas tradicionais de cidades vizinhas, queda na expectativa de público, desorganização para os artistas, vaqueiros e comerciantes que sempre se programaram com base na data tradicional. É um erro repetir um modelo que já havia sido superado pelo bom senso e pela prática popular.

Por isso, pedimos sua atenção, seu olhar sensível e seu posicionamento diante desse impasse. Como governadora de um estado rico em cultura e tradição, e como chefe do Executivo que reconheceu esta missa como patrimônio estadual, sua palavra é fundamental para proteger a integridade histórica da Missa do Vaqueiro de Serrita.

Solicitamos que o Governo do Estado:

– Reconheça publicamente a data tradicional da Missa do Vaqueiro como o quarto domingo de julho;
– Atue como mediador entre as partes envolvidas para garantir que as decisões futuras respeitem a escuta popular, a tradição e o legado cultural da celebração;
– Apoie institucionalmente a preservação da missa enquanto símbolo da fé e da identidade do povo sertanejo, tal como sempre foi vivida e mantida pelo povo.

Governadora, o sertão clama por respeito à sua história. A cultura popular não pode ser moldada por conveniências políticas momentâneas. A Missa do Vaqueiro é de todos — e é com todos que deve ser cuidada.

Atenciosamente,
Fátima Canejo
Serrita – PE, abril de 2025

Toritama - FJT 2025

No Dia dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril, o documentário paraibano Trilha dos Potiguaras, dirigido por Dercio Alcântara, ganha projeção nacional e internacional ao ser exibido em voos comerciais. Gravada no litoral norte da Paraíba, a produção revela a vida, os rituais e a luta contemporânea da única etnia indígena oficialmente reconhecida no estado, levando a ancestralidade e a cultura dos Potiguaras a públicos muitas vezes distantes dessa realidade — tanto geograficamente quanto simbolicamente.

Confira!

Palmares - Pavimentação Zona Rural

Por Houldine Nascimento

Do Poder360

O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e presidente do Contrif (Conselho Temático de Assuntos Tributários e Fiscais) da CNI, Armando Monteiro Neto, 73 anos, disse que a taxação de 25% dos EUA sobre o aço e o alumínio brasileiros “é relativamente suportável”.

Em entrevista ao Poder360, o empresário avaliou que o Brasil tem condições de manter o patamar exportado para o país depois do tarifaço de Donald Trump (Republicano). “Nossos produtos são predominantemente semiacabados. Isso cria uma certa complementaridade com o setor siderúrgico norte-americano”, declarou.

O segmento de aço e alumínio exportou US$ 5,29 bilhões no ano passado para os EUA. Representa 39,4% do que os brasileiros exportaram para o mundo em 2024. A taxação desses produtos nos EUA entrou em vigor em 12 de março. Em 2 de abril, Trump também decidiu aplicar uma tarifa recíproca de 10% sobre os produtos brasileiros importados. “Foi imposta ao Brasil uma tarifa que, de um modo geral, é uma tarifa mais branda […] Eu diria que, até agora, o impacto direto na economia brasileira é relativamente pequeno”, disse o ex-ministro e ex-presidente da CNI.

Assista à íntegra da entrevista:

Armando Monteiro diz que a decisão de Trump de elevar as tarifas sobre produtos que entram nos EUA era esperada. Para o industrial, o que surpreendeu foi a maneira como se deu.

“Ninguém imaginava que esse processo pudesse acontecer de forma tão descoordenada, tão inadequada, como veio a se realizar. Ou seja, um movimento generalizado de aumento de alíquotas. Critérios que são muito pouco compreendidos em relação ao que determinou o tamanho dessas alíquotas e, sobretudo, um quadro que parece que aponta para uma lógica em que você faz as ameaças e, ora, recua”, declarou.

Completou, dizendo: “Em suma, há um quadro aí de grande incerteza em relação a como vai ficar esse cenário. Eu creio que já se pode contabilizar prejuízos nessa situação”.

Setor automotivo

Só o setor automotivo brasileiro exportou US$ 1,7 bilhão para os EUA em 2024. O valor corresponde, sobretudo, a autopeças. Representou 12,4% do total exportado para o mundo no ano passado. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

“O comércio automotivo brasileiro se localiza na América Latina. Nós temos um nível razoável de exportações aqui para a América do Sul e, como eu disse, um acordo automotivo com o México. Nas nossas vendas para o mercado americano, sim, nós seremos afetados no que diz respeito a autopeças – o Brasil tem um volume razoável de exportações para o mercado americano. Aí é possível que sejamos impactados. Mas, ao que parece, os nossos concorrentes também sofrerão”, avaliou.

Guerra comercial

Na última terça-feira (15), a Casa Branca anunciou que a China poderá enfrentar tarifas de até 245% sobre alguns produtos que são exportados para os EUA como “resultado de suas ações retaliatórias” na guerra comercial entre os dois países. “Numa guerra comercial como essa, ninguém ganha verdadeiramente. Alguns poderão, no curto prazo, sofrer de forma menos intensa os efeitos desse processo. Mas, no fundo, todos perderão”, disse Armando.

O empresário diz haver “grande apreensão” sobre os efeitos da guerra comercial que Trump travou com a China no mundo: “Essas duas economias representem mais de 40% do PIB global. Ora, quando essas economias assumem uma posição de guerra aberta, isso causará severo reflexo nos fluxos comerciais, afetando o comércio internacional”.

Oportunidades

Armando Monteiro Neto avalia que alguns setores da economia brasileira podem tirar vantagem do tarifaço. As commodities agrícolas seriam beneficiadas, na sua visão. “Os Estados Unidos concorrem de forma direta contra o Brasil nessa área das commodities agrícolas, sobretudo na soja. Os chineses compram também soja aos Estados Unidos. Na medida em que agora essas tarifas foram tão severamente, tão drasticamente elevadas, é evidente que o Brasil poderá ganhar espaços a curto prazo, sobretudo nas exportações de soja”, afirmou.

“Marco fiscal é frágil e Brasil precisa de novo regime”

Armando defende que uma nova regra fiscal seja instituída. O empresário disse que o marco fiscal “se revelou frágil” e que o Brasil “precisa efetivamente inaugurar um novo regime” relacionado ao controle de despesas. “É preciso que o Brasil promova um novo arranjo macroeconômico de forma a equilibrar melhor a política fiscal com a política monetária”.

Em 31 de agosto de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a medida que substituiu o sistema de teto de gastos do governo. Armando esteve à frente do Ministério da Indústria entre 2015 e 2016, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). De 2002 a 2010, presidiu a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O ex-ministro afirmou que o governo Lula tentou “estabelecer uma certa disciplina do crescimento dos gastos” ao instituir o arcabouço fiscal, mas que a alta das despesas obrigatórias – entre as quais, as previdenciárias – supera os limites estabelecidos em lei. Para ele, isso leva à necessidade de uma nova medida. “Isso será absolutamente necessário para estabilizar a dívida e garantir, portanto, melhores condições de financiamento da dívida no futuro”, disse.

Política fiscal de Lula

Armando Monteiro listou algumas ações do governo que resultaram em um “quadro de relativo desajuste fiscal”, na sua visão:

PEC fura-teto – “Ela era necessária até um certo nível, tendo em vista que algumas áreas do governo tinham sido fortemente atingidas por conta das restrições orçamentárias, mas, a meu ver, essa PEC deve ter garantido a ampliação de gastos além do que seria necessário. Tivemos no começo, logo na entrada do governo, o impacto de uma grande expansão de gastos em decorrência da PEC da transição”;

reindexação do salário mínimo aos pisos previdenciários – “Temos, portanto, um grande impacto da política de aumento real do salário mínimo nas contas da Previdência”;

pisos constitucionais da saúde e da educação – “Há ainda o problema daquela indexação que vigora dos gastos na área de saúde e de educação”.

Juros e spread bancário

Armando Monteiro afirmou que o setor industrial “padece” com juros altos e elevados spreads bancários – diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar recursos e os juros que são cobrados dos clientes. O empresário defendeu “atacar” essa agenda “estimulando uma maior concorrência entre os agentes financeiros”. “Além da taxa básica ser elevada, o juro na ponta – ou seja, quando efetivamente o setor produtivo se financia, seja a empresa, seja o consumidor –, ainda temos margens de intermediação no sistema financeiro elevadíssimas. Com isso, o custo lá na ponta é muito alto”, declarou.

Hoje, a Selic está em 14,25% ao ano. Já a taxa anualizada do juro real –quando desconta a inflação – atinge 8,79%. “O Brasil convive com juros extravagantes há muito tempo. O Brasil tem uma das taxas de juros reais mais elevadas do mundo e, portanto, os setores produtivos são penalizados fortemente por essa situação”, afirmou.

“Criação do Comitê Gestor precisa de aperfeiçoamentos”

Armando afirma que o segundo projeto de lei que regulamenta a reforma tributária deve passar por “aperfeiçoamentos”. “Esse processo terá que se encaminhar através de emendas que serão oferecidas ao texto, sobretudo considerando o cronograma dos trabalhos”, declarou.

O PLP 108 de 2024 está em tramitação no Senado depois de ser aprovado na Câmara. A proposta institui o Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de competência estadual e municipal. Além de estabelecer o colegiado, a proposta define normas para gerenciar e administrar esse novo imposto.

Eis os trechos que precisam de aperfeiçoamento, segundo o empresário:

criação de um comitê executivo – funcionaria na estrutura de governança do Comitê Gestor. “Entre essa estrutura do Conselho [Superior] e da Diretoria Executiva, há a necessidade de um comitê executivo para fazer uma articulação mais efetiva”;

instituir uma câmara de resolução de conflitos – disse ser necessário “harmonizar” as normas do processo administrativo tributário. Na sua visão, é necessário evitar, “no processo de fiscalização, a existência de autos de infração nos diversos entes da Federação”;

prazo para recebimento de saldos credores do ICMS – defendeu abrir espaço para “a possibilidade de antecipar o pagamento desses créditos quando ocorrer aumento real da arrecadação”. Além disso, disse ser necessário “prever, por exemplo, aquelas hipóteses de securitização desses créditos, transformando em títulos públicos que deem liquidez”.

Defesa da reforma

Armando Monteiro Neto presidiu a CNI de 2002 a 2010. O empresário afirma que a indústria brasileira está bastante exposta à concorrência externa e será o setor mais beneficiado pela reforma.

“Consideramos que será um divisor de águas muito importante para reverter esse processo de relativa desindustrialização da economia brasileira. Toda a economia ganhará com a reforma, porque o país vai liberar entraves para que a economia possa crescer num ritmo maior”, declarou. O industrial listou alguns pontos:

não cumulatividade com a criação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) – “Não vai mais haver essa coisa de calcular os impostos por dentro, ou seja, um imposto integrar a base de cálculo de outro imposto.”;

desoneração de investimentos e das exportações – “É um sistema que se alinha com as melhores práticas internacionais do IVA, pagando só sobre o valor que se adiciona à produção”.

Do Diário de Pernambuco

Nove deputados federais pernambucanos assinaram o pedido para a tramitação em regime de urgência do projeto de lei que prevê anistia para os condenados pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023 e outros envolvidos na trama golpista desde o segundo turno das eleições de 2022. O requerimento já possui o número mínimo de assinaturas para tramitar na Câmara Federal, e a votação depende apenas da decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos).

A maior parte dos apoios partiram do Partido Liberal (PL) e do Partido Progressistas (PP). Ambos possuem quatro deputados federais eleitos. Somando os quadros das duas legendas, somente Fernando Monteiro (PP) não assinou o requerimento.

As demais assinaturas partiram do União Brasil e do Republicanos, partidos que abrigam nomes da direita ao centro – apesar do segundo compor a base do Governo Lula.

Veja a lista dos pernambucanos que apoiaram a urgência:

  • André Ferreira (PL)
  • Coronel Meira (PL)
  • Fernando Rodolfo (PL)
  • Pastor Eurico (PL)
  • Clarissa Tércio (PP)
  • Eduardo da Fonte (PP)
  • Lula da Fonte (PP)
  • Mendonça Filho (União Brasil)
  • Ossesio Silva (Republicanos)

O União Brasil possui, ao todo, três pernambucanos em Brasília. Fernando Filho e Luciano Bivar não assinaram a urgência do projeto. Já o Republicanos possui apenas mais um nome, Augusto Coutinho, que também não assinou.

Os 13 demais deputados federais pernambucanos do Avante, MDB, PCdoB, PT, PV, Rede e Solidariedade não apoiaram a urgência do projeto.

Por Adriano Roberto*

Triunfo, no Sertão de Pernambuco, voltou a ser palco de um dos mais antigos e emocionantes espetáculos ao ar livre do estado: a Paixão de Cristo. Realizada nos dias 17 e 18 de abril de 2025, no Parque Iaiá Medeiros Gastão, conhecido como Via Verde, a encenação gratuita atraiu centenas de moradores e visitantes, reforçando a importância cultural e religiosa da Semana Santa na região. Organizada pelo Grupo de Teatro Nós em Cena, a montagem combinou fé, arte e inclusão, emocionando o público com uma narrativa que resgata os últimos dias de Jesus Cristo.

A edição de 2025 trouxe inovações que enriqueceram o espetáculo. Sob a direção compartilhada de Teco de Agamenon, Renata Lima, Ranison Queiroz e Roberto Araújo, contou ainda com cerca de 70 participantes, entre atores e figurantes, e apresentou 15 cenas que retratam desde os tumultos no Templo Sagrado até a Crucificação e Ressurreição.

Entre as novidades, destacaram-se a inclusão de dois novos personagens, José de Arimateia e Nicodemos, e duas cenas inéditas, além de recursos de acessibilidade como intérprete de Libras e rampa para cadeirantes. “Nossa proposta é levar ao público a emoção do sofrimento de Cristo, ressignificando o sentido de sua entrega pela humanidade”, afirmou Bruno Alves, coordenador geral do evento.

A Paixão de Cristo de Triunfo, cuja trajetória começou em 1975 sob a iniciativa do Frei Humberto e do grupo Jovens Vivendo o Ideal de Cristo (Jovic), é considerada a segunda encenação mais antiga do estado, atrás apenas da grandiosa Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Realizada inicialmente no sítio do Convento São Boaventura, a peça ganhou nova vida na Via Verde, aproveitando a cenografia natural e o clima ameno da cidade, que pode chegar a 18°C à noite nesta época do ano.

A montagem mantém a essência da história bíblica, mas incorpora interferências contemporâneas, como a escolha de uma atriz negra para o papel de Maria em edições recentes, promovendo representatividade e diversidade. Além do impacto artístico, o espetáculo tem forte cunho social.

O Grupo Nós em Cena mobiliza a comunidade local por meio de oficinas de teatro, dança e música, valorizando talentos triunfenses e incentivando a formação de novos artistas. “É uma oportunidade de unir a comunidade e revelar potenciais nas artes cênicas”, destacou Alves. A apresentação também movimenta a economia local, atraindo turistas que lotam pousadas, restaurantes e o comércio da cidade, conhecida como o “Oásis do Sertão” por sua altitude e belezas naturais.

Com uma produção marcada por iluminação renovada, figurinos detalhados e efeitos especiais, como fogos de artifício, a Paixão de Cristo de Triunfo reafirma seu papel como um marco cultural e espiritual. Para os espectadores, a experiência vai além do teatro: é um momento de reflexão e conexão com a mensagem de amor e sacrifício de Jesus. Enquanto as cortinas imaginárias da Via Verde se fecham, a cidade já se prepara para a próxima edição, prometendo manter viva essa tradição que une gerações.

*Jornalista

Por Marcelo Tognozzi

Colunista do Poder360

Cresci lendo Mario Vargas Llosa (1936-2025) e Gabriel García Márquez (1927-2014), dois gênios. Com eles aprendi muito, especialmente que escrever é antes de tudo um ato de disciplina e determinação. Esta semana fiquei com o coração apertado ao saber da morte de dom Mario, a quem tive o privilégio de conhecer quando morava em Madri (Espanha) e frequentava algumas reuniões da sua Fundação Internacional para a Liberdade, cujos encontros eram realizados na sede do Instituto Cervantes, na Calle de Alcalá 49, perto da Gran Via.

Lia regularmente suas colunas nos jornais, especialmente no El País. Junto com Fernando Savater e Javier Marías, eram meus preferidos. Agora só me resta Savater, já que Marias se foi em 2022 e dom Mario um dia destes. O mundo parece encolher quando gente como García Márquez, Vargas Llosa ou Javier Marías vão embora. Fazem muita falta para gente como eu, leitor voraz que sai de um livro para outro desde a adolescência.

Faz pouco tempo, li o livro póstumo de García Márquez, “Em agosto nos vemos”, que ele não queria publicar, mas a família o fez num gesto inconveniente – para dizer o mínimo. O livro é ruim, mostra um Gabo claudicante, sem a mesma energia dos livros anteriores.

Vi Gabriel García Márquez numa festa de Ano Novo em Cartagena, em 2012 ou 2013, não tenho certeza. Ele já estava caidinho e morreu logo depois em 2014. O Gabo do livro póstumo era aquele do tabulado da festa de Ano Novo.

Eu ficava esperando sair o último livro de Mario Vargas Llosa e logo comprava na Amazon. Sua obra derradeira, “Le dedico mi silencio”, também não tem aquela vibração de antes. Não vou falar de “Conversa no Catedral”, disparado o melhor livro dele, mas de “Tiempos Récios” ou “Travessuras de la niña mala”, que saíram nos últimos anos.

Com Javier Marías se passou o contrário: seu último romance, “Thomás Nevison”, continuação do incrível “Berta Isla”, é extremamente instigante. Marias morreu jovem, com 70 anos, enquanto García Márquez chegou aos 87 e Vargas Llosa se foi aos 89. Marías, um recluso, tão diferente de Gabo e dom Mario. Quase celibatário.

Um dia, lá se vão uns 50 anos, Mario e Gabriel se encontraram. O colombiano saudou o peruano com um “hermanito!”. Em seguida, foi nocauteado pela direita precisa de Mario Vargas: “Como você tem coragem de se dirigir a mim depois do que fez com Patrícia em Barcelona!”. Gabo cometera a imprudência de assediar dona Patricia e ganhou o troco dolorido.

Mario e suas mulheres. Foram essencialmente três na sua movimentada vida de escritor, Nobel de Literatura e marquês, nomeado pelo rei Juan Carlos de Espanha. Sua tia Julia, transformada em personagem do livro “Tia Julia e o escrivinhador”, Patrícia, sua prima, e, a última, a amiga Isabel Preysler, o romance do homem maduro transformado em adolescente. Cheguei a cruzar um par de vezes com dom Mario desfilando com Isabel a tiracolo, ela linda, ex-modelo, seduzida ainda garota por Julio Iglesias, com quem foi casada por anos.

Ele trocara mais de 50 anos de vida com Patrícia para mergulhar naquele romance adolescente com Isabel. Em 2022, a relação chegou ao fim depois de oito anos.

Mario sabia que tinha uma doença incurável, tentava manter o ritmo de vida o mais normal possível, com exercícios físicos e escrevendo seis ou até oito horas por dia. Proibiu que os mais íntimos revelassem sua enfermidade. Isabel cumpriu o trato e ele voltou para a família, no Peru, e passou os últimos dias da sua vida no apartamento do bairro Barranco, um dos mais boêmios de Lima, joiazinha, encravada naquela capital de céu cinzento na maioria dos dias.

Dom Mario cumpriu um ritual, visitou os lugares que inspiraram seus livros, como o prédio onde funcionou o bar e restaurante Catedral e a Escola Militar, onde teve a inspiração para “La ciudad de los perros”. Quando já estava pronto para partir, a presidente peruana Dina Boluarte foi até sua casa, abraçou Álvaro, o filho mais velho, e solidarizou com a família.

Em 13 de abril, dom Mario partiu para sempre. Cremado, foi transformado em cinzas que couberam em dois potes. O escritor, encantador de palavras e sonhos, agora é poeira a se misturar com o ar salgado de Lima, os aromas, os sabores e os tempos eternos impressos nos livros que deixou de herança para a humanidade.