Eduardo da Fonte, o grande vitorioso!
O arquiteto da surpreendente reviravolta da eleição para primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, com a vitória do socialista Francismar Pontes, tem nome e sobrenome: Eduardo da Fonte, presidente estadual do PP. De uma só cajadada, derrotou Gustavo Gouveia (SD), candidato à reeleição, que entrou na disputa com o apoio da governadora Raquel Lyra (PSDB), do prefeito do Recife, João Campos (PSB), e do presidente da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB).
Embora não tenham assumido em público, todas essas forças poderosas trabalharam pela reeleição de Gustavo, que é do grupo da governadora. Sendo assim, lógico seria o PSB tentar derrotá-lo, mas o líder do partido na Casa, Sileno Guedes, quis cantar de galo e se ferrou. É óbvio que recebeu ordens, porque não tem autonomia para dar as cartas no PSB. Agiu em nome de alguém e o que se diz é que esse alguém é João, a liderança mais expressiva do partido.
Leia maisJoão, por sua vez, jogou errado. Se o seu alvo é derrotar a governadora em 2026, como deixar o seu partido apoiar, oficialmente, um candidato com o DNA da governadora? O que iria ganhar com isso? Nada. Quem jogou certo e mostrou que é do ramo foi o deputado Eduardo da Fonte. Quando viu que um deputado da sua bancada, o PP, não aglutinava para derrotar os Gouveia, com quem mede forças, lançou um candidato do PSB, a segunda maior bancada no parlamento estadual.
E apostou num nome filiado ao partido extremamente aglutinador: o sábio e manhoso Francismar Pontes, que dá nó em pingo d’água quando se trata do jogo maquiavélico da política. Na realidade, a candidatura dele somou a fome com a vontade de comer dos parlamentares, ou seja, abriu para os insatisfeitos com o tratamento de Gustavo e dos Gouveia a verdadeira janela por onde pularam os que fizeram juras de amor a Gustavo, Porto e Sileno.
Na coluna de ontem, cantei a bola: vi cheiro de traição no ar. E até brinquei quando disse que para trair, basta coçar. Também lembrei uma frase antológica do velho guerreiro Leonel Brizola: “A política ama a traição”.
O NOVO EMBATE – Na queda de braço com os Gouveia, a próxima investida do presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte, é arrebatar das mãos do atual prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia (SD), irmão do deputado Gustavo Gouveia, o controle da Associação Municipalista de Pernambuco, Amupe. Marcelo é candidato à reeleição, marcada para abril, e deve ter o apoio da governadora. Da Fonte já escolheu o candidato para enfrentá-lo: é o prefeito eleito de Aliança, Paulo Freitas, do PP. Ele teve 83,32% dos votos para prefeito e já deu o start da campanha para presidir a Amupe.
Mesa de oposição – Se já tinha um presidente que não reza pela sua cartilha, Álvaro Porto (PSDB), reeleito ontem, a governadora Raquel Lyra (PSDB) vai governar seus dois anos pela frente com uma Casa com DNA de oposição. Na nova Mesa, o PSB emplacou duas vice-presidências – Rodrigo Farias (Primeira-vice) e Aglailson Victor (Segunda-vice) – e a poderosa Primeira-Secretaria, com a eleição de Francismar Pontes. De partidos que também vivem entre tapas e beijos com a governadora, foram eleitos Claudiano Martins (PP), segundo-secretário, e Romero Sales (UB), terceiro-secretário. E o quarto-secretário, Alberto Feitosa, do PL, é do bloco de oposição radical.
Quem não faz política, se complica – Em Pernambuco, nunca a Assembleia Legislativa teve tamanha representação de oposição numa Mesa. Mas isso tem uma culpada: a própria governadora, que não se rende ao exercício quotidiano e indispensável da política, que é uma arte, resumida ao diálogo e ao jogo de cintura, ingredientes que faltam à tucana e sobram no prefeito João Campos, que vai ganhando musculatura para enfrentá-la nas eleições de 2026. Presente ontem no encontro dos prefeitos com a governadora, João foi tietado por prefeitos até do campo governista.
Encontro desastroso – Ou a governadora quer insistir num estilo que não está dando certo ou sua assessoria política é desastrosa. O encontro de ontem com os prefeitos eleitos foi um vexame. Faltou coordenação, organização e objetividade. Os prefeitos que ali estavam queriam receber uma boa notícia, resumida a um ônibus escolar e uma promessa de cozinha comunitária. Não queriam ouvir discursos de deputados nem assistir, novamente, a ladainha da mesma prestação de contas que a governadora fez no encontro de Gravatá, organizado pela Amupe.
O calote de Petrolândia – Um dos prefeitos que saiu do encontro extremamente desapontado com a governadora foi Fabiano Marques (Republicanos), de Petrolândia. Ao blog, ele contou que Raquel até o momento não repassou os R$ 12 milhões como segunda parte de um convênio celebrado na gestão de Paulo Câmara, cujas obras já foram concluídas. “A construtora vive no meu pé. Paulo liberou R$ 12 milhões, metade do convênio, mas ela engavetou o restante e nunca me deu uma satisfação”, disse Marques, que faz uma gestão bem aprovada, com índices de ótimo e bom beirando a 80%.
CURTAS
COM LULA – A prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), recebeu convite da direção nacional do partido para um encontro em Brasília na próxima sexta-feira. E já conseguiu uma brecha na agenda do presidente Lula para uma audiência.
SERTÂNIA– O prefeito de Sertânia, Ângelo Ferreira (PSB), rebateu, ontem, as declarações da prefeita eleita Pollyana Abreu (PSDB). Pelas suas redes, a tucana denunciou a inexistência de transição e anunciou que está recorrendo à justiça.
SEM TRAIÇÃO – O deputado Sileno Guedes não deu a mão à palmatória quando instigado a falar sobre as traições. “A gente sabia que seria uma eleição disputada por conta de uma bancada expressiva (a do PP) e com um deputado muito querido que circula aqui há muitos anos e que conseguiu criar uma narrativa que sensibilizou os colegas”, afirmou.
Perguntar não ofende: Quem bateu o martelo no apoio do PSB a Gustavo Gouveia?
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