Anistia já

Por Marcelo Tognozzi

Colunista do Poder360

O Congresso está reunido. São sessões de encaminhamento da votação da anistia, nos dias 21 e 22 de agosto de 1979. Os ecos daquele tempo são ressuscitados 46 anos depois para lembrar a anistia como sinônimo de reconciliação e de pacificação. Em 28 de agosto, a Lei da Anistia foi sancionada.

Quando mais uma vez, quase meio século depois, a anistia volta à ordem do dia, desta vez para os condenados pelos atos do 8 de Janeiro, é importante lembrar das lições dos homens que construíram a porta de saída do arbítrio para a liberdade, o que disseram os líderes, tanto os que defendiam o governo militar, por meio da Arena (Aliança Renovadora Nacional), quanto aqueles do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), representantes da parcela da sociedade subjugada pelo golpe de 1964.

Suas palavras estão guardadas nos exemplares do Diário do Congresso Nacional. Faço este registro para lembrar que anistia, antes de tudo, é questão humanitária, instrumento de uma pacificação que só não interessa aos que desejam manter vivo o ódio e a polarização tóxica.

O Brasil precisa superar este momento, se renovar, resgatar o espírito daqueles dias em que a democracia voltava a desabrochar. Foram homens de verdade – não meninos – os que lutaram para transformar o Brasil num país de cidadãos livres. O abuso de poder, o arbítrio, saiu derrotado na anistia de 1979, apenas dois anos depois do ex-presidente Geisel ter fechado o Congresso com o famigerado Pacote de Abril.

Com emoção à flor da pele, assim falaram nossos congressistas:

• deputado Bonifácio de Andrada (Arena-MG) – “A Aliança Renovadora Nacional, ao colocar-se de maneira vigorosa a favor do projeto de Anistia do Poder Executivo […] nada mais faz do que cumprir seu dever perante a Nação brasileira e ficar coerente com os postulados da Revolução de 1964 que, uma vez alcançados os seus maiores objetivos – a manutenção da ordem democrática e desenvolvimento – julga que este é o momento da reconciliação nacional e de o tablado brasileiro abrigar todos aqueles que possam participar do nosso processo político. […] A Casa é testemunha de que seria uma embromação deixar Brizola, Arraes e Julião fora da anistia”.

• deputado Ernani Satyro (Arena-PB), relator da Lei da Anistia – “Que os anistiados tão numerosos e em alguns casos tão valorosos, uma vez livres, tragam a contribuição do seu patriotismo, se nele se inspiraram, para a pacificação da sociedade brasileira. Conciliação não pode ser ato unilateral. Há de ser obra dos anistiantes e dos anistiados. Esta lei que vai sair deste Congresso, pode ser o primeiro passo da verdadeira conciliação nacional. Aqui se trata de uma Lei da Anistia, não de uma punição da Revolução como querem muitos”.

• senador Teotônio Vilela (MDB-AL) – “A anistia é o reencontro da nação consigo mesma; depois de tantos erros e animosidades, procura-se, pelo esquecimento dos fatos, restabelecer, através da respeitabilidade da lei, a convivência dos homens desavindos em torno dos altos interesses que consolidam a unidade nacional. A anistia, por isso mesmo, não é uma concessão à divergência; ela não se faz apesar da divergência, a título de graça. Ao contrário, busca-se a anistia não ‘apesar’, mas ‘por causa’ das divergências”.

• deputado Nelson Marchezan (Arena-RS), líder do Governo – “Este início de tarde cheio de emoção e de muita preocupação, é também um momento histórico da vida nacional […] ele prova o acerto daqueles que vêm sustentando, ao lado do governo, a tese de que é possível conquistar a democracia numa marcha firme e tranquila rumo à liberdade. Aqui nesta tarde, o Congresso brasileiro haverá de, através de uma lei, trazer ao País, à liberdade, milhares de brasileiros, que, nos entreveros dos desentendimentos por que passou nosso país, perderam seus direitos e foram excluídos da comunidade política nacional”.

• senador Paulo Brossard (RS), líder do MDB – “É contraditória a impressão que se tem neste momento; as sensações que se assomam ao espírito lembram as lutas travadas durante tanto tempo, para que num certo momento uma lei de anistia pudesse ser votada. Até há algum tempo só a Oposição falava em anistia. A anistia parecia ser uma coisa imaginária e inacessível, mas em meio àquele mar de desesperança a Oposição brasileira jamais deixou de cumprir o seu dever, clamando para a adoção da medida saneadora e reparadora, necessária sempre depois das grandes comoções sociais”.

• senador Jarbas Passarinho (PA), líder da Arena – “Não deve o governo perder-se, não deve a maioria irritar-se; ao contrário, a nós cabe, como coube ao Presidente (João Figueiredo), o gesto aberto de generosidade, o primeiro. Se ele é aceito, muito bem, e haverá segundo, e haverá terceiro e haverá perspectiva. […] Abaixo o ódio, abaixo a intolerância […]”.

• deputado Modesto da Silveira (MDB-RJ) – “Fui durante todo o tempo defensor de perseguidos políticos desde a primeira hora do dia 1º de abril de 1964. […] É preciso que toda nação volte a, como eu, como criança, a me arrepiar cada vez que eu enxergava o verde oliva e a marchar atrás de qualquer soldado de fuzil na mão. […] A Nação reclama por este grande abraço nacional […]. Os olhos do mundo e da Nação estão voltados para esta Casa […] para que nós saibamos cumprir aquilo que recebemos da História, da experiência, e vocês que são militares, e nós, que somos civis, nos lembramos da experiência de Caxias, pela reconfraternização, nunca deixando um vencido de fora, nunca entendendo um vencido como um não brasileiro, tão patriota e tão amante da sua Pátria como ele mesmo”.

• deputado Jader Barbalho (MDB-PA) – “O que desejamos, senhor presidente, é que o Brasil tenha uma Anistia ampla, geral e irrestrita”.

Anistia já!

Os primeiros 100 dias da gestão da prefeita Aline Karina (PSB), de Itapetim, no Alto Sertão do Pajeú, a 347 km do Recife, caíram na graça do povo. Segundo levantamento do Instituto Opinião, 90% dos entrevistados aprovam, 3,8% desaprovam e 6% não souberam responder. Para 85,9%, Itapetim, agora sob o comando de Aline, em continuidade à era Adelmo Moura, que governou pelos últimos oito anos, está andando para frente.

Já os que acham o contrário, que a cidade está parada, representam 10,8%, enquanto apenas 1% acha que está andando para trás. Para 41,5% dos que foram ouvidos, Aline faz uma administração ótima e 46,3% consideram boa. Dos entrevistados, 6,3% acham regular, 2,8% ruim e apenas 0,3% péssima.

A gestão de Aline tem seus maiores percentuais entre os que têm renda acima de dois salários (93,6%), entre os que estão na faixa etária entre 25 e 34 anos (91,3%) e entre os com grau de instrução com ensino médio (91,7%).

POR BAIRROS

Estratificando a pesquisa por bairros, os percentuais são os seguintes: Centro (91%), Cohab (85,8%), Paulo VI (94,8%), Santo Antônio (93,4%), São Francisco (92%), São João (95,2%), São José (91,4%), Vila da Criança (50%), Zelopão (92,3%) e Miguel Arraes (91,7%).

ZONA RURAL

Já na área rural do município, os números identificados pelo Opinião são os seguintes: Ambó (66,7%), Boa Vista (80%), Cacimba de Roça (75%), Cacimba Salgada (83,3%), Cacimbas (71,4%), Cacimbinha (66,7%), Campo do Ambó (66,7%), Distrito de São Vicente (96,7%), Esperança (85,7%), Gameleira (83,3%), Lagoa de Jurema (88,9%), Maniçoba (100%), Miguel (85,7%), Mucambo (83,3%), Pimenteira (87,5%), Pitombeira (75%), Povoado de Piedade (96,2%), Prazeres (88,9%), Raposa (50%) e Serrinha (100%). 

O curso de Medicina da Universidade de Pernambuco (UPE), no campus Serra Talhada, conquistou nota máxima (5) no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). O resultado reforça o município como um dos polos emergentes na formação médica do estado. A UPE já havia se destacado no Enade em 2019, quando o curso de Fisioterapia do campus Petrolina também recebeu a nota máxima.

Da Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem, dia 11, o projeto de lei que cria a Lei da Reciprocidade Comercial, autorizando o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil no mercado global. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.

O texto, que será publicado no Diário Oficial da União (DOU) da próxima segunda-feira (14), foi aprovado pelo Congresso Nacional há cerca de 10 dias e aguardava a sanção presidencial para entrar em vigor. Não houve vetos.

A nova lei é uma resposta à escalada da guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a maioria dos países do mundo, mas que se intensificou nos últimos dias de forma mais específica contra a China.

No caso do Brasil, a tarifa imposta pelos EUA foi de 10% sobre todos os produtos exportados para o mercado norte-americano. A exceção nessa margem de tarifas são o aço e o alumínio, cuja sobretaxa imposta pelos norte-americanos foi de 25%, afetando de forma significativa empresas brasileiras, que constituem os terceiros maiores exportadores desses metais para os EUA.

Em discurso durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras, na última quarta-feira (9), Lula voltou a criticar a adoção de tarifas comerciais. No mesmo dia, ele também disse que usará todas as formas de negociação possíveis, incluindo abertura de processo na Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar reverter as tarifas, antes de adotar ações comerciais retaliatórias.

Nova Lei

A Lei da Reciprocidade Comercial estabelece critérios para respostas a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”. A norma valerá para países ou blocos que “interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil”.

No Artigo 3º do texto da lei, por exemplo, fica autorizado o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligado ao Executivo, a “adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços”, prevendo ainda medidas de negociação entre as partes antes de qualquer decisão.

Em vídeo nas redes sociais, o ex-prefeito de Goiana, Eduardo Honório (UB), faz um alerta aos eleitores que irão às urnas em 4 de maio na eleição suplementar: “Eduardo Batista é problema”, diz, referindo-se ao risco que o município corre com a candidatura do atual gestor, que está na disputa contra o candidato Marcílio Régio (PP), apoiado por ele.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), confirmou sua presença no meu podcast ‘Direto de Brasília’, em parceria com a Folha de Pernambuco, na próxima terça-feira (15). Ao vivo, o programa vai ao ar das 18 às 19 horas, com transmissão pelo YouTube da Folha, deste blog e pela Rede Nordeste de Rádio, formada por 48 emissoras em Pernambuco, Alagoas e Bahia, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM.

Silvio é o terceiro entrevistado do podcast, cuja estreia ocorreu com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), e depois recebeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A transmissão também será realizada no Instagram e no Facebook do meu Blog.

Entram como parceiros na transmissão a Gazeta News, do Grupo Collor, em Alagoas, a Rede Mais Rádios, com 25 emissoras, na Paraíba, e a Mais-TV, do mesmo grupo, sob o comando do jornalista Heron Cid. Ainda a Rede ANC, do Ceará, formada por mais de 50 emissoras naquele Estado. Os nossos parceiros neste projeto são a Faculdade Vale do Pajeú, a Autoviação Progresso, o Grupo Antonio Ferreira Souza e a Água Santa Joana.

Por Emílio Duarte*

Há pessoas que cruzam nosso caminho e, mesmo sem perceber, passam a fazer parte de quem somos. Fábio Milhomens foi uma dessas presenças raras. Um amigo de longa data, daqueles que a vida nos presenteia ainda na juventude. Estudamos juntos no Colégio Salesiano.

Fomos alunos do meu falecido pai, que nos deixou com exatamente a mesma idade de Fábio. Depois, papai virou nosso coordenador e sempre teve o respeito de vários alunos do Colégio e, claro, o nosso também.

Aquele brilhantismo que talvez tenha faltado nas bancas do colegial sobrou na faculdade, tanto como aluno quanto, depois, como professor de Direito.

Na eleição da OAB em 2021, em plena pandemia, ele foi eleito Conselheiro Estadual e, depois, tornou-se dirigente de comissão temática, demonstrando poder de aglutinar outras mentes brilhantes na advocacia.

Sempre compartilhávamos nossos projetos pessoais. Lembro-me de quando ele fundou seu curso de pós-graduação, a LM2 academy. Fui convidado por ele para lecionar a disciplina de Processo Eleitoral — convite que aceitei de pronto, mas logo deixei avisado que, nem de longe, eu tinha o seu talento para a docência.

Após três anos, nas eleições da Ordem, no ano passado, fizemos uma reunião no café da academia Cia Athletica, que frequentávamos juntos. Reunião essa em que eu consegui, depois de muito argumentar, que ele saísse da gestão e viesse para a chapa da oposição.

No primeiro encontro que agendei com o nosso colega Almir Reis, como de costume, chegou atrasado por mais de quatro horas.

A única coisa que Fábio me prometera era que, em nome da nossa amizade, ele marcharia conosco — e assim foi. Cumpriu um papel importante na chapa de oposição.

A derrota o deixou inconformado, e sempre que conversávamos, ele ainda demonstrava dificuldade em digerir o resultado do pleito.

Ao passar dez dias de férias nos Estados Unidos, desembarquei na última quinta-feira no Recife. Ontem, como na maioria das vezes, me dirigi à Padaria Diplomata, na Rua dos Navegantes, por trás da casa de Fábio.

Deus marcou o nosso encontro. Não imaginaria que seria o último, sua despedida. Tomamos um rápido café e, novamente, falamos de política e ficamos de marcar outra conversa logo depois da Páscoa.

Quando estava descendo do meu escritório para almoçar, recebi a fatídica notícia do seu falecimento. Imaginei que estivesse tendo um pesadelo. Bati duas vezes no rosto para saber se realmente não estava tendo um pesadelo para acordar.

Imediatamente, liguei para o gerente da padaria, onde “batíamos ponto”e havia nos encontrado mais cedo. Como sempre, sou de brincar com todos naquele ambiente comercial. O gerente não deu crédito à notícia dada por mim e desligou o telefone para ligar imediatamente para a esposa dele — e teve a confirmação que todos queriam que não existisse.

Vá em paz, amigo. Por aqui, só resta agradecer ao nosso Senhor Jesus Cristo, que me deu a oportunidade de me despedir de você — mesmo sem saber — em vida.

Ficarei com as melhores lembranças: de amigo fraterno, ético, de gestos largos e com sua última risada após saber, por mim, que a FIFA tinha declarado o Flamengo campeão de 87 — já que ele era torcedor fiel do Santinha.

Ao grupo do WhatsApp dos ex-alunos do Salesiano, coube a mim dar a triste notícia. Todos estão transtornados.

Nunca mais caminharemos na Avenida Boa Viagem nos finais de semana, mas me espere, amigo, que estou chegando!

Até a Glória!

*Advogado

Um incêndio atingiu boxes do Mercado da Madalena, na Zona Oeste do Recife, na madrugada deste sábado (12). Segundo os bombeiros, as chamas foram controladas por volta das 2h40. Não houve vítimas. As informações são do Diário de Pernambuco.

O sinistro começou por volta da 1h. O porteiro do estabelecimento notou que seu carro, estacionado dentro do mercado, estava pegando fogo. Ele correu e pediu ajuda para controlar as chamas. As pessoas jogaram baldes de água, mas não obtiveram sucesso.

O fogo atingiu também boxes localizados perto da praça de alimentação, que fica voltada para a Rua Real da Torre.

Uma equipe do Diario esteve no local de madrugada e soube que o mercado só deve abrir amanhã.

Equipes da Prefeitura do Recife fizeram avaliação da estrutura., mas não se pronunciaram oficialmente. Também não foi informado o que provocou as chamas no carro do porteiro, que estava sozinho no momento em que o sinistro teve início.

Divisões internas do MDB de Pernambuco se transformam em crise familiar

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

As divergências internas do MDB de Pernambuco se transformaram em uma crise familiar. Uma semana depois de o presidente da sigla no Estado, Raul Henry, e o deputado estadual Jarbas Filho (MDB) trocarem palavras duras pela imprensa, a irmã de Jarbinhas, Adriana de Andrade Vasconcelos, se pronunciou e ficou do lado de Raul Henry, contra o irmão.

Filha do ex-senador Jarbas Vasconcelos, Adriana é advogada e não se envolve em questões políticas, mas divulgou uma carta aberta, ontem (11), na qual se posiciona ao lado de Raul, que é secretário de Relações Institucionais da Prefeitura do Recife. Sem mencionar Jarbinhas no texto, a advogada o acusou de desrespeitar a vontade do pai, o ex-governador Jarbas Vasconcelos, que não quer mais se envolver na política. Foi por meio de um ato de Jarbinhas e do senador Fernando Dueire (MDB) que o nome do ex-governador voltou ao cenário político.

“Acho lamentável o que está acontecendo no nosso partido. Trazer meu pai para essa disputa é não respeitar a sua vontade de não mais querer se envolver em disputas políticas. Ele me declarou de viva voz sua posição de neutralidade. É importante lembrar que ele se licenciou do cargo de senador por não mais se sentir em plenas condições de seguir num cargo de tamanha relevância e de não poder se dar por inteiro à estatura do cargo. ‘Não consigo fazer nada pela metade’, dizia ele, às vésperas de renunciar”, afirmou Adriana Vasconcelos.

Na sexta-feira da semana passada, dia 4 de abril, Jarbinhas e o senador Fernando Dueire divulgaram uma foto com o ex-governador e um texto no qual Jarbas formaliza apoio ao filho pelo comando do MDB em Pernambuco. Após a divulgação, Raul Henry reagiu acusando Jarbinhas de explorar a imagem do pai para se beneficiar. Em seguida, Jarbinhas soltou outra nota na qual classificou Raul como “ingrato, usurpador e desesperado”.

Mas Adriana de Andrade Vasconcelos não concorda com a opinião de Jarbinhas em relação a Raul. Na carta de ontem, ela declarou: “Nos últimos anos, Raul tem mostrado competência na condução do partido. E continua sendo o mais preparado para seguir no seu comando. Entrei no partido com Raul na presidência e continuarei com ele. E juntos estaremos unidos com um único objetivo: fortalecer o partido e lutar para que o MDB esteja no protagonismo que sempre ostentou”.

A advogada ainda avisou que já faz parte da comissão provisória do MDB/Recife e, agora, entrará também no diretório estadual, “ao lado de Raul e de tantos outros, como Paulo Roberto (prefeito de Vitória de Santo Antão) e Iza Arruda (deputada federal)”.

Após tomarem conhecimento, publicamente, de como pensam o filho e a filha de Jarbas Vasconcelos, caberá agora aos outros membros do MDB a decisão sobre quem comandará a legenda. A executiva do partido esteve reunida, na manhã de ontem, para informar aos integrantes sobre os trâmites legais da convenção estadual da legenda, que será realizada no dia 24 de maio. Tudo foi acertado em reunião, em Brasília, com o presidente nacional emedebista, o deputado federal Baleia Rossi, na última terça (8).

“VAMOS DISPUTAR VOTO” – Raul Henry já demonstrou disposição para o enfrentamento e disse que a situação do MDB em Pernambuco vai ser resolvida no voto. Jarbinhas, por sua vez, também adotou um tom mais firme na última semana, em conversa com jornalistas na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Reafirmou ser o herdeiro de Jarbas Vasconcelos e disse que não há o que se questionar no apoio de um pai a um filho. O deputado ainda relatou que, em 2022, o MDB não conseguiu nem montar uma chapa para a disputa para a Alepe, o que o forçou a concorrer pelo PSB. Mas garantiu que, em 2026, vai ser diferente, porque não trabalha com a possibilidade de sair derrotado da convenção estadual.

O que disse Dueire – O senador Fernando Dueire, suplente de Jarbas Vasconcelos, também se pronunciou por meio de nota enviada à imprensa na última semana. Ele defendeu Jarbinhas e, de forma sutil, alfinetou Raul. “É com entusiasmo que incentivo o seu legítimo herdeiro, o deputado Jarbas Filho, a disputar a presidência do MDB de Pernambuco. Que ele, ao lado de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e novas lideranças forjadas no partido, possa recuperar a chama de uma luta cívica e corajosa pelo nosso povo. Este é um momento de desprendimento e largueza dos que há mais de 10 anos lá estão, para que novos talentos possam construir o futuro que o partido precisa reencontrar. Sigo firme no espírito de luta, somando forças para reconstruir um MDB que valorize seu patrimônio de conquistas e aponte para os desafios do futuro”, disse Dueire.

Análise da pesquisa Real Time/Big Data O economista e analista político Maurício Romão analisou os dados da pesquisa Real Time/Big Data (RTBD), divulgada na última quinta-feira (10) pela TV Guararapes/Record. Os números mostram João Campos (PSB) isolado na liderança das intenções de voto para o Governo de Pernambuco. O prefeito do Recife aparece com 67% no cenário estimulado, o que representa o triplo dos 22% contabilizados pela governadora Raquel Lyra (PSD). Para Romão, a pesquisa espelha o resultado já detectado por outros institutos: uma larga vantagem de João Campos em intenção de votos sobre a governadora Raquel Lyra. “Se a eleição fosse hoje, a disputa estaria decidida”, comentou.

Ainda tem chão até 2026 Maurício Romão, no entanto, ponderou que falta um ano e meio até o pleito. “A sociedade ainda não está totalmente voltada para as questões eleitorais (isso normalmente aparece nos altos percentuais de indecisos da pergunta espontânea, que, infelizmente, não foi disponibilizada pela pesquisa RTBD). Um dado importante que a pesquisa RTBD apresentou foi o da aprovação da governadora. Os números não são exuberantes, mas são razoavelmente expressivos. Outros institutos mostraram a mesma coisa”, explicou Romão.

João está bem, mas Raquel também tem chance A aprovação de um incumbente é o indicador mais forte da possibilidade de sua reeleição, segundo Maurício Romão. “Não é algo inexorável, mas, no geral, se a aprovação é baixa, as chances de reeleição do incumbente são muito reduzidas. Se a aprovação é razoável, mediana, o incumbente torna-se competitivo. Se a aprovação é alta, o incumbente é favorito. Mas não resta dúvida de que o prefeito, neste momento, exibe números bastante exuberantes”, explicou Romão.

CURTAS

Bolsonaro internado O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se alimenta por sonda e continuará internado em Natal, no Rio Grande do Norte, segundo um boletim médico divulgado no fim da tarde de ontem. Ele foi hospitalizado após passar mal no início de sua viagem àquele Estado. De acordo com a equipe médica, o quadro inspira cuidado, mas não apresenta sinais de maiores gravidades no momento. O ex-presidente toma antibióticos e utiliza uma sonda nasogástrica para se alimentar, mantendo-se em dieta zero.

Elogio ao Samu e ao SUS O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, usou a foto de Bolsonaro na ambulância do Samu, quando recebeu os primeiros socorros ontem, para elogiar o trabalho do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e exaltar o programa, implantado em 2003, no primeiro mandato do presidente Lula (PT). “Todo mundo sabe: na hora da emergência, chama o SAMU 192! Atendimento de urgência para salvar vidas de norte a sul. Criado pelo presidente Lula, para todos os brasileiros, cada vez maior e mais rápido! Viva o SUS!”, escreveu Padilha no X (antigo Twitter).

Mourão vai visitar Braga Netto Após a autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) marcou uma visita ao general Walter Braga Netto para a próxima quinta-feira (17). No mês passado, a Primeira Turma do STF colocou Braga Netto no banco dos réus por envolvimento numa trama golpista para impedir a posse do presidente Lula (PT). Ele está preso na 1ª Divisão do Exército, subordinada ao Comando Militar do Leste, que fica na Vila Militar, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Perguntar não ofende: quem vai sair vitorioso na disputa interna do MDB de Pernambuco, o lado mais ligado a João ou o lado mais chegado a Raquel?