Dani Portela critica concessão da Compesa e alerta para risco de privatização

A deputada estadual Dani Portela (PSOL-PE) criticou, nesta terça-feira (4), na tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o processo de concessão administrativa da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), iniciado pelo governo estadual. Para a parlamentar, o modelo apresentado é um “disfarce para a privatização” e coloca em risco o acesso à água para a população mais vulnerável. Ela citou exemplos de Estados como Alagoas, Sergipe, Minas Gerais e São Paulo, onde processos semelhantes resultaram no aumento de tarifas e na piora dos serviços.

Portela também questionou a condução das audiências públicas promovidas pelo governo para debater o tema, classificando-as como um “faz de conta” que busca apenas dar uma aparência democrática à discussão. O modelo proposto prevê a concessão da distribuição de água à iniciativa privada, enquanto a captação e o tratamento permaneceriam sob a gestão da Compesa. A deputada defendeu o fortalecimento da gestão pública e mais investimentos no setor, em vez da “entrega do serviço ao setor privado”.

O deputado federal Coronel Meira (PL-PE) usou a tribuna da Câmara nesta terça-feira (4) para criticar a condução do governo federal e reforçar seu pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seu pronunciamento, o parlamentar acusou o governo de corrupção, incompetência e retrocesso econômico, afirmando que a gestão atual está “massacrando o povo brasileiro” e conduzindo o país ao “abismo”.

Meira destacou sua atuação como vice-presidente da oposição e presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção, ressaltando que foi o primeiro deputado a protocolar um pedido de impeachment contra Lula, em fevereiro de 2023, além de ter assinado novos pedidos em 2024, com base em supostas irregularidades na administração pública. O deputado direcionou sua fala ao novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pedindo que a Casa paute a análise do impeachment imediatamente. Assista:

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Um dos mais fiéis defensores da governadora Raquel Lyra (PSDB) na Alepe, o deputado estadual Renato Antunes (PL) declarou, nesta terça-feira (4), que ela “foi induzida ao erro”, na questão da proibição de torcedores nos estádios de futebol.

A medida foi anulada pelo Tribunal de Justiça (TJPE), por meio de mandado de segurança, atendendo a um pedido do Sport.

“Não é uma questão de proteger três mil pessoas em detrimento de três milhões, como disse o secretário de Defesa Social (Alessandro Carvalho)”, enfatizou Renato.

O parlamentar se referiu à declaração de Carvalho de que o efetivo da Polícia Militar não poderia ser deslocado para acompanhar os membros das organizadas. Mas, para Antunes, o Estado não pode punir o esporte e o futebol, porque há impacto na economia também.

“Além da paixão pelo futebol, é a economia que roda. Decisões simplórias não vão resolver”, acrescentou. Também do PL, porém sem ser aliado de Raquel Lyra, o deputado Alberto Feitosa disse que Alessandro Carvalho foi infeliz nas palavras e que “o Governo e a Secretaria de Defesa Social mostraram primarismo e a coisa saiu totalmente do controle”.

Para Feitosa, também houve “omissão, participação política e comercial dos clubes com essas torcidas organizadas”.

Já o deputado João Paulo (PT) lembrou que esse tipo de episódio é observado também em outras parte do mundo. “Em muitos casos, a violência das torcidas reflete um problema social mais profundo, como a falta de oportunidades para jovens”, comentou.

Nova líder

A deputada Socorro Pimentel (União Brasil), nova líder do Governo na Casa, destacou que todas as decisões da governadora Raquel Lyra foram tomadas por recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

A parlamentar enfatizou a necessidade de punição para os vândalos e disse que a discussão do assunto é suprapartidária.

“Estamos falando pelos torcedores que assistiram aquelas cenas lamentáveis, um episódio grotesco. A gente ficou estarrecido. Esses criminosos devem cumprir penalidades dentro dos rigores da lei”, frisou Socorro.

Mais de 7.000 pessoas deixaram Santorini em 48 horas devido aos terremotos sucessivos que atingiram a ilha grega nesta semana —um fenômeno sem precedentes na região. Quase 6.000 passageiros embarcaram desde o domingo (2) em balsas que começaram a deixar a ilha vulcânica, famosa pelas capelas de cúpulas azuis, segundo uma contagem da guarda-costeira grega obtida pela agência de notícias AFP.

A companhia aérea grega Aegean Airlines informou que transportou quase 1.300 passageiros de Santorini para Atenas na segunda-feira (3), em um total de nove voos, sendo cinco além dos anteriormente agendados.

A atividade sísmica perto da ilha tem uma sequência sem precedentes nesta região desde o início dos registros, em 1964, segundo dados do Instituto Geodinâmico do Observatório de Atenas. Mais de 180 sismos foram registrados diariamente desde domingo. As informações são do jornal Folha de São Paulo.

Em uma área de aproximadamente 1.000 km² ao redor da ilha, entre 24 de janeiro e esta terça-feira (4), foram contabilizados 750 tremores.

“Não temos um terremoto principal, mas uma sequência de muitos terremotos”, observou o professor de sismologia Kostas Papazachos.

“Nunca experimentamos algo assim antes”, acrescentou Athanasios Ganas, diretor de pesquisas do Observatório de Atenas. “Agora, temos mais de 41 terremotos superiores à magnitude 4 em um período de 72 horas”, acrescentou.

Um terremoto de magnitude 4,9 foi registrado nesta terça às 4h45 locais (23h45 de segunda no horário de Brasília) com epicentro no mar Egeu, a cerca de 31 km de Santorini, informou o Instituto Geodinâmico do Observatório de Atenas.

Pouco depois, às 6h (3h em Brasília), outro tremor de 4,7 ocorreu na mesma área, cerca de 19 km a sudoeste de Amorgos, outra ilha turística no arquipélago das Cíclades que tem menos de 2.000 habitantes permanentes.

Cientistas gregos já alertaram que a atividade sísmica, que se intensificou desde sábado (1º), pode continuar por semanas. No entanto, “o cenário de terremotos de magnitude 6 ou mais continua improvável”, disse o presidente da Organização para Planejamento e Proteção Sísmica (OASP), Efthymios Lekkas.

Todas as escolas em Santorini, Amorgos e ilhas vizinhas permanecerão fechadas até sexta-feira, embora as autoridades insistam que são medidas de precaução.

O Polo Automotivo de Goiana atingiu um recorde de exportação em 2024, com mais de 230 mil veículos produzidos e 37 mil unidades exportadas pelo Porto de Suape, representando um crescimento de 35% em relação ao ano anterior. O aumento da produção foi impulsionado pelos incentivos fiscais concedidos pelo Governo de Pernambuco, fortalecendo a presença da Stellantis, que respondeu por 77% das movimentações de automóveis no terminal portuário, consolidado como o maior hub automotivo do Norte e Nordeste.

Diante dos resultados positivos, o governo estadual trabalha para ampliar ainda mais a produção do polo, buscando atrair novos fornecedores da Stellantis e fortalecer a cadeia produtiva da indústria automobilística. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, destacou que, em 2025, novos investimentos chegarão para impulsionar o setor. “Fizemos um trabalho estratégico para entender as necessidades do polo e já anunciamos a chegada do Grupo Trambusti. Outras empresas também deverão se instalar na região, gerando mais desenvolvimento”, afirmou.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico segue promovendo o polo junto a investidores interessados em fornecer componentes para a montadora. De acordo com o secretário-executivo de Atração de Investimentos, Maurício Laranjeira, a meta é aumentar a presença de empresas no polo para fortalecer a produção local e gerar empregos. “Estamos apresentando os diferenciais de Pernambuco para atrair novos fornecedores da Stellantis, expandindo o setor e garantindo crescimento sustentável”, ressaltou.

Além da produção recorde, o Porto de Suape segue como peça-chave para a logística do setor, facilitando o escoamento dos veículos fabricados em Goiana para outras regiões do Brasil e mercados internacionais. O diretor-presidente do complexo portuário, Márcio Guiot, destacou a infraestrutura do terminal como um diferencial estratégico. “Nosso porto tem localização privilegiada e estrutura adequada para atender a demanda crescente da Stellantis, impulsionando a economia do Nordeste”, concluiu.

O deputado estadual Antônio Moraes apresentou à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) um projeto de resolução para inscrever Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, no Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco – Fernando Santa Cruz, atualmente sob a guarda do Museu Palácio Joaquim Nabuco. O parlamentar destacou a importância do artista para a cultura nordestina e brasileira, lembrando que Gonzaga não apenas difundiu o baião nacional e internacionalmente, mas também levou à música os desafios do povo sertanejo, como na clássica “Asa Branca”, lançada em 1947.

Moraes ressaltou que Gonzaga foi um verdadeiro embaixador do Nordeste, retratando em suas composições as dificuldades, esperanças e a força do povo da região. O deputado citou sucessos que marcaram gerações, como “Respeita Januário”, “Xote das Meninas”, “Pau de Arara”, “O Fole Roncou” e “Pagode Russo”, regravados por grandes nomes da música brasileira. Além disso, destacou a relação do artista com parceiros como Humberto Teixeira, Zé Dantas e Patativa do Assaré, que contribuíram para a construção de um repertório icônico.

Para Antônio Moraes, a inclusão de Luiz Gonzaga no Livro do Panteão é um reconhecimento merecido a um artista que imortalizou a cultura nordestina e se tornou símbolo de Pernambuco. “Poucos historiadores ou cientistas conseguiram traduzir tão bem a alma nordestina como Gonzaga fez por meio da música. Seu legado continua vivo e cresce a cada ano, inspirando novas gerações. Incluir seu nome nesse livro é consagrar e eternizar um herói que ajudou a formar a identidade pernambucana”, afirmou o deputado.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC) renovou o alerta de chuvas na tarde desta terça-feira (04) para as Matas Sul e Norte, Região Metropolitana do Recife e Agreste.

O boletim de estado de atenção indica continuidade de chuvas com intensidade moderada a, pontualmente, forte na noite de hoje e ao longo desta quarta-feira (05).

De acordo com a agência, as precipitações são provocadas pelo “posicionamento de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) em associação a um pulso da Zona de Convergência Intertropical (Zcit), que favorece a ocorrência de pancadas de chuvas moderadas em grande parte do estado”.

Em caso de emergência, entre em contato com a Defesa Civil do Recife pelo telefone 0800-081-3400. Já a Defesa Civil de Pernambuco pode ser acionada por meio do número 199 ou pelo telefone (81) 3181-2490.

Da CBN Recife.

Senadores esperam recuperar poderes considerados perdidos desde o início da legislatura em um rearranjo de forças entre Câmara e Senado a partir da saída dos presidentes Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A disposição de enfrentar a Câmara foi um dos pontos que pesou a favor da candidatura de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), eleito presidente do Senado no sábado (1º) com o terceiro maior placar da história, tendo 73 dos 81 votos.

Reservadamente, parlamentares afirmam que o temperamento de Alcolumbre é completamente diferente do de Pacheco —descrito comumente como diplomático, conciliador, apaziguador e de diálogo. As informações são da Folha de São Paulo.

A avaliação é que a mudança de perfil também acontece pelo lado da Câmara, com o novo presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB), mais aberto ao diálogo que o antecessor, Lira.

O desgaste entre as duas Casas escalou diante da mudança patrocinada por Lira no regimento interno da Câmara que deu aos deputados federais a palavra final sobre a maioria dos projetos em tramitação.

Antes da manobra, medidas apresentadas pelos senadores acabavam revisadas por eles próprios após a votação na Câmara. A partir da mudança, as propostas do Senado passaram a ser anexadas a outras similares da Câmara —o que, na prática, alterou a Casa iniciadora e, consequentemente, a revisora.

Um senador que preferiu não ser identificado afirmou que uma das possibilidades é editar também o regimento interno do Senado para tensionar a situação e forçar a Câmara a rever a mudança encabeçada por Lira.

Aliados de Motta minimizam possível atrito. Afirmam que o paraibano é um político de perfil pacificador e apostam que a boa relação entre ele e Alcolumbre evitará qualquer tipo de ruído entre as duas Casas.

Deputados federais dizem que Lira e Pacheco mantinham relação estritamente institucional e que a proximidade —até no âmbito pessoal– dos novos presidentes poderá distensionar o clima com os senadores.

Um cardeal do centrão da Câmara afirma, no entanto, que a Casa não irá abrir mão de prerrogativas conquistadas nos últimos anos. Ele diz que aposta no diálogo e na negociação entre os parlamentares e que sempre será mantido o respeito institucional entre senadores e deputados.

Apesar de ter chegado a outro patamar em 2024, a briga interna se arrasta desde 2023, quando Lira tentou mudar o rito de tramitação das MPs (medidas provisórias) para garantir que a Câmara ficasse sempre com a relatoria e a palavra final.

Para tentar calibrar a influência do Congresso nas medidas editadas pelo presidente da República, a Constituição prevê que a discussão de cada MP seja feita em uma comissão temporária mista, com a relatoria distribuída alternadamente (ora um senador, ora um deputado federal).

Durante a pandemia de Covid-19, no entanto, as MPs passaram a ser votadas diretamente no plenário das duas Casas, começando pela Câmara, e sem comissões formadas por deputados e senadores.

Logo após a vitória, no sábado, Alcolumbre falou abertamente sobre a guerra em curso nos bastidores. “Não é e nunca será correto uma decisão unilateral de um Poder, que é bicameral, acabar tirando a autonomia e a autoridade do Senado”, disse.

O senador afirmou que o distanciamento entre Pacheco e Lira dividiu o Congresso e levou ao enfraquecimento do Legislativo. Alcolumbre discorreu sobre o impasse em torno das MPs e prometeu “restabelecer o curso natural das coisas”.

“Concretamente isso atrapalhou muito porque forçou o Poder Executivo e o governo, que tinha matérias importantes em que cabia, naquele momento, a edição de medidas provisórias, a tratar primeiro com a Câmara para solicitar se poderia mandar um projeto de lei em regime de urgência”, disse.

“O Senado era chamado não para ser ouvido, não para opinar […]. Éramos chamados aos 45 minutos do segundo tempo e era feito um apelo para que a gente votasse direto no plenário, com relator de plenário, uma matéria muito relevante.”

As medidas provisórias têm efeito imediato e, por isso, são consideradas importantes para o governo federal –já que não precisam, no primeiro momento, do aval do Congresso.

A falta de acordo entre os dois presidentes acerca do tema foi duramente criticada por parlamentares aliados de Lula, diante do prejuízo causado ao Executivo pelo impasse.

Agora, deputados governistas acreditam que esse rito poderá ser reestabelecido com o novo comando das Casas. Essa foi uma das demandas levadas pela bancada do PT a Motta para apoiá-lo na disputa.

Mesmo com a perda de poderes do Senado, aliados de Pacheco não poupam elogios ao senador dizendo que ele foi sábio por não ter acirrado ainda mais a relação com Lira.

Segundo um líder, ao ser confrontado uma vez sobre o tema, o mineiro chegou a dizer que seria mais produtivo trabalhar a ficar em um cabo de guerra com o deputado alagoano.

Por Raphael Guerra
Do JC

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho, afirmou, em entrevista à Rádio Jornal, nesta terça-feira (4), que a pasta está realizando o planejamento da segurança para o jogo do Sport contra o Fortaleza, pela Copa do Nordeste, que ocorre esta noite, na Ilha do Retiro, no Recife.

Ao mesmo tempo, o secretário disse que o governo do Estado ainda está analisando se vai recorrer da decisão judicial que liberou a entrada de torcida em jogos dos times pernambucanos, publicada na segunda-feira (3). Na noite da segunda-feira, o desembargador Fernando Cerqueira, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), derrubou uma portaria do governo estadual que proibia a entrada de torcida nos próximos cinco jogos do Sport e Santa Cruz, em decorrência dos violentos confrontos entre as torcidas ocorridos no último sábado (1º).

“Estamos trabalhando no planejamento da segurança do jogo de hoje, buscando todas as informações. A decisão tem um prazo de recurso e isso está sendo avaliado pelo governo, então não tenho como dizer se haverá recurso ou não. Fato é que já estamos trabalhando para fazer a análise de risco para essa partida”, contou Alessandro Carvalho.

De acordo com o secretário, a preocupação da pasta é com possíveis atos de vingança por parte das torcidas organizadas envolvidas nos atos do último sábado.

“Temos uma preocupação muito grande com atos de retaliação, que é a forma como essas torcidas organizadas funcionam. Elas sempre estão falando em se vingar, e isso é uma preocupação. Porque faz o ataque, alguém vai se sentir vencedor desse ataque e o outro perdedor, e querem fazer uma vingança”, apontou.

“Quando nós tomamos a decisão no sábado de suspender público nas cinco partidas foi justamente com essa precaução. A possibilidade de vingança é muito alta. Por mais que a experiência e a expertise da Polícia Militar de Pernambuco, da Polícia Civil, da SDS, de fazer segurança de jogos, esse problema de torcidas organizadas não é de hoje… Não se resolveu de lá pra cá”, completou.

“Torcida única não é a solução”
Alessandro Carvalho também se mostrou contrário à determinação dada pelo desembargador liberando a presença de torcida única nos estádios. Segundo o secretário, essa estratégia não garante a segurança dos torcedores.

“Torcida única não é a solução, porque você vai ter mandante do jogo e a torcida se deslocando até o jogo, então pode ocorrer confrontos no caminho. Essa tese de que torcida única elimina a possibilidade de confronto, isso não existe, é falácia”.

Segundo o secretário, todos os eventos são precedidos de reuniões de análise de risco. “Analisamos qual é o nível dos times que vão jogar, o tamanho da torcida, o estado de beligerância nas redes sociais, isso tudo gera uma análise de risco e informação. O que a informação diz é que existe nas redes sociais um tom de ameaça recíproca”, complementou.

Por Lucas Gonçalves
Do portal A Nova Democracia

O Grupo João Santos foi multado em R$ 200 mil por descumprir acordo de recuperação judicial que firmou com a Receita Federal. As empresas fundadas por João Santos e presididas por seus filhos Fernando e Bernardino Santos, após sua morte, obtiveram na Justiça o maior acordo de Recuperação Judicial da história do país no ano de 2023.

Enquanto isso, ex-funcionários do grupo bloquearam avenidas do centro do Recife para denunciar o descumprimento do acordo, devido à falta de pagamento das dívidas trabalhistas no final do ano passado. Cerca de 10,7 bilhões de reais em dívidas tributárias e trabalhistas foram sonegados sob a orientação de Fernando e Bernardino, conforme apontou a investigação da Polícia Federal. Deste montante, 270 milhões são referentes apenas a dívidas do FGTS.

O grupo do latifundiário João Santos conta com cerca de 44 empresas e possui dívidas com cerca de 20 mil trabalhadores, além das dívidas tributárias por sonegação de impostos. É um desafio identificar em quantos segmentos a família Santos atua, inclusive por possuírem fundos internacionais em bancos suíços.

No processo que corre no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), é possível identificar os latifúndios canavieiros que são a origem da família, além de empresas como a Cimento Nassau, diversos CNPJs de agropecuárias e do ramo da celulose espalhadas por várias regiões do país, como a Agrimex, a Itaipava S/A, veículos de imprensa como a TV Tribuna, transmissora da Bandeirantes em Pernambuco, e a Companhia Agroindustrial de Goiana S/A (CAIG). Essa última empresa tem um histórico de conflitos agrários na Zona da Mata pernambucana.

O conglomerado divulgou que o faturamento alcançou o valor de R$ 1 bilhão em 2023 e, mesmo assim, o grupo segue descumprindo os acordos judiciais. O herdeiro do latifúndio, Fernando Santos, foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão por crime contra a ordem tributária, poucos meses após a divulgação do faturamento da empresa. Não há informações sobre o cumprimento da prisão.

Ele e o irmão Bernardino tornaram-se réus por lavagem de dinheiro, crime trabalhista e organização criminosa. Segundo a Polícia Federal, os herdeiros do grupo são líderes de um “refinado” esquema de lavagem de dinheiro que conta com outros 24 investigados ligados ao grupo empresarial. Na operação da Polícia Federal realizada na casa dos herdeiros, foram encontradas diversas joias, carros de luxo, várias lanchas, obras de arte, além da existência de uma mansão em uma ilha particular no litoral de Pernambuco.

O que fica demonstrado é que os latifundiários sonegam os impostos e exploram os trabalhadores para maximizar ainda mais o enriquecimento pessoal, enquanto os funcionários das empresas chegam a passar oito meses com salários atrasados, aguardam anos o recebimento do que lhes é devido e/ou tiveram seus direitos trabalhistas roubados. Trabalhadores das fábricas de cimento do grupo em Manaus denunciaram ao Amazônia Real que muitos dos trabalhadores morreram sem receber suas indenizações, alguns deles por doenças causadas pelo trabalho realizado nas fábricas de cimento do grupo.

A relação histórica entre o grupo latifundiário e a violência contra camponeses

A CAIG é o principal exemplo de violência contra camponeses organizados em Pernambuco. A empresa foi fundada em plena ditadura empresarial-militar após a repressão às Ligas Camponesas com o golpe militar preventivo de 1964, assim como grande parte das Usinas existentes na Zona da Mata de Pernambuco.

Com o declínio das Usinas Canavieiras na década de 90, terras que pertenciam ao conglomerado do GJS nos municípios de Condado e Gameleira (PE) estavam improdutivas ou possuíam dívidas milionárias com os trabalhadores, o que elevou a luta pela terra na região, na reivindicação dos direitos dos camponeses.

Diante da omissão histórica do INCRA na Zona da Mata pernambucana, os camponeses decidiram dar início a um processo de auto-assentamento, o que levou ao aumento da violência do latifúndio contra os trabalhadores e, consequentemente, ao aumento da consciência política sobre as condições de trabalho dos canavieiros da Zona da Mata.

Em 1998, os canavieiros organizados pelos sindicatos entraram em greve para reivindicar melhoria salarial. Cada camponês recebia R$ 2,50 para cada tonelada de cana cortada. Durante a greve, pistoleiros da CAIG e policiais militares uniram-se para realizar um massacre contra os trabalhadores. Luiz Carlos da Silva, trabalhador da Usina Santa Tereza, foi assassinado com um tiro na nuca, e outros 13 camponeses ficaram feridos.

Em 2017, a CAIG e o Estado de Pernambuco foram condenados pela morte do trabalhador. Somente em 2019 aconteceu a regularização fundiária dos auto-assentamentos de Condado e Gameleira, com a criação do Assentamento Luiza Ferreira.

Venda de usinas aumentará violência do latifúndio na região

A Recuperação Judicial do grupo foi aprovada nas últimas semanas do ano de 2024 e atualmente aguarda a homologação do plano para iniciar a venda de ativos da empresa. A maioria desses ativos está localizada em áreas rurais que historicamente são territórios de intenso conflito agrário.

Um desses ativos é a Usina Santa Tereza, que pertence à Companhia Agroindustrial de Goiana (CAIG) e que possui diversas outras áreas ocupadas por camponeses do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) há ao menos duas décadas, em uma região que fica entre a fronteira de Pernambuco e a Paraíba.

Anteriormente, em reportagem do AND, foram relatados os assassinatos de ao menos quatro camponeses nessa região, e que esses casos estão ligados ao processo de tomada de terras improdutivas ou com dívidas trabalhistas/tributárias de antigas usinas que declararam falência.

Além disso, já havia sido noticiada em matéria do AND que a maioria das terras dessa região já haviam sido destinadas à Reforma Agrária na década de 1970, e que foram continuamente griladas por latifundiários da região, que atualmente continuam agindo para expulsar camponeses por intermédio da violência e da conivência do velho Estado burguês-latifundiário, como no caso da Usina Maravilhas, localizada a menos de 15 quilômetros da Usina Santa Tereza e de dois acampamentos do MST.

No caso da reportagem especial sobre a Usina Maravilhas, foi identificada a união dos canavieiros com usinas fotovoltaicas para contratação de pistoleiros, além de fortes indícios da atuação de milícias compostas por policiais militares de Pernambuco e da Paraíba, que intimidam e violam diariamente o direito dos camponeses de viver e produzir na terra. Com o andamento da Recuperação Judicial do Grupo João Santos, fica evidente que esse processo servirá para acirrar ainda mais o conflito agrário na região e gerar mais instabilidade jurídica e social para os camponeses acampados.

O que é comum acontecer em casos como esse é a lavagem de terras, onde os latifundiários se negam a entregar essas terras com dívidas milionárias para a Reforma Agrária ou aos trabalhadores que foram explorados nos canaviais por diversas gerações. Os latifundiários fazem isso para que possam continuar com essas terras em suas mãos e garantir a permanência da concentração fundiária.