O primeiro turno das eleições municipais trouxe um cenário aquém do esperado para o Partido dos Trabalhadores, com a derrota em cidades importantes para a sigla, dentre as quais São Bernardo e Santo André, e a consolidação do bloco de centro-direita no País, o que pode prejudicar as pretensões do presidente Lula para 2026. Apesar do crescimento de 38% no número de prefeitos eleitos no primeiro turno em comparação a 2020, o PT ficou em nono no ranking de partidos, com a conquista de 251 cidades.
No Grande ABC, berço do PT, a sigla conta atualmente com duas prefeituras, exatamente as únicas chances de o partido continuar vivo na região. Em Diadema, o prefeito José de Filippi Junior (PT) enfrentará no segundo turno o ex-presidente da SPObras Taka Yamauchi (MDB), que o venceu no domingo por 47,39% a 45,09% dos votos válidos. Em Mauá, o prefeito Marcelo Oliveira (PT, 45,13%) disputará a permanência no Paço com o ex-prefeito Atila Jacomussi (União Brasil, 35,56%).
Em São Bernardo, berço político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, naufragou a candidatura do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), que ficou em terceiro, com 23,09% dos votos válidos. Em Santo André, Bete Siraque (PT), com apenas 15,88%, assistiu ao candidato governista Gilvan (PSDB) vencer no domingo com 60,98%.
A exemplo do cenário nacional, em que os partidos de centro-direita, juntos, conquistaram mais de 50% dos municípios, o Grande ABC viu crescer o domínio do bloco.
Em São Caetano, Tite Campanella, do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, levou a Prefeitura com 59,61% dos votos válidos. Ribeirão Pires registrou movimento semelhante. Guto Volpi, também do PL, reelegeu-se com 46,72%, desta vez para um mandato de quatro anos. Em Rio Grande da Serra, Akira Auriani, do PSB, vai comandar a cidade a partir de 1º de janeiro.
Na Grande São Paulo, o PT perdeu em cidades onde a aposta era grande, como Guarulhos, Osasco e Campinas. Na Capital paulista, onde a sigla não teve candidato e o presidente Lula pouco se empenhou para fazer decolar a candidatura de Guilherme Boulos (Psol), a vitória também não é certa sobre Ricardo Nunes (MDB) no 2º turno.
Para o PT, agora, além de São Paulo, restam chances em quatro Capitais, mesmo que poucas: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Porto Alegre (RS).
O presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro, foi o palestrante convidado do “Trajetória Empresarial – Histórias que Inspiram”, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-PE).
O evento, realizado ontem (10) à tarde no Mar Hotel Conventions, em Boa Viagem, contou com a presença de mais de 80 empresários e executivos de setores diversos de Pernambuco.
“Trago comigo o legado da trajetória empresarial da minha família, especialmente de meu pai, meu grande líder, da relação com amigos, parceiros e lideranças do setor. Foi muito disso que me trouxe até aqui, mas essa jornada está longe de ser concluída. Eu espero que tenhamos saúde e força para continuar essa luta e que a nova geração entenda a importância da harmonia na construção dessa estrada”, afirmou.
Eduardo Monteiro é filho do ex-ministro Armando Monteiro Filho e de Do Carmo Monteiro. Ao reconstituir a linha do tempo da carreira profissional, o empresário voltou à segunda metade da década de 1978, quando começou no Banco Mercantil, onde permaneceu por 19 anos.
Lembrou também quando em 1993 ingressou no setor de comunicação a partir de um acordo com os Diários Associados, e a fundação da Folha de Pernambuco cinco anos depois.
Gerações
“Minha história empresarial começa em 1998, com o advento da Folha de Pernambuco e depois a aquisição da usina de açúcar (Cucaú) da minha família, em 2000. (…) Eu sou a quinta geração da minha família que planta cana e a terceira geração na industrialização do açúcar”, ressaltou.
No início, um dos desafios à frente da Folha foi a alta circulação do jornal, mas sem publicidade suficiente. Com o tempo, o jornal, segundo o empresário, foi se afirmando. “As redes sociais chegaram, a gente teve que fazer uma opção de o jornal ser mais curador de notícias”, revelou.
Para o empresário, a Folha, com preço de capa 50 centavos à época da fundação, terminou sendo um apelo para quem não lia jornal, quem não tinha acesso.
“Muita gente passou a ler o jornal a partir da acessibilidade do preço, a gente foi ganhando audiência, e o jornal foi, ao longo tempo, se ajustando ao setor de opinião, a dialogar com a publicidade”, continuou.
Depois da aquisição da Usina Cucaú, em janeiro de 2000, e a criação da Folha, em 1998, o próximo passo do empresário foi expandir a parte agroindustrial do Grupo com a aquisição da Usina Utinga (AL), em 2009.
“Parece paradoxal, mas nós procuramos expandir para sobreviver, porque Cucaú sozinha dificilmente sairia daquelas circunstâncias em que nos encontrávamos”, revelou.
Na safra de 2015/2016, com duas usinas, Cucaú e Utinga, o Grupo EQM esmagou 1,148 milhão de toneladas de cana-de-açúcar. Na safra de 2019/2020, com a entrada da Estivas, esse número cresceu para 3,2 milhões de toneladas, performance repetida nas duas safras posteriores.
Capacidade
“Existe uma previsão bem assegurada de esmagar, nesta safra de 24/25, nas três unidades, 4,7 milhões de toneladas de cana, quando temos uma capacidade nominal de 5 milhões de toneladas de cana”, assegurou. Quanto ao patrimônio ambiental de Cucaú e Utinga, Eduardo de Queiroz Monteiro afirmou que o Grupo EQM está em sete dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), que representam um plano de ação global para, entre outras metas, proteger o planeta até 2030.
O Grupo EQM preserva, protege e cuida de seis mil hectares de mata atlântica em Cucaú e de quase cinco mil hectares na Usina Utinga. Já na Estivas, conta com 8 mil hectares de mata preservada. O empresário também falou sobre iniciativas que o Grupo vem adotando em prol da descarbonização do planeta, como a fabricação de biometano nas três plantas industriais em implantação, na parceria com a ZEG Biogás; e o uso da vinhaça nas biofábricas, em substituição ao adubo químico.
E agora, na parceria com a European Energy, foi assinado um memorando de entendimento para o fornecimento de CO2 na planta de e-metanol a ser implantada em Suape. “Com o ‘Trajetória Empresarial’, a gente quer ouvir as histórias dos grandes empresários de Pernambuco. Trazemos agora Eduardo, com histórias maravilhosas de esforço, de superação. O nome dele é uma unanimidade”, afirmou o presidente do IBEF-PE, José Emílio Calado ao final da palestra do empresário.
O PT de Pernambuco virou uma legenda nanica, desestruturada e sem comando. Nas eleições municipais, só elegeu seis prefeitos. Na capital, espelho para o resto do Estado, emplacou apenas dois vereadores, mesmo por causa da sobra da cauda eleitoral da federação com o PCdoB e PV.
No Recife, o PT foi humilhado. Passou todo o processo eleitoral implorando a João Campos (PSB) pela vice na sua chapa, mesmo tendo um nome competitivo, o deputado estadual João Paulo. Passada a eleição de primeiro turno, o partido protagoniza outro vexame no segundo turno, agora em Paulista. Apressados, os dirigentes municipais antecipam o apoio ao candidato do PSDB, Severino Ramos, mas são barrados pela direção nacional.
Ninguém sabe quem manda no PT em Pernambuco. Afinal, como um diretório municipal é capaz de ignorar os generais da legenda no Estado e optar pelo apoio a um candidato de direita, filiado ao PSDB, partido que faz oposição ao Governo Lula e que, no Estado, é liderado pela governadora Raquel Lyra?
Só dá para concluir que em Pernambuco o PT virou uma casa de Mãe Joana, um partido onde todos mandam, mas ninguém obedece, porque reina uma desorganização geral. Uma legenda onde vale tudo, inclusive selar aliança com uma ultradireita como o PSDB de Paulista. Lamentável tudo isso, sobretudo no Estado do presidente Lula, que se orgulha das suas origens e que tem dado um tratamento diferenciado por ter nascido por essas bandas.
Ainda no episódio vexatório de Paulista, foi preciso Oscar Barreto, da direção estadual do PT, mas considerado o mais roxo socialista do partido, pelas suas relações históricas com Eduardo Campos e ainda ocupar cargo na gestão de João Campos, mobilizar os demais integrantes do comando estadual da legenda para recorrer aos dirigentes nacionais, em Brasília, tornando letra morta a decisão tomada pelo PT de Paulista em favor da candidatura de Ramos.
PT COM JÚNIOR MATUTO – Por falar em Paulista, o candidato a prefeito pelo PSB nas eleições de segundo turno, Júnior Matuto, passou o dia, ontem, em Brasília, colhendo depoimento de lideranças expressivas em favor do seu projeto de voltar a governar o município. Além do presidente Lula, que gravou para as redes sociais, conseguiu gravar com a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann. Os depoimentos serão usados nos programas eleitorais no rádio, já que em Paulista não há TV para o guia eleitoral na telinha.
Bom de voto – Nos municípios do Agreste geridos pelo PSB, o prefeito de João Alfredo, Zé Martins, saiu das urnas no último domingo, confirmando todos os prognósticos eleitorais e as pesquisas de intenção de voto. Teve 66,53% dos votos ante 33,47% de Vânia de Oim, do Podemos. Dos 11 vereadores da Câmara Municipal elegeu nove, sendo cinco do seu partido, dos do Avante, um do PT e outro do Solidariedade. No segundo mandato, Martins vai trabalhar fortemente pela chegada do curso de Medicina na Faculdade Vale do Pajeú, que já está funcionando no município com os cursos de Odontologia, Enfermagem e Psicologia, uma das grandes conquistas da sua gestão.
Prefeito lidera em São Paulo – Na primeira pesquisa da corrida eleitoral do segundo turno pela Prefeitura de São Paulo do Paraná Pesquisas, divulgada ontem, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aparece na frente, com 52,8% ante 39% de Guilherme Boulos (PSol). Ainda de acordo com a pesquisa, 3,4% dos eleitores não sabem ou não responderam em quem vão votar, enquanto 4,8% afirmaram que votariam em branco ou anulariam o voto. Por essa lógica, Boulos precisará não apenas convencer os indecisos, mas também conquistar votos que hoje estão com o emedebista.
Noman lidera em BH – Já em Belo Horizonte pesquisa Datafolha traz o candidato do PSD, Fuad Noman, com 48%, e Bruno Engler (PL), com 41%. A pesquisa mostra também que, entre os eleitores que votaram em Mauro Tramonte (Republicanos), o terceiro colocado no 1º turno, 46% declararam voto em Fuad, e 36%, em Engler. Entre os eleitores de Gabriel (MDB), quarto colocado, 49% escolheram Fuad no 2º turno, e 39%, Engler. Já no eleitorado de Duda Salabert (PDT), quinta colocada, 79% têm intenção de votar no atual prefeito, e 7%, no candidato do PL.
A reação do Supremo – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse, ontem, que interesses políticos não devem ser motivo para se mexer “em instituições que estão funcionando e cumprindo bem sua missão”. A fala do ministro se deu um dia após comissão da Câmara dos Deputados dar aval a dois projetos de lei que têm como objetivo limitar os poderes do Supremo. Sem citar os projetos no Congresso, Barroso afirmou que, “como toda instituição humana, o Supremo é passível de erros e está sujeito a críticas”.
CURTAS
REDUÇÃO – Houve uma redução de 20% no número de mulheres eleitas para o cargo de prefeita nos municípios de Pernambuco nas eleições de 2024. Ao todo, 28 mulheres foram eleitas de um total de 86 candidaturas femininas que concorreram ao cargo. Elas representam 18,54% dos 179 eleitos no primeiro turno. No Estado, as mulheres são 3.818.448 do eleitorado pernambucano, e representam 53% do total.
EMBATE – O presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm candidatos disputando o 2º turno das eleições municipais em 18 cidades. O diretório do PT no Pará declarou apoio à eleição de Igor Normando (MDB) em 8 de outubro, formando mais uma frente para os adversários.
CONFRONTOS – Dessas cidades, quatro terão um confronto direto entre PT e PL: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Pelotas (RS) e Anápolis (GO). No entanto, as coligações também se mostram tão polarizadas quanto, como é esperado para São Paulo, onde Lula apoia Guilherme Boulos (Psol) e Bolsonaro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Perguntar não ofende: Que tamanho será a reforma ministerial que Lula fará após as eleições?