José Michiles: Dó-ré-Michiles…Viva o Carnaval!

Por Gustavo Krause*

No dia 04 de fevereiro de 1943, os clarins de Momo anunciaram a chegada de uma criança. Com o vagido, nasceram sete notas, o alfabeto musical, gêmeos siameses, saudáveis e vivos para sempre na obra artístico musical de José Michiles, nome de batismo, mas que para mim é Dó-Ré-Michiles.

Começou compor aos 12 anos. Michiles tem mais de 150 músicas inscritas na União Brasileira de Compositores. Seu grande parceiro, Alceu Valença, o define como um “compositor inacreditável”.

Nossos caminhos se cruzaram na vibrante paixão clubística. Sete letras mágicas. Do Natal de 1974, em celebração ao memorável campeonato conquistado pelo Náutico, até a malvada pandemia, um grupo de amigos almoçou junto, por mais de quarenta anos, tendo como anfitrião um grande homem: o admirável Sebastião Orlando.

Michiles chegava com sorriso estampado no rosto; saudava a todos com alegria contagiante e, logo, fazia da mesa a percussão para entoar novas composições que entravam na cabeça, tomavam o corpo e explodiam como sucesso na boca do povo.

Humilde demais da conta. Dele exala cheiro do berço manjedoura do lar muito pobre em que nasceu.

Tão generoso que, ao ouvir uns versinhos irreverentes de minha autoria, com o título “adoro celulite”, disse “dá uma marchinha pra valer, aguarde”. Musicou e ajustou a letra. Resultado: a marchinha foi campeã do Concurso Nacional (2015), promovido pela Fundição Progresso. Eufórico, disse ao telefone, “somos campeões, parceiro”. Parceiro coisa nenhuma, ele era o que sempre foi: um campeão de dimensão nacional

É a este ícone da música brasileira a quem presto singela homenagem ao completar 80 anos, transcrevendo (quase na íntegra) o Prelúdio que escrevi, em fevereiro de 2000 no belo livro de sua autoria.

Prelúdio

Cercas e Quintais: uma eterna Manhã de Sol

Cercas e Quintais é uma emocionante viagem. Michiles me pegou pelo braço e me fez caminhar no vasto território das recordações para rever paisagens adormecidas.

Revi, por exemplo, a paisagem suburbana do Recife de quem sou filho legítimo e de quem somos – companheiros de geração – órfãos inconformados.

Eram tempos de fraterna convivência e afetos compartilhados […]Cercas e Quintais são lembranças postas em sequência, tecidas com ritmo, estilo e sensibilidade. Aguça o tempo da memória que é o tempo que toma conta da vida de quem envelhece.

É o meu caso. Saudoso, não chego a ser um passadista impertinente; nostálgico, chego a ser um melancólico recorrente.

Nada, no entanto, que me ponha contra as novidades do tempo moderno.

Nada, por exemplo, contra as brincadeiras de alta tecnologia que são instigantes e solitárias.

Tudo a favor do pião, da bola-de-gude, da bola-de-meia, do papagaio (pipa), do bodoque, da ratoeira para pegar guaiamum, ou seja, tudo a favor de uma tradição que é lúdica e solidária.

Nada contra velocidade do jato, a fibra ótica, a invasão televisiva, o computador e a hipnose dos celulares.

Tudo a favor dos seus antepassados: a máquina-de-costura, o vapor, o bonde, o baixo-falante, o telégrafo, o rádio.

Nada contra as grandes e sedutoras redes de varejo.

Tudo a favor da caderneta da venda de dona Maria que assegurava o pão de cada dia nas agruras do desemprego.

Nada contra a magnífica indústria do entretenimento e as assépticas cadeias de fast food.

Tudo a favor do esplendor romântico da Festa da Mocidade; da magia dos circos; da serpentina partida dos carnavais charmosos (e cheirosos); do sabor insuperável e o inconfundível aroma do cachorro-quente nas portas dos clubes.

Tudo a favor do maltado da Galeria, uma inesquecível sobremesa dos banquetes sabáticos no mercado dos amores[…] Michiles pintou um belo quadro de recordações com as tintas da poesia dando harmonia a uma prosa jeitosa.

Apresentou-me a mais um dos muitos “Zezinhos” que conheci na minha infância; filhos do amor; heróis da resistência e, exemplos de luta: todos venceram na vida.

Em Cercas e Quintais, Michiles, o Zezinho, conta a história dos seus heróis – seu Romeu e dona Maria José, 10 irmãos – com singelo enredo de um tempo romântico e a trilha sonora da poesia musicada que faz de sua vida, uma eterna Manhã de Sol”.

*Ex-governador de Pernambuco

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, anunciou que o órgão analisará ou revisará 234 casos que estavam sob sigilo de 100 anos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre tais casos, segundo ele, 111 pedidos de acesso à informação foram negados alegando risco à segurança nacional e 35, risco à segurança do presidente e de seus parentes.

A CGU também revogará o sigilo do processo administrativo instaurado pelo Exército, em 2021, e que tinha como alvo o então ministro da Saúde e general Eduardo Pazuello. O caso do agora deputado federal (PL-RJ) é parte desse pacote. As informações são do Correio Braziliense.

Carvalho apontou retrocessos entre os períodos de 2019 e 2022 e pontuou a banalização do uso de determinadas categorias de restrição de acesso à informação, alterações nos precedentes vigentes da CGU (memória institucional), ampliando entendimentos contrários a transparência, e a limitação das pessoas ao acesso à informação.

De acordo com a controladoria, dos 234 casos, além dos 111 de segurança nacional e 35 de segurança do presidente e parentes, há 49 de informações pessoais, 16 de atividades de inteligência e 23 classificados como “outros”. Os dados começam a ser analisados (para divulgação ou não) a partir do dia 6.

A reavaliação de tais pedidos de acesso à informação foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de despacho assinado no dia da posse. De acordo com a CGU, entre 2019 e 2022 foram registrados 511.994 pedidos de acesso à informação. Destes, 64.571 foram negados total ou parcialmente.

“O que me chamou a atenção foi o fato de que, desse total, apenas 2.510 foram objeto de recurso para a CGU, o que revela que muita gente desiste ao longo do caminho, após ter o pedido inicial negado. Veja que a porcentagem de recursos feitos à CGU é menor do que 5%”, explicou o ministro, acrescentando que 1.335 dos cerca de 2,5 mil pedidos que foram objeto de recurso receberam uma negativa, como resposta ao pedido de acesso à informação.

Carvalho acusou que “foram identificadas decisões baseadas em fundamentos questionáveis que desrespeitaram o direito de acesso à informação, banalizaram o sigilo e caracterizam claro retrocesso à política de transparência pública”.

Ex-ministro

Para a análise dos 234 casos, a CGU elaborou 12 enunciados que devem orientar o governo federal na aplicação da Lei de Acesso à Informação (LAI). Um desses deve liberar dados de casos como o do deputado federal e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Durante o governo Bolsonaro, o Comando do Exército impôs sigilo de 100 anos aos documentos do processo disciplinar, alegando que se tratavam de informações relativas à vida privada do militar. Agora, a nova orientação da CGU passa a recomendar a abertura de processos disciplinares contra servidor público militar ou civil (desde que concluído, ou seja, já julgado).

Também estão sob análise casos como o do assassinato da vereadora do PSol Marielle Franco (irmã da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco), gastos de Bolsonaro com motociatas, listas de passageiros em voos da Força Aérea e compras das Forças Armadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia iniciar a ampliação da faixa de isenção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) ainda este ano para quem ganha dois salários mínimos (R$ 2.604), apurou a colunista Adriana Fernandes, do Estadão. A faixa de isenção está atualmente em R$ 1.903, o que faz com que o trabalhador que ganha menos do que um salário mínimo e meio já tenha que pagar o imposto.

Esse ponto tem incomodado o presidente, que vem sendo muito criticado nas redes sociais por não dar o início à correção da tabela do IR, mesmo que de forma gradual. Na campanha, Lula prometeu isentar quem ganha até R$ 5 mil caso ganhasse a eleição. Parlamentares aliados também cobram a correção. Na quinta-feira, 2, ele voltou a dizer que fará ajuste na tabela e que vai aprovar a reforma tributária.

Se o salário mínimo subir para R$ 1.320 no Dia do Trabalhador, em maio, como o governo avalia anunciar a depender da evolução dos gastos da Previdência, o problema aumenta, já que a cobrança do imposto passará a ser feita em cima do contracheque de mais empregados.

O limite é o mesmo desde 2015, quando o salário mínimo era de R$ 788. Pagava imposto quem ganhava acima de 2,4 mínimos (o correspondente a R$ 2.908, atualmente). Quando o Plano Real entrou em vigor, em julho de 1994, a faixa de isenção do IR era de R$ 561,81, o correspondente a oito salários mínimos à época (de R$ 70).

O assunto é delicado porque envolve uma perda de arrecadação muito alta e a área econômica do governo prefere tratar o tema nas negociações da segunda etapa da reforma tributária, prevista pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o segundo semestre.

Segundo apurou o Estadão, o governo está buscando um modelo que reduza o impacto da medida de perda de arrecadação. Ou seja, uma forma que favoreça as faixas de renda mais baixas. Um impacto de perda de receita de R$ 10 bilhões está sendo considerado, segundo fontes. Lula não bateu o martelo, mas tem cobrado uma solução.

Se a mudança levar ao aumento da tributação, a medida não poderia ser adotada em 2023 devido ao chamado princípio de anterioridade que rege a tributação do IR. Por essa regra, mudanças que provocam alta do imposto só podem entrar em vigor no ano seguinte.

As críticas à falta de correção aumentaram após Haddad afirmar ao portal 247, de forma imprecisa, que a correção da tabela só poderia ser feita em 2024 por conta da anterioridade. É que, nos planos do Ministério da Fazenda, está a ideia de corrigir a tabela, mas compensando a perda da arrecadação com o aumento da cobrança para os brasileiros mais ricos. Nesse caso, o governo teria que esperar o ano que vem para a medida entrar em vigor depois de aprovada pelo Congresso.

A tributarista Elisabeth Libertuci, do escritório com o mesmo nome, avalia ser possível fazer uma mudança diminuindo o impacto no caixa do governo e favorecendo os mais pobres.

“Todo mundo vai ter um carga tributária menor, mas as faixas mais baixas terão carga tributária menor em proporção às faixas mais altas”, disse.

O subprocurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, afirmou em entrevista ao portal G1 que o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos quatro anos contribuiu para agravar a situação dos indígenas na Terra Yanomami.

Segundo Mariz Maia, a linha de investigação por genocídio conduzida no Supremo Tribunal Federal (STF) contra autoridades da antiga gestão é consistente.

O subprocurador foi um dos autores da denúncia que levou à condenação de cinco garimpeiros por genocídio contra o povo Yanomami em 1993. O episódio terminou com a morte de 16 indígenas da comunidade Haximu.

Para Mariz, a situação atual da Terra Indígena Yanomami é mais grave do que há 30 anos, porque houve incentivo ao garimpo em terras indígenas por parte do Estado e “deliberado enfraquecimento” dos órgãos destinados a proteger e fiscalizar as terras.

Leia entrevista

Qual a comparação em relação a 1993 e o caso investigado?

Luciano Mariz Maia: Não hesito em dizer que a situação é bem mais grave do que a que nós tivemos anteriormente.

Na situação que tivemos anteriormente, houve um choque de determinados personagens, que exerciam uma atividade específica econômica em que interagiam e geravam atritos com membros da comunidade. Isso resultou na morte de vários desses membros. Mas o Estado brasileiro se posicionou desde o princípio com absoluta clareza do seu dever de investigar, processar e punir.

O que está acontecendo agora é um contexto em que você tem os mesmos fatores de atrito, com elementos muito mais agravantes. Primeiro, a interação e a presença natural de não índios em terras indígenas faz com que eles sejam mais suscetíveis a doenças transmissíveis.

Por outro lado, você teve nos último quatro anos, e um pedaço do governo Temer com a ideia de flexibilizar o usufruto exclusivo dos índios, mas particularmente, nos últimos quatro anos, houve claramente o incentivo por parte do governo federal à presença de garimpo em terras indígenas, particularmente em Roraima, com os Yanomami.

Você passa a ter um deliberado enfraquecimento da presença do Estado, particularmente pelo desmantelamento da Funai e dos órgãos de proteção. Além, da presença de garimpeiros incentivada pelo Estado, que anunciava projeto de lei para liberar terra indígena.

Se a situação é mais grave do que em 1993, a investigação que corre no STF deveria levar à condenação de autoridades do governo Bolsonaro por genocídio?

Essa situação do garimpo não veio agora com o Bolsonaro. O que aconteceu no governo do 38º presidente, como ele gosta de ser chamado, foi um estímulo a essa atividade.

Um estímulo à presença de estranhos em terras indígenas, um desestímulo aos servidores do Ibama e da Funai, que se sentiram desamparados diante da pressão econômica, política e física das pessoas que se organizam para a atividade do garimpo.

O que eu posso afirmar é que é uma linha de investigação consistente. Agora, você precisa desenvolver um trabalho delicado, subindo a cadeia de comando.

Você vai dentro desse contexto tendo um processo concreto de identificação de quem pode ser responsabilizado pela situação que tenha acontecido.

O MPF atribuiu, em nota, a ‘grave situação’ dos Yanomami à inércia do governo Bolsonaro. Seria caso de omissão dolosa?

Pela Constituição, a União tem o dever de agir. No Código Penal, a omissão é atribuível a quem tem o dever legal de agir.

A partir do fenômeno que se vê no plano local, é preciso subir a cadeia do comando e indagar o chefe do posto, o diretor de operações, o presidente da Funai, o ministro da Justiça e até chegar, se for o caso, nos escalões de poder decisórios. O que eles fizeram e o que disseram que possa ter contribuído para esse estado das coisas.

A redução dos valores destinados, por exemplo, à proteção e fiscalização de terras indígenas e o discurso de incentivo à prática do garimpo podem embasar uma eventual acusação de Bolsonaro e outras autoridades por genocídio?

O Orçamento é montado a partir de ações programáticas. Você vai verificar nos escalões superiores se, da previsão do orçamento da Funai para fiscalização e proteção territorial, quanto foi liberado para ser executado? E de quem foi a decisão?

De repente, você pode até terminar chamando alguém como o Paulo Guedes (ex-ministro da Economia), por exemplo. Isso, hipoteticamente falando.

O que eu posso afirmar, sem medo de errar, é que uma busca fácil no Google indicará discursos do presidente Bolsonaro claramente enfraquecendo as estruturas de fiscalização e proteção do Estado, dando incentivos e motivos aos garimpeiros para ocupação de terras indígenas.

Esse é um fator que aumentou a tensão entre os grupos e demonstrou claramente uma intenção de sobrepor-se aos direitos daquele grupo desfavorecido.

Posso afirmar que o discurso do presidente Bolsonaro aumenta os fatores de risco. A probabilidade de o discurso dele ser levado adiante em uma atividade concreta é maior.

As ações destinadas à retirada dos invasores têm efeitos localizados e temporários, apontou o MPF. Quais medidas o senhor sugeriria?

Você precisa de uma estrutura poderosa para manter as atividades de garimpo. É preciso tentar identificar todas as áreas e seguir o dinheiro. De onde vem o dinheiro que faz com que o garimpo possa ser mantido lá. O dinheiro para as atividades do garimpo.

Por outro lado, o outro que sai do garimpo está chegando aonde? Quem está comprando esse ouro, como ele está entrando no mercado? É um comércio que é possível identificar.

O que o Estado está fazendo agora é importante, mas há a necessidade de uma sustentabilidade, que um programa como esse possa se tornar permanente. Ou seja, o controle do uso do espaço aéreo, o controle nos voos que vão para aquela região e o controle no funcionamento das casas que negociam com ouro.

Na avaliação do senhor, as declarações do governador Denarium sobre os Yanomami, além do potencial discriminatório, podem ser vistas como um incentivo às práticas ilegais dentro do território indígena?

Essa fala dele reforça o argumento da chamada polarização, do processo de desumanização que acontece contra os índios.

Entretanto, não é competência do poder Executivo Estadual a proteção de terras indígenas. A omissão ali é atribuível às autoridades federais.

Agora, eventualmente uma situação pode se estender naquele contexto geral, no caldo de cultura local, que autoriza viver naquela polarização.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou na 6ª feira (3.fev.2023) de evento com apoiadores em Miami, no Estado norte-americano da Flórida. Em discurso de cerca de 40 minutos, o ex-chefe do Executivo não comentou sobre o caso envolvendo o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e a acusação de planos para uma suposta tentativa de golpe.

Na palestra, que teve tradução simultânea para o inglês, Bolsonaro falou de sua trajetória política e de ações de seu governo, como o pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia. Ele negou casos de corrupção em seu governo e fez críticas ao Poder Judiciário.

O evento “Power of the people” foi promovido por Charlie Kirk, fundador da organização conservadora TPUSA (Turning Point USA). Kirk, de 29 anos, é apoiador do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

“Enfrentamos todo o sistema e terminamos o governo também sem denúncia de corrupção”, disse. O público, formado em sua maioria por brasileiros, reagiu dizendo em coro “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Bolsonaro criticou a “esquerda” e afirmou que haverá piora nos indicadores econômicos do Brasil por causa das medidas adotada pela gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O Brasil estava indo muito bem. Não consigo entender quais foram os motivos [de] porque resolveu ir para a esquerda”, declarou. “Tenho fé, acredito no Brasil e tenho certeza que o Brasil não se acaba com o atual governo.”

Além do suposto plano para impedir a posse de Lula relato por Marcos do Val, Bolsonaro também não mencionou a invasão das sedes dos Três Poderes e os atos de vandalismo de extremistas de direita ocorridos em 8 de Janeiro.

Bolsonaro viajou para os Estados Unidos em 30 de dezembro. Ele decidiu estender sua viagem ao país e pediu novo visto norte-americano. Ainda não tem data para retornar.

“Ouso dizer que minha popularidade em 2022 era pelo menos o dobro daquela que tinha em 2018. Mas temos que pensar para frente. O Brasil é uma grande nação”, disse. “Nós não desistiremos do Brasil. Recarrego as minhas baterias em momentos como esse”, disse.

A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, retornou ao Brasil em 26 de janeiro. Ela tem participado de eventos políticos. Na palestra em Miami, Bolsonaro fez elogios a mulher e ouviu gritos de endosso ao nome de Michelle.

Clique aqui para ler a matéria do Poder360 na íntegra.

Um decreto publicado na edição deste sábado (4) do Diário Oficial, assinado pela governadora Raquel Lyra, oficializa o aumento do número de unidades de ensino ofertando a modalidade de ensino integral no Estado. Serão 61 novas escolas, totalizando 635 espalhadas por todas as regiões.

“Transformamos 61 novas escolas do nosso Estado em escolas de tempo integral. Assim, a gente vai garantindo mais qualidade no atendimento aos alunos. Esse é o começo de muito trabalho que vem pela frente para melhorar a nossa educação”, disse a governadora, em vídeo divulgado nas redes sociais.

Raquel Lyra também comentou a declaração de utilidade pública o terreno do Colégio Americano Batista. Publicado ontem, o decreto evita mudança de finalidade do espaço, que continuará sendo complexo escolar, agora ligado à rede pública estadual. “Um local privilegiado e um equipamento que ajudará na transformação da educação em Pernambuco. Vamos em frente, sempre cuidando de gente. É assim que a gente vai transformar Pernambuco”, disse, finalizando o vídeo.

As novas escolas em tempo integral estão espalhadas por todas as regiões do estado. São 20 unidades no Recife e duas em Olinda. Os municípios de Garanhuns, Araripina, Salgueiro, Arcoverde, Macaparana e Catende também terão duas unidades, cada.

Também serão contemplados os municípios de Afogados da Ingazeira, Amaraji, Belém de São Francisco, Belo Jardim, Bezerros, Camaragibe, Caruaru, Carpina, Cupira, Custódia, Flores, Floresta, Gameleira, Goiana, Granito, Itapissuma, Orobó, Mirandiba, Paulista, São Caitano, São José de Coroa Grande, Santa Cruz da Baixa Verde, Santa Cruz do Capibaribe, Panelas, Pesqueira, Timbaúba e Petrolina.

Neste espaço de memórias históricas e também afetivas, segue abaixo este belo depoimento do compositor Jota Michiles, entrevistado de ontem no Sextou. Se você tem uma foto histórica no seu baú e deseja vê-la postada neste quadro, envie agora pelo WhatsApp: (81) 9.8222-4888.

Ah, e tudo se foi tão ligeiro! Meus 8 anos naquele domingo de Carnaval, 4 de fevereiro de 1951, ameaçado por densas nuvens no céu, findando por desabarem num violento temporal na noite daquela terça-feira de Momo, fazendo encerrar mais cedo a folia nas ruas e nos Clubes, ao som da marchinha “Tomara que Chova”, cantada por Emilinha Borba.

Hoje, chego aos 80, mergulhado nas proustianas recordações do meu tempo de menino da periferia do Recife, ouvindo nas ruas os alegres vendedores ambulantes nos seus pregões matinais: “Chora menino pra chupar pitomba!!!”…”Mangaba, olha mangaba!!!”…”Vassoureiro!!! Espanador, vasculhador, esteira de Angola, colher de pau, rapa-coco e grelha!!!”

Admirado com suas emboladas, sempre os seguia até certa distância, quando ouvia o grito de dona Maria, minha mãe: -Venha embora, menino!!! -No rádio da vizinhança, me encantava ouvindo os baiões de Luiz Gonzaga, os frevos de Zumba, Levino, Capiba, Nelson Fereira, e o malabarismo rítmico de Jackson do Pandeiro.

Num pequeno casebre de palha, ali no bairro Ponto de Parada, de noite, já deitado numa rede pra dormir, pegava no sono ouvindo ao longe o batuque assombroso do maracactu de Dona Santa. Acho que ali nascera a inspiração que hoje me fez compor “Recife Nagô”.

Nessa caminhada musical, tive minha primeira canção, um bolero, VOCÊ ME MALTRATOU, gravado por Victor Bacelar, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, julho de 1964, uma pré Jovem Guarda, aconteceu meu segundo grande momento, ao gravar um calipso, NÃO QUERO QUE CHORES, com o grupo vocal The Golden Boys, lado “B” de um Compacto Simples da Odeon, cujo lado “A” trazia “Quero Afagar Tuas Mãos”, uma versão de “I Want To Houd Your Hand” dos Beatles. Naquele momento, houve até um comentário de que os quatro rapazes ingleses estariam a regravar minha música, o que, infelizmente, não aconteceu!

Em seguida, setembro de 1966, a grande arrancada foi ganhar o primeiro lugar no concurso “Uma Canção para o Recife”, instituído pela Prefeitura da Cidade, na gestão do Prefeito Augusto Lucena. Festival esse, realizado no palco da TV Jornal do Commercio, dentro do Programa “Noite de Black-Tie” comandado pelo notável apresentador Luiz Geraldo.

Minha marcha, RECIFE MANHÃ DE SOL, foi a vencedora, concorrendo com os mais consagrados compositores daquele momento, entre as mais de duzentas canções inscritas, com direito a um bom prêmio em dinheiro, e o “Troféu Antônio Maria”, com placa de ouro, em homenagem ao memorável compositor pernambucano.

Nesse caminho, participei de vários outros festivais, com alguns prêmios, quando, em 1983, gravei um LP da Chantecler, nos estúdios da Rozenblit, cantando canções nordestinas, acompanhado pelo Quinteto Violado. Porém, foi a partir do Carnaval de 1986, com o “estouro” do frevo BOM DEMAIS, na interpretação do eletrizante Alceu Valença, que meu nome passou a ser destaque na cena carnavalesca.

O frevo, que até então andava um tanto adormecido, de repente se popularizou na boca do povo, nas ruas, nas orquestras, e nos Clubes, seguido de outros sucessos que vieram na interpretação do próprio Alceu Valença, e de outras luxuosas estrelas da MPB. Hits que ainda vão rolar por muitos e muitos fevereiros, numa fraternal gratidão aos meus saudosos heróis sem quadrinhos, seu Romeu e dona Maria, meus pais! E, viva a vida!!!”

(Jota Michiles)

O Palácio do Planalto vai atender a um pedido do presidente reeleito da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e destinar R$ 2,8 bilhões em emenda parlamentares a 218 deputados novatos da casa.

Como chegaram agora na Câmara, os novos deputados não indicaram emendas na Lei Orçamentária Anual de 2023. Com o gesto, porém, o governo acaba acenando tanto para parlamentares quanto para Lira e tenta consolidar sua base aliada para aprovar projetos de seu interesse.

O pedido é um dos primeiros da lista de Lira para o Planalto após a vitória dele na eleição. As informações são da CNN Brasil.

Há, porém, outras demandas do que vem sendo chamado no governo de “consórcio do Lira”, seu grupo político que transcende partidos políticos. É formado por parlamentares de legendas diferentes, mas tem no seu eixo o PP, PL, Republicanos e o União Brasil.

As demandas não necessariamente são feitas diretamente por Lira ao governo, mas por interlocutores.

O grupo por exemplo deve ficar com três diretorias do Correios. O União Brasil deverá fazer as indicações. Diretorias de bancos estatais também estão no alvo.

O governo, porém, resiste a entregar todos os pedidos. Havia demandas por exemplo para ocupar por completo alguns órgãos, em um modelo chamado se “porteira fechada”, quando todas as indicações são feitas pelo partido.

O “consórcio de Lira” pediu por exemplo este formato para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, a Codevasf e o Banco do Nordeste. A ideia no Palácio do Planalto é não entregar tudo, mas lotear os órgãos para diferentes legendas.

Dois dias após a Coluna Segurança publicar uma série de denúncias em que policiais miliares relataram cansaço e desmotivação por causa da sobrecarga de trabalho – inclusive em dias de folga -, a assessoria da Polícia Militar de Pernambuco se pronunciou sobre o assunto.

Por meio de nota oficial, a corporação declarou que o comandante-geral da PM, coronel Tibério César dos Santos, orientou aos comandantes dos batalhões para que “não permitam que o policial militar exceda o limite de horas de serviços ordinário e extras conforme prevê a legislação, evitando a sobrecarga de jornada de trabalho do efetivo”. As informações são da coluna Segurança, assinada por Raphael Guerra, no JC.

Segundo policiais militares ouvidos pela coluna, há uma rotina de pressão por metas, exigência de participação em plantões (que deveriam ser voluntários) e até ameaças de transferência para outras cidades. Problema que se espalha em todo o Estado e que está multiplicando os casos de ansiedade, depressão e afastamentos para tratamento de saúde. 

Há um déficit de mais de 10 mil PMs em Pernambuco. Por causa disso, foram criados, ainda na gestão do ex-governador Eduardo Campos, os plantões extras conhecidos como PJES (Programa de Jornada Extra de Segurança).

“O governo diz que o PJES é voluntário. Mas, na prática, somos obrigados a dar 10, 12 plantões extras por mês. A gente quer ter um fim de semana descansando com a família, com nossos filhos, mas somos surpreendidos com mais trabalho”, contou um policial militar do Batalhão de Choque.

Além dos plantões extras já existentes, a gestão da governadora Raquel Lyra anunciou, no dia 12 de janeiro, a Operação Pernambuco Seguro – com o objetivo de colocar mais PMs nas ruas e garantir mais segurança à população. Só que, sem aumento do efetivo, coube à corporação ampliar a quantidade dessas escalas nas folgas dos militares. 

Ainda sobre as reclamações da categoria, a PM informou, na mesma nota oficial, que “nas escalas extras, o policial militar exerce suas atividades em turnos suplementares de trabalho, maximizando dessa maneira o emprego desses policiais militares em escalas que proporcionam um emprego maior desse efetivo em diversas áreas”. 

A PM de Pernambuco conta, atualmente, com pouco mais de 16 mil militares na ativa. Os profissionais estão divididos em 26 batalhões – sem contar as outras 14 unidades especializadas (a exemplo do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha e Batalhão de Operações Especiais).

Sobre os problemas de depressão e afastamentos de militares, a PM declarou que “o Comando da Polícia Militar está sensível à questão da saúde mental dos policiais militares e vem construindo em parceria com a secretaria de Defesa Social políticas voltadas ao cuidado, prevenção e atenção ao seu efetivo”. 

Nessa semana, a secretária de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha, anunciou que foi criada a Gerência de Cuidado e Atenção ao Policial e que, em breve, um projeto voltado à saúde mental da corporação será lançado. 

Em entrevista à coluna, no mês passado, o coronel Tibério César dos Santos disse que pretende colocar psicólogos em cada um dos batalhões do Estado. Mas a ideia ainda está em estudo. 

EPISÓDIOS DE ATAQUE E AMEAÇA EM BATALHÕES EXPÕEM PROBLEMA

Os policiais ouvidos pela coluna dizem que os recentes episódios de ameaça a uma subcomandante do 16º Batalhão e do ataque a tiros contra PMs do 19º Batalhão, ambos do Recife, são consequência dos problemas mentais relacionados à pressão e sobrecarga de trabalho.

No dia 15 de janeiro, um tenente que estava de plantão no 16º Batalhão, no bairro de São José, informou ao seu superior que havia encontrado na parede do auditório a seguinte mensagem: “Cuidado Maj para não ser a próxima”. O nome da major, que é subcomandante do batalhão, foi escrito na parede. 

A suspeita é de que a mensagem tenha sido escrita por um policial militar lotado no batalhão, visto que o acesso ao imóvel é bastante restrito. O caso está sendo investigado.

Em 20 de dezembro de 2022, o soldado Guilherme Santana Ramos de Barros, de 27 anos, matou a esposa grávida no Cabo de Santo Agostinho e seguiu até o 19º Batalhão, onde atirou em colegas de farda.

Dois militares morreram (incluindo a subcomandante, major Aline Maria Lopes dos Prazeres Luna, 42) e outros dois ficaram feridos. O soldado teria tirado a própria vida em seguida. 

Após mais de 40 dias, o inquérito policial militar que pretende esclarecer a motivação do ataque ainda está em aberto. 

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, sete policiais militares da ativa cometeram suicídio em Pernambuco em 2021. Já em 2020, foram quatro óbitos.

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTÁ CIENTE DOS PROBLEMAS

Na semana passada, o comandante-geral da PM esteve em uma reunião no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o problema da saúde mental dos policiais foi abordado. 

“O comandante da Polícia Militar externou essa preocupação, esse olhar especial que eles (governo) estão pretendendo ter com relação à questão da saúde mental dos policiais. Também há ciência da sobrecarga que existe. Muitos precisando é abusar, digamos assim, da jornada extra”, disse a promotora de Justiça Helena Martins, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa Social e Controle Externo da Atividade Policial. 

“Há necessidade do comando ter esse controle de não possibilitar que esses policiais exaustos estejam nas ruas. O Ministério Público está querendo também, junto com a Promotoria da Saúde, estabelecer critérios e isso será através de um procedimento em conjunto”, completou a promotora.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes esclareceu hoje (3) que o senador Marcos do Val o procurou para revelar a existência de um suposto plano para constranger o ministro e, assim, impedi-lo de seguir à frente das investigações que apuram a divulgação de notícias falsas (fake news) e os ataques a ministros da Corte.

“Assim como inúmeros parlamentares, ele [do Val] solicitou uma audiência. Eu o recebi no salão branco e o que ele me disse foi que o deputado Daniel Silveira o teria procurado e ele teria [então] participado de uma reunião com o [ex-]presidente da República [Jair Bolsonaro]”, disse Moraes ao participar, por vídeo, de um evento realizado pela Lide, em Lisboa. As informações são da Agência Brasil.

Segundo o ministro, do Val contou que Silveira e outras pessoas próximas a Bolsonaro planejavam delegar a alguém em quem Moraes confiasse a missão de gravar uma conversa com o ministro, tentando obter algo comprometedor. O senador do Val seria esta pessoa, ainda que Moraes garanta que os dois não são próximos, só tendo estado juntos em três ocasiões.

“A ideia genial que tiveram foi colocar uma escuta no senador [do Val] para que ele, que não tem nenhuma intimidade comigo, me gravasse para que, com isso, pudessem solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos”, acrescentou Moraes.

“Indaguei ao senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel [pois, desta forma] eu tomaria seu depoimento imediatamente. Ele me disse que, infelizmente, não poderia confirmar [o relato oficialmente]. Então, me levantei, me despedi e agradeci a presença do senador. Porque, para mim, o que não é oficial não existe”, continuou o ministro.

Apesar da recusa inicial, o senador acabou por revelar a história à revista Veja – que a transformou na matéria de capa da edição que circula a partir de hoje. Antes que a revista chegasse às bancas, do Val falou sobre o assunto em uma transmissão ao vivo, em seu perfil no Instagram. Durante a live, ele chegou inclusive a anunciar que planejava deixar a atuação político partidária.

Diante da repercussão das declarações de do Val, o próprio ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal colhesse seu depoimento – o que foi feito ontem (2). Hoje, Moraes disse que “tudo ainda está sendo apurado”, mas ridicularizou o suposto plano para constrangê-lo.

“Esta tentativa de uma operação tabajara mostra exatamente o quão ridículo chegamos na tentativa de um golpe”, comentou o ministro.

Cartão vermelho

Presente no evento, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Lula, Luiz Fernando Furlan, perguntou a Moraes sobre como as autoridades públicas responsáveis por tomar decisões às vezes impopulares lidam com o reconhecimento público e o consequente risco de serem vítimas de agressões. Furlan mencionou que Moraes é, hoje, mais conhecido no Brasil que muitos jogadores de futebol, ao que o ministro rebateu dizendo ganhar “bem menos” que os atletas”.

– Mas ninguém pode te dar um cartão vermelho, ministro, brincou Furlan.

– Tentaram me dar o cartão vermelho, mas o VAR não permitiu, reagiu Moraes, se referindo ao assistente de vídeo usado para conferir penalidades no futebol.

Ainda durante o evento, o ministro comentou que os financiadores da divulgação de informações falsas e dos ataques aos Três Poderes que culminaram com a invasão e a depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da sede do SFT, no dia 8 de janeiro, estão sendo identificados. De acordo com Moraes, muitas dessas pessoas agem “não só por ideologia, por gosto político, mas sim por questões econômicas, já que acabam sendo economicamente favorecidas”.

Regulamentação

O ministro também voltou a defender a regulamentação das mídias sociais, explicando que, embora o assunto seja controverso e ainda não haja um exemplo mundial a ser seguido neste sentido, o principal objetivo, a ser ver, é equiparar a atividade das empresas de tecnologia responsáveis por redes sociais à de companhias de mídia tradicionais.

“O que se defende é exatamente que as mídias sociais deixem de ser consideradas empresas de tecnologia, passando a ser responsabilizadas pelo que divulgam. Que estas empresas passem a ter a mesma responsabilidade que empresas de mídia que ganham e arrecadam com publicidade”, defende o ministro. “Não se trata de analisar conteúdo previamente ou de estabelecer a necessidade de autorização para veicular algo – o que a Constituição Federal jamais permitiria, mas quem tem a coragem de publicar discursos de ódio, antidemocrático, ofensas pessoais, deve ter a coragem de se responsabilizar. O binômio liberdade com responsabilidade vale para a mídia tradicional, televisiva e escrita e, a meu ver, deve também valer para as mídias sociais”, defendeu Moraes.