A proposta do governo Lula de restringir a cooperação internacional entre procuradores brasileiros e de outros países, defendida por Cristiano Zanin, advogado criminalista de Lula, é vista com preocupação por integrantes do Ministério Público Federal (MPF).
Hoje, procuradores trocam informações com Ministérios Públicos de outros países. Para obtenção de provas ou outros atos formais dentro de um processo, os pedidos de cooperação passam pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). As informações são do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Leia maisNa última segunda-feira (30/1), uma reportagem de Luiz Vassallo, Eduardo Kattah e Davi Medeiros mostrou que há uma proposta do governo Lula para concentrar poder no DRCI, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A ideia envolve retirar de uma portaria da Advocacia-Geral da União (AGU) a previsão de “cooperação informal” entre integrantes do Ministério Público e seus equivalentes em outros países.
Integrantes do MPF temem que uma eventual restrição na cooperação atrapalhe o trabalho de investigação e seja vista por órgãos equivalentes ao Ministério Público em outros países com desconfiança, já que o DRCI é vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Executivo.
O DRCI poderia usar uma mudança para ter acesso a mais informações sensíveis politicamente, inclusive sobre autoridades do próprio Poder Executivo. O temor desse compartilhamento também pode desincentivar colaborações.
Durante a Operação Lava Jato, como revelou o site “Intercept”, Deltan Dallagnol, procurador do MPF, burlou a necessidade de enviar pedidos para o DRCI em comunicações com norte-americanos.
Procuradores ouvidos pela coluna, porém, defendem que o caso Dallagnol, em que a regra em vigor foi desrespeitada, segundo os diálogos vazados, não tem relação com a cooperação direta entre membros de Ministérios Públicos, que deve ser feita dentro da previsão legal.
Eles se queixam do termo “informal”, usado na portaria da AGU, que dá a entender que não há um procedimento para essa colaboração. E defendem que, sem autorização do Congresso, o governo federal não tem competência para proibir ou restringir colaborações internacionais, já que isso feriria a autonomia constitucional do Ministério Público.
Zanin foi procurado, mas não respondeu ao contato da coluna.
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