Policiais avançam sobre rampa do Planalto para expulsar bolsonaristas

Do O Globo

Por volta das 17h15 deste domingo, agentes da Polícia Militar do DF subiram a rampa do Palácio do Planalto, com disparo de bombas, na tentativa de expulsar manifestantes bolsonaristas que ainda estejam dentro do local, sede da Presidência da República.

Mais cedo, grupos de bolsonaristas que promovem atos golpistas invadiram o Planalto e fizeram depredação no terceiro andar, onde fica o gabinete da Presidência. 

Pouco antes, a polícia retomou o controle do prédio do STF.

As cenas de tomada e depredação das sedes dos três poderes em Brasília por grupos extremistas do bolsonarismo que rejeitam a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva causaram repercussão internacional e motivaram a sugestão de convocação de reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA). O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, aliado de Lula, afirmou que há em curso uma tentativa de golpe de Estado por parte de fascistas.

Governantes e chancelarias de outros países, como Estados Unidos, França, Chile, Argentina, Equador e Espanha, já se manifestaram contra os ataques e em apoio a Lula. As informações são do Estadão.

“Toda minha solidariedade a Lula e ao povo do Brasil. O fascismo decidiu dar um golpe”, afirmou Petro. “As direitas não conseguiram manter o pacto de não violência.”

Petro sugeriu a convocação de uma reunião de emergência da OEA. “É hora urgente de reunião da OEA se ela quer seguir viva como instituição e aplicar a carta democrática”, escreveu no Twitter.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que o governo Luta tem todo respaldo contra um ataque “covarde e vil” à democracia. “Ataque inadmissível aos três poderes do Estado brasileiro por parte de bolsonaristas. O governo brasileiro conta com todo nosso respaldo frente a esse covarde e vil ataque à democracia”, reagiu Boric, também no Twitter.

O governo Joe Biden avalia publicar uma manifestação, em Washington, a respeito dos ataques antidemocráticos. O encarregado de negócios Douglas Koneff, atual chefe interino da representação diplomática em Brasília, condenou a agressão ao Executivo, Legislativo e Judiciário. Segundo o diplomata, os atos são injustificáveis e a “violência não tem lugar nenhum” na democracia.

A embaixada norte-americana orientou os cidadãos do país a evitar a área da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, tomadas por golpistas e atos violentos.

O presidente francês Emmanuel Macron tuitou em português: A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitas! O presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse dar todo apoio a Lula e às instituições brasileiras.

“Todo meu apoio ao presidente Lula e às instituições eleitas livre e democraticamente pelo povo brasileiro. Condenamos veementemente o assalto ao Congresso brasileiro e pedimos o retorno imediato à normalidade democrática”, disse o líder espanhol.

Até mesmo governos de direita rechaçaram as ações de apoiadores de Jair Bolsonaro. A chancelaria do Equador, país sul-americano governado por Guilhermo Lasso, aliado do ex-presidente brasileiro, afirmou que o Lula foi eleito de forma legítima.

“O Equador condena os acontecimentos contra a institucionalidade no Brasil e reitera seu apoio irrestrito à democracia e ao governo eleito legitimamente”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores e Mobilidade Humana.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que os extremistas merecem o “rechaço absoluto” da comunidade internacional e punição. Ele expressou repúdio aos ataques em Brasília e incondicional apoio a Lula diante “da tentativa de golpe de Estado que enfrenta”. Atualmente à frente do Mercosul e da Celac, ele alertou todos os países membros para que se unam contra a “inaceitável reação antidemocrática que tenta se impor no Brasil”.

“Demonstremos com firmeza e unidade nossa total adesão ao governo eleito democraticamente pelos brasileiros liderado pelo presidente Lula. Estamos junto ao povo brasileiro para defender a democracia e não permitir nunca mais o regresso dos fantasmas golpistas que a direita promove”, escreveu o presidente argentino.

“A democracia é o único sistema político que garante a liberdade e nos obriga a respeitar o veredito popular”, afirmou Fernández. “Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu incondicional apoio e do povo argentino a Lula frente à tentativa de golpe de Estado que está enfrentando.”

Da coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles

O capitão-de-mar-e-guerra reformado da Marinha Vilmar José Fortuna, lotado como assessor no Ministério da Defesa, participou da manifestação golpista neste domingo em Brasília.

Ele posou para uma foto em frente ao Congresso Nacional invadido por vândalos.

Vilmar José Fortuna é assessor do Ministério da Defesa desde 2013, segundo seu perfil no LinkedIn.

Exonerado no fim da tarde deste domingo (8) em meio ao vandalismo golpista que tomou Brasília, Anderson Torres, responsável pela segurança do Distrito Federal, disse à Folha de S.Paulo que o governo do DF fez devidamente o “planejamento” para receber a manifestação de bolsonaristas.

Ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, Torres viajou de férias para os EUA neste sábado (7). Ele acompanhou os atos de vandalismo a distância. Integrantes do governo Lula, membros da nova direção da Polícia Federal e ministros do Supremo atribuem ao agora ex-secretário de Segurança Pública os problemas deste domingo. Eles defendem uma responsabilização dura.

“Não houve leniência, é a primeira vez que tiro férias em muito tempo. O planejamento foi feito”, disse à Folha.

O ex-ministro também afirmou que há mentiras sendo contadas.

“Não vim para os EUA para encontrar Bolsonaro. Não me encontrei com ele em nenhum momento. Estou de férias com a minha família. Não houve nenhuma trama para que isso [os atos golpistas] ocorresse”, declarou.

A proximidade de Torres com Bolsonaro e sua atuação à frente da Justiça no governo do ex-presidente são alvo de constantes críticas do PT. O próprio Lula criticou Torres na declaração feita na tarde deste domingo (8).

“O secretário de Segurança dele [governador Ibaneis Rocha] todo mundo sabe a fama dele de ser conivente com as manifestações”, afirmou o presidente.

Anderson Torres é alvo de inúmeras críticas por parte principalmente de integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) e também pela oposição por sua atuação como ministro de Bolsonaro.

Ele entrou inclusive na mira de Alexandre de Moraes (STF) em alguns dos inquéritos de suspeitas de crimes cometidos no governo passado, entre elas uma sobre a live de 29 de julho de 2021 em que Jair Bolsonaro atacou a segurança das urnas eletrônicas.

O ex-ministro é policial federal e deve ser reintegrado ao órgão.

Do Metrópoles

O atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Cappelli, será interventor federal na segurança pública do Distrito Federal até 31 de janeiro de 2023, segundo decreto assinado neste domingo (8/1) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Cappelli é jornalista, especializado em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também atuou como secretário nacional de Esporte Educacional e de Incentivo ao Esporte nos governos Lula e Dilma Rousseff.

Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), foi secretário de Comunicação do Maranhão, onde se aproximou do ex-governador Flávio Dino (PSB). No terceiro governo Lula, tornou-se o número dois da pasta da Justiça e é considerado braço direito de Dino.

O decreto de intervenção federal na segurança do DF visa frear a depredação que manifestantes bolsonaristas promovem nos prédios-sede dos Três Poderes.

O interventor fica subordinado ao presidente da República e terá amplos poderes, não sujeito às normas distritais que conflitarem com medidas necessárias à execução da intervenção.

O interventor ainda poderá requisitar, se necessário, recursos financeiros, tecnológicos, estruturais e humanos do DF. Além disso, terá controle operacional de todos os órgãos distritais de segurança pública.

Do G1

O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou neste domingo (8) intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal para manter a ordem após a invasão de bolsonaristas radicais aos prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula anunciou o decreto na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, durante visita para avaliar estragos causados pelas chuvas no município.

O decreto vai vigorar até 31 de janeiro. Com a intervenção, os órgãos de segurança pública do Distrito Federal ficam sob responsabilidade do secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Garcia Cappelli, com subordinação a Lula.

Da coluna de Rodrigo Rangel, do Metrópoles

Estava à mão da cúpula da segurança pública do Distrito Federal um plano de segurança que, se posto em prática, seria mais do que suficiente para evitar o caos deste domingo na Praça dos Três Poderes.

O plano é exatamente o mesmo que, no último fim de semana, foi adotado para a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

As medidas incluem o fechamento das vias que dão acesso à Esplanada e à Praça dos Três Poderes e a adoção de bloqueios, com vários cordões de isolamento formados por homens das forças de segurança.

É um dispositivo que existe justamente para ser utilizado quando há ameaças de invasão e de protestos radicais.

Como o caos deste domingo estava prometido havia dias, é de se perguntar por que o plano não foi adotado.

A quem interessava a inação? É preciso que se apure com rigor.

A advocacia Geral da União (AGU) entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a prisão do agora ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, usou suas redes sociais, há pouco, para se manifestar sobre os atos de vandalismo que acontecem em Brasília.

Da Folha de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (8) que todos os manifestantes golpistas que invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes serão encontrados e punidos.

O petista disse que eles são verdadeiros vândalos e anunciou a intervenção federal na área de segurança do Distrito Federal até o fim de janeiro.

Lula disse que os manifestantes poderiam ser chamados de nazistas e fascistas e disse que a esquerda nunca protagonizou um episódio similar a este no Brasil.

“Eles vão perceber que a democracia garante direito de liberdade, livre expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia”.

O presidente ainda culpou seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), e disse que ele também é responsável pelos atos de vandalismo que se espalharam por Brasília.