Foi tímida, num primeiro momento, a reação de aliados de Jair Bolsonaro (PL) ao vandalismo de manifestantes que, em Brasília, invadiram prédios dos Três Poderes com uma pauta antidemocrática. Os comentários que foram chegando eram, quase todos, críticos à desordem no Distrito Federal.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), postou um comentário horas após a ebulição dos protestos golpistas. “Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções”, disse. “Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em SP!” As informações são da Folha de S.Paulo.
Leia mais
Já Romeu Zema (Novo), à frente do Executivo mineiro, viu como “inaceitável o vandalismo ocorrido hoje em Brasília”. Zema, que abraçou a candidatura bolsonarista no segundo turno da eleição, afirmou que “a liberdade de expressão não pode se misturar com depredação de órgãos públicos”, até porque, “no final, quem pagará seremos todos nós”.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-ministro da Justiça que rompeu com o governo passado e, durante a campanha, fez as pazes com Bolsonaro, furou o silêncio inicial com um tuíte postado na tarde deste domingo (8): “Protestos têm que ser pacíficos. Invasões de prédios públicos e depredação não são respostas. A oposição precisa ser feita de maneira democrática, respeitando a lei e as instituições. Os invasores precisam se retirar dos prédios públicos antes que a situação se agrave”.Um dos primeiros a tocar no assunto, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), definiu como “lamentáveis” as cenas de depredação na Esplanada dos Ministérios.
“É inconcebível a desordem e inaceitável o desrespeito às instituições. Determinei que todo o efetivo da PM e da Polícia Civil atue, firmemente, para que se restabeleça a ordem com a máxima urgência. Vandalismo e depredação serão combatidos com os rigores da lei”, afirmou numa rede social antes de ter a demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal anunciada.
Para o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), os acontecimentos do dia podem ser usados contra o bolsonarismo: “Sempre serei a favor de toda e qualquer manifestação pacífica, mas acredito que essa manifestação de hoje está dando mais munição para que eles possam usar toda a força do Estado contra o povo. Não devemos agir como a esquerda sempre agiu”.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), que foi líder do governo Bolsonaro na Casa que representa, também adotou um tom crítico. Sugeriu ainda que o Executivo lulista, assim como o Judiciário, um poder em frequente conflito com o bolsonarismo, deveriam ajudar a pacificar os ânimos.
“Nenhuma violência é tolerável. Nenhuma manifestação violenta é democrática. Mas assim às vezes a sociedade se manifesta. Infelizmente. E não somente no nosso país”, disse, também por um canal virtual. “É preciso gestos que apaziguem. Governo e Judiciário. Violência e intimidação nos tornam menos democráticos.”
Questionado pela Folha, o pastor Silas Malafaia, um dos aliados evangélicos mais vocais de Bolsonaro, falou em “manifestação do povo” e apontou “dois pesos e duas medidas” para o tratamento dado a atos que partem de bolsonaristas ou de movimentos à esquerda.
“Cansei de ver o MST [Movimento dos Sem Terra] invadir prédio público e ficar acampado dois, três dias. A militância do PT fazer isso, e ninguém dizer que é ato antidemocrático. Que conversa é essa? Ou será que nós estamos em que planeta? Em que país nós estamos? Ou será que o povo, a imprensa, os políticos têm amnésia? Nunca vi ninguém dizer que era ato democrático.”
Continuou o pastor: “É a manifestação do povo. E aí? Usa dois pesos, duas medidas? Quando é a cambada de esquerda, é ato de livre manifestação. Quando são os outros, é ato antidemocrático? Isso é uma vergonha.”
Outra ponta de lança do bolsonarismo no segmento evangélico, o deputado e pastor Marco Feliciano (PL-SP) disse ser legítima “a revolta popular, que é quando um grupo de pessoas se organizam para protestar”. Mas as depredações provocadas por “ânimos acirrados” ultrapassam o sinal, segundo ele.
“Por causa delas, os manifestantes serão chamados de baderneiros e criminosos. O que vem a seguir será uma repressão sem limites.”
Tanto o ex-presidente Bolsonaro como seus três filhos políticos deram alguma declaração em redes sociais nas últimas 24 horas, mas até agora não abordaram os atos vândalos na capital do país. Bolsonaro continua nos Estados Unidos, para onde viajou antes da posse de Lula (PT).
Leia menos