Governo cancela cerimônias de Anielle Franco e Sônia Guajajara no Planalto após terrorismo de bolsonaristas no centro de Brasília

O governo federal cancelou as cerimônias que marcariam as posses das ministras de Igualdade Racial, Anielle Franco, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, no começo desta semana.

O cancelamento foi motivado pelos atos de terrorismo praticados por bolsonaristas golpistas na área central de Brasília, neste domingo (8). Pelo menos 150 pessoas foram presas pelas polícias do Distrito Federal.

Vândalos invadiram as sedes dos três poderes da República – o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto –, destruíram as fachadas e a parte interna dos edifícios. Os terroristas também destruíram móveis, documentos oficiais e até obras de arte.

As solenidades de Anielle Franco e Sônia Guajajara estavam previstas para segunda (9) e terça (10), respectivamente, e aconteceriam no Palácio do Planalto.

O vandalismo, no entanto, deve interditar as áreas de solenidades do Planalto pelos próximos dias. Equipes terão de limpar os estilhaços deixados, retirar o mobiliário destruído, calcular o dano e planejar a recuperação das áreas danificadas.

*As informações são do G1.

Com um hiato de mais de seis horas após os vândalos invadirem a Praça dos Três Poderes, em Brasília, o ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, finalmente, usou suas redes sociais para se posicionar sobre os acontecimentos que marcaram a história do País. “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra.”

Foi tímida, num primeiro momento, a reação de aliados de Jair Bolsonaro (PL) ao vandalismo de manifestantes que, em Brasília, invadiram prédios dos Três Poderes com uma pauta antidemocrática. Os comentários que foram chegando eram, quase todos, críticos à desordem no Distrito Federal.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), postou um comentário horas após a ebulição dos protestos golpistas. “Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções”, disse. “Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em SP!” As informações são da Folha de S.Paulo.

Já Romeu Zema (Novo), à frente do Executivo mineiro, viu como “inaceitável o vandalismo ocorrido hoje em Brasília”. Zema, que abraçou a candidatura bolsonarista no segundo turno da eleição, afirmou que “a liberdade de expressão não pode se misturar com depredação de órgãos públicos”, até porque, “no final, quem pagará seremos todos nós”.

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-ministro da Justiça que rompeu com o governo passado e, durante a campanha, fez as pazes com Bolsonaro, furou o silêncio inicial com um tuíte postado na tarde deste domingo (8): “Protestos têm que ser pacíficos. Invasões de prédios públicos e depredação não são respostas. A oposição precisa ser feita de maneira democrática, respeitando a lei e as instituições. Os invasores precisam se retirar dos prédios públicos antes que a situação se agrave”.Um dos primeiros a tocar no assunto, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), definiu como “lamentáveis” as cenas de depredação na Esplanada dos Ministérios.

“É inconcebível a desordem e inaceitável o desrespeito às instituições. Determinei que todo o efetivo da PM e da Polícia Civil atue, firmemente, para que se restabeleça a ordem com a máxima urgência. Vandalismo e depredação serão combatidos com os rigores da lei”, afirmou numa rede social antes de ter a demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal anunciada.

Para o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), os acontecimentos do dia podem ser usados contra o bolsonarismo: “Sempre serei a favor de toda e qualquer manifestação pacífica, mas acredito que essa manifestação de hoje está dando mais munição para que eles possam usar toda a força do Estado contra o povo. Não devemos agir como a esquerda sempre agiu”.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ), que foi líder do governo Bolsonaro na Casa que representa, também adotou um tom crítico. Sugeriu ainda que o Executivo lulista, assim como o Judiciário, um poder em frequente conflito com o bolsonarismo, deveriam ajudar a pacificar os ânimos.

“Nenhuma violência é tolerável. Nenhuma manifestação violenta é democrática. Mas assim às vezes a sociedade se manifesta. Infelizmente. E não somente no nosso país”, disse, também por um canal virtual. “É preciso gestos que apaziguem. Governo e Judiciário. Violência e intimidação nos tornam menos democráticos.”

Questionado pela Folha, o pastor Silas Malafaia, um dos aliados evangélicos mais vocais de Bolsonaro, falou em “manifestação do povo” e apontou “dois pesos e duas medidas” para o tratamento dado a atos que partem de bolsonaristas ou de movimentos à esquerda.

“Cansei de ver o MST [Movimento dos Sem Terra] invadir prédio público e ficar acampado dois, três dias. A militância do PT fazer isso, e ninguém dizer que é ato antidemocrático. Que conversa é essa? Ou será que nós estamos em que planeta? Em que país nós estamos? Ou será que o povo, a imprensa, os políticos têm amnésia? Nunca vi ninguém dizer que era ato democrático.”

Continuou o pastor: “É a manifestação do povo. E aí? Usa dois pesos, duas medidas? Quando é a cambada de esquerda, é ato de livre manifestação. Quando são os outros, é ato antidemocrático? Isso é uma vergonha.”

Outra ponta de lança do bolsonarismo no segmento evangélico, o deputado e pastor Marco Feliciano (PL-SP) disse ser legítima “a revolta popular, que é quando um grupo de pessoas se organizam para protestar”. Mas as depredações provocadas por “ânimos acirrados” ultrapassam o sinal, segundo ele.

“Por causa delas, os manifestantes serão chamados de baderneiros e criminosos. O que vem a seguir será uma repressão sem limites.”

Tanto o ex-presidente Bolsonaro como seus três filhos políticos deram alguma declaração em redes sociais nas últimas 24 horas, mas até agora não abordaram os atos vândalos na capital do país. Bolsonaro continua nos Estados Unidos, para onde viajou antes da posse de Lula (PT).

Os deputados democratas Alexandria Ocasio-Cortez e Joaquin Castro, dos Estados Unidos (EUA), pediram a extradição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depois que bolsonaristas invadiram e depredaram sedes dos Três Poderes em Brasília (DF) neste domingo (8/1).

“Quase 2 anos depois que o Capitólio dos EUA foi atacado por fascistas, vemos movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil”, escreveu a parlamentar. “Devemos ser solidários com o governo democraticamente eleito de Lula.”

Alexandria foi enfática: “Os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”. O ex-presidente viajou às vésperas do Réveillon para não participar da posse presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele está hospedado na casa do ex-lutador José Aldo.

“Terroristas domésticos e fascistas não podem usar a cartilha de Trump para minar a democracia”, escreveu Joaquin Castro. O deputado defendeu que Bolsonaro seja extraditado de volta ao Brasil.

Da coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles

Bolsonaristas evacuaram e urinaram em salas dentro do STF neste domingo (8/1), em meio a atos terroristas que depredaram as sedes dos Três Poderes. Os extremistas também reviraram o plenário do Supremo, quebraram móveis e obras de arte.

A baderna golpista fez com que o governo Lula decretasse intervenção federal na segurança do DF. Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, será o interventor. Ele ficará no cargo até o próximo dia 31.

Em meio à conivência da Polícia Militar do DF, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres. Demitido da secretaria horas atrás, Torres era ministro da Justiça até o mês passado.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, fala à imprensa neste domingo (8.jan.2023) sobre ações do governo contra a invasão dos bolsonaristas nos Três Poderes da República.

O Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, mais de 400 pessoas já foram presas até o momento. Mais cedo, o governador pediu desculpas públicas ao governo Lula sobre o ocorrido neste domingo em Brasília.

Em um grupo de senadores no WhatsApp, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que não há “nenhuma” relação entre seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e a invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal) por bolsonaristas radicais neste domingo (8.jan.2023).

“Passou da hora de parar de botar isso na conta de Bolsonaro. Não há NENHUMA relação dele com a percepção da população de que as eleições não foram transparentes. Ao contrário, era tudo que queríamos e não fomos atendidos, fomos atropelados por um TSE absurdamente parcial. Vamos cobrar de quem tem culpa, e DEFINITIVAMENTE não é do Bolsonaro!”, escreveu o senador.

O Poder360 apurou que Flávio fez o desagravo a seu pai depois de a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), que rompeu com o bolsonarismo e lançou-se candidata ao Planalto em 2022, defender a responsabilização de incitadores da invasão às sedes dos Três Poderes, sem citar o ex-presidente.

Flávio enviou a mensagem no grupo de senadores às 15h24 deste domingo. Poucos minutos depois, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), escreveu no mesmo grupo que a situação no Congresso era “grave”, prometeu tomar as “providências pertinentes” e pediu para todos os 80 colegas se manifestarem em defesa das instituições e repudiarem os atos violentos em Brasília.

A Polícia do Senado vai analisar imagens do circuito interno de câmeras para identificar os terroristas que invadiram o Congresso neste domingo. De acordo com o chefe da Polícia Legislativa do Senado, Alessandro Morales, 30 homens foram presos dentro do plenário. O prédio passará por uma perícia e ainda será feito um levantamento da destruição no local.

Aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, o empresário Luciano Hang, dono da Havan, criticou a invasão dos prédios do STF, Planalto e Congresso em Brasília. na Nota, contudo, não critica a motivação dos bolsonaristas e nem cita o silêncio do ex-presidente sobre os atos: “A democracia não combina com atos de vandalismo e sim com diálogo, jamais com violência. Precisamos respeitar as leis e instituições. Manifestações são legítimas quando ocorrem de maneira pacífica. Lamentável ver patrimônios públicos serem depredados desta maneira”, escreveu.