O Judiciário está livre para viabilizar um “trem da alegria” ao promover técnicos do nível médio. O sinal verde foi concedido pelo Congresso Nacional, ao derrubar um veto presidencial na última quinta-feira (15). O preço desse benefício no Judiciário será um aumento salarial de 64% para 70 mil pessoas.
Sem o veto, eles poderão ajuizar ações para obter equiparação salarial com os 40 mil analistas, de nível superior, com rombo estimado de R$ 22 bilhões aos cofres públicos.
A denúncia é da Associação Nacional dos Analistas do Poder Judiciário e do Ministério Público da União. Veja uma longa explicação sobre esse anúncio logo abaixo feito pela Anajus. As informações são do Misto Brasília.
Leia maisO trem da alegria no Judiciário foi criado com o veto presidencial nº 51. O dispositivo retirou emenda ‘jabuti’ do Projeto de Lei 3.662/2021, cujo texto original apenas alterava cargos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).
Veja o que escreveu a Anajus para o Congresso
Trem da alegria elitiza o Judiciário e ameaça causar rombo de R$ 22 bi aos cofres públicos
Emenda ‘jabuti’ no PL do TJDFT eleva a escolaridade de 70 mil Técnicos de nível médio no Judiciário da União sem novo concurso para ascender a nível superior
Um novo desgaste do Congresso Nacional foi aprovado nesta quinta-feira (15), com a derrubada do Veto Presidencial nº 51, que retirou emenda do projeto de lei 3.662/2021, cujo texto original apenas alterava cargos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Uma emenda inserida na Câmara dos Deputados abriu a possibilidade de trem da alegria no Judiciário da União com rombo de R$ 22 bilhões aos cofres públicos.
Para evitar isso, os deputados e senadores precisariam ter mantido o veto que derrubou a emenda por ferir a Constituição, além de pretender elitizar o Judiciário da União com ataque aos cidadãos detentores apenas de curso de nível médio. O veto apontou que a emenda é inconstitucional por ter vício de iniciativa, invadindo competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sem o veto, os atuais e reeleitos congressistas estarão sendo cúmplices de uma alarmante exclusão de parcela significativa da população brasileira e ameaça ferir a gestão orçamentária do mandato do presidente eleito. Isso está contido no texto da emenda inserida durante a tramitação da matéria na Câmara dos Deputados pela deputada Érika Kokay (PT-DF).
Essa proposta transforma o PL em uma espécie de trem da alegria ao fechar as portas do Poder Judiciário da União (PJU) para cerca de 60 milhões de cidadãos brasileiros que só possuem o curso de nível médio completo, segundo o IBGE (2019). Eles representam 27,4% da população, ao passo que apenas 17,5% têm nível superior completo, algo por volta de 37 milhões de brasileiros.
Sem o veto, essa camada deixa de ter acesso ao funcionalismo público nos tribunais da Justiça Federal comum e na Justiça Federal especializada (Trabalhista, Eleitoral e Militar). Nessas cortes já trabalham cerca de 70 mil técnicos de nível médio, um terço dos quais lá jamais entraria, se tal emenda estivesse em vigor, aponta pesquisa divulgada pela ANAJUS, única entidade nacional exclusiva dos Analistas Judiciários da União.
A emenda passa a exigir diploma de nível superior dos candidatos ao cargo de técnico judiciário nos próximos concursos públicos. Tal proposta é mais um passo à elitização do funcionalismo federal cuja composição deve conter representantes de vários segmentos da sociedade, a exemplo dos que não têm recursos para fazer e concluir um curso superior, especialmente em tempos de crise, pandemia e ataques contra a democracia.
Há, porém, todo ano, nos concursos dos tribunais, vagas para cargos de Analista Judiciário, de nível superior. Não faz sentido a criação de mais uma carreira com essa escolaridade nas instituições, motivo desta manifestação da ANAJUS (Associação Nacional dos Analistas do Poder Judiciário e do Ministério Público da União).
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