Radicais reviram o discurso de 2 minutos do capitão em busca de sinais subliminares de apoio à continuidade da “revolução”

“Foi ruim, mas podia ter sido pior.” Esse foi o saldo do aguardado pronunciamento de Jair Bolsonaro na terça, 1, segundo um ministro do STF. Como se viu, o presidente endossou o clima de insatisfação dos seguidores radicais que foram às ruas, mas criticou os bloqueios nas avenidas e rodovias. Apesar de não ter reconhecido de forma explícita a derrota, disse que irá cumprir a Constituição e delegou ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a tarefa de cuidar da transição de governo com a equipe de Lula.

As ambiguidades contidas no pronunciamento de 2 minutos deixaram desorientados os radicais, que iniciaram após a divulgação do resultado das eleições protestos destinados a tumultuar a vida do país, à base de congestionamentos enormes com seus caminhões. A exemplo de alguns fanáticos que invertiam a rotação dos LPs para encontrar em meio aos sulcos de vinis mensagens ocultas e até mesmo avisos satânicos, os bolsonaristas andam revirando o discurso do presidente em busca de sinais de orientação dele para os próximos passos do movimento golpista. As informações são da revista Veja.

O trecho em que o capitão fala que “manifestações pacíficas são bem-vindas” foi lido como autorização para a continuidade de protestos. Entre as hostes mais lisérgicas, houve quem tenha visto na mensagem um recuo estratégico para enganar o “sistema” e permitir a continuidade da revolução. Em muitos grupos de Telegram, ainda impera essa realidade paralela.

A vida real é diferente e, na linha “só no Brasil”, a mobilização sofreu um contra-golpe inesperado, vindo das torcidas organizadas de futebol do Atlético-MG e do Corinthians. Em deslocamento para acompanhar os clubes na rodada da semana do Brasileirão, atleticanos e corinthianos trataram de remover do caminho os obstáculos bolsonaristas. Cenas do embate começaram a viralizar nas redes sociais desde a madrugada desta quarta, 2.

Na verdade, embate não houve. Na Marginal Tietê, em São Paulo, rumo à Via Dutra, membros da Gaviões da Fiel, maior organizada do Corinthians, toparam com um bloqueio da via. Sem pestanejar, os bolsonaristas acharam por bem bater em retirada diante dos gritos de “é de-mo-cra-cia” e dos fogos de artifício e dos sinalizadores disparados pelos torcedores. Um deles levou a um PM que estava no local as chaves de uma moto abandonada com um baú recheado de sanduíches para a “vigília cívica” que acabou interrompida.

O soldado agradeceu o gesto do “gavião” e os corinthianos seguiram felizes rumo ao Rio de Janeiro, onde o time paulista enfrenta o Flamengo nesta quarta à noite no Maracanã. No Palácio do Planalto, a despeito dos delirantes sonhos conspiratórios que ainda alimentam a alma perturbada dos bolsonaristas-raiz, teremos a tabelinha entre Ciro Nogueira e Geraldo Alckmin, o vice de Lula encarregado de organizar o governo de transição. Segue o jogo democrático.

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial do Brasil contra Jair Bolsonaro (PL), 9 dos 12 países da América do Sul serão comandados por governos de esquerda a partir de 2023. As nações vão acumular cerca de 93,6% do PIB (Produto Interno Bruto) sul-americano.

Segundo dados do Banco Mundial, em valores correntes, os países que serão governados pela esquerda em 2023 somaram US$ 3 trilhões da produção regional em 2021. Já as nações governadas por líderes de direita –Equador, Paraguai e Uruguai– acumularam US$ 204,5 bilhões no mesmo período. As informações são do Poder360.

O 1º país a eleger um governante de esquerda nessa nova onda foi a Argentina. Em 2019, Alberto Fernández venceu as eleições e derrotou o candidato da direita e então presidente Mauricio Macri.

À época, havia 6 países com líderes de direita na América do Sul. Essas nações foram responsáveis por também 93% do produto sul-americano naquele ano. Em valores correntes, correspondeu a US$ 3,2 trilhões.

O Brasil tem o maior PIB do continente sul-americano. Em 2019, contribuiu com 54,8% da produção regional e, em 2021, com 50,1%. Em valores correntes, a arrecadação foi de US$ 1,6 trilhão e US$ 1,9 trilhão, respectivamente.

Em 2019, a Colômbia foi o 3º maior produtor regional. Contribuiu com 9,5% do PIB sul-americano. Em valores correntes, somou US$ 323,1 bilhões.

Já em 2021, o 3º maior PIB foi registrado no Chile. O país foi responsável por quase 10% da produção regional, equivalente a US$ 317,1 bilhões.

A Venezuela não divulga os dados da produção interna de forma regular desde 2014. Dessa forma, a nação não foi considerada no levantamento do Poder360. Segundo projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional), o país produziu US$ 148,5 bilhões em 2021. A Venezuela é governada pela esquerda desde 1998, quando Hugo Chávez assumiu a Presidência.

O Ministério Público Federal enviou uma solicitação à Polícia Federal nesta quarta-feira para abertura de inquérito para investigar o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques.

O objetivo da investigação solicitada é apurar se Vasques cometeu crimes contra o estado democrático ou prevaricação. O inquérito deve apurar tanto a realização de operações nas estradas pela PRF no domingo de eleições, que resultou em atrasos para eleitores chegarem aos locais de votação, como se o órgão foi conivente com os bloqueios nas rodovias pelo país. As informações são do O Globo.

“O inquérito policial deverá investigar se os bloqueios de veículos realizados pela PRF em várias estradas, principalmente na região Nordeste, no dia da votação, respeitaram a legislação e se não constituíram ofensa ao livre exercício do direito de voto pelos cidadãos abordados”, diz a Procuradoria em comunicado divulgado à imprensa.

O ofício foi enviado à Superintendência da PF no Distrito Federal, que deve ficar responsável pela investigação.

“A investigação requisitada pelo MPF neste feriado também verificará se houve omissão do Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal em relação aos bloqueios criminosos de rodovias que estão ocorrendo em todo o país desde a divulgação do resultado das eleições. É que o fato pode caracterizar os crimes de prevaricação (art 319) e participação por omissão nos crimes praticados pelos invasores das rodovias (arts. 359-L e 359-M do Código Penal)”, diz o órgão.

A solicitação de inquérito foi enviada à PF pela Procuradoria da República do Distrito Federal, depois que a 7ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF apontou suspeitas da prática de crime por parte de Silvinei Vasques. No ofício, os membros da 7ª Câmara apontaram que há suspeitas de que a PRF desobedeceu ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para não realizar operações envolvendo o transporte de eleitores. Por isso, apontam que Vasques pode ter cometido os crimes de prevaricação e desobediência. Dizem ainda que há indícios de que a PRF não tem atuado de forma adequada para desmobilizar as manifestações nas rodovias e liberar o fluxo nas estradas desde ontem.

“As condutas do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, ao descumprir a decisão do TSE e realizar operações policiais que teriam impedido o deslocamento de eleitores, pode caracterizar os crimes previstos nos artigos 319 e 330 do Código Penal. A conduta do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, ao deixar de orientar as ações da instituição para o exercício de suas atribuições, no sentido de impedir o bloqueio das rodovias federais pode caracterizar o crime do artigo 319 do Código Penal”, escreveram os subprocuradores Elizeta de Paiva Ramos, José Adônis, Luiza Frischeisen e Francisco Sanseverino.

‘Atos antidemocráticos’

Também nesta quarta-feira, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão vinculado à Procuradoria-Geral da República (PGR), divulgou uma nota nesta quarta-feira afirmando que o bloqueio de rodovias para contestar o resultado das eleições é “antidemocrático e criminoso”.

“É incabível que tais manifestações interfiram nos direitos fundamentais do restante de nossa população. É inaceitável também que tais protestos tenham por objetivo alterar vontade popular apresentada pelas urnas em 30 de outubro”, diz a nota, assinada pelo procurador federal dos direitos do cidadão Carlos Alberto Vilhena.

O órgão é responsável pela defesa dos direitos humanos. A nota diz ainda que atos, mesmo sem bloqueios de rodovias, solicitando intervenção das Forças Armadas contra os Poderes constituídos “além de antidemocráticos, também podem configurar crimes”.

Do O Antagonista

A transição do governo Jair Bolsonaro para a gestão Lula vai começar, oficialmente, amanhã a partir das 14h.

Está marcada uma reunião entre o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo petista. Geraldo Alckmin, coordenador da transição, também deve participar. O encontro vai acontecer no Palácio do Planalto.

Ontem, após pronunciamento de Jair Bolsonaro, Nogueira confirmou que o presidente da República autorizou o início da transição para a gestão Lula. E, em conversa com ministros do STF, o chefe do Poder Executivo reconheceu a derrota, segundo o ministro do STF Edson Fachin.

O deputado federal eleito Mendonça Filho (UB) disse em entrevista ao Blog do Alberes Xavier e à Rede Pernambuco de Rádios, hoje, que o principal desafio que Raquel Lyra terá que enfrentar a partir de janeiro de 2023 será o de retirar Pernambuco do fundo do poço. “A vitória de Raquel já era uma coisa esperada. Agora a gente tem que celebrar, mas ela tem uma grande missão pela frente: retirar Pernambuco do fundo do poço, resgatar a história do estado e com a sua liderança, devolver a autoestima ao povo pernambucano”, disse.

O coordenador do governo Lula para o Orçamento, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), disse nesta quarta-feira (2) que a previsão da gestão petista é de um ganho real (acima da inflação) de 1,3% ou 1,4% no salário mínimo em 2023. Em entrevista à GloboNews, o senador também disse que a manutenção do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 a partir de 1ª de janeiro está garantida.

Dias terá uma reunião nesta quinta-feira (3) com o relator do Orçamento de 20230 no Congresso, o senador Marcelo Castro (MDB-PI). Também vai participar o coordenador da transição de governo, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. As informações são do G1.

O governo Lula vai precisar dialogar com o Congresso e negociar soluções para incluir no Orçamento propostas defendidas pelo presidente eleito que, atualmente, não estão previstas no projeto orçamentário enviado pelo governo Jair Bolsonaro.

Entre essas propostas estão o ganho real do salário mínimo, a manutenção do valor do Auxílio Brasil e investimentos no programa Farmácia Popular, por exemplo. A conta gira em torno de R$ 175 bilhões que precisarão ser contemplados.

Ao falar do salário mínimo, Dias explicou que a ideia do novo governo é reajustar acima da inflação e levando em conta uma média do PIB de cinco anos anteriores.

“Garantir o reajuste do salário mínimo, que já tem uma previsibilidade pela inflação, mas o compromisso, já do primeiro ano, é de implementar a regra da média do PIB dos últimos cinco anos. Como houve queda [do PIB], como houve momentos mais elevados, momentos baixos, provavelmente, vai ficar aí em um patamar de 1,3%, 1,4% de ganho real neste primeiro ano. Mas precisa constar do Orçamento”, afirmou Dias.

Auxílio Brasil

O Orçamento elaborado pelo governo Bolsonaro não garante os R$ 600 do Auxílio Brasil a partir de janeiro. Dias afirmou que o novo governo vai negociar com o Congresso o modo em que vai incluir o valor de R$ 600 na lei: se por meio de proposta de emenda à Constituição, que abra espaço fiscal para o gasto extra, ou se por meio do projeto do Orçamento.

“Aqui, o objetivo é: garantir a continuidade do Auxílio Brasil. Então, os R$ 600 segue em condições de pagamento, a partir de 1º de janeiro, não haverá descontinuidade, o que preciso? É uma PEC? A necessidade de constar no Orçamento? É isso que nós vamos garantir”, explicou o senador.

Responsabilidade fiscal

O senador afirmou que o governo Lula pretende ter uma forte atuação na área social e, ao mesmo tempo, obter superávit nas contas públicas. “Vamos ter um plano estratégico, com medidas de curto, médio e longo prazo, onde também vamos sinalizar para garantir, claro, crescimento, as condições de crescimento econômico, de ampliar investimentos, de atrair investimentos, apontando, como fez o presidente Lula, em 2003 e 2010, as condições de equilíbrio nas contas públicas, as condições de atingir superávit, as condições de ampliar investimentos”, disse Dias.

A Prefeitura de Sanharó está presente na 29ª Agrinordeste, que acontece até a próxima sexta-feira, no Centro de Convenções de Pernambuco.

O último ponto de interdição nas rodovias federais de Pernambuco foi liberado, na tarde desta quarta-feira (2), após mais de 40 horas de bloqueio realizado por manifestantes, que insistiam em permanecer no Km 22 da BR 104, em Taquaritinga do Norte, no Agreste de Pernambuco.

A ação foi realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), com o apoio da tropa de choque da instituição, do Grupo de Pronta Intervenção da Polícia Federal (GPI-PF), Secretaria de Defesa Social (SDS), 4⁰ Batalhão de Polícia Militar de Caruaru e 24⁰ Batalhão de Polícia Militar de Santa Cruz do Capibaribe.

Após esgotados todos os meios de negociação e diante da insistência dos manifestantes em permanecerem bloqueando a rodovia, a utilização da tropa de choque da PRF foi necessária para garantir a liberação do trecho. A ação obedeceu aos protocolos de segurança da instituição e não foram registrados feridos na ação. Um suspeito de liderar a manifestação foi identificado e encaminhado à Delegacia de Polícia Federal em Caruaru, para a adoção das medidas legais cabíveis.

Por Everardo Maciel*

O Brasil, nos próximos anos, enfrentará grandes desafios fiscais, em uma conjuntura econômica internacional adversa. Foram muitas as despesas postergadas, notadamente o pagamento de precatórios por força das Emendas Constitucionais nº 113 e nº 114, de 2021, gerando uma bomba fiscal para os exercícios subsequentes.

Em artigo anterior, defendi a adoção de um programa de reestruturação do gasto público que prestigiasse a eficiência e prevenisse o despesismo. Cuido agora de suscitar reforma no processo orçamentário como instrumento de enfrentamento daqueles desafios.

Depois de um longo período de tramitação no Congresso Nacional, em 17.03.1964, foi sancionada a Lei nº 4.320, que se tornou uma consistente base normativa para os orçamentos públicos. O tempo, todavia, cuidou de torná-la obsoleta.

Até o Plano Real (1994), os orçamentos públicos eram ficções, porque a hiperinflação corroía continuadamente as dotações, cuja serventia era meramente formal. O orçamento era administrado no caixa.

Não há como deixar de reconhecer alguns avanços, como a extinção do Orçamento Monetário e a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal. Porém, os retrocessos foram maiores, sendo vários deles atribuíveis à Constituição de 1988 e alterações posteriores: os orçamentos autônomos dos Poderes da União não têm similar em nenhum outro país e explicam a relativa prodigalidade de gastos no Legislativo e Judiciário; a autorização constitucional para emendas visando à correção de erros e omissões converteu-se em espúria via para aumento na previsão de receitas visando a expansão das despesas; as vinculações de receitas e os pisos de gastos cresceram desarrazoadamente, engessando os orçamentos e desconhecendo a diversidade de demandas dos entes federativos; os restos a pagar, outrora inexpressivos, não só passaram a receber amparo constitucional, como assumiram valores significativos na execução orçamentária; os planos plurianuais são fantasias que se prestam tão somente como argumentos pueris em demandas judiciais, sendo inclusive padronizados e comercializados para Municípios.

As chamadas emendas parlamentares, de início pouco relevantes, foram gradualmente se tornando vultosas, ganharam status constitucional e assumiram caráter impositivo. Mais recentemente, surgiram as Emendas de Relator, não transparentes, e que, em geral, representam o mau uso do dinheiro público e não raro de corrupção.

É pouco realista o enfrentamento direto dessa disfunção. Um caminho para conferir racionalidade às emendas seria estabelecer a obrigatoriedade de vinculá-las a fundo ou despesa federal, em conformidade com uma futura lei complementar das finanças públicas (art. 165, § 9º, da Constituição) que é, até hoje, um clamoroso caso de mora legislativa. Esse passo não é tudo, mas é um bom começo.

* Ex-secretário da Receita Federal