Marília inicia último dia de campanha no Mercado de Afogados

Os candidatos da coligação Pernambuco na Veia ao Governo de Pernambuco e ao Senado, Marília Arraes e André de Paula, respectivamente, iniciaram este sábado, último dia da campanha eleitoral, com uma visita ao Mercado de Afogados.

“Essa energia para cima de hoje no Mercado de Afogados representa toda a construção que fizemos ao longo da campanha. Eu tenho certeza de que amanhã os pernambucanos vão dar uma resposta e acabar com um ciclo de poder que está destruindo a vida das pessoas”, afirma Marília. “Por onde passamos, a população grita de uma só voz ‘Marília governadora’. Tenho certeza de que ela vai vencer as eleições”, complementa André de Paula.

Camaragibe – No final da manhã, Marília participou de uma grande caminhada pelas ruas de Camaragibe, acompanhada de Maria Arraes, candidata a deputada federal, Jorge Alexandre, ex-prefeito do município, Délio Júnior, vice-prefeito, e de uma série de lideranças políticas da região.

O comediante Tom Cavalcante traz um pouco de humor nesta reta final do primeiro turno da eleição 2022. Clique aqui para assistir e se divertir com o humorista, que retratou como ninguém o último debate entre os presidenciáveis antes da votação, realizado na última quinta-feira, pela Rede Globo.

Na reta final da campanha e a um dia para o primeiro turno das eleições, os dois principais líderes das pesquisas de intenção de voto – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) – cumprem agendas, no mesmo horário, em São Paulo. Enquanto o petista participará de uma caminhada na manhã deste sábado, o chefe do Executivo se reunirá com motociclistas.

Os presidenciáveis vão encerrar a campanha eleitoral nos estados em que são mais conhecidos e apoiados pelo eleitorado. Os candidatos à Presidência da República apostarão em compromissos distintos, como motociata, carreata e caminhada. As informações são do Metrópoles.

Veja as agendas:

O ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, participa de uma caminhada em São Paulo, na véspera do pleito eleitoral. O ato “Caminhada pela Vitória” começa às 10h, no cruzamento da Paulista com a Rua Augusta. Esse será o último evento do petista antes do primeiro turno.

Já o seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PL), fará uma motociata, também às 10h, no Campo de Bagatelle (SP). Ele vai encerrar a campanha em Santa Catarina, onde se reunirá com motociclistas em Joinville, às 16h15.

De acordo com a agenda da campanha, Bolsonaro ainda fará uma live neste sábado, às 19h. O local onde ele estará, contudo, não foi divulgado.

Ciro Gomes (PDT) vai reforçar a presença no estado em que nasceu e foi governador, o Ceará. O pedetista participará de uma carreata ao lado do candidado a governador, Roberto Cláudio (PDT). A concentração será na Avenida Presidente Costa e Silva, às 15h.

O político cearense fecha a campanha no estado de origem, após afirmar se sentir “traído” por ex-aliados que lançaram candidatos concorrentes.

A candidata do MDB, Simone Tebet, decidiu encerrar os compromissos de campanha em São Paulo, onde passou a morar durante o período eleitoral. Ela terá um “grande encontro de encerramento” na Quadra da Caprichosos do Piqueri, ao lado do atual governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição.

Depois do evento, ela vai para Campo Grande (MS), estado onde nasceu. A campanha não divulgou a agenda da candidata no estado.

*Por J. R. Guzzo 

O diário The New York Times, que continua sendo considerado pelo mundo político, os “formadores de opinião” e o resto da elite como o genérico de “imprensa estrangeira” no Brasil, está se sentindo incomodado. Ninguém é mais igualitário, inclusivo, contra a direita e a favor de tudo o que há de mais politicamente correto neste mundo do que o NYT; quando se lembra de publicar alguma coisa sobre o Brasil é sempre citado como um farol da civilização, do “progressismo” e da virtude cívica em geral. Não dá para carimbar o que se publica ali, portanto, como coisa antidemocrática, golpista, bolsonarista ou associada a qualquer dos outros delitos que tanto afligem o STF e a esquerda nacional.

Pois então: é o NYT, em pessoa, quem acaba de suspeitar que o ministro Alexandre Moraes, com a sua agressão permanente e descontrolada às leis do país, é hoje uma ameaça à democracia no Brasil.

A suspeita vem embalada nos bons modos de uma pergunta cautelosa: estaria o ministro, para “defender à democracia”, passando dos “limites”? É uma cobrança que até agora não tinha sido feita por ninguém na imprensa iluminada do Primeiro Mundo — e um sinal de que a destruição do sistema legal brasileiro pelo STF foi enfim percebida por alguém fora do Brasil. Aqui dentro, naturalmente, já se sabe muito bem qual é a realidade.

Em primeiro lugar, Alexandre Moraes nunca fez nada para “defender a democracia” contra ameaças vindas do governo — faz exatamente o contrário, há mais de três anos. Não é possível fazer, até o momento, uma lista com atos concretos praticados contra a democracia pelo governo. O Executivo obedeceu a todas as decisões do STF e da justiça, cumpriu as leis aprovadas pelo Congresso, não prendeu ninguém, não censurou a imprensa, não bloqueou redes sociais, não congelou contas bancárias, nem “desmonetizou” nenhum cidadão brasileiro. Já o ministro, com o apoio integral do STF, fez tudo isso, e muito mais. Quem, então, ameaça a democracia?

O tribunal mais elevado da justiça brasileira, como talvez seja notado algum dia pela imprensa internacional (e até pela brasileira) criou uma ditadura inédita no Brasil – a ditadura do judiciário, baseada na submissão dos dois outros poderes, na eliminação dos direitos individuais e na polícia. Toda e qualquer decisão do Executivo ou do Legislativo, em qualquer nível, só vale se for aceita pelo STF; nem a Câmara de Vereadores de Curitiba pode cassar um dos seus membros, como a lei lhe assegura de forma indiscutível — um dos ministros não deixa, e pronto.

Qualquer cidadão pode ser preso por qualquer ministro, pelo resto da vida, e só tem o próprio STF para recorrer — preso, interrogado, submetido a invasões de sua residência pela Polícia Federal às 6 horas da manhã, proibido de se manifestar pela internet, multado com valores dementes, impedido de acessar sua própria conta no banco, ter o seu salário confiscado, ser punido por trocar mensagens no WhatsApp e mais tudo o que der na cabeça do STF. Nenhuma das decisões do tribunal, ao mesmo tempo, está sujeita a apreciação de ninguém.

Isso não é defesa da democracia. Não é um esforço bem-intencionado que passou do limite. Não tem nenhum propósito honesto. É uma ditadura, apenas — sem o uniforme oficial das ditaduras, como em Cuba, Venezuela, Nicarágua e por aí afora, mas ditadura do mesmo jeito, na qual o STF só não exerce os poderes que não quer exercer. É também uma facção política claramente declarada, que se tornou sócia do candidato da esquerda e exerce, aí, o duplo papel de servir a ele e servir-se dele. Até lá fora, ao que parece, já estão começando a perceber.

*Jornalista

Do Jornal O Poder

Em pesquisa do Instituto Opinião, contratada pelo Blog do Magno, divulgada hoje, o candidato Miguel Coelho confirmou a tendência de outras pesquisas: é o candidato a governador que mais cresce.

No levantamento do Opinião, o ex-prefeito de Petrolina saiu de 10,4% para 13,5%, empatado em segundo lugar com Raquel Lyra e Anderson Ferreira. A pesquisa ainda aponta Miguel com a menor rejeição, apenas 3% dos pernambucanos dizem não votar no sertanejo, enquanto 16,9% rejeitam Marília Arraes.

VOTO A VOTO

Nos últimos 10 dias, o candidato do União Brasil vem num crescimento gradual. Tanto no Ipec, quanto no Ipespe, e agora no Opinião, Miguel registrou a melhor evolução na intenção de votos e figura no segundo lugar.

Além de ter o maior crescimento e ser o menos rejeitado, o candidato é o único adversário a vencer Marília em uma região do estado. A candidata do Solidariedade lidera na Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão, mas perde por larga diferença no São Francisco. Nesta última microrregião, Miguel tem 67%, Marilia 11%, Anderson 6,9%, Danilo 6,1% e Raquel 2,3%.

SEGUNDO TURNO

Confiante no segundo turno, o ex-prefeito de Petrolina avalia que no dia da eleição seu nome irá crescer ainda mais e descolar dos adversários.

“Crescemos no momento certo. Enquanto os adversários estão estagnados ou caindo, nós não paramos de subir. A gente sabe que nossa campanha sempre foi a mais difícil, éramos os mais desconhecidos, da região mais distante, tudo era contra. Mas com humildade, trabalho e a confiança do povo estamos no segundo turno. Tenho certeza de que neste domingo a população vai apertar 44 com esperança e nos dará uma votação consagradora, provando de novo que, com fé em Deus, nossa vitória está por vir”, acredita Miguel.

Pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa MDA para a CNT (Confederação Nacional do Transporte), divulgada hoje, mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 48,3% dos votos válidos no 1º turno das eleições presidenciais deste domingo. Na sequência, vem o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 39,7%.

A pesquisa realizou 2.002 entrevistas de 28 a 30 de setembro de 2022. Está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-02944/2022. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. Custou R$ 168.000,00 e foi paga pela CNT. As informações são do Poder360.

Os chamados “votos válidos” são apenas os que são dados aos candidatos, ou seja, não são considerados os brancos e nulos. Para vencer no 1º turno, um candidato precisa ter, pelo menos, 50% mais 1 dos votos válidos.

Leia os resultados da pesquisa MDA/CNT:

  • Lula (PT): 48,3%;
  • Jair Bolsonaro (PL): 39,7%;
  • Ciro Gomes (PDT): 4,9%;
  • Simone Tebet (MDB): 4,7%;
  • Soraya Thronicke (União Brasil): 1,3%;
  • Felipe D’ávila (Novo): 0,4%;
  • Vera Lúcia (PSTU): 0,1%;
  • Padre Kelmon (PTB): 0,3%;
  • Sofia Manzano (PCB): 0,2%.
  • José Maria Eymael (DC) e Leonardo Péricles (UP) não pontuaram.

2º TURNO

Em um eventual 2º turno entre Lula e Bolsonaro, o petista seria eleito com 50,4% dos votos totais (incluem brancos e nulos). O chefe do Executivo teria 41,2%. Na pesquisa anterior, Lula tinha 49,4% contra 39,3% de Bolsonaro.

O instituto também testou um cenário entre Lula e Ciro. Nele, o petista venceria por 48,6% a 32,0%. No levantamento anterior, o petista aparecia com 47,5% contra 30,9% do petedista.

Já em um 2º turno entre Ciro e Bolsonaro, o ex-governador do Ceará teria 40,4%. Bolsonaro, 41%. Na última pesquisa, os percentuais eram: 41,9% de Ciro contra 40,1% do presidente.

A um dia da eleição, a candidata do PT, Teresa Leitão, mantém sua trajetória de crescimento na disputa pelo Senado em Pernambuco. Em sondagem realizada pelo Instituto Opinião para este blog, Teresa saiu de 28,6% para 32,2%. Assim como Teresa, o candidato do PL, Gilson Machado, também ampliou o percentual de votos em relação à última sondagem. Saiu de 9,7% para 13,2%. Já André de Paula, do PSD, praticamente não cresceu. Obteve, neste levantamento, 7,4% da intenção de votos, contra 7,0% da pesquisa anterior. Colado a André de Paula, aparece o candidato do PSDB, Guilherme Coelho, que oscilou negativamente de 7,4%, para 7,2%. Carlos Andrade, candidato pelo União Brasil, saiu de 1,5% para 2,0%.

Foram citados ainda Esteves Jacinto (PRTB), com 1,7% das intenções de voto, Roberta Rita (PCO), com 0,9%, Dayse Medeiros (PSTU), com 0,6%, e Eugênia Lima (Psol), com 0,4%. Brancos e nulos somam 13,0% e indecisos chegam a 21,4%.

Na espontânea, modelo pelo qual o eleitor é obrigado a citar o nome do candidato preferido sem o auxílio do disquete contendo todos os nomes, Teresa lidera com 18,2%, seguida de Gilson (9,9%), André de Paula (3,0%), Guilherme Coelho (2,7%), Carlos Andrade (1,3%).

Quanto à rejeição, Teresa também lidera. Entre os entrevistados, 13,7% disseram que não votariam nela de jeito nenhum, seguida de André de Paula (6,9%), Gilson Machado (6,3%), Guilherme Coelho (3,3%), Esteves Jacinto (2,1%), Roberta Rita (2,0%), Carlos Andrade Lima (1,9%), Dayse Medeiros (1,6%) e Eugênia Lima (1,4%). Ainda segundo o Opinião, 10,6% rejeitam todos os candidatos e 50,2% não rejeitam nenhum deles.

A pesquisa foi a campo entre os dias 26 e 28 de setembro, sendo aplicados dois mil questionários em 80 municípios de todas as regiões do Estado. O intervalo de confiança estimado é de 95,0% e a margem de erro máxima estimada é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. A modalidade de pesquisa adotada envolveu a técnica de Survey, que consiste na aplicação de questionários estruturados e padronizados a uma amostra representativa do universo de investigação. O registro na justiça eleitoral é o de número PE-04785/2022.

ESTRATIFICAÇÃO POR REGIÃO

Teresa Leitão aparece assim: Metropolitana (15,8%), Zona da Mata (9,1%), Agreste (13,7%), Sertão (12,3%), São Francisco (12,2%). Gilson Machado, por sua vez, está assim: Metropolitana (6,1%), Zona da Mata (7,0%), Agreste (5,8%), Sertão (6,2%) e São Francisco (7,6%). Guilherme Coelho: Metropolitana (4,3%), Zona da Mata (1,7%), Agreste (1,6%), Sertão (2,2%) e São Francisco (9,2%). André de Paula: Metropolitana (8,7%), Zona da Mata (4,7%), Agreste (4,0%), Sertão (7,0%) e São Francisco (11,5%).

Urna voto

Pesquisa Datafolha divulgada ontem, encomendada pela Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo”, aponta que 35% dos eleitores se sentiram menos à vontade para declarar seu voto para presidente para outras pessoas nos últimos meses. Há mais constrangimento na declaração de voto entre mulheres (38%) que entre homens (32%).

Entre eleitores do ex-presidente Lula (PT), 40% se sentem menos à vontade para declarar o voto, índice similar aos registrados entre eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) – ambos com 41%. Já entre os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), o índice é mais baixo: 27%. As informações são do G1.

Esta é a primeira vez que o Datafolha mediu este indicador. A pesquisa ouviu 6.800 pessoas, entre 27 e 29 de setembro, em 332 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada no TSE com o nº BR-09479/2022.

Ameaças e discussões por motivos políticos

A pesquisa também aponta que 46% dos eleitores brasileiros declaram ter deixado de conversar sobre política com amigos ou familiares a fim de evitar discussões – índice similar ao registrado no final de julho, de 49%. Entre as mulheres, o índice é de 50%, e entre os homens, de 41%.

Questionados se já foram ameaçados verbalmente por causa de suas posições políticas, 14% disseram que sim. Entre eleitores de Lula, 16% já sofreram agressões verbais por causa de suas posições políticas, ante 12% no eleitorado de Bolsonaro, 12% entre quem vota em Ciro e 10% entre eleitores de Tebet.

Há ainda 5% que declaram já ter sofrido ameaças de agressões físicas por causa de seus posicionamentos.

A pesquisa também questionou em quais locais ou situações as pessoas acreditam que podem ter mais problemas ao falar sobre preferências políticas ou ao revelar em quem vão votar para presidente. Veja:

  • Em um local público com pessoas que não conhece (34%);
  • No trabalho (26%);
  • Com a família (21%);
  • Com amigos ou colegas (21%);
  • Na igreja ou culto (16%);
  • Na escola ou faculdade (9%);
  • Respondendo pesquisa de opinião pública (1%);
  • Nenhum desses lugares ou situações (14%);
  • Não sabe (3%).

Voto na família

A pesquisa ainda aponta que 43% dos eleitores votarão da mesma forma que a maioria das pessoas da família. Já em 23% dos casos, todos irão escolher o mesmo candidato no próximo domingo (2). Há 15% que serão minoria entre os membros da família na escolha do voto para presidente, e um em cada 10 eleitores (10%) diz que ninguém da família irá votar no mesmo candidato que ele.

Entre os eleitores mais jovens, 34% dizem que sua posição de voto é minoritária ou totalmente isolada dentro da família, índice que também fica acima da média na região Centro-Oeste (31%).

Na parcela que declara voto em Ciro Gomes, 63% dizem que sua escolha é minoritária ou totalmente isolada da família, no mesmo patamar dos eleitores de Tebet (59%). Entre eleitores de Lula e Bolsonaro, esses índices são mais baixos (19% e 18%, respectivamente).

Chamou atenção, hoje, as manchetes dos principais jornais que circulam pelo País.

A um dia da Eleição, trazem um cenário completamente fora do contexto do primeiro turno das eleições.

A folha de S.Paulo, por exemplo, deu manchete sobre a guerra da Ucrânia, uma clara demonstração de que assim como os demais veículos de comunicação, o melhor é ter cautela antes de arriscar qualquer palpite baseado nas últimas pesquisas de intenção de votos sobre o resultado das urnas, amanhã.

*Por Marcelo Tognozzi

O mundo já passou por várias eras de intolerância. No século 18, Voltaire combateu a intolerância, especialmente a religiosa, num tempo em que a Igreja mandava nos costumes da Europa. Na França daquela época, o catolicismo era uma obrigação. Um dia Voltaire foi conhecer a Inglaterra e não escondeu a alegria ao descobrir que ali os homens eram livres para escolher o caminho que os levaria a Deus.

A intolerância e o ódio são irmãos siameses. Eles têm frequentado nossas eleições neste século 21 e na deste domingo (2.out.2022) não será diferente. Serão 150 e tantos milhões de eleitores indo votar contra. O último debate da Rede Globo foi a síntese desta eleição. Um debate revelador. Cercado, viraria hospício. Coberto, circo. Na sociedade do espetáculo, nada mais normal do que a loucura de mãos dadas com o entretenimento.

O padre Kelmon, saído da cartola do ex-deputado Roberto Jefferson, virou a estrela do debate. Desde 1982 acompanho o desempenho de Lula em confrontos eleitorais. Nunca tinha visto o ex-presidente perder o rebolado com as provocações de alguém, cuja única e exclusiva missão era tirá-lo do sério. Lula pisou na casca de banana, derrapou e caiu na arapuca. Com a alma repleta de certeza e desprezo pelo padre, decretou estar eleito, voltaria a ser presidente da República.

Não tenho a menor ideia do que colocaram na água do Bolsonaro, mas o presidente estava uma seda para os seus padrões. Rolou até um olhar doce para Ciro Gomes. Bolsonaro esbravejou, pediu direito de resposta, bateu duro em Lula, levou de volta, mas era um homem completamente diferente daquele da live de 3ª feira (27.set.2022). Naquele dia, Bolsonaro era o retrato da fera ferida. Camisa amarela com uma mancha na manga esquerda, desgrenhado, se coçando e visivelmente abatido pela decisão do ministro Alexandre de Moraes autorizando um baculejo no seu ajudante de ordens. Uma pressão gigante.

O padre Kelmon é um personagem que apareceu do nada, desconhecido. Simone, Soraya e Lula questionaram, disseram que ele não era padre de verdade. “Padre de Festa Junina”, decretou Soraya. Ora, ora, o padre estava na Globo, foi aceito pela Globo, apareceu lá de batina, crucifixo dependurado no peito. Se achavam que ele não era padre, por que o chamavam de padre? Que o chamassem pelo nome: candidato Kelmon.

O caso do padre lembrou a esquerda, em 2016, dizendo que Dilma fora vítima de um golpe. Se foi golpe mesmo, então por que participaram da votação dando legitimidade ao processo de impeachment? Por que não abandonaram o plenário e denunciaram o golpe? Mas ficaram ali, votaram e legitimaram, igualzinho aos candidatos do debate da Globo chamando de padre alguém que eles não acreditavam ser padre de verdade. Vai entender…

Toda vez que, por dever de ofício, tenho de assistir entrevista de candidato ou debate na Globo, tomo antes um Omeprazol. Dá azia assistir ao show de arrogância, soberba e pedantismo do Bonner. Desta vez tudo foi diferente graças ao padre. Ele transformou um debate programado para ser enfadonho num espetáculo. Padre de uma igreja peruana, dios mio! Ele conseguiu desestabilizar Lula, Soraya e Simone. Ciro levou o padre de boa, entendeu o jogo e jogou. Viu o circo pegar fogo e deu risada. Já não tinha mais nada a perder, que perdessem os outros.

O debate da Globo acabou se transformando numa síntese desta eleição da raiva. O avesso daquele poema de Carlos Drummond de Andrade chamado “Quadrilha”. Bolsonaro odiava Lula, que odiava Felipe, que odiava Soraya, que odiava Ciro, que odiava Simone, que não odiava ninguém. Felipe foi para os Estados Unidos, Simone para o convento, Ciro morreu de desastre, Soraya ficou para tia e Bolsonaro casou com o padre Kelmon, que só entrou para a história na última hora.

Neste domingo (2.out.2022) não votaremos por propostas, por sonhos ou utopias. Sairemos de casa para votar contra, porque votar a favor está fora de moda num mundo comandado pelas guerras de narrativas, ódio do bem e ódio do mal, estas barbaridades. Ciro Gomes anotou muito bem o absurdo de uma polarização capaz de juntar do mesmo lado os baianos Caetano Veloso e Geddel Vieira Lima, o homem de R$ 50 milhões. E, de outro, Damares Alves com os jogadores Felipe Melo, Renato Gaúcho e Neymar. Parodiando Descartes, é a eleição do voto, logo odeio.

Voltaire, filósofo combatente da intolerância, morreu em 1778, pouco antes da Revolução Francesa de 1789. Passados 13 anos da sua morte, em plena era do terror, cabeças rolando a rodo e carrascos fazendo hora extra, Voltaire foi homenageado com um túmulo no Panteão de Paris, última morada dos heróis da pátria. Virou um dos símbolos de um governo que deu a Declaração dos Direitos do Homem com uma mão e, com a outra, a guilhotina. Um tempo onde ninguém estava livre para escolher o caminho que levaria a Deus ou ao inferno.

*Jornalista