Por Antonio Magalhães*
Nada é como parece ser. A expulsão do coronel Ricardo Sant’Anna da comissão de transparência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo presidente Edson Fachin, ratificada pelo ministro Alexandre de Moraes, que vai presidir a Corte nas eleições deste ano, pouco tem a ver com os comentários risíveis do militar nas redes sociais sobre as questionáveis urnas eletrônicas e o sistema eleitoral do país.
O motivo que levou ao descredenciamento do coronel, especialista em guerra cibernética do Exército, passa mais pelo temor da descoberta das fragilidades do sistema de informática das eleições do que mesmo pelas mensagens de Sant’Anna de apoio ao presidente Bolsonaro.
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Como bem alertou a nota oficial da Arma divulgada ontem, outros integrantes da comissão, como os Juristas pela Democracia, já vêm se posicionando há bastante tempo em favor do candidato Lula, do PT. Como também é o caso da senadora Eliziane Gama, que representa o Senado, que atua explicitamente como apologista do petista.
Isso, para não falar do “rigor” que tanto Fachin como Moraes vêm mostrando nas ações e entrevistas tendenciosas contra Bolsonaro e em favor do seu adversário. O Exército, que não vai substituir o coronel, não gostou da iniciativa do presidente do TSE que se baseou em noticiário da imprensa para divulgar uma nota dura, bem crítica, num recado direto à participação das Forças Armadas no processo de fiscalização eleitoral. Eles esqueceram que os militares só integraram a comissão do TSE por convite do presidente anterior.
Os supremos togados arrependidos do convite não se deram conta que os militares estão muito mais preparados para atuar no combate à possível fraude nas urnas e na apuração dos votos do que quaisquer outras organizações integrantes da comissão de transparência eleitoral.
Inadvertidamente para o bem da Nação, o TSE não tomou conhecimento prévio que a startup israelense CySource, especializada em segurança cibernética, vem desde abril passado dando suporte e capacitando as Forças Armadas no combate ao cibercrime.
Os treinamentos conduzidos pelos israelenses envolvem temas como análise de malware, fundamentos de rede, respostas a incidentes cibernéticos, red team, perícia forense digital e testes de intrusão a sistemas críticos.
O acordo de cooperação entre a CySource e o Exército – tido como um risco para as eleições de outubro pelo procurador do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, um inimigo do presidente Bolsonaro – foi acatado sem problemas pelos conselheiros do TCU, que não viram qualquer ilegalidade.
A CySource foi fundada por veteranos das forças de defesa militar de Israel. Após anos atuando com segurança cibernética para organizações militares, a empresa afirma contar com “a melhor plataforma de educação e treinamento em segurança cibernética baseada em Inteligência Artificial do mundo”.
O diretor executivo da CySource, Amir Bar-El, assim como os outros fundadores da empresa, tem experiência no setor de defesa israelense. Ele atuou nas unidades de inteligência do Mossad, serviço secreto de Israel. Depois, fez carreira na iniciativa privada.
“Ao longo dos últimos anos estabelecemos academias de segurança cibernética para diversas organizações militares e unidades de segurança em todo o mundo, o que nos permitiu consolidar conhecimento estratégico na defesa cibernética”, afirmou Bar-EI no comunicado da parceria com o Exército Brasileiro, divulgado pelo site esquerdista Brasil de Fato.
No entender dos supremos togados do TSE, todo este aparato de cibersegurança é dispensável. As nossas urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro são imunes a qualquer fraude ou ataque de hackers, acreditam os ministros, enquanto outros brasileiros não vão nesta conversa. Nada é como parece ser. É isso.
*Jornalista
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