Professor efetivo da UFPE é destaque em encontro sobre Bioética e Experimentação Animal em São Luís

O Professor efetivo da UFPE, Carlos Augusto Carvalho de Vasconcelos, foi presença marcante durante a realização do XVI FeSBE Regional e IV Simpósio Nacional de Bioética e Experimentação Animal. No evento, que aconteceu no início deste mês, na Universidade CEUMA, em São Luiz do Maranhão, o professor foi o coordenador responsável pelo curso denominado: Modelos em Neurociência Clínica e Experimental, bem como proferiu a conferência no módulo temático intitulada de Neurociências e Nutrição: Última fronteira: O futuro começa agora. “O evento foi espetacular, reunindo estudantes e docentes das mais diversas regiões do Brasil, bem outros profissionais nordestinos. Cabe salientar que a presença da UFPE no evento foi massiva”, afirmou o professor, ressaltando que a imagem registra um momento único pós-pandêmico, com desafios ainda a serem quebrados.

Devoto de Joaquim Nabuco

Capítulo 8 

Mais importante e mais popular dos abolicionistas brasileiros, o pernambucano Joaquim Nabuco interrompeu seus estudos jurídicos no Rio de Janeiro, onde já morava desde adolescente, veio para o Recife em 1869 e colou grau na histórica Faculdade de Direito do Recife, em 1870. Nessa época, defendeu um escravo que, embora condenado à prisão perpétua, escapou da pena de morte.

Na luta pela abolição, em 1880, transformou sua casa, na praia do Flamengo, no Rio, em uma Sociedade Contra a Escravidão. Foi responsável por uma série de medidas que visavam à extinção gradual da escravidão no Brasil. Já como deputado federal eleito por Pernambuco, em 1887, em discurso na Câmara, condenou a utilização do Exército na perseguição aos escravos fujões. 

Na luta pelo projeto abolicionista, Nabuco encaminhou as medidas de urgência ao Congresso. No dia 13 de maio de 1888, após a queda do gabinete do conservador Barão de Cotegipe, sendo sucedido por João Alfredo, a Lei Áurea foi assinada. Na sua obra mais importante, O Abolicionismo, em 1883, Nabuco foi fundo na influência da escravidão na sociedade brasileira.

A obra chamou atenção para a inexistência de um verdadeiro liberalismo no Brasil e para a necessidade de se resolver o problema da profunda e injusta divisão social originária da escravidão. Em 1906, na volta ao Brasil, depois de nomeado o primeiro embaixador brasileiro em Washington, Joaquim Nabuco foi recebido festivamente no Recife. Foi uma consagração popular. 

No Teatro Santa Isabel, onde tantas vezes falara, apinhado de fãs e seguidores, pronunciou a frase que hoje figura inscrita em pedra, numa das paredes da plateia: “Aqui, nós ganhamos a causa da Abolição”. Joaquim Nabuco faleceu em Washington em 1910. Seu corpo foi transportado para o Recife, onde foi enterrado. Em 1949, foi criada a Fundação Joaquim Nabuco, com o objetivo de preservar o legado histórico do grande abolicionista.

O Engenho Massangana, onde Nabuco viveu entre 1849 e 1857, virou um museu, com a casa grande, a senzala e a igrejinha de São Mateus, onde foi batizado. No seu livro “Minha Formação”, Nabuco relembra sua infância no engenho: “Os primeiros oito anos da vida foram assim, em certo sentido, os de minha formação instintiva, ou moral, definitiva… Passei esse período inicial, tão remoto e tão presente, em um engenho em Pernambuco, minha província natal”. 

E completou: “A terra era uma das mais vastas e pitorescas da zona do Cabo… Nunca se me retira da vista esse pano de fundo da minha primeira existência… A população do pequeno domínio, inteiramente fechado a qualquer ingerência de fora, como todos os outros feudos da escravidão, compunha-se de escravos, distribuídos pelos compartimentos da senzala, o grande pombal negro ao lado da casa de morada, e de rendeiros, ligados ao proprietário pelo benefício da casa de barro, que os agasalhava, ou da pequena cultura que lhes consentia em suas terras”.

“Joaquim Nabuco foi a maior referência em minha vida. A grandeza dos seus textos, sua perenidade e o alcance moral de seus ensinamentos fizeram dele, mais que um autor, um mestre, vocacionado não para ensinar, mas para educar”, escreveu Marco Maciel em um artigo no Diario de Pernambuco há mais de 20 anos. Estudante de Direito, ingressou no Movimento Estudantil inspirado em Nabuco. Maciel tinha na vida de Nabuco a bússola da sua própria vida.

Já como senador da República, Marco Maciel apresentou o projeto que instituiu o ano de 2010 como o Ano Nacional Joaquim Nabuco. “Nabuco, além de abolicionista, defendia a necessidade da instrução política, antevendo que não bastava dar liberdade aos escravos, mas também educação, como forma de garantir sua soberania.

Entre outros pontos, destacou que antes da assinatura da Lei Áurea, em 1888, Joaquim Nabuco afirmou que o fim da escravidão significaria a igualdade civil de todas as classes e, portanto, uma reforma social; significaria o trabalho livre e, assim, uma reforma econômica, além de, no futuro, uma reforma agrária, assim como uma reforma moral de primeira ordem.

Marco Maciel leu todos os livros de Joaquim Nabuco e sabia trechos de cor e salteado de três dos mais importantes: Minha Formação, O Abolicionismo e o Estadista do Império. A paixão que movia ele pela obra de Nabuco era os temas abordados, com ênfase para as questões institucionais. De tão ligado ao abolicionista, Maciel chegou a escrever até sobre um dos livros menos conhecido da obra Nabuco: Balmaceda.

O livro é produto dos artigos por ele publicados no Jornal do Commercio do Rio, ao comentar a obra do escritor chileno Júlio Bañados Espinosa, intitulada “Balmaceda, seu Governo e a Revolução de 1891”. A obra do autor chileno foi elaborada em defesa do presidente José Manuel Balmaceda, que, em seu conflito com o Parlamento, levou o país à guerra civil e o então ex-presidente, depois de deposto e asilado na Embaixada Argentina em Santiago, cometeu suicídio no último dia do seu mandato. 

“Este livro apresenta uma síntese das preocupações de Nabuco, quase uma antevisão sobre o destino e os riscos que poderiam ocorrer no Brasil sobre a República então recém-proclamada”, escreveu Maciel. Nos longos voos, para matar o tempo, Maciel relia Nabuco e incitava sua leitura. Tinha na cabeça frases antológicas do abolicionista, como “O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade”.

E outras, maravilhosas, como a “A oposição será sempre popular; é o prato servido à multidão que não logra participar de banquete”. E também: “A consciência é o último ramo da alma que floresce; só dá frutos tardios”. 

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