Qual outro hospital já embolsou R$ 60 milhões?
Em primeira mão, antecipei, ontem, depois de já ter revelado uma liberação anterior de R$ 43 milhões, a assinatura de um convênio no valor de R$ 17 milhões para a Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Garanhuns, de propriedade da família do marido da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania), com quem Raquel Lyra governa o Estado a quatro mãos.
Com este valor, via convênio com a Secretaria estadual de Saúde para ampliação do número de leitos de UTI adulto e pediátrico da unidade hospitalar, Jorge Branco, esposo de Priscila, um dos herdeiros de José Tinoco, dono da Casa de Saúde, contabiliza R$ 60 milhões em repasses dos cofres estaduais em menos de um ano e meio de gestão da tucana.
Leia maisNão se trata apenas de um privilégio, mas de um escândalo se olhado sobre o viés do abandono de hospitais públicos, como o Regional de Garanhuns, onde falta de tudo, e de uma dezena de unidades de saúde conveniadas ao Sassepe, igualmente ao prestigiado Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que não recebem o dinheiro devido do Estado para o atendimento de pacientes servidores estaduais pelo plano Sassepe.
Um médico, dono de hospital, me revelou que o Estado deve a ele uma bolada: R$ 15 milhões. Com um agravante: diferente do tratamento vip dado ao hospital da família do marido de Priscila, ele não recebe sequer nem uma satisfação quanto a uma proposta de pagamento dividida. São dois pesos e duas medidas. Pelo visto, um bom negócio em Pernambuco é ser amigo do rei.
Aliás, da rainha. Da rainha única, não; das duas rainhas, que parecem governar o Estado como comadres. A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas públicas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Isso é constitucional.
Só Raquel não enxerga assim, porque faz um governo de comadres com a sua vice Priscila Krause.
Oposição reage – Um passarinho soprou, ontem, ao meu ouvido, que a oposição vai encaminhar um pedido de informações à governadora Raquel Lyra sobre o tratamento privilegiado que o hospital da família do marido da vice-governadora Priscila Krause está recebendo. Os deputados oposicionistas são como a justiça brasileira: tardam, mas não falham. Isso já era para ter sido feito desde o momento que revelei neste espaço os primeiros R$ 43 milhões repassados ao hospital da família Tinoco.
Aragão sem adversário – Santa Cruz do Capibaribe, principal centro têxtil do Agreste pernambucano, tende a ter uma eleição bem diferente das últimas, extremamente acirradas. Conforme pesquisa do Opinião, postada acima com exclusividade por este blog, o prefeito Fábio Aragão (PSD) nada de braçada. Se a eleição fosse hoje, ele teria 62% dos votos, Alessandra Vieira (UB) 12,8% e Valmir Ribeiro (PP) 6,3%. Na espontânea, ele tem 52% e Alessandra 6,5%.
Gestão bem avaliada – Também pudera: a aprovação do prefeito de Santa Cruz do Capibaribe bate os 80%. Ele bate de longe Lula e Raquel em popularidade, que, aliás, andam muito mal em avaliação na chamada capital da sulanca. Enquanto o petista detém uma desaprovação de 47,3% ante uma aprovação de 44,3%, Raquel é desaprovada por 44% e aprovada por 39%. Por enquanto, quem está em perfeita sintonia com o povo é Fábio Aragão.
Na pressão por aumento – No segundo Dia do Trabalho do terceiro mandato de Lula (PT), comemorado ontem no 1 de maio, servidores do Executivo federal intensificaram as cobranças por reajuste salarial ainda em 2024. Em abril, para aplacar os movimentos grevistas, o governo assinou o reajuste nos benefícios (auxílio-alimentação, auxílio-saúde e assistência pré-escolar) a partir de maio, com pagamento retroativo em junho. Mais de 83% das entidades representativas dos servidores públicos federais concordaram com a assinatura do acordo.
Henry no pincel – Depois de mais de um mês de levar o MDB para o palanque da reeleição de João Campos (PSB) no Recife, o presidente estadual da legenda, Raul Henry, foi retaliado pela governadora Raquel Lyra, que passou a caneta vermelha no presidente da Junta Comercial, Gabriel Cavalcanti, unha e carne com o dirigente emedebista. O aliado estava no cargo desde março do ano passado. A tucana partiu para o tudo ou nada, mas pode perder a disputa com a Alepe pelo projeto das faixas salariais em votação no plenário da Casa na próxima terça-feira.
CURTAS
SEM PRESTÍGIO – Integrantes do Palácio do Planalto procuraram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), após Lula preterir um candidato apoiado pelo deputado para uma vaga no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Na terça-feira passada, Lula decidiu nomear o advogado mineiro Antonio Fabrício de Matos Gonçalves como ministro do TST. Com a decisão, o petista preteriu o alagoano Adriano Avelino, nome apoiado por Lira para a vaga.
SUSPENSÃO 1– O Ministério Público Federal (MPF) moveu uma ação na Justiça na qual pede a suspensão de todos os acordos feitos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com entidades que cobram mensalidades associativas diretamente na folha de pagamento dos aposentados e que o órgão federal seja condenado a indenizar cada segurado que sofreu desconto indevido — sem autorização por escrito — em suas aposentadorias.
SUSPENSÃO 2 – Dados obtidos com exclusividade pelo site Metrópoles mostram que existem hoje 29 associações autorizadas pelo INSS a praticar “desconto de mensalidade associativa” nos benefícios de aposentadoria e pensão, por meio de acordos de cooperação técnica. No início do ano passado, eram 21 entidades aptas a aplicar a contribuição em troca de supostos serviços oferecidos aos associados, como assistência em saúde.
Perguntar não ofende: Quem vai dançar na próxima canetada da governadora?
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