Marília Dantas a um passo da vice
Da mesma forma que Eduardo Campos recorreu a um técnico nas eleições de 2012, no Recife, convocando Geraldo Júlio, egresso do Tribunal de Contas do Estado, para disputar a Prefeitura, e em 2014, na sucessão estadual, escolhendo Paulo Câmara, também servidor concursado do TCE, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), herdeiro político do pai, está, em silêncio, maturando também o nome de uma técnica para fechar a sua chapa como vice.
Cotadíssima, Marília Dantas é uma jovem engenheira, que toca um orçamento anual de R$ 1 bilhão na Secretaria de Infraestrutura da Prefeitura do Recife. Não é recifense, mas vem de um berço histórico de lutas, da localidade de Tejucupapo, em Goiana, na Zona da Mata, onde ocorreu uma batalha histórica envolvendo quatro mulheres, que resistiram à invasão holandesa com paus, pedras e outros instrumentos rudimentares.
Leia maisAs quatro Marias (Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Maria Joaquina), se transformaram nas heroínas de Tejucupapo. A batalha se deu em 24 de abril de 1646, quando poucos homens estavam no local. Se tiver o sangue de luta e resistência dessas heroínas conterrâneas, Marília Dantas com certeza tende a levar vantagem nessa briga surda pela vice de João, desencadeada pelo PT, que a todo custo quer a vaga.
João Campos conheceu Dantas por uma indicação do engenheiro Roberto Gusmão, ex-secretário de Infraestrutura na gestão Geraldo Julio, que começou na vida pública pelas mãos do ex-governador Miguel Arraes. À frente da mesma pasta, a afilhada de Gusmão é a executora das principais obras da gestão municipal. Antes de passar pelo teste das urnas na reeleição em outubro, o prefeito deve entregar duas obras simbólicas que vêm sendo tocadas por ela – as pontes da Iputinga ao bairro de Monteiro, ao custo de R$ 48 milhões, e a ponte ligando a Avenida Recife ao bairro da Lagoa do Araçá, orçada em R$ 90 milhões.
A alternativa Marília Dantas na vice vai gerar uma tensão natural do prefeito com o PT, mas resolve, definitivamente, o que ele imagina para um cenário confortável, caso em 2026 venha a disputar o Governo do Estado: passar a Prefeitura, caso reeleito, para uma pessoa da sua extrema confiança, que possa dar continuidade ao seu projeto para o Recife.
Marília Dantas ainda não é filiada a nenhum partido político, mas deve assinar a ficha do PSB até a próxima sexta-feira, quando vence o prazo para filiações e troca de partido. Isso se dará, entretanto, na surdina, sem atos ou comemorações, para não dar o indicativo de que ela será de fato a ungida para fechar a chapa.
Resistência petista – Caso Marília Dantas venha a ser vice, João fechará uma chapa puro sangue socialista para disputar a reeleição. Resta saber, no entanto, como resolverá a resistência da parte do PT, que, de forma inadvertida, chegou a colocar a questão da composição da chapa como algo imprescindível para continuar na aliança com o PSB, inclusive provocando uma disputa interna entre filiados ao partido, a exemplo do deputado federal Carlos Veras e o ex-vereador recifense Mozart Sales, hoje atuando no Ministério da Saúde.
Rifada, Isabella faz mistério – Atual vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, presidente municipal do PDT, deu, ontem, uma entrevista à Folha de Pernambuco, mas ainda num tom de mistério em relação à posição que tomará – ela e o seu partido – nas eleições na capital. “Toda essa construção será feita pelo diretório do Recife com autonomia, diálogo e em consonância com a executiva nacional”, disse. Em tempo: Isabela e seu partido até o momento não engoliram a decisão do prefeito de entregar a vice, na disputa pela reeleição, a um outro quadro político. E por isso, tanto ela como o PDT podem se aliar a Daniel Coelho, candidato da governadora Raquel Lyra.
Daniel a caminho do PSD – Até a próxima sexta-feira, prazo final para o troca-troca partidário, o pré-candidato chapa branca estadual à Prefeitura do Recife, Daniel Coelho, atualmente filiado ao Cidadania, deve bater o martelo em relação ao seu futuro partidário, ingressando, provavelmente, no PSD, partido no Estado liderado pelo ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula. Daniel chegou a cogitar o MDB, mas com a queda de braço perdida pela governadora pelo controle da legenda, frente ao prefeito João Campos, ficou sem essa alternativa.
União joga a tolha… – Lideranças do União Brasil estão descrentes com a possibilidade de Sergio Moro (União-PR), alvo de duas ações pedindo a cassação de seu mandato de senador, escapar de uma punição severa da Justiça Eleitoral. Nas apostas de caciques do partido, Moro está diante de uma situação “irreversível”. A previsão é de que ele não apenas perderá seu mandato, como ainda deverá ficar inelegível pelos próximos oito anos, até 2032. No julgamento, há algumas possibilidades para o futuro de Moro. Ele pode, por exemplo, ter o mandato cassado e não ficar inelegível. Algo que lideranças do União não acreditam que aconteça.
Mas relator surpreende – Ao contrário do que se esperava, o relator das ações contra Sérgio Moro (União-PR) no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Luciano Carrasco Falavinha, votou contra a cassação e inelegibilidade do senador, ontem, no primeiro dia de julgamento de duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) contra Moro por abuso de poder econômico, uso indevido de meios de comunicação ao longo da campanha eleitoral de 2022 e caixa dois. Considerou que não ficaram comprovadas irregularidades praticadas por Moro na pré-campanha ou na campanha para as Eleições 2022.
CURTAS
DIVISÃO EM SÃO JOSÉ – Em São José do Egito, o ex-prefeito Romério Guimarães (PT) reafirmou, ontem, que manterá sua pré-candidatura a prefeito, um dia após o ex-deputado José Marcos aceitar ser o vice na chapa do empresário Fredson Brito (PV) Ao dividir a oposição, Guimarães beneficia o candidato oficial, ainda não anunciado pelo prefeito Evandro Valadares (PSB).
EM BREJÃO – Em Brejão, o vice-prefeito Saulo Maruim, do PP, rompeu com a prefeita Beta Cadengue (PSB) e vai disputar a Prefeitura em faixa própria, com chances reais de ser eleito, segundo anunciou, ontem, o presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte.
BETÂNIA E IGUARACY – Já em Betânia, no Sertão, o PT aposta na candidatura a prefeito do empresário Heron Lima, recentemente filiado ao partido por influência do deputado federal Carlos Veras. Em Iguaracy, no Sertão do Pajeú, o ex-prefeito Albérico Rocha será o principal candidato da oposição.
Perguntar não ofende: Se Moro perder na justiça eleitoral do Paraná, reverte a decisão no TSE?
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