Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Em conversas reservadas, parlamentares da oposição reconheciam que foi um erro estratégico ter insistido em instalar a CPMI dos Atos Golpistas. No princípio, o governo também não queria a investigação. Caso a oposição não tivesse insistido e a CPMI não tivesse sido instalada, poderia ter alimentado o discurso de que o governo não quis investigar.
Instalada, a oposição viu-se em minoria. E incapaz de fazer prevalecer a sua tese inicial de que o governo teria sido omisso e permitido que os três prédios principais da República fossem invadidos e depredados. Ainda que possa argumentar que a investigação não se completou, que a CPMI não avançou, que personagens importantes não foram ouvidos, o fato é que a aprovação do relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) transformará a versão do governo na versão oficial.
Leia maisOs parlamentares, porém, esperam nesta quarta-feira (18) um dia de grande confusão. Ainda que não tenham número para aprovar um dos dois relatórios paralelos, que responsabilizam o governo, tentarão ao máximo atrapalhar a sessão. A sessão promete ser tensa.
Na avaliação da oposição, o que ficará da CPMI é uma guerra de narrativas. Eliziane não teria obtido provas concretas para responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas construiu nessa linha seu relatório, que acabará aprovado. Politicamente, será a versão que ficará.
Leia menos