Miguel Arraes era mito e com mito não se brinca. Mito é uma pessoa cujas ações estão além dos comuns mortais. Por trás da sua aparência carrancuda, se escondia um homem sagaz e bem humorado. O ex-governador tinha fair play. E usava nas horas certas. Era um gozador, em algumas ocasiões.
Ranilson Ramos, hoje presidente do Tribunal de Contas do Estado, sonhava acordado com a Secretaria de Agricultura no último Governo Arraes, de 1995 a 1999. Na montagem do Secretariado, seu nome virou arroz doce nas colunas de jornais. Era dado como certo para ocupar o cargo.
Leia maisToda vez que seu nome aparecia no noticiário, Ranilson, que caiu nas graças de Arraes, adentrava no gabinete do governador com trânsito livre, sem aviso prévio da secretária ou do chefe de gabinete da Excelência. E ficava batendo papo por horas com o chefe. Ninguém decifrava, aliás, o que Arraes queria dizer por parábolas melhor do que Ranilson.
Mas Ranilson queria ser secretário de Agricultura e caiu na besteira de perguntar ao governador se ele estava sabendo da sua alta cotação pelos jornais para a pasta agrícola.
Provou do veneno do bom humor sarcástico de Arraes, que olhou para ele e sapecou:
“O senhor não foi nomeado ainda porque seu nome só sai nos jornais errados. Não saiu ainda no jornal certo, o Diário Oficial”.
E deu uma sonora gargalhada, ouvida até nos jardins do Palácio do Campo das Princesas.
Leia menos