Por André de Paula*
Amigo Magno,
Acabei de ler seu livro e, de pronto, me veio à mente a importância de você tê-lo escrito. Estávamos mesmo precisando celebrar a memória do doutor Marco. E mais do que isso, precisávamos reviver, para revigorar, as tantas lições de inteligência política e de convicção republicana que ele nos legou.
Nas páginas de ‘O Estilo Marco Maciel’ me perdi em tantas lembranças daquele de quem fui amigo muito próximo e de quem tenho orgulho de poder chamar de mentor. Há passagens e mais passagens de Marco sendo Marco, como na palestra aos jovens do Paraná, organizada pelo também amigo querido Alceni Guerra.
Leia maisA paciência é uma virtude que todos nós, formados na escola macielista de política, aprendemos a cultivar desde as primeiras lições.
No caso do doutor Marco, nos lembra bem o seu livro, o exercício cotidiano e quase religioso da paciência lhe permitia uma convivência cortês com outro personagem indispensável daquela parte da história do nosso País– Antônio Carlos Magalhães, cuja personalidade política, em alguns momentos, era o exato oposto da cordialidade e da urbanidade.
Além desses preciosos contos do dia a dia de um político, o livro nos oferece detalhes de bastidores essenciais da Nova República, da qual ele foi um dos fundadores. É o caso da articulação para formação da chapa com que Tancredo foi ao Colégio Eleitoral, na saída do nosso País da ditadura. Sendo ele o preferido de Tancredo, quis a história que, estando ainda no PDS em frenética articulação pela formação da Frente Liberal, doutor Marco não pudesse integrar a chapa, dado que o partido tinha Paulo Maluf como candidato.
Assim, José Sarney foi inscrito como vice e herdou, num desses solavancos do destino, a tarefa de conduzir o País na transição democrática. Aliás, o depoimento do presidente Sarney nas últimas páginas do livro, assim como o do presidente Fernando Henrique Cardoso, me ensejaram uma reflexão sobre doutor Marco.
Ambos, Sarney e FHC, embora nonagenários, demonstram perfeita clarividência e memória intocável. Paradoxalmente, o nosso grande líder, que sempre se caracterizou por ter uma memória infalível, foi muito precocemente a perdendo por completo até sua morte.
De fato, amigo Magno Martins, quero lhe agradecer pela obra e dizer de público que lê-la é mais do que uma necessidade. É uma obrigação para todo aquele que queira entender como o nosso País saiu da ditadura para a democracia e como um homem público formado com os mais altos valores republicanos representou Pernambuco da melhor forma de que se tem notícia.
*Ministro da Pesca e Aquicultura
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