Analfabeto deve ter CNH? Ministro de Lula acha que sim
Está tramitando na Câmara dos Deputados um projeto de lei (o 2675/22) que propõe alterar o Código de Trânsito Brasileiro e assim garantir que analfabetos tirem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O autor da iniciativa legislativa é o deputado federal licenciado André de Paula (PSD-PE), hoje titular do Ministério da Pesca e Aquicultura. André de Paula concorreu ao Senado nas eleições de 2022, na chapa de Marília Arraes (Solidariedade), e ficou em terceiro na disputa. Teve apenas 12,7% dos votos. O deputado disse à Agência Câmara de Notícias que a regra atual – vetar o acesso de analfabetos à CNH – é inconstitucional. Para ele, a Constituição garante igualdade de tratamento para todos.
Atualmente, só pode obter o documento quem é penalmente imputável (tem mais de 18 anos), sabe ler e escrever e possui documento de identificação. “Se o mesmo [analfabeto] é cidadão para votar, para trabalhar, para casar e constituir família, e, como pedestre, para cumprir as normas de trânsito na travessia das ruas, deve também ter o direito de conduzir veículo automotor”, diz Paula.
Leia maisEle também rebate o argumento de que o motorista precisa saber ler os sinais de trânsito para dirigir com segurança. “Qualquer motorista cauteloso, mesmo analfabeto, entende a ordem contida em uma placa ‘Pare’ ou ‘Estacionamento Proibido’. A ordem ou comando normativo ali contido dispensa a linguagem escrita e sua respectiva leitura”, afirma André de Paula. O projeto será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Viação e Transportes; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).
Venda de SUVs: a moda se consolida – Quase 25% dos brasileiros que foram às concessionárias no ano passado comprar um carro levaram para casa um SUV (sigla para utilitário-esportivo). Foram 470 mil automóveis e comerciais leves emplacados, segundo dados da Fenabrave, a federação que agrega os revendedores – sendo ¼ de SUVs. O Chevrolet Tracker foi, pela primeira vez, o mais emplacado desse maior e mais competitivo segmento. O Tracker somou 70,8 mil emplacamentos no acumulado (+40%). É sua melhor marca histórica e o terceiro ano consecutivo de ascensão. Isso vem ocorrendo desde a chegada da nova geração do veículo, em 2020, quando passou a ter também maior disponibilidade, com o início da produção local. Recentemente o modelo atingiu a marca de 250 mil unidades feitas no Brasil O Tracker teve nota máxima em segurança pelo Latin NCAP.
Com a ascensão do Tracker, vieram as naturais e festejadas mudanças de posição. Mas a Jeep conquistou a liderança de SUVs no geral – e pelo sétimo ano consecutivo. A marca emplacou 137.444 veículos em 2022, o equivalente a 20% das vendas e 7% de participação de mercado entre todos os veículos vendidos no Brasil. Mas perdeu mercado nos compactos: o Jeep Renegade deixou de ser líder e vendeu 51.399 unidades – perdendo para o T-Cross, da Volkswagen, e para o Hyundai Creta. Já o médio Compass (63.564) foi bem, superando o Toyota Corolla Cross (42.506 ) e o VW Taos, lá embaixo, com 11.737.
Os 15 SUVs mais vendidos
- 1°) Chevrolet Tracker – 70.806
- 2°) Volkswagen T-Cross – 65.341
- 3°) Jeep Compass – 63.564
- 4°) Hyundai Creta – 62.651
- 5°) Jeep Renegade – 51.398
- 6°) Fiat Pulse – 50.522
- 7°) Toyota Corolla Cross – 42.506
- 8°) Volkswagen Nivus – 39.463
- 9°) Nissan Kicks – 38.983
- 10°) Renault Duster – 22.690
- 11°) Jeep Commander – 22.355
- 12°) Honda HR-V – 15.404
- 13°) Toyota SW4 – 13.718
- 14°) Volkswagen Taos – 11.737
- 15°) Caoa Chery Tiggo 8 – 10.439
SUVs grandes – O Commander foi o grande destaque desse caro e específico segmento. O modelo foi o primeiro Jeep projetado e desenvolvido no Brasil. Em seu primeiro ano completo de vendas, o Commander emplacou 22,4 mil unidades em 2022, com uma participação de 35,2%. O modelo liderou sua categoria em todos os meses do ano passado. Ele é produzido no Polo Automotivo de Goiânia. Em outubro, atingiu a marca de 30 mil unidades.
GM se recupera e promete mais – A marca norte-americana Chevrolet, puxada pelas vendas do Onix e do Tracker, foi a que mais cresceu em 2021. E o resultado é atribuído à adoção da nova família de veículos – que trará novidades como a picape Nova Montana, já agora em fevereiro, uma versão especial da S10, que chega logo na sequência, e a Silverado, esperada para o segundo semestre.
A marca foi a que mais cresceu em volume de vendas, totalizando 291 mil unidades – num incremento de 50 mil unidades e crescimento de 20% em relação ao ano anterior. No mesmo período, o mercado de automóveis e comerciais leves ficou praticamente estagnado no Brasil ao registrar 1,96 milhão de unidades, mostrando que a indústria automotiva ainda enfrenta imprevisibilidade no fornecimento de componentes.
A Chevrolet também vai focar nos elétricos. O Bolt EUV estreia em breve no país e será responsável pela transição para uma futura geração de veículos já equipados com a avançada tecnologia Ultium, como o Blazer EV e o Equinox EV. Estes dois SUVs de zero emissão já estão confirmados.
E os importados? – Os emplacamentos de veículos importados registraram alta de 26,3% em dezembro de 2022. Mas não foi suficiente para fechar o ano com desempenho positivo. Segundo dados da Abeifa, associação que reúne 11 importadores, a queda no acumulado de 2022 foi de 16,9%. No acumulado do ano, com 55.690 unidades, as associadas à Abeifa representam 2,84% do mercado interno brasileiro (1.957.511 veículos emplacados).
Elétricos e híbridos – A Volvo Car Brasil se consolida como a marca que mais vende veículos híbridos e elétricos no país. Foram 5,2 mil vendidos em 2022 – o que lhe garante 28,7% de participação no segmento dos recarregáveis via tomadas. E a Volvo é a liderança absoluta entre os carros 100% elétricos (BEV), com participação de 30,2%. Na categoria de híbridos plug-in (PHEVs), a marca também assume a liderança detendo 27,7%. O carro elétrico mais vendido do país foi o XC40 Recharge Pure Electric: em 2022, esteve todos os meses na liderança dos elétricos, com 22,7% do mercado, que representa 1.770 unidades vendidas.
A linha da Caoa Chery teve emplacadas 6.840 unidades em 2022. E o Tiggo 8 PRO Plug-in Hybrid superou modelos de marcas renomadas do mercado e liderou o ranking na categoria híbridos plug-in, com 1.940 veículos comercializados. Apresentado em junho, o modelo foi o primeiro híbrido plug-in a chegar ao mercado nacional com dois motores elétricos que, combinados com o motor a combustão 1.5 turbo a gasolina, entregam 317 cv de potência máxima e 56,6kgfm de torque. Trouxe, ainda, a tecnologia de transmissão DHT, que torna muito mais eficaz a gestão dos três motores.
Honda mantém liderança – Nesse mercado, a japonesa Honda teve em 2022 um crescimento de 17% nos emplacamentos em comparação ao ano anterior. Foram 1 milhão de unidades comercializadas, no melhor resultado desde 2014. Isso significa, no geral, que a demanda por motocicletas segue aquecida, com elas cada vez mais protagonistas – seja para uma solução de mobilidade mais conveniente e econômica, geração de renda ou lazer. Obviamente, o principal destaque nos emplacamentos é a linha CG 160, com mais de 382 mil unidades, ou seja, 37% do total de vendas da Honda no ano. A segunda posição é ocupada pela Honda Biz, comercializada nas versões Honda Biz 110i e Honda Biz 125, com 195 mil unidades. Completam o ranking os modelos NXR Bros 160, líder de vendas no segmento trail, com 142 mil unidades, e a Pop 110i, com 128 mil.
E as elétricas? – O comércio de motos e scooters elétricos em 2022 impressionam: o crescimento chegou a incríveis 346%. Em todo o ano, foram emplacadas 7,2 mil – incluindo os scooters. E aqui quem domina não é Honda ou outras marcas tradicionais. A Voltz Motors, recém-chegada a Manaus (AM), emplacou 4.546 unidades. Ela produz os modelos EV1 e EVS.
O supercarro da BYD – O SUV de luxo off-road U8 e o supercarro U9, ambos 100% elétricos, são os primeiros automóveis BYD de sua nova submarca premium Yangwang. Esses modelos usarão a nova plataforma de altíssima tecnologia e4, voltada à segurança e desempenho. Ela é inédita, de propulsão independente de quatro motores elétricos, e será produzida na China. Só para comprar: em ao powertrain dos veículos de combustível convencional, a plataforma e4 é capaz de ajustar com precisão a dinâmica das quatro rodas graças ao controle independente dos quatro motores. A plataforma e4 pode atingir 20.500rpm e oferecer uma potência superior a 1.100 cavalos.
Check-up de início do ano – Freios, pneus, bateria, escape e outras peças e estruturas são essenciais para o bom funcionamento de um carro. Para evitar prejuízos e acidentes, é de extrema importância que o automóvel seja seguro para motorista e passageiros e para quem trafega nas mesmas vias. Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), de janeiro a agosto de 2022, mais de 150 mil motoristas foram multados por conduzir veículos em mau estado de conservação ou reprovados na avaliação de inspeção de segurança veicular.
O problema pode ser ainda maior. Em outra pesquisa do Instituto Scaringella Trânsito, falhas relacionadas à manutenção dos pneus, freios, amortecedores, níveis de óleo e de água, funcionamento de luzes e até mesmo o cinto de segurança causam 30% dos acidentes nas estradas. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os carros devem estar em conformidade com todas as exigências da lei, em um estado que não coloque a vida de pessoas em risco.
Para isso, o serviço de revisão e check-up, quando feito no prazo correto, evita danos ao automóvel e possíveis acidentes. A manutenção preventiva ajuda também no momento da revenda, já que veículos bem cuidados, estética e mecanicamente, atraem compradores com mais facilidade. A revisão é uma bateria de testes que diagnosticam a saúde do carro.
“Nesse momento, é observado o estado de conservação e funcionamento de todos os componentes e sistemas, sejam mecânicos ou elétricos. Existindo falhas ou problemas que possam se agravar no futuro, a oficina responsável fará a substituição preventiva de algumas peças”, explica o gerente comercial da Ford Slaviero, Rogério Lechinski. Ele aconselha que é melhor investir em revisões programadas do que se deparar com gastos maiores em uma manutenção corretiva.
O ideal é levar para a revisão a cada 12 meses ou 10 mil quilômetros. Todavia, esse prazo cai para a metade nos casos de veículos com uso mais severo, isto é, os que rodam constantemente em trânsito lento. “É importante destacar que os planos de manutenção definem prazos específicos também para a troca de determinados componentes, como as velas de ignição”, comenta o gerente.
Saiba quais itens não podem ficar de fora do check-up
Escape – Um sistema de escapamento defeituoso pode significar baixa eficiência de combustível, potência reduzida e, às vezes, ventilação inadequada dos gases tóxicos que o motor produz.
Direção e suspensão – Peças de direção soltas, amortecedores ou molas danificadas, montagens ou buchas quebradas ou gastas, e o veículo balançando ou saltando, podem indicar problemas.
Pneus – Para evitar um pneu furado, é necessário um técnico treinado para inspecionar o alinhamento e os pneus. A inspeção também pode revelar desalinhamento, que diminui a vida útil dos pneus e reduz a eficiência do combustível.
Freios – O sistema de freios é um dos recursos de segurança mais importantes. Mas, como muitas outras peças, ele pode superaquecer caso não tenha sido reparado há algum tempo. É imprescindível certificar que o sistema esteja em ótimo estado.
Itens menores – Apesar de não configurarem problemas estruturais, é preciso atentar para alguns outros mecanismos do carro que podem causar falhas no futuro. Na hora da revisão, o técnico pode verificar os níveis de fluido, como óleo do motor; velas de ignição e filtros de óleo; combustível e ar; carga da bateria; sistema do ar-condicionado; faróis e limpador de para-brisa.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.
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