O “fico” por Lula e pela escola
Na entrevista que me concedeu, ontem, em Brasília, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, passou a impressão que, além de atender a um pedido do presidente Lula (PT), aceitou permanecer por mais um ano na pasta para não deixar escapar do seu controle a oportunidade de o Estado sediar a Escola de Sargentos, investimento de R$ 1,8 bilhão.
O Ceará é o Estado que ameaça “roubar” o projeto. Já ganhou uma unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, investimento de R$ 180 milhões, cujas obras andam bem avançadas, mas quer também a Escola de Sargento. Segundo José Múcio, diferentemente de Pernambuco, o Ceará abraçou o novo campus do ITA e as obras estão a todo vapor, enquanto a unidade do Exército empaca.
Leia mais“Se eu saísse, com certeza Pernambuco correria um grande risco de perder a escola”, disse Múcio. Embora tenha se referido apenas às dificuldades ambientais, para não se melindrar com a governadora Raquel Lyra (PSDB), o ministro e até as paredes do seu Ministério sabem que o projeto não saiu do lugar por desinteresse da governadora e da falta de decisão política.
Logo no início, quando o ministro reuniu a cúpula do Exército em Brasília para apresentar o projeto da escola à bancada federal, a governadora, convidada, estava em Brasília, mas não deu o ar na sua graça. Da bancada, o que se viu foi uma única voz destoante, a do deputado federal Túlio Gadelha (Rede), representante da governadora, que levantou vários questionamentos ambientais.
O empreendimento será o maior projeto do Exército desde a construção da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), na década de 1940. Apenas em sua construção, deve gerar mais de 11 mil empregos diretos e 17 mil empregos indiretos. Pernambucanos e demais nordestinos que queriam ingressar na carreira militar tinham que ir para o Sul ou Sudeste para receber sua formação.
A nova escola representará o movimento inverso: brasileiros de todos os estados estarão em Pernambuco movimentando a economia e explorando a cultura regional. Trata-se de um marco na formação de militares no Brasil.
MEGA ESTRUTURA – Atualmente, a formação de sargentos do Exército acontece em 16 diferentes locais no País. Já a formação de oficiais é centralizada no município de Resende (RJ). Com a construção da Escola de Sargentos, todas as 16 locações serão descontinuadas. Ao todo, 6,2 mil pessoas vão residir na área da escola — que dispõe de uma base de suporte localizada em Recife que inclui atendimentos médicos e hospitalares, depósito de suprimentos e espaço para familiares. O terreno reservado à obra tem 7.549 hectares, e 90 hectares serão ocupados com a construção da escola. Serão cerca de 2,2 mil alunos, formados em 16 especialidades distintas, em dois anos de preparação, com uma educação superior de nível tecnólogo.
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Reforma de acomodações – Na mesma entrevista, José Múcio tratou de outros assuntos, entre eles, a reforma ministerial. Seu sentimento, depois da conversa que teve com o presidente Lula, é de que as mudanças não serão tão amplas como a mídia tem tratado. “Acho que será apenas uma reforma para acomodações políticas”, disse o ministro, referindo-se ao novo arco de alianças no Congresso com a eleição dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), cardeais do Centrão, movimento conservador do Congresso que exige ministérios mais robustos.
O tempo dirá – O deputado Túlio Gadelha negou, ontem, que esteja de volta ao PDT. Sugeriu que teria sido uma “fake” do blog, mas, na verdade, a informação partiu do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, compartilhada com senadores pedetistas, deputados federais e até prefeitos. As tratativas já vinham rolando há muito tempo, tudo porque Gadelha está numa posição desconfortável na Rede Sustentabilidade, onde não tem sequer o controle do diretório municipal do Recife.
Federação descartada – O Republicanos decidiu rejeitar, em reunião da bancada federal, uma federação com o União Brasil e o PP, interrompendo os planos de algumas lideranças do Centrão em formar um grupo com mais de 150 deputados e 17 senadores. Cerca de 90% da bancada é contrária à união temporária entre os partidos, segundo o deputado Lafayette Andrada (Republicanos-MG). A federação entre as siglas comandadas por Antônio Rueda (União), Marcos Pereira (Republicanos) e Ciro Nogueira (PP) teria que atuar em conjunto durante os próximos quatro anos.
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Encontro com Lula atrai 82 prefeitos de PE – O encontro dos prefeitos em Brasília, entre segunda e quarta-feira da próxima semana, não é uma iniciativa da Confederação Nacional dos Municípios, mas do Governo Federal. A abertura, na segunda-feira, no Centro de Convenções, contará, inclusive, com a presença do presidente Lula. Pelo menos até ontem, de Pernambuco, estavam confirmados 82 gestores municipais, a maioria do Agreste e Sertão. João Campos (PSB) não confirmou. Da Região Metropolitana, apenas a prefeita de Igarassu, Professora Elcione (PSDB).
CURTAS
CONSÓRCIOS – A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e o Sebrae promovem em Petrolina, na próxima terça-feira, na sede do Sebrae, uma capacitação para técnicos que atuam em consórcios municipais. Trata-se de uma iniciativa para dar continuidade às políticas tratadas no Seminário de Novos Gestores, em outubro do ano passado, preparando novas equipes nos municípios.
CONTINUAM DISTANTES – Uma fonte garantiu que o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), teve, sim, há 10 dias, um encontro com a governadora Raquel Lyra (PSDB), mas sem chegar a um entendimento com vistas a uma possível reaproximação.
NEPOTISMO AO QUADRADO – Além de patrocinar o trem da alegria dos ex-prefeitos, a governadora Raquel Lyra se curvou ao nepotismo do secretário de Infraestrutura, Diogo Bezerra, nomeado sua esposa Sanny Diniz, gerente geral de planejamento sustentável da Secretaria de Meio Ambiente, com salário de R$ 8 mil. Achando pouco, ainda nomeou o ex-vereador Nelson Diz, pai da mulher do secretário, como assessor da Casa Civil com salário de R$ 7,8 mil.
Perguntar não ofende: Raquel ainda vai nomear o secretário da Educação?
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