Economistas de diferentes linhas teóricas dizem que o Estado tem o poder de impulsionar o crescimento por meio de investimentos em infraestrutura, incluindo a construção de estradas, portos e ferrovias. O debate é sobre qual o modelo a ser seguido: por meio de ação direta governamental ou com incentivos ao setor privado.
Especialistas ouvidos pelo Poder360 dizem que empresas e governo têm um papel importante nessa tarefa. O mix deve ser equilibrado a depender das necessidades do país em cada fase.
O Brasil já testou a utilização do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como indutor do crescimento econômico. Também o uso de outros bancos federais (Banco do Brasil, Caixa, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste) para financiar projetos de cunho social. Cada instituição teve um papel diferente ao longo das décadas.
Nos últimos 20 anos, o Brasil passou por uma série de mudanças institucionais. Os governos dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016) foram marcados pelo protagonismo estatal. Com Michel Temer (MDB), de 2016 a 2018, e Jair Bolsonaro (PL), a partir de 2019, houve mudança em direção ao liberalismo econômico –com maior participação da iniciativa privada.
Leia maisA volta de Lula (PT) à Presidência da República a partir de 2023 pode mudar novamente o jogo. O petista indicou o ex-ministro Aloizio Mercadante, que foi senador pelo PT de São Paulo, como o novo presidente do BNDES. Mercadante comandou a Fundação Perseu Abramo e é um economista que defende maior participação do Estado na economia.
Para Evaristo Pinheiro, que foi diretor jurídico da Odebrecht de 2017 a 2019 e presidente do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada) no mesmo período, será indispensável voltar a contar com o Estado como investidor em áreas que não são lucrativas para serem exploradas por meio de concessões. Também avalia que será preciso contar com mais dinheiro público em parcerias público-privadas.
“Em países europeus, a proporção de investimento estatal chega a 70% em alguns casos, com 30% para as empresas”, disse Evaristo.
Pinheiro afirmou que as dificuldades fiscais do país para ampliar investimentos terão que ser resolvidas por meio de reformas, com a administrativa, que poderá reduzir os custos com o pagamento de funcionários públicos. Outra possibilidade é reduzir subsídios a empresas. “É preciso reduzir gastos para investir mais“, disse.
Para que essas propostas deem certo no longo prazo, é necessário: eficácia das agências reguladoras, boas garantias governamentais e um mercado financeiro sofisticado.
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