Novo Bolsa Família fará ‘pente-fino’ em usuários e deverá priorizar a renda per capita

Apenas garantir um valor maior para o novo Bolsa Família – atual Auxílio Brasil – não vai ser suficiente para que o próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha uma política bem-sucedida no combate à pobreza. Sem depurar o Cadastro Único e focar no perfil das pessoas atendidas, o programa pode se tornar ineficiente e ter um resultado abaixo do seu potencial. E a equipe de transição do novo governo sabe que será necessário um “pente-fino” nos benefícios, de olho especialmente nas concessões individuais.

A avaliação é que o País passou a enfrentar uma distorção no Cadastro Único. Houve um forte crescimento na quantidade de famílias compostas por apenas um integrante – chamadas de unipessoais – incluídas pelo programa social. Em agosto, cerca de 5,3 milhões estavam nessa condição.

O Ministério da Cidadania já instaurou um procedimento para averiguar o aumento de famílias unipessoais beneficiadas e informou que também faz um “tratamento de todo o público do Cadastro Único” em parceria com a Dataprev. As informações são do Estadão.

No caso das famílias unipessoais, a apuração vai ter início para os cadastrados incluídos ou atualizados após novembro de 2021, quando somavam 2,2 milhões. Ou seja, 3 milhões de beneficiários terão de atualizar os dados para evitar o bloqueio do benefício. “Existe uma agenda de qualificação de cadastro. É uma agenda grande e que apresenta um enorme desafio”, diz Vinicius Botelho, ex-secretário de Desenvolvimento Social e Cidadania.

No Cadastro Único, o beneficiário faz uma autodeclaração da renda e composição familiar. No auge da pandemia, a maneira como se deu a inscrição ajudou a provocar uma deterioração da base de dados. Para liberar o Auxílio Emergencial, depois transformado em Auxílio Brasil, o governo Jair Bolsonaro possibilitou a adesão de beneficiários por meio de aplicativo, sem a necessidade de uma grande atuação de agentes dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) para, por exemplo, fazer o mapeamento dos mais pobres e acompanhar o perfil da população inscrita.

Na equipe de transição, a principal preocupação tem sido com a qualidade do cadastro e com a herança que será deixada pela apuração aberta pelo Ministério da Cidadania. “Isso vai impactar o governo, vamos assumir com um processo em que não fomos consultados”, afirma Tereza Campello, uma das coordenadoras da área de assistência social da transição. “Não estou reclamando de o governo ter aberto esses processos, mas deveria ter feito isso antes.”

O novo governo também foi alertado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a distorção. “O governo Lula vai assumir com 1 milhão de pessoas sendo chamadas em janeiro e 2 milhões de pessoas sendo chamadas em fevereiro para comparecer ao Cras ou (os benefícios) vão ser bloqueados”, afirma Campello. “A pessoa não vai receber e o que ela vai fazer? Vai no Cras tentar saber o que aconteceu. Vamos ter o governo assumindo com um monte de fila.”

Crítica ao desenho

Além da defasagem do Cadastro Único, outra grande crítica dos analistas é a de que o desenho do atual Auxílio Brasil leva em conta a renda familiar, não a per capita. Ou seja, famílias com dois ou seis integrantes recebem os mesmos R$ 600. “Um bom desenho de programa considera a composição familiar para definir a transferência”, afirma Laura Muller Machado, professora do Insper e ex-secretária de Desenvolvimento Social de São Paulo.

O próximo Bolsa Família deve custar R$ 175 bilhões, conforme prevê a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que retirou o benefício do teto de gastos e manteve o valor de R$ 600, além de criar um adicional de R$ 150 por crianças com até seis anos. Se confirmado, será um montante gasto que vai equivaler a quase cinco vezes o orçamento do programa original, que era de R$ 33 bilhões – em valores corrigidos pela inflação, chega a R$ 41 bilhões.

“Na atual gestão, houve uma desintermediação da política social”, diz Marcelo Neri, diretor do FGV Social. “Toda a literatura (de combate à pobreza) está baseada na renda per capita, não na do domicílio. No desenho atual do Auxílio Brasil, ele estima que há um desperdício de 55% de dinheiro. “Poderia se fazer mais com os mesmos recursos.”

O formato do novo Bolsa Família, diz Tereza Campello, que atuou como ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome na administração Dilma Rousseff, só deve ficar mais claro no novo governo. “O nosso projeto quer retomar as principais características do Bolsa Família”, afirma. “A primeira é que o desenho levava em conta a composição familiar, e a segunda questão é que o programa considerava fundamental que crianças e gestantes tivessem direito e acesso à educação e à saúde.”

Superação da pobreza

Mais do que resolver a questão de curto prazo da assistência social, o Brasil tem um desafio importante de fazer com que os beneficiários do programa social superem a pobreza de forma definitiva.

No ano passado, 9,5% da população brasileira vivia na situação de extrema pobreza – com uma renda per capita mensal inferior a R$ 193 –, maior patamar desde 2007, quando 10,7% estavam nessa condição, mostram dados compilados pela professora do Insper.

“O desenho de um programa de porta de saída, que vai fazer com que as pessoas alcancem uma autonomia, não está claro”, afirma Laura. “O Brasil Sem Miséria, por exemplo, era um programa bem desenhado, documentado e tinha uma proposta de como incluir produtivamente no mercado de trabalho quem estava na área rural e quem estava na área urbana.”

Não há uma regra para a superação da pobreza. É preciso levar em conta a realidade de cada família e região do País. A solução pode estar em conseguir uma creche para uma mãe solteira que precisa trabalhar ou garantir cursos de profissionalização para um trabalhador desempregado.

“Só transferir renda não é suficiente. São necessárias três coisas. A assistência, claro, é uma delas, e um valor mais alto já resolve boa parte dos problemas, mas não é suficiente”, afirma Naercio Menezes, coordenador da Cátedra Ruth Cardoso e também professor do Insper. “É preciso também ter um sistema de educação e saúde de qualidade.”

Em meio aos trabalhos da equipe de transição do governo eleito, especificamente na área de Saúde, um dos temas que recebe especial preocupação é o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Desde 2016, as taxas de cobertura vacinal para diferentes vacinas têm caído cada vez mais.

A pandemia da Covid-19 e o isolamento social podem ter atrapalhado, mas o negacionismo crescente, ao colocar a efetividade dos imunizantes em xeque, tem um expressivo impacto nessa conjuntura.

A redução do orçamento também compromete a sustentabilidade de diversos segmentos do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com as consultorias de orçamento do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, o valor previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2023 na área da Saúde é o menor dos últimos 10 anos. Em 2022, o país investiu o montante de R$ 203,8 bilhões na Saúde; já para o próximo ano, estima-se subsídio de R$ 146,4 bilhões. As informações são do Metrópoles.

Relatórios da saúde

Estes são alguns dos principais desafios a serem enfrentados pelo governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na saúde pública. Na última semana, o Tribunal de Contas da União (TCU) entregou a representantes do grupo técnico da transição na saúde os relatórios de fiscalização da Corte na área.

No diagnóstico, não foi possível avaliar o cumprimento das metas de imunização, devido à falta de dados disponibilizados pelo governo Jair Bolsonaro (PL), além da ausência de boletins epidemiológicos que investiguem a morbidade e a mortalidade da síndrome pós-Covid-19.

O TCU também apontou desperdício de recursos, estimado em R$ 13 bilhões ao ano; a eficiência dos hospitais públicos apresenta média de apenas 28%.

A Corte de Contas identificou “indícios de insustentabilidade no SUS”. Nesse sentido, o tribunal assinalou que “há uma tendência de aumento da necessidade de recursos em razão da mudança do perfil demográfico da população e de aspectos inflacionários, o que, associado ao cenário fiscal desfavorável à ampliação de gastos, pode agravar ainda mais a desassistência verificada na atualidade”.

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A escolha da chefia da AGU (Advocacia-Geral da União) pelo governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se divide entre um nome da carreira e mais próximo a petistas ou alguém com trânsito melhor entre os políticos das demais legendas e os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O órgão, que representa juridicamente a União, se tornou central nos últimos governos, com os presidentes frequentemente recorrendo ao advogado-geral da União para resolver entraves das suas gestões no Supremo.

A confiança dos presidentes da República no AGU é tanta que três ex-advogados-gerais são atualmente ministros do STF: Gilmar Mendes (indicado por Fernando Henrique Cardoso), Dias Toffoli (por Lula) e André Mendonça (por Jair Bolsonaro). As informações são da Folha de S.Paulo.

Embora a AGU seja um órgão de Estado, e não de governo, o advogado-geral da União tem status de ministro e é nomeado pelo presidente. A Constituição prevê apenas que ele tenha mais de 35 anos, notável saber jurídico e reputação ilibada.

Atualmente, os mais cotados para o cargo são Jorge Messias, que foi assessor da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e é procurador da Fazenda Nacional; Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, integrante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça); e Anderson Pomini, advogado eleitoral próximo ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Existe ainda a possibilidade de a escolhida ser a chefe de gabinete do ministro do STF Dias Toffoli, Daiane Nogueira de Lima.

Um dos nomes cogitados, o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, já disse a interlocutores não ter interesse no posto e apoiar Jorge Messias.

Messias, favorito para ocupar a função, tem a confiança de petistas como os ex-ministros Aloizio Mercadante e Jaques Wagner. Tem ainda o apoio das associações de classe dos advogados públicos e integra uma lista sêxtupla que foi enviada à equipe de transição.

Ele foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil de Dilma, posto estratégico no governo federal. Ficou conhecido nacionalmente como “Bessias” em 2016, no episódio do vazamento de uma escuta telefônica da Lava Jato. A Polícia Federal captou uma conversa entre Lula e a ex-presidente Dilma sobre a posse do petista para a Casa Civil.

O nome de Messias foi grafado de forma errônea na transcrição da PF.

O áudio levou o ministro do Supremo Gilmar Mendes a suspender a nomeação de Lula para o ministério na segunda gestão de Dilma, próximo à votação da Câmara de abertura do processo do impeachment.

O ministro argumentou que a intenção de Dilma era evitar uma possível prisão do seu antecessor na Presidência.

Pessoas contrárias à nomeação de Messias citam o episódio como um ponto negativo contra ele. Apesar de não haver irregularidade na conduta do ex-auxiliar, o vazamento do áudio lembra um dos momentos de maior rejeição aos governos petistas.

Messias também é citado por seus antagonistas como um nome com pouco trânsito na política para além do PT.

Aliados dele discordam. Ao longo da campanha e após a eleição, Messias participou de uma série de reuniões com ministros de tribunais superiores nas quais uma das pautas era discutir a necessidade de haver maior institucionalidade na relação entre os Poderes.

Nos últimos anos, Messias atuou no gabinete de Jaques Wagner no Senado. Na transição, coordena o grupo de trabalho de Transparência, Integridade e Controle.

Outros dois nomes têm maior trânsito com a política e são vistos como mais palatáveis para eventuais tratativas com o Legislativo e o Judiciário que o futuro AGU terá que fazer.

Originalmente consultor legislativo do Senado, onde foi diretor-geral e advogado-geral da Casa, Bandeira de Mello foi indicado para a vaga de conselheiro do CNJ em 2021 pelos senadores e, no último dia 22, reconduzido para mais dois anos no cargo.

Ele é próximo ao senador Renan Calheiros (MDB) e também foi integrante do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). A interlocutores, tem mostrado que sua continuidade no CNJ foi apoiada por todas as lideranças do Senado, como um símbolo do trânsito que tem no Legislativo.

Bandeira de Mello chegou a ser sondado por interlocutores do PT para saber se teria disposição para ocupar a vaga. Simpático a Lula, o conselheiro se apresenta como um nome que poderia representar o grupo que elegeu o petista, e não apenas o partido do presidente eleito.

Outro nome que também tem conversado com pessoas próximas ao círculo de Lula e se apresentado como alguém com um perfil com bom trânsito político entre os aliados do futuro presidente é o advogado eleitoral Anderson Pomini.

Ele é próximo de Alckmin e também do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB).

Pomini integrou o grupo que participou das articulações para que Alckmin, antes era filiado ao PSDB e adversário de Lula no passado, fosse o candidato a vice. Tem dito a pessoas próximas que é um bom negociador e tem experiência na gestão pública.

Pomini tem procurado o apoio de ministros do Supremo e de membros da equipe de transição do governo eleito. E conta com o apoio aberto de paulistas como o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ricardo Anafe, e o procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo.

Antes, ele foi secretário municipal de Justiça em São Paulo, na gestão de João Doria (à época no PSDB).

As associações que representam integrantes da advocacia pública, como a Anauni (Associação Nacional dos Advogados da União), Anajur (Associação Nacional dos Membros da Advocacia-Geral da União) e Simprofaz (Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional) também têm feito seus pleitos para a equipe de transição.

As entidades elaboraram uma lista sêxtupla com sugestões de nomes votados pela categoria para a AGU, que considera técnicos, e oficiou a equipe de transição sobre a relação. Nela, está incluído o nome de Jorge Messias.

Para as associações, um nome de carreira é menos suscetível a ingerências políticas, além de ter vínculo com a instituição.

Citam como exemplo positivo o ex-AGU José Levi. Em 2020, ele pediu demissão após se recusar a assinar ação contra decretos que determinavam restrições de serviços não essenciais devido à pandemia. Dias depois, ele pediu demissão do cargo e foi substituído por André Mendonça, que hoje é ministro do Supremo.

Mendonça, porém, também é de carreira e tinha uma atuação muito mais alinhada com as intenções políticas de Bolsonaro, assim com o atual AGU, Bruno Bianco.

As associações também afirmam que o AGU teria acesso a informações estratégicas e sigilosas do governo –e, por isso, seria arriscado entregar esses dados a, por exemplo, um advogado privado.

“A AGU não pode ser tratada como um ministério. Portanto, não pode entrar nesse fatiamento, nessa composição política, para que o governo eleito obtenha amparo no Congresso”, diz Clóvis dos Santos Andrade, presidente da Anauni.

Os perfis das redes sociais das Forças Armadas estão sendo beneficiados por essa onda de manifestações bolsonaristas contra o resultado da eleição.

A Marinha, hoje com 4,8 milhões de seguidores, ganhou 749 mil desde 30 de outubro, de acordo com um levantamento inédito da consultoria Bites. A Aeronáutica acrescentou 700 mil seguidores e passou a ter 4,6 milhões.

Mas o crescimento exponencial ocorreu com o Exército. Ganhou 7 milhões de fãs desde o dia da eleição. Sua base nas redes é de 15,5 milhões de pessoas. Os perfis do Exército brasileiro são mais encorpados nas quatro redes do que os dos Exército dos EUA, que possui 10,4 milhões de seguidores. As informações são do colunista Lauro Jardim, do O Globo.

O blog tem recebido constantes denúncias de servidores inativos e herdeiros de funcionários da educação em Pernambuco que mesmo cumprindo todas as exigência para ter acesso aos valores do Fundef, seguem sem receber o que têm direito por lei.

Segundo informações do Governo do Estado divulgadas em setembro, o abono seria pago a todos os trabalhadores que no efetivo exercício do magistério atuaram na rede estadual de Pernambuco entre 1997 e 2006, período de vigência do Fundef, mesmo que não tenham mais vínculo com o Estado.

Para isso, deveriam preencher os dados bancários no site criado para essa finalidade com vistas a receber os valores. No total, 17 mil profissionais deveriam já ter sido beneficiados, mas até o momento, muitos ainda enfrentam uma maratona em busca de informações sobre quando vão receber.

“Lecionei por muitos anos, mas no momento não estou na ativa. Tenho direito a receber o precatório do FUNDEF, tenho a declaração impressa comprovando, mas até o momento não recebi”, declarou ao blog a professora inativa Késia.

Se para quem é inativo a dificuldade tem sido enorme, para quem é herdeiro ainda é mais cruel. Para esse público, o prazo teve início em outubro passado, quando foi necessário a apresentação de alvará para solicitar o pagamento. Mas mesmo para quem já fez todo o procedimento, o que inclui o alvará judicial, o pagamento segue sem ser realizado pelo Governo.

“Quem deu entrada, inclusive eu, que sou advogado, o Estado não está pagando a ninguém. Coloca os lotes, mas não paga. A maior enrolada do mundo. O governador vai sair e não vai pagar”, desabafa o advogado Luís Alberto Lins, que também é herdeiro e advoga em causa própria em busca do abono.

A equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer que os prestadores de serviço por meio de aplicativos (motoristas, motoboys e entregadores de plataformas como Uber, 99, Rappi e iFood) tenham direitos correspondentes aos dos assalariados cobertos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O plano é ir além dos benefícios previdenciários — como aposentadoria, pensão, auxílio-doença e acidente —, conforme chegou a cogitar o atual governo. Pelos planos que começam a ser formulados, esses trabalhadores teriam direito a seguro, jornada diária máxima e negociação coletiva com as empresas.

Segundo estimativas do Ministério do Trabalho e Previdência, há ao menos 3,05 milhões de trabalhadores que prestam serviços para plataformas no Brasil. E está no radar da equipe de Lula a criação de um cadastro único para a categoria, a fim de identificar esses trabalhadores e adequar as políticas a serem criadas. As informações são do O Globo.

Segundo o economista Clemente Ganz Lúcio, coordenador do grupo temático de trabalho na transição, a estratégia é fugir da discussão sobre existência ou não de vínculo empregatício — polêmica em todo o mundo — e focar no conceito de relação de trabalho. Um dos caminhos, diz, é seguir o exemplo da Espanha, que criou direitos, mas é criticado por alguns especialistas:

— Se um trabalhador presta serviço a um só empregador, o entendimento é que essa relação de trabalho se enquadra nas regras da CLT. Se o trabalhador presta serviço para várias plataformas, a ideia é criar um regime capaz de promover e garantir direitos e deveres de todas as partes, trabalhadores, plataformas, entes públicos como a prefeitura e os próprios consumidores.

Ganz Lúcio disse que ainda não há uma proposta formatada, mas a ideia é que todos deverão contribuir para que esses trabalhadores tenham direitos trabalhistas assegurados, porém em uma modelagem diferente da CLT.

A proposta da equipe de Lula difere do projeto desenhado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), que afirmava expressamente que não haveria vínculo empregatício entre trabalhadores e plataforma, principal demanda dos aplicativos. Os trabalhadores pagariam contribuição semelhante à dos microempreendedores individuais (MEIs) e teriam os mesmos direitos que estes.

A proposta previa o desconto obrigatório de uma contribuição pelos trabalhadores, que as plataformas recolheriam e repassariam ao governo. O plano da futura gestão Lula é levar o assunto a uma comissão tripartite, com representantes de governo, empresas e trabalhadores.

A advogada Anna Carolina Cabral, sócia do Queiroz Cavalcanti Advocacia, alerta que a formalização desses trabalhadores não pode prejudicar a própria categoria:

— É preciso cautela antes de se impor o engessamento da total liberdade, sob pena de um esvaziamento destes profissionais, assim como ocorreu na Espanha em 2021.

Debate no mundo

O país europeu, um dos modelos citados pela equipe de transição, impôs às empresas de aplicativos a contratação, como empregados, dos trabalhadores até então autônomos, com reconhecimento de vínculo empregatício, além de compartilhamento com eles dos dados captados pelos algoritmos para gerenciar a rotina de trabalho e direito a férias e descanso remunerados.

Já o Reino Unido, explica Anna Carolina, adotou o sistema em que o trabalhador tem a prerrogativa de ter seu tempo de jornada contabilizado a partir do momento em que liga o aplicativo e fica disponível, não somente quando cumpre determinada viagem ou entrega. As regras foram impostas por decisão judicial.

Na Califórnia, nos EUA, uma lei obriga a contratação de trabalhadores de aplicativo, com natureza empregatícia, desde 2019. Itália e França têm seguido a mesma linha para reconhecimento e garantia de normas trabalhistas, mas ainda não têm regulamento específico.

Não há, até agora, convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre trabalho por meio de plataformas digitais. O tema deve ser tratado no órgão em março.

— O trabalho de aplicativo está numa zona cinzenta. Plataformas classificam trabalhadores como autônomos, mas eles não têm independência. Há evidências de más condições de trabalho, sem proteção social — diz a economista Janine Berg, do Departamento de Pesquisa da OIT, em Genebra.

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As duas empresas que requereram e estão a caminho de receber de mãos beijadas 8.000 m² de uma área a ser retirada do Espaço Ciência têm um capital social integralizado de 10 mil reais cada uma. Trata-se da Recife Cable Serviços de Telecom Ltda, aberta em novembro de 2018, e a Recife Datacenter Tratamento de Dados Ltda, que atua desde dezembro do mesmo ano. Ambas funcionam na Avenida Visconde de Suassuna, 621. E ambas têm dois diretores em comum, os empresários Yuri da Costa Romão e Halim Nagem. As informações são do Jornal O Poder.

BRINCADEIRA
R$ 20 mil não compra sequer um computador. Imaginem essas empresas estarem capacitadas para construírem, por sua própria conta e risco, conforme o documento do Governo de Pernambuco, “um centro de tratamento de dados, sistemas de softwares e aplicações, conteúdo digital, armazenamento e computação em nuvem, palavras bonitas que podem significar muita coisa. Ou nada. Mas qualquer que seja o conteúdo disso, confiar em duas empresas com capital tão insignificante para a tarefa é injustificável sob qualquer ponto de vista.

TEM MAIS
As duas empresas com capital de R$ 20 mil se comprometem, ainda, a construir um cabo submarino vindo dos Estados Unidos, além da estrutura para recebê-lo no Recife. Incrível.

QUAL A FÓRMULA MÁGICA?
O debate sobre a doação já extrapolou o campo restrito da subtração de parte de um equipamento importante, o Espaço Ciência, situado em área tombada. Vai cada vez mais tomando forma de mais uma grande, digamos, escandalosa confusão, ao apagar das luzes desse malfadado governo.

PERGUNTA
O Governo do Estado verificou o capital dessas empresas? Visitou sua sede? Verificou a folha dos serviços realizados? levantou a expertise dessas empresas? Levantou a sua credibilidade? Se não, é uma omissão inaceitável. Se sim, vai ter muito o que explicar.

CONTRADITÓRIO
O Jornal O PODER está à disposição para publicar uma versão do Governo do Estado que responda sem embromação aos questionamentos feitos. Estamos também de portas abertas para as versões das empresas citadas e dos empresários mencionados na matéria.

Os grupos temáticos que integram a equipe de transição governamental têm até a próxima quarta-feira (30) para entregar o primeiro relatório de trabalho. Os documentos devem trazer um diagnóstico prévio das áreas e um esboço de propostas para a estrutura organizacional das pastas a partir de 2023, segundo apuração da CNN com integrantes da transição de governo.

Os impactos orçamentários gerados pela recriação de algumas pastas também estão sendo desenhados pelos grupos temáticos. Algumas equipes devem entregar, já nesse primeiro momento, sugestões para revogação de atos normativos e medidas que entraram em vigor durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

É o caso do grupo temático dos Povos Originários, que identificou pelo menos cinco resoluções que poderiam ser suspensas. As informações são da CNN Brasil.

A lista inclui, por exemplo, a medida assinada por Bolsonaro que mudou os critérios para certificação de propriedades dentro de terras indígenas.

Ao longo dos últimos 20 dias de trabalhos os grupos temáticos se debruçaram sobre relatórios, auditorias e documentos repassados pelos atuais ministérios e também por órgãos de controle, como Tribunal de Conta da União (TCU).

Num levantamento prévio, o grupo temático da Saúde concluiu que a área precisará de uma recomposição orçamentária de R$ 22,7 bilhões.

Os recursos, segundo a coordenação do grupo, devem ser utilizados para compra de medicamentos e retomada de programas emergenciais.

Levantamento feito pela equipe de Justiça e Segurança Pública mostrou falta de recursos para fechar a conta do setor ainda neste ano. Segundo o coordenador do GT, o senador eleito Flávio Dino, é preciso aumentar em R$ 500 milhões de reais o tamanho da verba prevista para a pasta a partir do ano que vem.

A escassez de recursos já é um problema enfrentado pelo governo eleito para cumprir com as promessas de campanha de Lula.

Entre elas, a recriação de pastas que foram acopladas ou deixaram de existir na atual gestão.

O grupo da Justiça ainda trabalha na busca de um consenso sobre a recriação de uma pasta específica para a Segurança pública.

Por outro lado, a volta das pastas do Desenvolvimento Agrário, da Fazenda e do Planejamento já é dada como certo. Cultura, Esporte e o ministério da Mulher — que hoje está acoplado com Família e Direitos Humanos – buscam espaço no orçamento para voltar a Esplanada.

Um relatório final deve ser entregue no dia 11 de dezembro. O documento também será entregue aos futuros ministros.

Diversos artistas e políticos se juntaram em um manifesto de solidariedade ao cantor e compositor Gilberto Gil, após ele ter sido insultado por bolsonaristas no jogo da Seleção Brasileira, no Catar.

A cantora Ivete Sangalo se pronunciou nas suas redes sociais neste domingo (27), e disse que o Brasil tem sorte em ter um artista como Gil. “Que sorte desse país ter um artista genial como você. A vida é sobre fazer a diferença na existência, e você faz a vida ter sua potência. Respeito gigante tenho por você”, escreveu Ivete.

A cantora Daniela Mercury usou sua conta no Instagram para repudiar o caso do amigo Gil. “Tiro foto, dou abadá e ingresso para shows quem disser no direct quem é o agressor de Gilberto Gil”, escrever a artista. As informações são do Portal M!.

O cantor Caetano Veloso também prestou sua solidariedade ao amigo Gil nas redes sociais.

“Meu irmão na música e na vida, Gilberto Gil foi injuriado por bolsonaristas no Catar. Ele tem 80 anos e estava com sua esposa. Quero prestar solidariedade ao gênio Gil e dizer que nós, os artistas, assim como a verdadeira sociedade, esperamos que os criminosos sejam punidos”.

Políticos

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa, Janja Silva, utilizaram as redes socias para se solidarizar com o cantor baiano.

“Gilberto Gil é um dos maiores brasileiros da história. Nosso solidário abraço aos amigos Gil e Flora Gil”, disse Lula, em resposta a publicação de Janja.

“Ligamos para o Gil e Flora manifestando nossa solidariedade e indignação pela agressão sofrida no Qatar. Gil é patrimônio da música brasileira e merece todo nosso respeito e reverência, que o agressor seja identificado e responda pelo seu ato”, escreveu Janja. 

O governador eleito pela Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), repudiu o ataque contra Gilberto Gil no Catar. “É revoltante e merece nosso repúdio o ataque de inconformados com o resultado da eleição a Gilberto Gil, patrimônio da Bahia e do Brasil. Que o ódio e a intolerância deem lugar ao respeito e ao amor que Gil tantas vezes canta. Toda solidariedade ao nosso imortal! #GilbertoGil”.

Entenda o caso

O ataque aconteceu na última quinta-feira (24), dia do jogo entre Brasil e Sérvia pela Copa do Mundo 2022. Gil e a sua companheira Flora Gil, se dirigiam à arquibancada quando foram abordados pelos torcedores brasileiros com palavrões.

O vídeo que tem aproximadamente 50 segundos de gravação viralizou neste domingo (27). No momento do ocorrido, Gilberto Gil e Flora Gil não responderam aos insultos sofridos. O casal assistiu à partida de estreia da Seleção Brasileira acompanhado dos netos, Francisco Gil e João Gil.

O neto Franscisco Gil postou nas redes sociais a foto do avô com a legenda: “Contra todo o ódio… a serenidade, educação e gentileza. Fica o aprendizado. Mais um”, disse.

As urnas de Maraial confirmaram o favoritismo de Marlos Henrique (PSB) e garantiram, hoje, a vitória do socialista na eleição suplementar para Prefeitura de Maraial, na Mata Sul pernambucana.

Com 53,31% dos votos, Marlos venceu sua adversária, Tati da Farinha, do Avante, que obteve 46,69% dos votos válidos. A diferença foi bastante apertada, de apenas 376 votos. Ele fica à frente da gestão municipal até 2024.

O município pernambucano, que possui 9.427 eleitores, elegeu em 2020 Sérgio dos Santos (Avante), conhecido como Sérgio da Farinha. A chapa vencedora daquele pleito, no entanto, foi cassada um ano depois por abuso de poder econômico. Por isso a necessidade de realizar uma nova eleição na cidade.

Inelegível por oito anos, Sérgio escalou a esposa, Tatiana da Silva Rocha, que terminou derrotada no pleito deste domingo.

Além de Pernambuco, eleitores de mais quatro estados do Nordeste e Sudeste voltaram às urnas neste domingo para eleger novos prefeitos e vice-prefeitos. O pleito abrangeu seis cidades: Tanabi (SP), Pedro Velho (RN), Canguaretama (RN), Maraial (PE), Ibitirama (ES) e Maiquinique (BA).