Anderson e Gilson reúnem lideranças e apoiadores em ato em Gravatá

Pré-candidatos ao Governo do Estado e Senado Federal, Anderson Ferreira (PL) e Gilson Machado (PL) realizaram, na noite de ontem, em Gravatá, mais um grande evento da caravana Simbora Mudar Pernambuco.

O ato contou com a presença do vice-prefeito Júnior Darita (PL), de pré-candidatos da base de apoio a Anderson e Gilson à Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, lideranças políticas e apoiadores de diversas cidades do Agreste.

“Estamos seguindo o caminho da verdade e ouvindo as pessoas por cada canto desse estado por onde estamos andando com a caravana Simbora Mudar Pernambuco. E é assim, com o compromisso de apresentar propostas, em vez de promessas vazias, que a gente tem unido um time do bem. O resultado dessa união é visto em atos como esse, um auditório lotado, um movimento orgânico em prol do melhor para o nosso estado”, disse Anderson.

“Gravatá não pode continuar sofrendo os impactos pelo abandono e pela falta de gestão de um governo que envergonha os pernambucanos. O nosso estado deixou de ser uma potência para se tornar sinônimo de atraso. Paulo Câmara (PSB) precisa olhar pro presidente Jair Bolsonaro (PL) para aprender a trabalhar pelos que mais precisam”, acrescentou Gilson, ao comemorar a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que eleva para R$ 600 o valor do Auxílio Brasil.

Começa no próximo dia 20 e segue até 5 de agosto o prazo para realização das convenções partidárias para homologar os candidatos que irão disputar os cargos de governador, deputados estaduais e federais, assim como os postulantes à presidência da República.

Em Pernambuco, contudo, dos cinco principais candidatos ao governo estadual, até o momento, apenas Miguel Coelho (União Brasil) estabeleceu uma data e local onde vai oficializar a sua candidatura e a da sua vice, Alessandra Vieira. Será no próximo dia 31, no Clube Internacional do Recife. No dia, inclusive, a expectativa é de que Miguel anuncie o nome que vai disputar o Senado em sua chapa majoritária.

Raquel Lyra (PSDB) e Anderson Ferreira (PL) ainda não bateram o martelo sobre a data e onde deve acontecer suas respectivas convenções. Já Danilo Cabral (PSB), segundo a sua assessoria, deve deixar para realizar o evento para a última semana dentro do prazo final. O local, contudo, não foi revelado.

O blog tentou contato com a assessoria de Marília Arraes (Solidariedade), mas até o momento, não tivemos retorno.

De volta ao Nordeste para show no Festival de Inverno de Garanhuns, na próxima segunda-feira, a cantora Vanessa da Mata participa do Sextou de hoje. Compositora consagrada, com dezenas de músicas em trilhas sonoras de novelas da Globo, Vanessa vai falar da sua brilhante carreira.

E de seus grandes sucessos, como “Não me deixe só”, “Ainda Bem”, “Ai, Ai, Ai”, “Boa Sorte/Good Luck”, “Baú”, “Amado”, “O Tal Casal”, “As Palavras” e mais recentemente “Segue o Som”. Ela também é escritora. Seu primeiro romance “A Filha das Flores” foi lançado em 2013 e já teve reedições em Portugal, México e Alemanha.

O Sextou é produzido, gerado e transmitido pela Rede Nordeste de Rádio, formada por 42 emissoras em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, no horário das 18h às 19h. Se você deseja ouvir pela Internet, clique no link da rádio em destaque acima ou baixe o aplicativo da Rede Nordeste de Rádio na play store.

O governador Paulo Câmara sancionou a lei nº 17.898, aprovada pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) que faz referência à Lei Complementar Federal 194/2022, que estabelece um teto de 18% para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. A sanção foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira.

A perda estimada em arrecadação do Estado de Pernambuco deve ficar em torno de aproximadamente R$ 4 bilhões, verba que iria para saúde, educação e políticas sociais. Com isso, o valor do ICMS cobrado na gasolina, por exemplo, deverá sofrer uma redução de mais de R$ 0,52.

O presidente Jair Bolsonaro contestará o resultado das eleições de outubro. E isso provocará no país alguma forte confusão institucional.

As duas afirmações acima são certezas para a maioria dos deputados e senadores, conforme mostra a última rodada do Painel do Poder, pesquisa trimestral que o Congresso em Foco Análise realiza com 70 dos principais líderes do Congresso Nacional.

É possível obter o relatório completo da pesquisa. Veja aqui como fazer.

De acordo com a pesquisa, 54,69% dos deputados e senadores entrevistados consideram altamente provável que Bolsonaro irá incitar no Brasil um movimento semelhante ao que fez nos Estados Unidos Donald Trump depois que perdeu as eleições para Joe Biden em 2020. Nos Estados Unidos, a contestação do resultado resultou na invasão do Capitólio, sede do poder Legislativo, no dia 6 de janeiro de 2021 e na morte de cinco pessoas.

Na pesquisa, 23,44% dos parlamentares (15 respostas) dizem considerar “quase certo” de que Bolsonaro irá contestar o resultado. E isso é “muito provável” para 31,25% (20 respostas). Há ainda 14,06% que consideram a hipótese “medianamente provável” (nove respostas).

“São, portanto, 68,75% de parlamentares que percebem que poderá haver a incitação de movimentos populares que questionem o resultado eleitoral. O contraponto é de 31,25% de deputados e senadores que consideram pouco provável que aconteça algo do gênero”, observa o relatório da pesquisa.

Ambiente de estresse político

A consequência clara dessa situação é que a expressiva maioria dos parlamentares acredita que isso tornará o ambiente político do país conturbado. O Painel do Poder perguntou aos deputados e senadores se eles consideram que as eleições irão acontecer normalmente ou se haverá algum tipo de estresse institucional, nada menos que 84,4% cravaram a primeira hipótese. Somente 15,6% disseram acreditar que as eleições ocorrerão normalmente (10 respostas). Mas somente 1,6% acreditam que tal estresse redundará em ruptura institucional.

Na avaliação de 48,4%, o comportamento de Bolsonaro provocará momentos de tensão durante as eleições, mas que eles serão superados rapidamente (31 respostas).  Outros 34,4% acham que o estresse acontecerá e que os problemas serão superados com dificuldade (22 respostas).

“Nenhum membro da oposição aposta na normalidade completa. E nenhum membro da base aposta na ruptura institucional definitiva, revelando uma leve polarização no padrão de respostas”, observa o relatório.

A rodada do Painel do Poder ouviu 70 deputados e senadores entre os líderes mais expressivos do Congresso entre os dias 18 de maio e 15 de junho.

Os pré-candidatos a governador e vice-governadora de Pernambuco pelo União Brasil, Miguel Coelho e Alessandra Vieira, farão um novo giro pelo interior do estado, neste fim de semana. A dupla cumprirá uma extensa agenda em cidades do Agreste, Zona da Mata e Grande Recife. O calendário de visitas em busca de novas adesões e apoios na corrida eleitoral começa nesta sexta-feira em Caruaru e vai até sábado à noite em São Lourenço da Mata.

Na Capital do Agreste, Miguel e Alessandra vão oficializar o apoio às pré-candidaturas de Dilson Oliveira, a estadual pelo União Brasil, e Douglas Cintra, para deputado federal, pelo Podemos. O evento de lançamento da pré-campanha dos parlamentares ocorre a partir das 18h30 em uma casa de recepções e várias lideranças regionais já confirmaram presença.  

Amanhã, os compromissos começam pela manhã na Zona da Mata. A primeira visita será em Chã Grande, onde Miguel e Alessandra terão a companhia de Sérgio do Sindicato (PT), que foi presidente da Câmara Municipal de Vereadores e na última eleição concorreu a prefeito. Depois, os pré-candidatos vão a Amaraji para visitar a feira local acompanhados do ex-prefeito da cidade, Rildo Reis. A agenda segue em Primavera, em agenda com lideranças da cidade e o ex-prefeito Rômulo “Pão Com Ovo”.

Durante a tarde, Miguel e Alessandra estarão em agendas em cidades do Grande Recife. O primeiro compromisso será em Paulista com o pré-candidato a deputado federal Vinícius Campos, visitando um projeto social. Depois, os pré-candidatos participam, no Recife, da procissão de Nossa Senhora do Carmo.

A agenda será encerrada à noite em São Lourenço da Mata, onde o ex-prefeito de Petrolina e a deputada Alessandra participam de lançamentos de pré-candidaturas à federal e estadual.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se reuniu reservadamente com o ministro do Supremo e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, para tentar buscar uma solução para a crescente tensão na relação entre a corte eleitoral, Bolsonaro e os militares. 

O encontro aconteceu no final da tarde da última quarta-feira, logo depois da reunião de Moraes com parlamentares da oposição e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações são da colunista do O Globo, Malu Gaspar. 

Segundo o ministro relatou a aliados, Moraes, que assume a presidência do TSE no próximo dia 16 de agosto, teria sinalizado ter disposição para atenuar o estresse entre as Forças Armadas e a corte. Não há, porém, nada concreto decidido a esse respeito. 

Ciro é um dos bombeiros que, desde a semana passada, tem procurado diminuir a temperatura do ambiente político, depois das recentes provocações ao TSE feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. 

Além de reforçar o discurso de Bolsonaro em uma reunião ministerial sobre as suspeitas em relação à segurança do sistema de votação, Nogueira compartilhou no final de semana um artigo de um general da reserva que afirma que “a vitória de Lula seria a ruína moral da Nação”. 

Ontem, o ministro da Defesa defendeu em uma audiência no Senado que fosse feito um “teste de integridade” das urnas, com uma apuração em papel feita paralelamente à votação em urnas eletrônicas. A finalidade desse teste seria a de conferir se o total apurado na votação em papel seria igual à das urnas eletrônicas.  

A proposta, porém, foi recebida jocosamente entre ministros do Supremo – não só pelo fato de que as urnas hoje já passam por um teste de integridade feito por empresa de auditoria, mas também porque, segundo a proposta de Nogueira, quem faria esse teste seriam os próprios militares. 

“Foi ideia de quem esse teste? Do Pazuello?”, questionou um dos ministros do STF com quem falei ontem. 

A irritação dos ministros do Supremo e do TSE, de um lado, e dos militares, de outro, deixaram parlamentares do Centrão, magistrados e autoridades públicas preocupados com o risco de que a tensão pudesse se acirrar ainda mais até as celebrações de Sete de Setembro.

A conversa de Ciro Nogueira com Alexandre de Moraes é possivelmente a principal de uma série de encontros reservados entre esses atores, desde a semana passada. 

Como Alexandre de Moraes será o próximo presidente do tribunal, o ministro da Casa Civil o sondou sobre a possibilidade de o TSE fazer algumas concessões aos militares.

Uma delas seria realizar a reunião técnica com as Forças Armadas na qual Paulo Sérgio Nogueira vem insistindo, para discutir a segurança nas eleições.

A outra seria acatar mais algumas sugestões já feitas numa lista enviada pelo general Heber Portela, representante dos militares o comitê de segurança do TSE – como por exemplo uma totalização parcial dos votos nos Tribunais Regionais Eleitorais, os TREs, antes de enviar os resultados das eleições para serem computados no TSE.

Essa totalização sempre foi feita, mas nas últimas eleições deixou de ser realizada por recomendação da Polícia Federal. Já a reunião é vista na corte eleitoral como um privilégio injustificado às Forças Armadas, já que elas não são as únicas entidades fiscalizadoras das eleições cadastradas pelo tribunal. 

Alexandre de Moraes, porém, não assumiu ainda um compromisso com nenhum desses pleitos. 

Entre os ministros de Bolsonaro ligados ao Centrão, domina a percepção de que a resistência do atual presidente do tribunal, Edson Fachin, tem personalidade inflexível e estaria menos disposto a negociar do que Alexandre de Moraes. 

E isso apesar do fato de que Moraes comanda os inquéritos das fake dos atos antidemocráticos, nos quais são investigados aliados e filhos de Jair Bolsonaro. 

A prova dessa maior flexibilidade seria o fato de que o ministro do STF e o presidente da República tiveram um encontro a sós durante um jantar promovido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, em homenagem ao ministro do STF Gilmar Mendes. 

O papo, que aconteceu no final de junho, não rendeu frutos. Mas foi valorizado pelos ministros do Centrão como um gesto de boa vontade.  

Se esses “sinais” emitidos por Alexandre de Moraes de fato vão se transformar em algum gesto concreto, ainda não se sabe. Os bombeiros do Planalto, porém, ainda pretendem continuar tentando. 

O Congresso Nacional derrubou vetos sobre a compensação a ser paga pelo governo federal aos estados pela perda de arrecadação do ICMS, medida prevista no Projeto de Lei Complementar 18/22.

O projeto determina a aplicação de alíquotas de ICMS pelo piso (17% ou 18%) para produtos e serviços essenciais quando incidente sobre bens e serviços relacionados aos combustíveis, ao gás natural, à energia elétrica, às comunicações e ao transporte coletivo. As informações são da Agência Câmara de Notícias.

Com a derrubada dos vetos, ontem, serão incorporados à Lei Complementar 194/22 itens que tratam da compensação aos estados, por meio de descontos em parcelas de dívidas refinanciadas desses entes federados junto à União.

Assim, essa compensação será com base na queda de arrecadação do total de ICMS em comparação com 2021 e não apenas quanto ao ICMS desses produtos e serviços, valendo para estados que tenham dívidas refinanciadas no âmbito do Regime de Recuperação Fiscal.

Outra forma de compensação que passará a valer permite aos estados e ao Distrito Federal deixarem de pagar parcelas de empréstimos que contem com aval da União sem mesmo ser necessário um aditivo contratual, inclusive para operações internacionais.

Para aqueles estados sem dívida perante o Tesouro Nacional, com empréstimos avalizados pela União ou mesmo se o saldo das dívidas não for suficiente para compensar integralmente a perda, o texto permite a compensação em 2023 por meio do uso de parte da arrecadação da União obtida com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).

Esse royalty sobre mineração arrecadou, em 2021, R$ 10,2 bilhões, dos quais 12% ficaram com a União.

Os parlamentares retomaram ainda trecho que determina aos estados repassarem aos municípios a parte que lhes cabe, segundo a Constituição, da arrecadação do ICMS frustrada e compensada pela União.

Os estados nessa situação e também os que já tinham, antes da conversão do texto em lei, alíquota do ICMS sobre os produtos e serviços tratados pelo projeto no piso fixado terão prioridade na contratação de empréstimos em 2022. Entretanto, o projeto não especifica que tipo de empréstimos está abrangido.

Nafta
Outro dispositivo que será incorporado à lei permite às refinarias contarem, até 31 de dezembro deste ano, com suspensão do pagamento de PIS/Cofins e PIS/Pasep-Importação e Cofins-Importação na compra de nafta, outras misturas, óleo de petróleo parcialmente refinado, outros óleos brutos de petróleo ou minerais (condensados) e N-metilanilina.

Capítulo 31

“O discurso do candidato é o túmulo do estadista”. A frase, de autoria de Marco Maciel, define, por si só, o modelo que adotou e aplicou, rigorosamente, no exercício da vida pública nos diversos cargos que ocupou em mais de 50 anos na política, de deputado estadual em Pernambuco nos anos 60 ao exercício da Presidência da República, interinamente, por 85 vezes, substituindo Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 a 2003.

Verdadeiros estadistas, segundo o Aurélio, não são boquirrotos, falam com concisão, precisão e sem ambiguidades, em linguagem franca, mesmo que isso signifique a dolorosa promessa de “sangue, suor e lágrimas”. Já li que a diferença entre o estadista e o político comum é a de que o primeiro planta visando às futuras gerações e o outro só pensa na próxima eleição.

Marco Maciel não era boquirroto, sempre foi franco nas suas relações e agiu na política pensando nas futuras gerações. Sendo assim, foi um estadista. Vocacionado para a arte do diálogo, talvez tenha sido um dos políticos que mais contribuíram para apaziguar o Brasil. Tancredo Neves chegou a dizer que sem Maciel, não teria vencido Paulo Maluf no Colégio Eleitoral e levado o País ao reencontro da democracia. 

Ulysses Guimarães, o Senhor Diretas, afirmou, certa vez, que só descobriu a razão dos governos que combateu não terem sofrido derrotas no Congresso depois que conheceu Marco Maciel. Mas se alguém se aventurar a escrever as memórias do maestro da transição, como o político pernambucano ficou conhecido, não encontrará subsídios, nem mesmo com Anna Maria, sua primeira e única mulher, com quem conviveu 54 anos e teve três filhos.

“Meu marido era um túmulo”, resume Anna. Segundo ela, Marco Antônio, como o tratava, não deixou um só papel escrito falando dos bastidores que viveu apagando incêndios na República. “Se ele tivesse uma reunião com você, era só para vocês dois. Você podia morrer de perguntar, mas ele não falava”, afirma, indo na mesma linha do professor Roberto Parreira, o eterno chefe da gabinete de Maciel.

“Ninguém ficava sabendo de nada do que ele tratava com as pessoas, desde um político importante a um cidadão comum que recebia em audiência. Uma vez, ele foi recebido pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, dissecou o Plano Real e tratou de investimentos no Brasil. Putin fez uns desabafos pessoais, mas a Fernando Henrique, Maciel, na volta ao Brasil, só relatou a parte da conversa republicana. Ninguém ficou sabendo o que se passava na vida pessoal de Putin”, disse Parreira.

Todo mundo tem segredos e revela quando se constrói uma relação de confiança com alguém que tem a capacidade de manter segredo. Esta regra básica, pelo menos na política, nunca existiu para Marco Maciel. “Tancredo não gostava de falar nada ao telefone. Vinha aqui em casa várias vezes durante o dia na época em que sua candidatura estava sendo costurada para enfrentar Maluf, mas eu nunca soube de nada das conversas, porque Marco Antônio não me falava nada. Eu só tinha noção do que eles tratavam quando lia algo nos jornais no dia seguinte”, revela Anna Maria.

“Meu primeiro emprego, no Bandepe, foi através de Marco Maciel, mas nunca soube por ninguém, em toda a minha vida, que ele tenha falado sobre essa ajuda que me deu no início da minha carreira profissional”, relata, por sua vez, Cristovam Buarque. Antes de chegar em Brasília, entrar na política, virar governador do DF, ministro da Educação e senador, Cristovam viveu no Recife.

Marco conheceu Cristovam na política estudantil, do outro lado do balcão, militando já na esquerda e trabalhando contra sua eleição de presidente da União dos Estudantes de Pernambuco. “Certo dia, eu estava numa parada de ônibus na Rui Barbosa, no Recife, quando para um carro pequeno, acho que um fusca, e lá de dentro um homem magro e alto me oferece uma carona. Era ele, Marco Maciel, já como deputado estadual e eu estudante. Ele já devia saber quem eu era”, conta Cristovam, rindo, ao reproduzir um exemplo da grandeza como Maciel agia na política.

Mais tarde, já na condição de governador do DF e Maciel vice-presidente da República, Cristovam recebeu convite para almoçar no Palácio Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência. “Foi uma conversa amena e com tempero pernambucano, mas nunca vazou, era do estilo dele”, testemunha Cristovam. No período da eleição de Tancredo, Cristovam voltou a conviver com Marco Maciel. “Não fosse ele e Sarney, Maluf tinha ganho a eleição. Tancredo não ganharia. Nessa época, eu tive muito contato com ele”, diz o ex-senador. 

“Marco Maciel não negava o diálogo, dialogava com a esquerda, com a direita, o centro, com todo mundo. Tinha até relação com Dom Hélder Câmara e Oscar Niemeyer, dois conhecidos comunistas. Para mim, ele não era de esquerda nem de direita. E se fosse? Uma coisa é ser de direita, outra coisa é ser ditador. Tem direita que é muito mais liberal que esquerda. Tem direita que é mais democrática que esquerda. Ele se assumia como liberal social. Ele era muito católico, cristão. Mas foi um político que deixou aula”, acrescentou. 

Aloisio Sotero, ex-secretário de Agricultura na gestão de Marco Maciel, lembra que o ex-chefe administrou muitas crises no seu Governo e na Vice-Presidência da República, ajudando a distensionar a era FHC. “O que ele mais reclamava quando surgia uma crise era que em todas elas tinha que nomear um coordenador. “O coordenador da gestão de crise acabava sendo ele próprio”, recorda. 

Roberto Parreira desconfia que Marco Maciel só abria o coração, revelando segredos de Estado para o pai José do Rego Maciel. “Logo quando comecei a trabalhar com ele, percebi que o grande interlocutor dele era o pai. Todo mundo pensava que era Jorge Bornhausen ou os amigos do Recife, mas quando doutor Maciel falava: “Marco, não vai dar certo”, ele não insistia, acreditava totalmente no pai. Era um misto de respeito e amor. Era uma relação muito bonita. Ele gostava de estar com o pai”, relembra Parreira. 

“É uma vida que merece ser estudada, para ele ter o reconhecimento que merece. Marco era um homem íntegro e completo. Da maneira mais precisa e enfática de se definir Marco Maciel eu diria: não via defeito nele”, revela, por sua vez, o ex-governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, a quem Maciel escolheu para enfrentar o favorito Marcos Freire nas eleições para governador em 1982, saindo vitorioso.

Coordenador da campanha de Marco Maciel ao Planalto por via indireta no Colégio Eleitoral, o então deputado estadual por Goiás, Vilmar Rocha, lembra uma passagem pelo Mato Grosso do Sul quando o então ministro-chefe do Gabinete Civil, Leitão de Abreu, convocou Maciel para uma reunião de urgência no Palácio do Planalto, na qual se tentava chegar a um consenso entre os candidatos do PDS.

“Mandaram um jatinho para levar Marco Maciel a Brasília. Descemos em Brasília de madrugada, Marco ficou duas horas na reunião, mas não me contou nada. Conhecendo o estilo dele, também não quis ser curioso”, lembra, rindo, o próprio Rocha. Segundo ele, esse encontro foi gravado em sua mente porque se deu no dia 14 de fevereiro, data do seu aniversário. “Lembro até que ele disse que ia no meu aniversário no ano seguinte”, contou.

E detalhou um fato curioso, do perfil da personalidade de Maciel: “Dias antes do meu aniversário em 1985, um ano depois, ele me ligou. Perguntou se eu estava em Goiânia e foi jantar comigo lá do dia do meu aniversário. Ele já era ministro da educação. Eu preparei um jantar na minha casa. E nos meus 34 anos, eu um modesto deputado estadual, ele jantou comigo e voltou, cumprindo a promessa no ano anterior. A promessa era dívida para ele. Ele era um homem grato. Eu não precisava, mas ele foi atencioso e carinhoso”.

Anna Maria lamenta que o marido não tenha deixado escritos da sua participação nos grandes momentos da vida nacional. “Sobre a trajetória dele, não nos deixou nada. Eu tenho cartas que ele recebia, tenho títulos, essas coisas. Mas, por exemplo, coisas de reuniões, jamais. Ele fazia muita reunião em casa, mas a gente não aparecia. A gente ia lá para dentro e as coisas pegando fogo em outra sala. Com Tancredo, por exemplo, tinha uma coisa de não falar ao telefone. Ele vinha lá em casa, eu mandava servir um café, e saía. Então, a gente não sabia do que se tratava”, revelou. 

Para muitos dos que conviveram com Maciel Maciel, parece ser um dos seres humanos que vêm à terra a cada 100 anos. “Ele é quase uma perfeição do gênero humano”, diz o ex-ministro Gustavo Krause. “Ele nos deixou ensinamentos até para vida privada. Eu recorro muito ao que ele ensinava quando dizia que quem tem prazo, não tem pressa. E quando dizia que não respondia sobre hipóteses. Isso eu uso diariamente na minha vida de executivo. Não se pode falar em algo que não se sabe se vai acontecer”, revela Sotero

Veja amanhã

Quem é Anna Maria, o único e verdadeiro amor de Marco Maciel, que se transformou na grande cuidadora dele no enfrentamento ao Alzheimer?

Eduardo nunca se dobrou ao PT

O trágico acidente aéreo que tirou a vida de Eduardo Campos provocou, consequentemente, a morte lenta do PSB. É como se o partido estivesse agonizando na UTI, com aparelhos ligados. Eduardo vivo, dificilmente Lula, a alma mais honesta do planeta, estivesse fazendo esse jogo sujo e desonesto com o partido.

Lula zombou do PSB ao receber Marília no mesmo dia em que posou ao lado de Danilo Cabral. Foi a única mão que beijou, enquanto Danilo ficou na fila de espera do beija-mão dele, na última quarta-feira, em Brasília. Duvido Eduardo aceitaria igual tratamento estando em jogo uma aliança que o PT parece refém do PSB.

Difícil acreditar, igualmente, que Eduardo aceitasse Geraldo Alckmin, filiado ao PSB e indicado para vice de Lula, paparicar Marília, distribuir sorrisos e posar ao seu lado. Só não beijou a mão de Marília, como o ex-presidiário, porque parece que, felizmente, não é chegado a atos demagogos e populistas como Lula.

Vivo, Eduardo jamais teria deixado no sereno, submetido a todo tipo de humilhação, o ex-governador de São Paulo, Márcio França. Embora com chances de ganhar a eleição para o Governo do Estado, França foi obrigado a abrir mão da disputa, pisoteado e jogado numa aventura para o Senado como um boneco de estimação de Lula e seus asseclas, cujo símbolo na testa é o da corrupção.

Com Eduardo no comando do PSB, Lula já teria ouvido boas e duras verdades na cara. Falta ao partido, um líder de coragem, que mostre força, que não se submeta a nenhum tipo de vexame por parte de um candidato ao Planalto que vive se explicando, dos roubos e assaltos aos cofres da Petrobras praticados pelo PT e sua quadrilha.

Sem Eduardo, o PSB é um partido moribundo.

Antes tarde… – Enfim, a Assembleia Legislativa aprovou, ontem, a proposta do governador Paulo Câmara para reduzir o preço dos combustíveis no Estado, mediante redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Pela iniciativa retardada – todos os Estados já fizeram mediante decreto – o preço nos postos deve cair em média R$ 1, ajudando os consumidores nesse momento de retomada econômica.

Mais uma vida! – Pelas redes sociais, Marília Arraes, pré-candidata do Solidariedade ao Governo do Estado, anunciou, ontem, que está grávida do seu terceiro filho. Que notícia maravilhosa! Mais uma vida, mais um projeto de Deus, diferente da reação dos seus adversários que chegaram a explorar o fato como se fosse uma doença, que iria impedi-la de fazer a campanha. A humanidade é podre!

Cenário carioca – No Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 39% das intenções de voto ante 34% do presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo pesquisa Genial/Quest. Os números são do cenário estimulado, quando as opções de voto são apresentadas ao eleitor. No levantamento feito em maio, Lula e Bolsonaro tinham 35%.

Tasso na vice – Pré-candidata do MDB ao Palácio do Planalto, a senadora Simone Tebet (MS) pretende anunciar, na próxima semana, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como o candidato a vice em sua chapa. O anúncio oficial da chapa, porém, depende do acordo entre MDB e PSDB no Rio Grande do Sul. Para oficializar a indicação de Tasso, os tucanos exigiram que os emedebistas desistam de candidatura própria ao governo gaúcho este ano para apoiar o ex-governador Eduardo Leite (PSDB).

Votação paralela – Em meio aos atritos entre o governo federal e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o papel das Forças Armadas nas eleições, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, sugeriu a realização de votação paralela em cédulas de papel no dia do pleito, como forma de testar a integridade das urnas. A proposta foi apresentada durante audiência pública no Senado. Além dela, Nogueira recomendou testes de integridade das urnas no momento da votação, teste público de segurança nas urnas do modelo 2020 e o que ele chamou de “auditoria independente”.

CURTAS

NÃO, DIZ TSE – Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral já têm a resposta para a sugestão, feita a menos de 90 dias da eleição, de haver uma votação paralela, com cédulas de papel, no dia do pleito. O objetivo seria aumentar a confiabilidade do processo. A resposta do TSE é não.

CORTE DE LUZ – Um fato inusitado (e até mesmo, inacreditável) da cantora e ex-BBB Juliette veio à tona nesta quinta-feira (14): a artista teve a suspensão de fornecimento de água em sua residência por falta de pagamento. De acordo com uma reportagem do portal Metrópoles, Juliette se viu desesperada para resolver o débito causado pelo seu irmão, que esqueceu de pagar a conta.

Perguntar não ofende: Sem aval do TSE, as Forças Armadas farão apuração paralela nas eleições presidenciais?