Por Roberto Almeida
Para quem acompanha a política de Pernambuco de perto, não chega a ser uma surpresa os números da pesquisa do Instituto Opinião, divulgados nas primeiras horas desta segunda-feira, no blog do jornalista Magno Martins.
Se a eleição de governador de Pernambuco fosse realizada neste mês de novembro de 2024, João Campos teria 76,2% dos votos; a governadora Raquel Lyra ficaria com 15,8% do eleitorado. A pesquisa foi realizada em 80 municípios do Estado, com 2 mil pernambucanos tendo sido entrevistados.
Quem simpatiza com Raquel e não entende de pesquisa vai questionar o resultado. Outros dirão que está muito longe para a eleição, o que é verdade. Em 2014 o então senador Armando Monteiro liderava com folga as pesquisas na disputa pelo governo de Pernambuco. Paulo Câmara não passava de 8%. Tudo mudou com a queda do avião que matou Eduardo Campos.
Leia maisCandidato do PSB, escolhido pelo próprio governador, que se afastou do cargo para disputar a presidência da República, Paulo se tornou herdeiro do legado do neto de Arraes. Toda comoção com o trágico acidente atingiu o eleitorado como um raio, fazendo com que o representante do Partido Socialista vencesse Armando logo no primeiro turno.
Dois mil e vinte e dois. Marília Arraes entrou na disputa pelo Governo do Estado de uma maneira meio estabanada, mas conseguiu montar uma boa chapa majoritária com Sebastião Oliveira de vice e André de Paula para o senado. A então deputada federal fez tudo certo no primeiro turno, liderou as pesquisas com uma boa vantagem, mas não contava com “a queda de um outro avião”.
No dia da eleição, antes da população começar a votar, morre inesperadamente Fernando, o esposo de Raquel Lyra. Viúva, com filhos pequenos, a ex-prefeita de Caruaru, segunda colocada nas pesquisas, deu um salto no domingo mesmo, por pouco não ultrapassando Marília.
No segundo turno, a campanha da candidata do Solidariedade entrou em “parafuso”, ela ficou sem saber como enfrentar a viúva, que adotou uma postura mais serena, madura, levando a adversária ao desespero. Raquel Lyra se elegeu com votação consagradora, impondo a Marília uma derrota da qual ela não se recuperou até hoje.
Então, pelo histórico, tudo pode acontecer, não é mesmo? Até mesmo cair novamente um avião, em Pernambuco ou em Brasília.
Mas vamos torcer para que não aconteçam desastres nem fatalidades e a próxima eleição de Pernambuco seja realizada dentro da normalidade, sem comoção de qualquer tipo. Na pesquisa do dia, João Campos aparece como um fenômeno de popularidade. É um político que caiu nas graças da população do Recife e da maioria das cidades de Pernambuco.
Raquel, pelos números do instituto de pesquisa, é uma decepção. Para mudar o quadro que se desenha, a governadora vai ter muito trabalho.
Cidades como Recife, Garanhuns, Petrolina e mesmo Olinda, onde Raquel comemorou de forma entusiasmada a vitória de sua candidata, devem dar a João Campos um percentual ainda maior do que esse da pesquisa divulgada por Magno.
Talvez nem um avião resolva o problema da governadora, que deixa a desejar em todos os sentidos. Na educação, na saúde, na segurança, na assistência social.
Desagrada na Região Metropolitana, na Zona da Mata, no Sertão, na maior parte do Agreste. Ela e sua vice, Priscila Krause, passam a impressão de duas burguesas deslumbradas com o cargo que ocupam graças aos caprichos do destino.
A governadora faz vídeos em que representa um papel. Tenta passar a imagem de político (a) popular, interagindo com o povo de maneira não muito convincente.
Além de realizar um governo ruim, pelo menos até o momento, não tem um adversário qualquer pela frente.
João é bisneto de Miguel Arraes, o único homem que foi eleito governador de Pernambuco três vezes.
É filho de Eduardo Campos, que foi eleito e reeleito governador, fez administrações amplamente aprovadas, se tornou popular de maneira a reduzir oposição em Pernambuco a quase nada.
É um dos prefeitos mais populares do Brasil, o povo do Recife o tem na conta de um excelente gestor. Os que moram no interior aclamam seu nome.
João é ainda uma espécie de pop star nas redes sociais, que o faz ter fãs em cidades distantes como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Belém.
Na pesquisa do Opinião o prefeito João Campos tem apenas 10,6% de rejeição. A governadora somou 60,8%.
Raquel pode virar esse jogo?
Tudo pode acontecer. Mas é preciso atentar que o filho de Eduardo Campos não tem nada de Armando Monteiro. E nem é Marília, apesar de primo legítimo.
Leia menos