Nova Montana é SUV ou picape? Ou ambos?
A nova picape Chevrolet demorou quase três anos para nascer: a General Motors começou lá no meio da pandemia da Covid-19 com uma especulação ali e outra acolá, depois encheu as redes sociais de dicas e teasers, permitiu “flagras” de unidades disfarçadas para jornalistas, levou o modelo para programas de TV e, finalmente, confirmou um velho nome para um novo produto. Aí, a Nova Montana finalmente chegou. No mês passado, este colunista a avaliou por uma semana e aí pôde constatar o que já suspeitava: a Nova Montana não é bem uma picape. E isso é bom. É, na verdade, um SUV com caçamba.
Chega para tomar clientes da Toro e da Strada, mas até de SUVs tradicionais, até por conta do preço sugerido. Conseguirá? Qual alvo sofrerá mais sequelas? Afinal, por que ela deve ser considerada uma “picape/SUV”? Primeiro, por causa da origem: o SUV compacto Tracker, benquisto no país. Somente no ano passado, foram mais de 70 mil unidades vendidas do Tracker no Brasil – e continua em 2023 sendo o preferido de 16% dos compradores de compactos. A Montana, por sua vez, teve 11 mil emplacamentos no acumulado até maio – quase a mesma quantidade da irmã mais velha S10 e metade do que emplacou a Fiat Toro. Ela também é uma picape/SUV pelo esforço da General Motors em transformar a caçamba em um bagageiro – ou numa “caçamba multi-flex”, segundo a própria marca, por cumprir também a função de porta-malas de sedã, por exemplo.
Leia maisA capacidade dela (874 litros) não entusiasma, se comparada à das concorrentes: 844 litros tem a Fiat Strada e 937 litros leva Fiat Toro. Quanto aguenta de peso? A resposta mostra que a Montana não veio efetivamente para brigar nesse segmento de picapes: pode transportar apenas 600kg (150kg a menos em relação à antiga), enquanto a Fiat Strada, versão Ultra, por exemplo, consegue levar 1.000kg. Mas a engenharia conseguiu que ela ficasse mais SUV a partir do uso de uma capota marítima bem vedada contra a entrada de água (as reclamações são comuns) e, pelo menos na versão testada, da poeira. Há opção também de uma capota rígida de acionamento elétrico por controle remoto”, complementa. Por fim, como opcional, uma capota rígida de acionamento elétrico por controle remoto e o Multi-Board, que usa trilhos, uma prateleira e uma prancha para criar divisórias modulares dentro do compartimento.
Sem falar na bolsa selada de caçamba, com 300 litros de capacidade – e bem interessante para carregar bagagens à parte, sem chacoalhar. E mais: as bolsas organizadoras simples e dupla têm divisórias flexíveis e de fácil manuseio. O extensor de caçamba tem suporte de placa com iluminação, carenagem externa personalizada e se transforma em uma escada/rampa ou em um divisor de carga. A abertura e o fechamento da tampa da caçamba são bem leves, amortecidos. Ela, aliás, como é alta, atrapalha um pouco a visibilidade traseira – e ainda mais pela existência de uma barra protetora para o vidro traseiro. Mas, como ocorreu com a Toro, o uso constante traz o costume e o anormal se normaliza. Ah, o modelo é tão SUV que nem sequer foi projetado para receber o engate traseiro para rebocar moto e jet-sk, quem dirá carretinha de cavalo. De qualquer forma, pela amplitude de uso da caçamba já valeria a pena tê-la, mesmo com essas limitações de peso/engate.
Motor – É o mesmo conjunto usado na Tracker, mas com alguns ajustes, segundo os engenheiros da GM: o 1.2 turbo sem injeção direta de combustível entrega até 133cv de potência 21,4 kgfm de torque. O câmbio da Premier (assim como da LTZ) é automático de seis marchas. A Montana tem uma boa relação peso/potência: 9,85kg/cv. A Toro, por sinal, tem uma melhor (9,03kg/cv), em função do fato de o motor ser um 1.3 turbo de 185cv e torque de 27,5kgfm. A Strada, com motor firefly 1.3 aspírado e torque de 13,2kgfm de torque, tem, uma relação peso-potência maior: 10,97. Pelos dados oficiais, a Montana vai de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos – com câmbio automático e etanol; 11,7 segundos com transmissão manual. Já no consumo, com gasolina, a marca promete as médias de 11,1 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada
Vida a bordo – A picape é boa de dirigir, com uma direção leve e um comportamento ágil – embora tenha sido avaliada vazia, sem carga. O interior é espaçoso para quatro pessoas. Mas a cabine é, digamos assim, sóbria e simples: o material usado pelos carros da Chevrolet até a essa faixa de preço qualidade tem plástico rígido e visual conservador (como o multimídia e o painel de instrumentos, já meio fora de moda com itens analógicos – e isso destoa bastante da média nacional concorrente. No quesito conforto, tem tudo que a irmã Tracker oferece: acendimento automático dos faróis, câmera de ré, volante de couro com ajuste de altura e profundidade, bancos de couro com ajuste (de altura, manual e apenas para o motorista).
O que mais falta – A versão testada foi a Premier, a mais completa – e a ela faltam alguns equipamentos de conforto de segurança para ser, de fato, ‘completa’. Ela não tem, por exemplo, sistemas de condução semiautônoma – como, por exemplo, frenagem autônoma de emergência e alertas de mudança de faixa e de colisão frontal – e nem como opcionais. São opcionais da Toro Volcano. Aliás, ainda há nesse segmento freios traseiro a tambor – ultrapassado. A Montana também não possui o sistema de assistente de baliza automático – afinal, é um carro para uso urbano. Não tem nem mesmo sensor de estacionamento dianteiro. Mas, apesar dessa lacuna, essa versão traz seis 6 airbags e os indispensáveis controles eletrônicos de tração e de estabilidade.
Novo Versa vem aí – O tradicional sedã da Nissan, já como linha 2024, já tem data para chegar aos concessionários brasileiros: o final deste mês. Ele mantém as características que o consagraram, como o excelente espaço interno e a capacidade de porta-malas, e trará novidades no design e ainda mais equipamentos de segurança. Como, por exemplo, o alerta de objetos no banco traseiro – que pode ser uma bolsa, um bolo e até (sim, isso acontece) uma criança.
Commander ganha nova versão… – O Jeep Commander foi lançado em agosto de 2021 e logo se tornou uma referência entre os SUVs grandes do país: é dono, por exemplo, de 32% de participação no segmento nos primeiros cinco meses do ano. Agora, ele passa a ter a versão Longitude!, com motor turboflex 4×2. O Commander tem três fileiras de assentos, sete lugares e com porta-malas variando de 1.760 litros (todos os bancos rebaixados) a 661 litros (com cinco ocupantes) a 233 litros com os sete assentos levantados. Preço? R$ 230 mil.
…e o Fastback também – Para entrar no grupo dos carros passíveis de descontos (e renúncia fiscal por parte do governo), o Fiat Fastback também passou a ter uma nova versão de entrada. A T200 automático tem preço definido de R$ 119.990, o que garante desconto e preço final, neste momento, de R$ 115.990. O motor é um 1.0 turbo capaz de entregar 130cv e torque de 20,4kgfm. O câmbio é automático CVT com simulação de 7 marchas.
Ranger chega esta semana – A nova geração da picape da Ford já tem data marcada para ser oficialmente vendida: quinta-feira (22) para quem já é cliente e dia 26 para os novos interessados. O processo será todo on-line, pelo site www.ford.com.br: basta que os interessados façam um pagamento de um sinal para garantir o negócio com uma das versões equipadas com motor 3.0 V6 turbodiesel de 250cv de potência e 61,2 kgfm de torque e câmbio automático de 10 marchas. A tração será 4×4 com acionamento eletrônico e reduzida. Segundo a marca, a previsão de entrega deve variar de 30 a 60 dias. Os preços não foram divulgados.
L200 Triton Savana – Nova picape Mitsubishi chega às lojas por R$ 310 mil. Além de cores vibrantes, de propósito para esse tipo de versão aventureira, como amarelo Rally e verde Forest, ela traz um pacote caprichado de acessórios. Tipo snorkel, bagageiro com rampa, estribos laterais e caçamba com acabamento anti-riscos. E uma caixa multifunções integrada, com parte removível e muita praticidade para o transporte de cargas menores que não ficam se deslocando na caçamba durante o trajeto. As rodas são de aço com 17’’ e pneus GoodYear Duratrack 265/60 R17. Ela se situa entre a intermediária HPE, de R$ 300 mil, e a topo de linha HPE-S, de R$ 327 mil. O motor é o 2.4 turbodiesel capaz de desenvolver 190cv de potência e torque de 43,9 kgfm.
Contran classifica cinquentinha, patinete e skate – Bicicletas elétricas precisam de indicador de velocidade e retrovisores? Para conduzir ciclomotores, aquelas motos de 50cc, é necessário ter CNH? Para tentar resolver pelo menos uma parte dessas dúvidas e confusões, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) resolveu agir e aprovou nesta quinta (15) uma resolução para atualizar a classificação de ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos de mobilidade individual como patinetes e skates.
A iniciativa, pelo menos, clareia a definição dos veículos e estabelece linhas de fronteira entre uma tecnologia e outra – até para facilitar o registro e o licenciamento nos órgãos locais de trânsito. E é bem-vinda devido ao aumento desse tipo de veículo em circulação, principalmente nas grandes cidades. Ela também servirá para que os órgãos de trânsito façam regramento claro para o tráfego. E, claro, deixar mais clara a classificação desses veículos e equipamentos para garantir a proteção e segurança dos usuários vulneráveis: acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre pessoas de 5 a 29 anos, principalmente de pedestres, ciclistas e motociclistas.
Ficam definidos como:
• Ciclomotor: veículo de duas ou três rodas com motor de até 50 cm³ limitada a uma velocidade máxima de 50km/h.
• Bicicleta: veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sendo, para efeito do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.
• Equipamentos de mobilidade individual autopropelidos: patinetes, skates e monociclos motorizados.
Além das características de cada tipo de veículo, a norma considera como parâmetros potência do motor; velocidade máxima de fabricação; equipamentos obrigatórios, registro e emplacamento; e habilitação. Bicicletas elétricas, por exemplo, devem ser dotadas de sistema que garanta o funcionamento do motor somente quando o condutor pedala e contar com indicador de velocidade, campainha, sinalização noturna dianteira e lateral e espelhos retrovisores. A particularidade no caso dos ciclomotores, motocicletas e motonetas, é a exigência do registro e emplacamento obrigatório.
Para conduzir ciclomotores é necessária a emissão de autorização para conduzir ciclomotores (ACC) ou carteira nacional de habilitação (CNH), na categoria A. Já os equipamentos de mobilidade individual autopropelidos e as bicicletas elétricas devem circular nas mesmas condições das bicicletas convencionais. Cabe aos órgãos locais de trânsito regulamentar a circulação dos equipamentos de mobilidade individual autopropelidos e da bicicleta elétrica. A resolução entra em vigor em 1° de julho de 2023.
Crescimento dos elétricos – Com 6.435 emplacamentos, maio de 2023 marcou um novo recorde para a eletromobilidade no Brasil. Foi a melhor marca mensal de vendas de veículos leves eletrificados da série histórica. Com isso, o total de veículos leves eletrificados em circulação no Brasil, desde janeiro de 2012, passou dos 150 mil. O recorde anterior, de 6.391 emplacamentos, foi em setembro de 2022. No acumulado do ano, já foram 26.014 unidades vendidas. Esse número significa um aumento de 59% sobre os 16.354 emplacamentos do mesmo período de 2022.
Populares seminovos despencam – Anunciado no fim de maio pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), o pacote de medidas que visava reaquecer as vendas de carros novos já teve efeitos. Diante do questionamento de qual o impacto dessa redução nos preços dos carros novos teria nos valores de mercado dos seminovos, a Mobiauto apressou-se em buscar em sua base de dados uma resposta para o consumidor. E ela aponta queda média de 5,13% nos preços dos carros populares seminovos no último mês – anos/modelos 2022, 2021 e 2020. “Apuramos as cotações de dezenas de milhares de anúncios em nossa plataforma, inicialmente na primeira semana de maio, quando não havia essa medida do governo. E repetimos a pesquisa na primeira semana de junho, período que já traria o impacto da redução nos novos. Em um mês, portanto, a queda média foi de 5,13%”, atesta Sant Clair de Castro Jr., consultor automotivo e CEO da Mobiauto.
Os modelos mais anunciados e procurados pelos clientes apontaram um percentual menor de diminuição nos preços, exatamente pelo aquecimento da demanda. Mas, à medida que os novos preços de zero km “emplacarem” no dia a dia do mercado, a tendência é que esse percentual suba ainda mais. “Tivemos modelos de altíssima procura, como o Hyundai HB20S, modelo 2020, que caiu menos de 1%. Já um Chevrolet Joy, que está fora de linha e possui menor atratividade para a revenda, já despencou em mais de 10% em um único mês”, exemplifica Sant Clair de Castro Jr. De qualquer modo, de acordo com o executivo, a variação negativa nos preços dos populares pelos próximos meses é fato consumado. Todos irão cair, principalmente nessa primeira fase do programa do governo, que incentiva as vendas com desoneração tributária em favor de compradores pessoa física. “Não há milagres: se você está vendendo um carro 1.0 com dois ou três anos de uso e chega em uma loja, ele será avaliado na compra a um preço 5% ou 10% abaixo do que seria um mês atrás. O lojista precisa pagar mais barato, pois sabe que o preço final diminuiu”, diz.
Carro popular para locadoras?
Os fabricantes de automóveis brasileiros querem ampliar os benefícios do programa de renúncia fiscal do governo federal que garante descontos em carros populares para pessoas jurídicas. A medida seria boa para a indústria, que desocuparia mais rapidamente seus pátios, mas principalmente o é para as locadoras de automóveis. Elas compram cerca de um terço da produção de veículos novos e têm descontos diretos que podem chegar até a 30% do valor real cobrado numa concessionária. E ainda os revendem, geralmente após um ano de uso, pelo preço de mercado.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a associação que reúne as montadoras, diz que deve haver “isonomia” no benefício, sim. Pondera, no entanto, que espera que o benefício – limitado a R$ 500 milhões em renúncia fiscal para acabar – possa ser usado só por pessoa física. Ele diz não ter ainda informações suficientes para avaliar o impacto das medidas nas vendas de modelos 0km. O programa de benefícios fiscais para impulsionar a venda de automóveis e veículos pesados já teve a adesão de 9 montadoras de carros e 10 de ônibus e caminhões. O primeiro balanço do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), divulgado na quarta-feira (14), mostra que o setor já pediu R$ 150 milhões em créditos tributários; o programa prevê até 1,5 bilhão, incluindo ônibus e caminhões, que deve ser usado em descontos para o consumidor.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.
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