Instalada para apurar os atos golpistas de 8 de janeiro, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) chega a sua quinta semana mirando os ex-agentes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nas últimas sessões, o colegiado ouviu Jean Lawand Júnior, ex-subchefe do Estado Maior do Exército. Agora, a comissão irá colher o depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, na próxima terça-feira (4). Ele foi alvo de 12 pedidos de convocação. As informações são do Metrópoles.
Leia maisA oitiva com Lawand aconteceu porque no celular de Cid foram encontradas mensagens do militar pedindo ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro interferência para convencer o então presidente da República e as Forças Armadas a darem um golpe de Estado. O coronel não aceitava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro de 2022.
Cid foi preso no dia 3 de maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação contra a Covid-19 e é considerado peça-chave para a investigação sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
Ainda estão na mira do grupo as convocações e o convite dos ex-ministros Anderson Torres e general Augusto Heleno. Eles atuaram durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro no Ministério da Justiça e no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), respectivamente. Entre outros que devem ser convocados, encontram-se Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro; Ricardo Cappelli, ex-ministro interino do GSI; e Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI.
O grupo ainda quer pedir a quebra de sigilo dos parentes de Mauro Cid. Ao Metrópoles o deputado Duarte Jr afirmou que será autor dos requerimentos.
“Vou pedir a quebra do sigilo bancário fiscal dos familiares do Mauro Cid. Do pai e do irmão. O irmão dele estava envolvido no gabinete do ódio e também tinha uma empresa lá nos Estados Unidos pra poder proteger o patrimônio dele e operar sem transparência”, disse.
Composta por 16 deputados e 16 senadores, a comissão tem a maioria da bancada formada por integrantes da base governista, superando oposição e partidos independentes. Em acordo, os membros da comissão descartaram convidar o ex-presidente Jair Bolsonaro neste primeiro momento.
Segundo deputado, é necessário colher mais depoimentos que liguem Bolsonaro aos fatos ocorridos.
“A chamada dele, a convocação dele, tem que ser fundamentada, com estudo e investigação com base em provas reais. Para isso é importante ter esses outros depoimentos. O Anderson Torres, por exemplo [pode contribuir].”
Quem é Mauro Cid
O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como coronel Cid, preso preventivamente em operação da Polícia Federal que investiga fraude em dados de vacinação contra a Covid-19, tem histórico de relacionamento com a família do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega do ex-chefe do Executivo no curso de formação de oficiais do Exército, Mauro Cid era major e foi promovido a tenente-coronel em 2022. Ele foi ajudante de ordens de Bolsonaro durante a gestão presidencial.
Mauro Cid foi apontado como o pivô da demissão do general Júlio Cesar de Arruda do comando do Exército, em janeiro deste ano.
Ele também é alvo de investigação da Polícia Federal (PF) que apura se o ajudante de ordens do ex-presidente operava uma espécie de “caixa paralelo”, por meio de saques de recursos dos cartões corporativos, o que é negado por Bolsonaro.
O militar compartilhava da intimidade do então presidente. Além de acompanhá-lo em tempo quase integral, dentro e fora dos palácios, Cid era o guardião do telefone celular de Bolsonaro, a ponto de atender ligações e responder a mensagens em nome dele. Também cuidava de tarefas simples do dia a dia da família, como pagar contas em dinheiro vivo.
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