Maluco ou terrorista?
Ao final da sessão do STF na última quarta-feira, duas fortes explosões foram ouvidas na região da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Os ministros foram retirados do prédio em segurança. Na frente do Supremo, um homem morreu. A Polícia Civil do Distrito Federal disse que se trata de Francisco Wanderley Luiz (PL). Conhecido como Tiü França, o ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) em Santa Catarina foi o responsável pelas explosões, que tiraram a sua vida.
O primeiro estrondo aconteceu nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF). Depois, um carro explodiu perto do Anexo IV, da Câmara dos Deputados. Segundo informações do porta-voz da PM-DF, Major Rafael Broocke, havia vários explosivos no local. Contudo, não se sabe a quantidade exata de dispositivos que foram detonados e o tipo dos artefatos ainda são desconhecidos.
Leia maisUm detalhe preocupante é a presença de um timer junto ao corpo da vítima, o que, segundo o porta-voz, pode indicar a possibilidade de acionamento remoto de explosivos adicionais. O jornalista João Rosa, da CNN em Brasília, apurou que havia uma “espécie de bomba caseira que não conseguiu ter uma ignição total” dentro do carro. Ele ainda afirmou que fogos de artifício, tijolos, fogos, pólvora estavam presentes no veículo.
Um sargento da PM no local disse que caso a bomba tivesse sido acionada, “teriam sido espalhados estilhaços para todos os lados” que poderiam ter ocasionado feridos. Francisco é proprietário do veículo encontrado na cena do crime. Ele havia alertado em redes sociais que cometeria um atentado.
Não se sabe quando ou porque o homem foi à Brasília. Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, era de Santa Catarina. Suspeito de cometer o atentado contra o Supremo Tribunal Federal, ele tinha passagem pela polícia e foi preso em dezembro de 2012.
PL lava as mãos – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à CNN que o homem que morreu não era conhecido pela cúpula do partido. Costa Neto acrescentou que conversou com o deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC), que esteve com o homem na tarde da última quarta-feira, na Câmara, para obter mais informações. Goetten foi filiado ao PL até o início deste ano e recebeu a visita do homem horas antes do episódio.
Ministro radicaliza – O ministro Alexandre de Moraes, do STF, voltou a se manifestar, ontem, a respeito das explosões na Praça dos Três Poderes que deixaram um homem morto na noite anterior. Segundo ele, o episódio deve ser considerado um ato terrorista. Ele lamentou a “mediocridade” daqueles que banalizam o ato por conta de opiniões ideológicas. “Eu não poderia deixar de lamentar a mediocridade de várias pessoas que continuam querendo banalizar um gravíssimo ato terrorista. No mundo todo, alguém que coloca na cintura artefatos para explodir pessoas é considerado um terrorista”, afirmou.
Fim da anistia – O impacto do atentado também deve se estender ao cenário político, afetando especialmente o projeto de anistia atualmente em tramitação no Congresso. O ataque deve tornar ainda mais difícil a aprovação de qualquer medida que vise anistiar indivíduos envolvidos em atos antidemocráticos, como os que ocorreram em 8 de janeiro de 2023. O plano de explosão do aeroporto de Brasília e os ataques a torres de energia após a eleição de 2022, que a direita tenta desvincular dos eventos de 8 de janeiro, ganham nova relevância após as explosões em frente ao STF.
Constrangimento internacional – O episódio na Praça dos Três Poderes cria duplo constrangimento internacional. O atentado acontece às vésperas de o Brasil receber 55 delegações com 26 líderes das maiores economias do mundo no Rio de Janeiro para a cúpula do G20 (18-19/11), e de o presidente Lula receber Xi Jinping em visita de Estado (20/11). O protocolo em encontro desta monta significa que o chefe de Estado visitante seja recebido pelos representantes dos três poderes, o que coloca em evidência a questão da segurança.
Mandato em risco – A candidatura do deputado Francismar Pontes (PSB) à Primeira-Secretaria da Alepe levantou dúvidas entre os mais céticos, mas foram, ontem, completamente afastadas quando assinou o documento, na presença da cúpula do PP, no qual coloca em risco o seu mandato. Garante que jamais sairá do páreo e como prova prometeu renunciar ao mandato se isso vier a acontecer. Juntando os votos da bancada do PSB, que tem 14 deputados, com os 8 da bancada do PP, Francismar já parte com 22 votos no enfrentamento a Gustavo Gouveia (SD), que tenta a reeleição.
CURTAS
DESCULPA – Nos grupos de direita, as explosões foram vistas como a “desculpa que Xandão queria” para perseguir Bolsonaro e os demais “patriotas”. Entre perfis de esquerda, a leitura foi semelhante, mas sem a mesma adjetivação: uma oportunidade para se contrapor à vitimização da direita, que seria a responsável pelos atos de violência contra a democracia.
OPERAÇÃO 1 – A Praça Dom Vital, em frente ao Mercado de São José, na área central do Recife, foi o local escolhido pela Polícia Militar para o lançamento da Operação Papai Noel. Um reforço de efetivo foi anunciado para garantir a segurança de consumidores e comerciantes na área central do Recife.
OPERAÇÃO 2 – Para viabilizar a operação sem comprometer o serviço prestado no restante do ano, o Centro ganhará reforço de diversas unidades da Diretoria Integrada Metropolitana (DIM) e da Diretoria Integrada Especializada (DIRESP). Serão empregados 180 lançamentos diários, até 31 de dezembro, nos bairros de Santo Antônio, São José, Ilha Joana Bezerra, Boa Vista, Coelhos, Santo Amaro e Recife Antigo.
Perguntar não ofende: A anistia fiscal aos terroristas do 8 de janeiro foi para as cucuias?
Leia menos