Dentro do PT, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vinha recebendo críticas de vários parlamentares, inclusive, da presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PR). Ela admite ter divergências com Haddad, como ficou evidente nas discussões sobre a reoneração dos combustíveis com impostos federais, no início do ano. Agora, a deputada tem procurado apoiar o ministro na tramitação do novo arcabouço fiscal, e procura se posicionar como crítica número dois do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em uma postagem recente, ao concordar com a crítica do ministro à aprovação da prorrogação da desoneração da folha de pagamento de alguns setores por quatro anos pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na semana passada, a parlamentar usou o argumento do chefe da equipe econômica, de que a medida vai aumentar os gastos anuais em R$ 9,4 bilhões até 2027. “Já vimos que isso não funciona, não cria empregos nem beneficia o trabalhador e, por isso, precisa ser tratado com responsabilidade. Haddad tem razão em querer deixar para um segundo momento esse debate”, escreveu. As informações são do Correio Braziliense.
Leia maisBicho papão
O economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), considera que havia um pessimismo muito grande no mercado financeiro em relação a Haddad e, agora, há um sentimento de que ele não é o “bicho papão” que foi pintado.
“O pessoal achava que o Haddad seria uma espécie de Arno Augustin (ex-secretário do Tesouro Nacional no governo Dilma Rousseff, apontando como o criador das polêmicas pedaladas fiscais), mas quem conhece minimamente o ministro sabe que ele é a direita do PT”, explica Oreiro.
“Ele sempre teve um discurso de responsabilidade fiscal, e, portanto não iria cometer nenhuma aventura, mas também tinha ciência de que a regra do teto de gastos era insustentável e que seria preciso utilizar mecanismos distintos de curto prazo para recuperar a destruição deixada por Bolsonaro, com servidores sem reajuste e nenhum espaço para aumento de investimentos”, pontuou.
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