A reaproximação de Armando
Embora tenha trocado o PSDB pelo Podemos, ocupando espaço na mídia estadual, o ex-senador Armando Monteiro não saiu da toca, certamente pelo desapontamento com a governadora Raquel Lyra (PSDB), de quem esperava mais reciprocidade, em razão do apoio efetivo e decisivo que deu na campanha, e provavelmente também frustrado pela falta de eficiência administrativa dela à frente da máquina estadual.
Com a chegada oficial do Podemos ao Governo, ocupando a Secretaria de Agricultura a partir de hoje, Armando começa uma nova fase na relação com a tucana. Cícero Moraes, o novo secretário da pasta, é muito próximo a ele, estava secretário em Ipojuca, cumprindo missão delegada pelo Podemos, e chega ao primeiro escalão estadual carimbado pelas digitais do ex-senador.
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Armando foi peça fundamental para Raquel chegar ao poder. Na verdade, fez de tudo para ela entrar no jogo, primeiro quando a convenceu a se filiar ao PSDB, depois quando a promoveu a presidenta estadual da legenda, e mais em seguida quando fez a cabeça dela para renunciar à Prefeitura de Caruaru e assumir a condição de candidata ao Governo.
Entusiasmado, o ex-senador deu a régua e o compasso a Raquel. Andou o Estado inteiro com ela, a aproximou da direção nacional tucana, do PIB nacional e garantiu a sua logística de campanha. Na composição do secretariado, entretanto, a governadora não aceitou uma sugestão de Armando para tocar a pasta de Desenvolvimento Econômico.
Chateado, Armando não foi à posse de Raquel, preferindo traçar um bacalhau regado a um bom vinho em Portugal. Na volta, isolou-se, não deu pitacos sobre a gestão e, recentemente, fez um gesto interpretado como estica corda, quando trocou o PSDB, partido da governadora, pelo Podemos, do seu amigo Ricardo Teobaldo, que não emplacou a reeleição para Câmara dos Deputados.
Muitas vezes com as decepções, frustrações e as pedras que aparecem no caminhar da vida, os políticos vão se tornando também pessoas mais maduras. Armando não parece exceção, mas regra.
Soma zero – Raquel tem inovado também na forma de atrair aliados e dividir o poder sem reciprocidade. Da mesma forma que o PSD, a quem entregou a Secretaria de Cultura, o Podemos não tem uma só alma viva que o represente na Assembleia Legislativa. Difícil entender essa geografia política da governadora se o parâmetro for o PP. Com oito deputados na Alepe, a maior base do Governo, a legenda não está representada no primeiro escalão estadual.
Vem pra Caixa você também! – Se Eduardo Campos criou o modismo de recrutar do Tribunal de Contas do Estado quadros para a equipe, a governadora Raquel Lyra fez ao contrário: sua fonte inesgotável é a Caixa Econômica Federal. Anunciado formalmente e empossado hoje na Secretaria de Agricultura, Cícero de Moraes, como outros auxiliares da tucana, fez carreira na CEF. Raquel só falta copiar o slogan do banco: “Vem pra Caixa você também”.
Espaço do MDB – Depois do Podemos, a expectativa na base do Governo de Raquel se dá em torno da pasta que ela entregará ao MDB, consolidando, assim, mais um partido na sua aliança com vistas à reeleição, em 2026. Na última quarta-feira, ela teve uma conversa com o senador Fernando Dueire, principal liderança emedebista no Estado, que esteve acompanhado de Jarbas Filho, estrela solitária do MDB na Alepe.
O jogo de Raquel – Enquanto abre espaços para o Podemos e o MDB, a governadora estende a mão amiga para outras legendas que a vivem chaleirando para tomar assento oficial, como é o caso do PSD, liderado no Estado pelo ministro da Pesca, André de Paula. Há pouco, indicou o primo André Teixeira Filho, diretor da Adepe, para a secretaria-geral do PSD. Vai reeditando a velha política do olho no padre e outro na missa.
Pedras e pedregulhos – Dois nomes no MDB são especulados para o secretariado de Raquel: Jarbas Filho, deputado estadual, e o ex-deputado federal Raul Henry. Se for o primeiro, a governadora vai abrir uma vaga para o PSB na Alepe, o que parece descartado. Quanto a Henry, este não tem o aval do senador Fernando Dueire. A estrada da vida com pedras e pedregulhos os distanciaram e a reconciliação parece letra morta.
CURTAS
CANDIDATÍSSIMO – Aos que acham que o líder do Governo Raquel na Alepe, Izaías Régis (PSDB), não vai ter disposição para disputar a Prefeitura de Garanhuns mais uma vez, um aviso em bom tempo: Iza, como é tratado carinhosamente, é candidatíssimo.
DIVISÃO EM SÃO JOSÉ – Em São José do Egito, primeiro município que teve pesquisa do Opinião com este blog, na qual Augusto Valadares (UB) aparece na dianteira, as oposições estão com dificuldade de construírem a unidade. O ex-deputado José Marcos (Avante) é o que mais agrega, mas o empresário Fredson Brito (PV) não abre mão da disputa.
RESOLVEU ENTRAR– Em Sertânia, a candidata da oposição será mesmo a empresária Pollyana Abreu, até então indecisa, com apoio do atual vice-prefeito Antônio Almeida, o Toinho (PSB), que rompeu com o prefeito Ângelo Ferreira (PSB).
Perguntar não ofende: Os bolsonaristas vão atender a convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro para o ato do próximo domingo?
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