Cadê a polícia? Delegacias de 56 cidades de Pernambuco estão sem delegados

Ao mesmo tempo que os números da violência se mantêm altos, os problemas na área da segurança pública se agravam em Pernambuco. Um levantamento aponta que as delegacias de 56 cidades – todas no interior – estão sem delegados titulares para comandarem as investigações de crimes. Além disso, 16 municípios não contam com escrivães – profissionais fundamentais no andamento dos inquéritos.

Os dados são da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), que vê com bastante preocupação o déficit de profissionais da segurança e, consequentemente, o atraso das investigações para punir quem pratica crime no Estado. As informações são do Jornal do Commercio.

“Sem dúvida, é sinônimo de impunidade. Com todo respeito aos demais atores do sistema de justiça criminal, sem delegado de polícia na cidade há uma deficiência na investigação e punição de infratores”, afirma o delegado Diogo Victor, vice-presidente da Adeppe.

Nos cinco primeiros meses do ano, 1.525 mortes violentas foram somadas pela polícia em Pernambuco. Uma média de dez ocorrências por dia. Além disso, 54,7% desses crimes contra a vida foram registrados no interior – o que demonstra a necessidade de uma maior atenção do governo estadual. Há uma migração de facções especializadas no tráfico de drogas para municípios afastados da Região Metropolitana, por causa justamente do menor policiamento.

Diogo Victor cita outros problemas que são resultado da falta de pelo menos um delegado em cada cidade. “Além de atraso (nas investigações), perda de material probatório, falta de análise criminal de pontos quentes de maneira macro e, sobretudo, falta de operações de inteligência e operações de repressão qualificada fundamentais para diminuição da criminalidade.”

O déficit de profissionais não é novidade em Pernambuco. Mesmo no auge do programa Pacto pela Vida, entre os anos de 2010 e 2013, algumas cidades do interior não contavam com delegados titulares. Nos anos seguintes a situação não mudou – mesmo com concurso público realizado no governo Paulo Câmara em 2018. Afinal, praticamente os novos profissionais só supriram as vagas daqueles que estavam se aposentando ou assumindo outros cargos chefias.

Por causa disso, há profissionais que estão cuidando de duas, três ou até quatro cidades ao mesmo tempo. O experiente delegado Guilherme Mesquita, titular de Vitória de Santo Antão, na Mata Norte do Estado, é um deles. A morte da personal trainer Myrella Barbosa, de 25 anos, que pode ter sido vítima de feminicídio, está sendo investigada por Mesquita, porque o município de Chã de Alegria, onde ocorreu o fato no começo de junho, não tem delegado titular.

A sobrecarga de trabalho desses profissionais, na avaliação da Adeppe, prejudica também a qualidade das investigações.

“Muita sobrecarga deságua numa investigação com carência de lastro probatório para condenação. Com raras exceções, a desigualdade social, desemprego, até mesmo de iluminação pública são fatores de aumento de criminalidade, que devem ser analisados pelo delegado com sua equipe para atuar de maneira mais eficaz sempre norteado pela excelência da prova produzida”, destaca o delegado Diogo Victor.

Além dos crimes contra a vida, os roubos também precisam ser combatidos com mais eficiência em Pernambuco. Entre janeiro e maio deste ano, 21.916 boletins de ocorrência foram registrados. Desse total, 28,3% foram em cidades do interior. No mesmo período de 2022, a polícia somou 21.652 roubos.

Vale lembrar, também, que a população dessas cidades encontra dificuldade para prestar queixa, pois a maioria das delegacias só funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Ao mesmo tempo, desde maio, não é mais possível registrar esse crime pela internet.

Falta de escrivães também prejudica investigações

O levantamento da Adeppe também revela que 16 cidades do interior de Pernambuco não contam com escrivães da Polícia Civil, o que resulta ainda mais na demora do andamento das investigações de combate aos crimes.

“O escrivão de polícia é fundamental porque ele faz um serviço de formalização das investigações, de toda dinâmica da investigação. Muitas vezes as atividades dele se confundem com as atribuições dos delegados. A ausência desse profissional é uma interrupção gigantesca naquilo que é formalizado nas investigações e, consequentemente, um empecilho, um atraso, no encaminhamento do inquérito para a Justiça”, explica Rafael Cavalcanti, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE).

Segundo Cavalcanti, uma média de 95% dos crimes ficam sob investigação da Polícia Civil. Os outros 5% são desvendados em flagrantes da Polícia Militar. “A ausência de delegado titulares, de escrivães, de comissários, é um retrato e um raio-x do atraso nas investigação dos crimes em Pernambuco”, afirma.

“Tudo que é produzido em termos de investigação, tudo que é solicitado em termos de provas e tudo que é apreendido fica a cargo do escrivão. É ele quem formaliza e coloca dentro do inquérito. Por isso, a gente vê que é uma das ausências mais sentidas na delegacia.”

Cobrança por concursos públicos

Quase um ano após o então governador Paulo Câmara anunciar um concurso público para diminuir o déficit no efeito das polícias Civil, Militar e Científica, além do Corpo de Bombeiros, a medida não seguiu adiante. E ainda não há data para que a governadora Raquel Lyra faça um novo pronunciamento, com a liberação de vagas.

A expectativa era para o mês de abril, quando o programa Juntos pela Segurança, em substituição ao Pacto pela Vida, seria lançado. Mas nem mesmo esse anúncio das novas ações de combate à violência foi feito – o que tem gerado críticas de entidades e de deputados estaduais da oposição.

O Pacto pela Vida foi lançado pouco mais de quatro meses após o início do governo Eduardo Campos, em 2007. Já a gestão Raquel Lyra está prestes a completar um semestre e ainda não tem programa de segurança pública.

A cobrança por novos concursos leva em consideração o atual déficit de policiais, mas também a previsão de aposentadoria de mais profissionais nos próximos meses. Na Polícia Militar, por exemplo, há pouco mais de 16 mil profissionais na ativa, mas o ideal seria ter ao menos 27 mil.

As seleções são divididas em várias etapas e ainda há o curso de formação para os aprovados. Na prática, os novos profissionais só devem estar aptos a atuar – na melhor das hipóteses – a partir do segundo semestre de 2024 ou em 2025.

O que diz a Secretaria de Defesa Social?

Questionada pela coluna Segurança sobre a falta de delegados e escrivães no interior de Pernambuco, a Secretaria de defesa Social (SDS) se pronunciou por meio de nota oficial.

A pasta informou que “por questões estratégicas de segurança não divulgamos o efetivo por unidades policiais”.

“Quanto ao déficit citado, a Secretaria de Defesa Social e a Polícia Civil, enquanto não ocorre o lançamento de concurso público, estão estudando formas de minorar a carência de efetivo nas delegacias”, argumentou a pasta.

O regulador de transporte dos EUA comunicou neste domingo (25) que investiga um incidente no qual um funcionário do aeroporto no estado do Texas, localizado no sul do país, morreu depois de ter sido sugado pelo motor de um avião de passageiros.

Um voo da companhia aérea Delta chegou na sexta-feira (23) à cidade de San Antonio, no Texas, vindo de Los Angeles, e se dirigia ao portão de embarque com um motor ligado “quando um trabalhador foi absorvido por aquele motor”, disse a empresa.  As informações são do R7.

“O NTSB continua a coletar informações sobre o incidente”, informou a Delta. O trabalhador era funcionário da Unifi Aviation, empresa contratada pelo gigante aéreo para suas operações terrestres, segundo a mídia local.

Porta-vozes da Delta disseram à estação de rádio KENS 5, de San Antonio, que a empresa está “cooperando com as autoridades enquanto iniciam a investigação”. Por sua vez, a Unifi Aviation afirmou que foi “um trágico acidente”, fora dos procedimentos habituais de sua atividade e responsabilidade do pessoal.

Na última quarta-feira (21), a companhia aérea regional Piedmont Airlines — uma subsidiária da American Airlines — foi multada em 15.625 dólares pela OSHA (Administração de Saúde e Segurança Ocupacional), outro órgão regulador, pela morte de um trabalhador da equipe de solo no ano passado, em um incidente semelhante.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro tomará nesta segunda-feira (26), às 14h, o depoimento do ex-chefe do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Jorge Eduardo Naime (foto), sobre a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, em Brasília, em 12 de dezembro de 2022 – data em que Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin foram diplomados como presidente e vice-presidente da República, respectivamente, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Naime será ouvido pelos deputados e senadores da CPMI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro como testemunha, a pedido da relatora da comissão mista, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). “Pensa-se que o senhor Jorge trará informações de enorme valia para a condução dos nossos futuros trabalhos na presente comissão”, avalia a senadora. Da Agência Brasil.

O coronel Jorge Eduardo Naime está preso no Complexo Penitenciário da Papuda (DF) desde fevereiro, acusado de omissão no 8 de janeiro, quando ocorreram os atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes, na capital federal.

Agenda

Na terça-feira (27), às 9h, será a vez do depoimento do ex-subchefe do Estado Maior do Exército Brasileiro, coronel Jean Lawand Júnior. 

O militar aparece em mensagens periciadas pela Polícia Federal, no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro. Nas conversas telefônicas reveladas, o coronel Jean Lawand Júnior pediu a Cid que convencesse o ex-mandatário a dar um golpe de Estado e ordenar uma intervenção militar no Brasil para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida em 1º de janeiro.

Os dois depoimentos estão previstos para serem tomados no plenário 2, da ala Nilo Coelho, no Senado Federal e os convocados não podem se recusar a comparecer.

A CPMI de 8 de Janeiro já aprovou a convocação de 40 nomes para prestar depoimentos, na condição de testemunhas. Entre eles, o ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e que ocupava a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal em 8 de janeiro, Anderson Torres; o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Marco Edson Gonçalves Dias, o G Dias, e o ex-diretor ajunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha. Ambos indicados no governo do presidente Lula. 

O então ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, pediu demissão em abril, depois de aparecer, junto com outros funcionários da pasta, em imagens do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto, gravadas em 8 de janeiro, no momento em que vândalos destruíam o palácio presidencial.

Depoimentos recentes

A CPMI de 8 de Janeiro já ouviu o empresário George Washington Sousa – condenado a 9 anos e 4 meses de prisão pela tentativa de atentado a bomba em um caminhão próximo ao Aeroporto JK, em Brasília, em 24 de dezembro de 2022; o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro; e os peritos da Polícia Civil do DF Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, que fizeram exames nas proximidades do aeroporto e no referido caminhão. Além do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, acusado de direcionar ações do órgão, na Região Nordeste, para atrapalhar o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Na última terça-feira (20), Silvinei Vasques negou ter interferido no andamento das eleições majoritárias.

O presidente Lula (PT) começou a destravar a verba que herdou das extintas emendas de relator, mas o governo não deu a transparência prometida sobre a liberação desses recursos. A falta de transparência no pagamento desse tipo de emenda era criticada pelo petista durante a gestão Jair Bolsonaro (PL).

As emendas de relator eram o principal mecanismo de moeda de troca entre o governo Bolsonaro e o Congresso, mas foram declaradas inconstitucionais pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em dezembro. As informações são da Folha de São Paulo.

O Executivo então incorporou o dinheiro ao orçamento dos ministérios, mas fez um acordo político com o Congresso pelo qual R$ 9,9 bilhões seriam distribuídos como se fossem emendas parlamentares.

A Folha mostrou na terça-feira (20) que o Palácio do Planalto começou a distribuir essa verba, sendo que a primeira liberação privilegiou estados dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Jader Filho (Cidades). O governo não informou quais foram os autores das indicações dos recursos.

Os dois ministros são considerados cotas de partidos de centro na negociação que Lula conduziu no fim do ano passado para atrair partidos para a base –PSD, de Fávaro, e MDB, de Jader Filho.

O dinheiro está registrado como orçamento dos ministérios. No entanto, por não ser considerado formalmente uma emenda (verba usada conforme orientação do Congresso), não foram divulgados dados sobre qual parlamentar ou gestor público solicitou o repasse.

Em resposta dada em março via LAI (Lei de Acesso à Informação), a SRI (Secretaria de Relações Institucionais), responsável pela articulação política, informou que o execução da verba de R$ 9,9 bilhões rebatizada com o fim das emendas de relator seria feita com “absoluta transparência e critérios técnicos, para assegurar a máxima efetividade dos investimentos a serem realizados”.

À época, a pasta disse que diretrizes para garantir a transparência estavam sob elaboração “internamente” no governo. Em maio, a secretaria publicou uma portaria determinando que ministérios fizessem uma seleção de propostas de aplicação da verba, além da publicação do resultado dessa análise.

Dias mais tarde, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) disse que havia mudado “da água para o vinho” o modo de liberação dessas verbas na gestão Lula. “Tanto que vocês conseguem dizer exatamente para quem foi liberado os recursos.”

Em resposta apresentada à Folha via LAI na quinta (22), a pasta repetiu que os ministérios devem “publicar o resultado do chamamento” de propostas para indicações das emendas herdadas da gestão Bolsonaro. Afirmou ainda que “a essas dotações não se aplicam quaisquer tipos de indicações de beneficiários por seus autores”.

Sem mostrar o resultado das análises das propostas, porém, o governo Lula já empenhou (etapa que antecede o pagamento) R$ 210,2 milhões do recurso que migraram ao caixa do Executivo com o fim das emendas de relator.

Desse valor, R$ 145 milhões foram liberados pelo Ministério da Agricultura, principalmente para obras de recuperação de estradas em Mato Grosso, estado representado politicamente pelo ministro Fávaro.

A Agricultura afirmou, em nota, que avaliou mais de 8.000 propostas de transferência de recursos. A pasta disse ainda que observa prioridades regionais, entre outros fatores, ao liberar a verba.

Segundo o ministério comandado por Fávaro, “não há identificação de autor ou beneficiário parlamentar fixado” pois o recurso está dentro das despesas discricionárias do governo federal.

O centrão se irritou ao saber que o governo usou a verba que herdou das extintas emendas de relator para destinar dinheiro para as bases eleitorais de ministros. Como mostrou a Folha, o Planalto cobrou explicações dos ministérios e determinou que parte dos repasses seja desfeita para evitar nova crise com parlamentares.

Durante a campanha eleitoral, Lula chegou a chamar as emendas de relator de o “maior esquema de corrupção da atualidade”, “orçamento secreto” e “bolsolão”. A gestão petista, porém, driblou a decisão do Supremo e negociou a partilha desse recurso a partir de acordos feitos com o Congresso para ampliar sua base de apoio.

Nos últimos anos, o Congresso pulverizou bilhões de emendas com tratores, asfalto e repasses para a saúde sem observar critérios técnicos e prioridades regionais. Líderes da Câmara e do Senado não querem abrir mão desse poder no governo Lula 3.

O acordo firmado pela gestão Lula e o Congresso prevê que os R$ 9,9 bilhões que passaram para a mão dos ministérios também sirvam para atender os interesses de deputados e senadores.

O governo colocou um carimbo específico para esses recursos, para formalizar e organizar os pagamentos. Esse dinheiro foi dividido entre sete ministérios no acordo político, que envolveu as cúpulas da Câmara e do Senado e que foi chancelado por Lula.

Na prática, Lula criou um novo mecanismo para destinar verbas ao Congresso e ampliar sua base de apoio. Também estabeleceu que, para gastar o dinheiro, os ministérios deverão seguir a articulação política do Executivo. O novo sistema de transparência ainda está em elaboração.

Apesar de prever a revelação dos padrinhos, integrantes do Planalto passaram a discutir a possibilidade de, em alguns casos, apenas prefeitos aparecerem na lista como beneficiados pelos repasses — ocultando, assim, eventual intermediação política de algum parlamentar.

O Orçamento de 2023 reserva R$ 36,5 bilhões em emendas individuais, de bancadas estaduais e das comissões temáticas do Congresso. Foram empenhados R$ 6,6 bilhões e pagos R$ 2,4 bilhões desse valor. O governo tem dado mais ritmo às emendas individuais, que são aquelas que todo deputado e senador têm direito.

Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL) investigado por suposto esquema de rachadinha, revelou que fez um pix de R$ 10 para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesse sábado (24). “Direita unida combatendo as injustiças”, declarou Queiroz em sua página no Twitter.

Desde a última sexta-feira (23), políticos aliados usaram as redes sociais com o objetivo de pedir recursos financeiros para Bolsonaro. De acordo com eles, o ex-presidente precisa de ajuda para o pagamento de multas judiciais. Depois de deixar a Presidência, Bolsonaro passou a acumular rendimentos mensais que ultrapassam R$ 86 mil. O valor inclui salários no Partido Liberal e duas aposentadorias.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 8 votos a 2, que as indenizações por danos morais trabalhistas podem ultrapassar o limite de valor estabelecido na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Os ministros analisaram, em julgamento encerrado na sexta-feira (23) no plenário virtual, ações que questionam dispositivos incluídos pela reforma trabalhista, em 2017, que estabeleceram parâmetros para a cobrança de indenizações. As informações são do G1.

Segundo a CLT, é considerado dano moral qualquer “ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existência ofensa leve: até 3 vezes o último salário da vítima;

ofensa média: até 5 vezes o último salário da vítima;

ofensa grave: até 20 vezes o último salário da vítima;

ofensa gravíssima: até 50 vezes o último salário da vítima;

em casos de reincidência, o valor poderá dobrar;

nas violações a empresas: a indenização é calculada a partir do salário contratual do trabalhador.

Em seu voto, o relator, ministro Gilmar Mendes, defendeu a constitucionalidade dos dispositivos, mas propôs que os valores previstos sirvam à Justiça do Trabalho somente como “critérios orientativos”.

“É constitucional, porém, o arbitramento judicial do dano em valores superior aos limites máximos dispostos, quando consideradas as circunstâncias do caso concreto e os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da igualdade”, escreveu.l”. A ofensa pode partir tanto da empresa com o trabalhador quanto do trabalhador com a empresa.

Na regra atual, ao julgar procedente o pedido, a Justiça deve limitar os valores em:

  • ofensa leve: até 3 vezes o último salário da vítima;
  • ofensa média: até 5 vezes o último salário da vítima;
  • ofensa grave: até 20 vezes o último salário da vítima;
  • ofensa gravíssima: até 50 vezes o último salário da vítima;
  • em casos de reincidência, o valor poderá dobrar;

nas violações a empresas: a indenização é calculada a partir do salário contratual do trabalhador.

O entendimento foi seguido pelos ministros Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e André Mendonça.

O ministro Edson Fachin abriu divergência e defendeu que os trechos incluídos pela reforma deveriam ser declarados inconstitucionais. Ele foi seguido pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber.

“Ao estabelecer limites intransponíveis para o juiz trabalhista fixar as indenizações por danos extrapatrimoniais decorrentes das relações de trabalho, sem que os mesmos limites se imponham ao juiz comum na fixação das mesmas indenizações decorrentes de relações civis de outras naturezas, está-se diante de uma inequívoca ofensa ao princípio da isonomia”, afirmou Fachin.

A CLT prevê como violações passíveis de dano:

ao trabalhador são consideradas ofensas

  • à honra;
  • à imagem;
  • à intimidade;
  • à liberdade de ação;
  • à sexualidade;
  • à saúde;
  • ao lazer;
  • e à integridade física.

à empresas são consideradas violações

  • à imagem;
  • à marca;
  • ao nome;
  • ao segredo empresarial;
  • e ao sigilo da correspondência.

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Pará, no último sábado, 17, confirmou o momento de protagonismo de um clã local que tem recuperado a influência na política nacional: os Barbalho. Na passagem pelo estado, governado desde 2019 por Helder Barbalho (MDB), Lula oficializou Belém como sede da COP30, a importante conferência da ONU para discussão de mudanças climáticas, que ocorrerá em 2025. O petista também participou, em Abaetetuba, no interior, da entrega de novas unidades do Minha Casa, Minha Vida, retomado em sua gestão pelo cobiçado Ministério das Cidades, agora comandado pelo irmão de Helder, Jader Barbalho Filho.

Ao discursar na capital, Lula afagou os irmãos, filhos do senador Jader Barbalho e da deputada federal Elcione Barbalho, ambos do MDB, e disse que as articulações de seu governo para levar a cúpula do clima à cidade foram uma forma de compensar o Pará por não ter sido escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014. A compensação incluiu, ainda, o anúncio de diversos investimentos em infraestrutura para preparar Belém para o evento.  As informações são da revista Veja.

Em meio a essa demonstração explícita de prestígio da família Barbalho, ficou claro também como o membro mais novo do clã vem merecendo mais holofotes. Aos 44 anos, Helder é tido no entorno de Lula como um aliado estratégico entre governadores.

Reeleito em 2022 em primeiro turno, com 70,4% dos votos, a maior votação no Brasil, ele construiu uma aliança com dezesseis partidos, do PT ao PP, que lhe garantem maioria folgada para governar. Em Brasília, o seu peso veio com a eleição de uma bancada de catorze deputados entre as dezessete cadeiras em disputa, nove ocupadas pelo MDB — o melhor desempenho no partido no país. Também é considerável o poder de fogo nas mãos de Jader Filho. Com orçamento de 23 bilhões de reais, a pasta conduz o Minha Casa, Minha Vida, que prevê entregar 2 milhões de moradias até 2026. “Quando um ministro do MDB desempenha bem, isso facilita a visibilidade do partido numa área muito visada”, diz o presidente do MDB, Baleia Rossi.

Não por acaso, a indicação à pasta, que também se ocupa de saneamento e mobilidade urbana e tem grande influência junto a prefeituras, foi disputada por aliados de Lula como PSB e PSOL. A escolha acabou nas mãos da bancada do MDB na Câmara, onde os paraenses são maioria. “Politicamente, só posso festejar que a relação com o governo seja respeitosa, próxima e cada vez mais estreita”, diz o patriarca Jader Barbalho. A influência deve aumentar com a virtual nomeação do deputado Celso Sabino (União) ao Ministério do Turismo, com o apoio do clã. O futuro ministro retribui ao apontar Helder como um promissor líder nacional: “Se for da vontade dele e do partido, acho que tem musculatura para fazer uma construção nessa direção, não sei se para 2026 ou 2030”.

Embora cogitado a voos maiores e bem avaliado — em Belém, tem 68,5% de aprovação em junho, segundo o Paraná Pesquisas —, Helder tem desafios pela frente. A COP30 trará holofotes sobre os históricos problemas ambientais do Pará, que desde 2006 lidera o ranking de destruição da Amazônia. Em 2019, no primeiro ano de sua gestão, a área desmatada avançou 52%. O garimpo ilegal também é problema. Só o município de Itaituba foi responsável por 81% do ouro ilegal escoado no país entre 2019 e 2020.  A gestão ainda se vê às voltas com o desempenho pífio em indicadores sociais, como o do ensino médio público — o segundo pior Ideb do Brasil em 2021. Na segurança pública, embora no geral tenha havido redução nos assassinatos, o Pará tem sete dos trinta municípios com os maiores índices entre 2019 e 2021.

A longevidade do clã Barbalho tem muito a ver com o MDB, partido que fez oposição à ditadura e foi central em todos os governos democráticos. Em seu terceiro mandato no Senado, Jader tem tido uma atuação discreta, mas mantém influência nos bastidores e no partido. No auge, foi governador do Pará duas vezes, presidente do Senado e acumulou suspeitas. Renunciou ao mandato em 2001 para evitar um processo de cassação. Uma reportagem de capa de VEJA, em outubro de 2000, mostrou que ele acumulara um patrimônio de 30 milhões de reais depois de entrar na política. Como Jader, vários líderes do MDB foram envolvidos em escândalos variados, mas boa parte deles não sobreviveu. O clã Barbalho é uma exceção e os filhos do patriarca representam a nova cara dessa tradicional linhagem. No plano nacional, Helder é visto como uma das apostas do MDB em lideranças capazes de levar a sigla a retomar o protagonismo político. Assim, a “República familiar do Pará” ganha cada vez mais espaço, poder e influência.

Mal se mudou para a casa onde está morando, num condomínio no bairro do Jardim Botânico, em Brasília, Jair Bolsonaro está à procura de uma nova residência.

O casal Jair-Michelle não gostou do imóvel de 400 metros quadrados, tido como barulhento e inadequado para que ele receba visitas. Ou, como definiu Marcelo Bessa, seu advogado, é um imóvel que “não condiz com um ex-presidente”. Bolsonaro já procura uma nova casa em condomínio fechado, também em Brasília. As informações são do colunista Lauro Jardim, do O GLOBO.

Nos EUA, The Atlantic foi ao extremo com a manchete “Rússia desliza para a Guerra Civil”, sábado, assinada por Anne Applebaum. Logo abaixo, comparava Vladimir Putin ao czar Nicolau 2º, executado pela Revolução de 1917. Doze horas depois, já admitia sem destaque que “Golpe acabou, mas Putin está em apuros”.

Jornais chineses ligados ao PC demoraram a manchetar e, quando o fizeram, foi com “Putin promete ações decisivas contra rebelião”, no Global Times. Análise do colunista Hu Xijin dizia que na história russa não há ações bem-sucedidas de “senhores da guerra” como Ievguêni Prigojin e que o teste viria depois, na eventual resposta da sociedade “ansiosa pelo fim da guerra”: como a sociedade russa reagirá a seguir é crucial. Se a maioria está disposta a permanecer firmemente com o Kremlin [ou não] será um teste que não permitirá qualquer falsa aparência.”

Tarde de domingo em Pequim, o China Daily informou laconicamente que o ministro do exterior, Qin Gang, recebeu o vice-ministro russo do exterior e que “discutiram as relações bilaterais e outras questões internacionais e regionais de interesse comum”.

Horas depois, o ministério chinês soltou nota curta “sobre o incidente do grupo Wagner”, dizendo que “é assunto interno da Rússia”, mas que, “como vizinho amigável e parceiro estratégico, a China apoia a Rússia na manutenção da estabilidade nacional”.

Apelo à paz

Em mídia social chinesa, segundo o site What’s on Weibo, houve apoio à Rússia, mas não faltou netizen zombando o mesmo apoio. Manya Koetse, que edita o site, avalia que “uma resposta predominante é um apelo à paz”. Destaca esta postagem: “Uma Rússia fragmentada seria o fator desestabilizador mais perigoso do mundo”.

O tópico sobre o discurso de Putin alcançou 1,2 bilhão de visualizações em poucas horas, no Weibo, linkando perfis de jornais como Huanqiu, o Global Times em chinês. E um dos usuários mais influentes foi, mais uma vez, Hu Xijin, com a reprodução em chinês de sua análise.

Obstáculos à normalização

O desgaste do conflito vem ganhando espaço na China, pela voz de acadêmicos como Yan Xuetong, da Universidade Tsinghua —onde estudaram Xi Jinping, Hu Jintao e outros. Dias atrás, ao anunciar um Fórum Mundial pela Paz, com transcrição pelo Pekingnology, Yan deu a guerra na Ucrânia como “um dos maiores obstáculos à normalização das relações da China com os países ocidentais”:

“Pessoas me criticam, dizendo que essa guerra serve como barreira estratégica e pode conter os EUA. O que vemos é que os EUA não enviaram um único soldado à Europa. Pelo contrário, países da Otan na Europa têm ampliado presença militar na Ásia-Pacífico. A guerra, em vez de aumentar a segurança, sujeitou a China a mais ameaça”.

Uma semana antes, no relato do South China Morning Post, o pesquisador Liu Weidong havia defendido reconsiderar os laços com a Rússia e “fazer amizade com mais países”, em evento na Universidade Renmin, também de Pequim. Foi secundado pelo professor Zuo Xiying, apoiando equilibrar as relações com Moscou para se contrapor à estratégia dos EUA de unir aliados contra Pequim.

“A China não deve ficar ao lado nem da Rússia nem do Ocidente, mas numa posição que priorize seus interesses nacionais”, disse Zuo.