Em obras há 34 anos, uma fábrica que garantiria a autossuficiência do Brasil na produção da vacina BCG (que protege contra a tuberculose) recebeu milhões do governo federal sem que nenhuma dose tenha sido fabricada. Sem que o país tenha produção própria desde que o único local autorizado a produzir o imunizante foi interditado, a Fiocruz assinou um acordo para tentar viabilizar a retomada da fabricação.
A FAP (Fundação Ataulpho de Paiva), entidade sem fins lucrativos dedicada ao combate da tuberculose, começou a construir uma fábrica de quase 10 mil metros quadrados em 1989 para aumentar a produção da vacina. O terreno fica em Xerém, Duque de Caxias (RJ).
O objetivo era produzir 60 milhões de doses anuais da vacina. Além disso, também seria produzida a Imuno BCG, usada no tratamento de câncer de bexiga. “Essa produção visa suprir a demanda nacional e parte da internacional, uma vez que a instituição recebe consulta de vários países”, diz a fundação em seu site.
Mais de 30 anos depois isso não aconteceu e a fábrica nunca foi inaugurada. A diretoria da FAP justificou em 2020 que atualizações nas normas sanitárias provocaram mudanças no projeto original para fins de certificação. O UOL entrou em contato por e-mail, pelas redes sociais e por telefone com a fundação, mas os números disponíveis no site constam como inexistentes.
O governo federal já repassou quase R$ 30 milhões para a construção da planta de Xerém.
As informações constam num pedido de acesso à informação respondido pelo Ministério da Saúde em agosto do ano passado. A pasta pagou ao menos R$ 22 milhões à fundação em convênios desde 2012. Os repasses anteriores a este ano não foram disponibilizados. Os valores, segundo o documento, foram usados para compra de equipamentos. Procurado, o ministério não respondeu se a fundação prestou contas dos atrasos.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também ajudou a financiar a obra.
Em 2011, o banco emprestou R$ 5,9 milhões à FAP. Em nota, o banco informou que verificou a “correta aplicação dos recursos” e que o financiamento foi completamente quitado em novembro de 2022.
O Brasil tem hoje apenas uma fábrica autorizada a produzir a vacina BCG, mas ela está interditada.
A planta da FAP fica em São Cristóvão, no Rio, e foi interditada em novembro de 2021 para se adequar às normas da Anvisa. O local já havia sido interditado pela agência em 2016 e 2019. Em nota, a Anvisa informou que na inspeção de 2021 a empresa se propôs a suspender voluntariamente suas operações até a adequação às boas práticas de fabricação.
A produção e a distribuição das vacinas ficaram irregulares por causa das interdições.
No ano passado, municípios precisaram fazer um racionamento. Procuradas, as secretarias estaduais de Saúde informaram na semana passada que não registravam problemas nos estoques.
A FAP é alvo de um inquérito civil do Ministério Público do Rio.
O procedimento, de fevereiro do ano passado, tem como objetivo “investigar possíveis irregularidades na gestão e supostas condutas ilegais praticadas pelos membros de sua diretoria”.
Sem produção nacional, as vacinas têm sido importadas.
O Ministério da Saúde tem conseguido os imunizantes com o Fundo Rotatório da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) para garantir o abastecimento.
A Fiocruz assinou um acordo para apoiar a retomada da produção da BCG.
No início deste mês, a fundação assumiu o controle institucional da FAP e parte da direção e do conselho deliberativo da entidade.
A nova previsão é que a fábrica de Xerém fique pronta em “dois a três anos”.
A Fiocruz informou que investirá na finalização da planta. Quando pronta e certificada pela Anvisa, “a produção nacional da BCG será retomada no país”, informou a fundação, em nota divulgada.
Enquanto a planta não fica pronta, a Fiocruz negocia produzir a vacina em uma fábrica na Espanha. O local, na cidade de Vigo, teria condições imediatas para operar a produção do imunizante da FAP, segundo comunicado.
Brasil teve 78 mil casos de tuberculose em 2022
A tuberculose é uma doença transmissível que atinge o pulmão, mas também pode acontecer em outros órgãos do corpo. A única vacina disponível contra a doença é a BCG, usada para proteger crianças contra formas graves da doença. Ela deve ser aplicada até o primeiro mês de vida do bebê.
O Brasil é o país com o maior número de casos notificados de tuberculose nas Américas. Em 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram no país. O número representa um aumento de 4,9% em relação a 2021, segundo informações da edição especial do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
Foram 5 mil mortes em 2021. Isso dá uma média de 14 brasileiros mortos por dia.
Juarez Cunha, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), disse que o anúncio da retomada da produção nacional é bem-vindo. “A gente era autossuficiente na produção nacional da vacina e começou a importar. É muito importante termos essa possibilidade do nosso parque industrial produzir. E não só a BCG, vimos durante a pandemia a importância de ter uma indústria forte em todos os sentidos”.
No ano passado, a cobertura vacinal da BCG teve uma recuperação e atingiu 90% da população alvo.
“É fundamental a gente estimular a vacinação. A vacina protege para complicações graves de tuberculose. É segura, gratuita, temos que colocar em dia, assim como todas as outras”, diz o médico.
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) afirmam que, caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) torne o ex-presidente inelegível no julgamento que começa na próxima quinta (22), a estratégia política será mantê-lo no jogo eleitoral, evitando indicar um sucessor e agarrando-se à possibilidade de reverter a derrota com recursos.
Nos bastidores, políticos bolsonaristas dão como certa a condenação por abuso de poder político em função da reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado, quando fez acusações contra o sistema eleitoral sem apresentar provas. As informações são da Folha de São Paulo.
Embora a possível inelegibilidade abra caminho para outros nomes da direita na eleição de 2026, interlocutores de Bolsonaro avaliam que trabalhar desde já para construir uma alternativa no campo bolsonarista esvaziaria o capital político do ex-presidente.
Por isso, o ex-mandatário tem sido aconselhado a não inflar pré-candidaturas, para evitar sinalizar desistência diante do revés jurídico. O discurso será o de que há tempo, até a próxima eleição, para que a decisão seja revertida —principalmente se houver um contexto menos hostil a ele nos tribunais superiores.
A orientação é insistir em recursos até o último momento e não sair de cena —assim como fez o presidente Lula (PT) em 2018, quando lançou mão de todos os instrumentos jurídicos e só trocou sua candidatura pela de Fernando Haddad (PT) quando não havia alternativa.
A tática de não admitir a derrota beneficia ainda o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, na opinião de auxiliares de Bolsonaro, é visto por ele como um sucessor natural, por ter sido seu ministro, vencido as eleições no estado com seu apoio e se mantido fiel.
Tarcísio tem evitado ocupar a arena eleitoral, pregando foco na gestão local e afirmando que seu plano para o estado é de longo prazo, o que o faria buscar a reeleição.
Segundo deputados aliados do governador, Bolsonaro indicá-lo como candidato à Presidência tanto tempo antes do pleito serviria apenas para que Tarcísio se tornasse alvo de adversários e até de fogo amigo.
Quem conhece o ex-presidente diz ainda que sua desconfiança também é um impeditivo para nomear um substituto tão cedo.
Além disso, a escolha de um bolsonarista para competir em seu lugar teria que ser pactuada com uma série de aliados e de dirigentes de partidos, envolvendo também os filhos do ex-presidente e sua mulher Michelle, que flerta com uma carreira política.
Todos esses fatores levam auxiliares do ex-presidente a adotarem cautela ao mencionar nomes que possam herdar votos bolsonaristas. A manutenção de Bolsonaro na liderança desse segmento evitaria a briga antecipada de aliados com ambições eleitorais.
Além de Tarcísio, são mencionados como nomes do campo oposicionista os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).
A mensagem ensaiada pelo bolsonarismo diante do risco no TSE lembra a de Lula quando estava preso pela Operação Lava Jato e explorou alegações como injustiça e perseguição. O petista, que derrotou Bolsonaro no ano passado, concorreu após ter suas condenações anuladas em 2021.
Bolsonaristas se referem a Lula como “descondenado” e difundem a tese de que o petista recuperou os direitos políticos graças a um grande acordo do Judiciário.
Bolsonaro tem indicado em suas falas que a eventual inelegibilidade não será encarada como morte política. Nas últimas semanas, o ex-presidente evitou confrontar o TSE e deu a entender que já se conforma com o resultado negativo, embora considere a decisão injusta.
Na quarta-feira (14), durante evento do PL em Brasília, ele fez críticas genéricas à Justiça ao comentar os “mais de 500 processos” que enfrenta e disse que ainda pode contribuir muito para o futuro do país, “aconteça o que acontecer”.
“Valdemar [Costa Neto, presidente do partido] sabe como é que é a política brasileira e já sabemos como é a Justiça aqui no Brasil. Então, a gente se prepara para que aconteça o que acontecer… A gente se prepara com muita altivez aí para buscar alternativas”, afirmou o ex-presidente.
“Acredito em Deus, neste país, a vida nossa não é fácil, mas tudo bem, a gente enfrenta esses obstáculos”, reforçou.
No início deste mês, em São Paulo, Bolsonaro entabulou um discurso de tom vitimista, ao dizer que cogita disputar uma vaga no Senado ou concorrer novamente à Presidência e, por isso, “não gostaria que as portas [da política] fossem fechadas” para ele.
“Se me tornarem inelegível, logicamente me afastam do jogo democrático. […] Eu peço a Deus, né, que ilumine aí o pessoal do TSE e não torne inelegível um inocente”, disse, chamando de exagero deixá-lo fora das eleições pela reunião com embaixadores, que ele diz ter sido legítima e regular, diferentemente do que sustenta a acusação contra ele na corte eleitoral.
Em caso de condenação, cabem apelações ao próprio TSE e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A linha de argumentação do ex-presidente inclui atribuir a decisão negativa a uma espécie de conluio entre a Justiça e o grupo ora no poder —de Lula e da esquerda. “Nós devemos enfrentar os adversários é nas urnas, e não nos tribunais”, afirmou na capital paulista, em recado aos rivais.
Integrantes do centrão e de grupos da direita que discutem as eleições de 2024 e 2026 consideram Bolsonaro um cabo eleitoral indispensável e afirmam que a presença dele nas articulações, mesmo não sendo candidato, é importante para atrair o voto dos eleitores que o apoiaram.
“Se essa injustiça acontecer, o TSE estará criando um líder político sem precedentes na história”, disse o presidente do PP, Ciro Nogueira, em entrevista à Folha nesta semana.
No último dia 5, durante evento do grupo Esfera, em São Paulo, Ciro afirmou também que “condenar o líder de milhões de brasileiros por conta de uma reunião de embaixadores e permitir uma candidatura como a do Lula, com todas as acusações, é uma coisa um pouco desproporcional”.
Nas redes sociais, os filhos do ex-presidente e a militância bolsonarista têm silenciado sobre o risco de condenação no TSE.
Há alguns dias, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a corte pela cassação do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e disse que a decisão foi “um absurdo jurídico que só partidários de uma ditadura conseguem defender”.
Em entrevista à Folha em março, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que tornar o pai inelegível “seria a maior atrocidade das últimas décadas” e uma interferência na democracia.
O procurador-geral da República Augusto Aras pediu a suspensão da investigação da Polícia Federal que tem como alvo aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), incluindo um ex-assessor seu, Luciano Cavalcante. Aras atendeu a um requerimento da Mesa Diretora da Câmara para que o inquérito seja remetido da 2ª Vara Federal de Maceió, em Alagoas, para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao se manifestar sobre a reclamação apresentada pela Câmara, o PGR opinou que o inquérito deve ser paralisado até que o STF decida a competência da investigação em tramitação na primeira instância da Justiça Federal. Aras aponta que, por haver menção ao deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos-DF), que supostamente se beneficiou do esquema, a corte deve analisar o caso. As informações são do O GLOBO.
O caso envolve uma organização criminosa suspeita de fraude em licitação e lavagem de dinheiro que teria desviado recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação (MEC).
Em 2018, a corte já havia fixado o entendimento que o foro especial para parlamentar somente vale para supostos crimes cometidos durante o mandato e em decorrência dele, o que não seria o caso de Gilvan, que em 2022 ainda não havia tomado posse. No entanto, a PGR solicitou que o ministro Luís Roberto Barroso, relator da reclamação, analise o caso concreto e defina em qual a instância deverá tramitar o inquérito.
Na última quinta-feira, Barroso determinou que a 2ª Vara Federal de Maceió apresente esclarecimentos em um prazo de 48 horas. A informação foi divulgada pelo Uol e confirmada pelo GLOBO. De acordo com a Polícia Federal, Gilvan foi flagrado com Pedro Magno, apontado como o responsável pelas entregas do dinheiro em espécie decorrente dos crimes, em dezembro de 2022. Na manifestação, Aras argumentou que os relatórios das diligências sobre esses encontros foram juntados aos autos processuais em fevereiro deste ano e, por isso, deveriam ter sido imediatamente remetidos ao STF.
Segundo as investigações, a Megalic teria intermediado a compra de equipamentos de robótica para 43 municípios alagoanos com superfaturamento que teria gerado prejuízo ao erário de pelo menos R$ 8,1 milhões.
Sócio da empresa e um dos alvos do inquérito, Edmundo Catunda é pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD) e esteve 11 vezes no gabinete de Lira na Câmara, ao longo de 2016. Os crimes teriam ocorrido entre 2019 e 2022, durante a realização de processos licitatórios, adesões a Atas de Registro de Preços e celebrações contratuais relacionadas ao fornecimento dos kits.
A PF apontou que as contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes.
A investigação identificou ainda que foram realizadas, pelos sócios da empresa fornecedora e por outros investigados, movimentações financeiras para pessoas físicas e jurídicas sem capacidade econômica e sem pertinência com o ramo de atividade de fornecimento de equipamentos de robótica, o que pode indicar a ocultação e dissimulação de bens, direitos e valores provenientes das atividades ilícitas.
A troca no comando do Ministério do Turismo ficará para depois da viagem que o presidente Lula fará à Europa na próxima semana. A indicação foi dada pelo petista em conversa no sábado (17), em Belém, com o deputado federal Celso Sabino (União-PA), que deve assumir a pasta.
O petista deve embarcar na terça-feira (20) para agendas no Vaticano e em Paris e só retornará ao Brasil no próximo fim de semana. As informações são da coluna de Igor Gadelha, no Metrópoles.
Ainda conforme publicado pelo colunista, no Palácio do Planalto, ministros e auxiliares presidenciais apostam que a nomeação de Sabino acabará ficando para o início de julho.
Isso porque, na última semana de junho, embora Lula vá estar no Brasil, várias lideranças do Congresso estarão em Lisboa para um fórum jurídico. Um dos que estará em Portugal será o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos avalistas da nomeação de Sabino para o ministério.
Demissão
O Planalto pressiona a atual ministra do Turismo, Daniela Carneiro, a pedir demissão. A ministra, entretanto, resiste. A vaga de Daniela foi reivindicada pela bancada do União Brasil na Câmara após Daniela e seu grupo político romperem com a cúpula do partido.
O indicado da bancada para o lugar da ministra foi o deputado federal Celso Sabino, que também é próximo de Arthur Lira.
Compensação
Nos últimos dias, o marido da ministra e prefeito de Belford Roxo (RJ), o Waguinho, vem negociando cargos no segundo escalão do governo, para compensar a demissão da esposa. O foco do prefeito são cargos em órgãos federais no Rio de Janeiro, reduto político do casal. Ele também reivindica liberação de recursos para Belford Roxo.
A nova picape Chevrolet demorou quase três anos para nascer: a General Motors começou lá no meio da pandemia da Covid-19 com uma especulação ali e outra acolá, depois encheu as redes sociais de dicas e teasers, permitiu “flagras” de unidades disfarçadas para jornalistas, levou o modelo para programas de TV e, finalmente, confirmou um velho nome para um novo produto. Aí, a Nova Montana finalmente chegou. No mês passado, este colunista a avaliou por uma semana e aí pôde constatar o que já suspeitava: a Nova Montana não é bem uma picape. E isso é bom. É, na verdade, um SUV com caçamba.
Chega para tomar clientes da Toro e da Strada, mas até de SUVs tradicionais, até por conta do preço sugerido. Conseguirá? Qual alvo sofrerá mais sequelas? Afinal, por que ela deve ser considerada uma “picape/SUV”? Primeiro, por causa da origem: o SUV compacto Tracker, benquisto no país. Somente no ano passado, foram mais de 70 mil unidades vendidas do Tracker no Brasil – e continua em 2023 sendo o preferido de 16% dos compradores de compactos. A Montana, por sua vez, teve 11 mil emplacamentos no acumulado até maio – quase a mesma quantidade da irmã mais velha S10 e metade do que emplacou a Fiat Toro. Ela também é uma picape/SUV pelo esforço da General Motors em transformar a caçamba em um bagageiro – ou numa “caçamba multi-flex”, segundo a própria marca, por cumprir também a função de porta-malas de sedã, por exemplo.
A capacidade dela (874 litros) não entusiasma, se comparada à das concorrentes: 844 litros tem a Fiat Strada e 937 litros leva Fiat Toro. Quanto aguenta de peso? A resposta mostra que a Montana não veio efetivamente para brigar nesse segmento de picapes: pode transportar apenas 600kg (150kg a menos em relação à antiga), enquanto a Fiat Strada, versão Ultra, por exemplo, consegue levar 1.000kg. Mas a engenharia conseguiu que ela ficasse mais SUV a partir do uso de uma capota marítima bem vedada contra a entrada de água (as reclamações são comuns) e, pelo menos na versão testada, da poeira. Há opção também de uma capota rígida de acionamento elétrico por controle remoto”, complementa. Por fim, como opcional, uma capota rígida de acionamento elétrico por controle remoto e o Multi-Board, que usa trilhos, uma prateleira e uma prancha para criar divisórias modulares dentro do compartimento.
Sem falar na bolsa selada de caçamba, com 300 litros de capacidade – e bem interessante para carregar bagagens à parte, sem chacoalhar. E mais: as bolsas organizadoras simples e dupla têm divisórias flexíveis e de fácil manuseio. O extensor de caçamba tem suporte de placa com iluminação, carenagem externa personalizada e se transforma em uma escada/rampa ou em um divisor de carga. A abertura e o fechamento da tampa da caçamba são bem leves, amortecidos. Ela, aliás, como é alta, atrapalha um pouco a visibilidade traseira – e ainda mais pela existência de uma barra protetora para o vidro traseiro. Mas, como ocorreu com a Toro, o uso constante traz o costume e o anormal se normaliza. Ah, o modelo é tão SUV que nem sequer foi projetado para receber o engate traseiro para rebocar moto e jet-sk, quem dirá carretinha de cavalo. De qualquer forma, pela amplitude de uso da caçamba já valeria a pena tê-la, mesmo com essas limitações de peso/engate.
Motor – É o mesmo conjunto usado na Tracker, mas com alguns ajustes, segundo os engenheiros da GM: o 1.2 turbo sem injeção direta de combustível entrega até 133cv de potência 21,4 kgfm de torque. O câmbio da Premier (assim como da LTZ) é automático de seis marchas. A Montana tem uma boa relação peso/potência: 9,85kg/cv. A Toro, por sinal, tem uma melhor (9,03kg/cv), em função do fato de o motor ser um 1.3 turbo de 185cv e torque de 27,5kgfm. A Strada, com motor firefly 1.3 aspírado e torque de 13,2kgfm de torque, tem, uma relação peso-potência maior: 10,97. Pelos dados oficiais, a Montana vai de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos – com câmbio automático e etanol; 11,7 segundos com transmissão manual. Já no consumo, com gasolina, a marca promete as médias de 11,1 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada
Vida a bordo – A picape é boa de dirigir, com uma direção leve e um comportamento ágil – embora tenha sido avaliada vazia, sem carga. O interior é espaçoso para quatro pessoas. Mas a cabine é, digamos assim, sóbria e simples: o material usado pelos carros da Chevrolet até a essa faixa de preço qualidade tem plástico rígido e visual conservador (como o multimídia e o painel de instrumentos, já meio fora de moda com itens analógicos – e isso destoa bastante da média nacional concorrente. No quesito conforto, tem tudo que a irmã Tracker oferece: acendimento automático dos faróis, câmera de ré, volante de couro com ajuste de altura e profundidade, bancos de couro com ajuste (de altura, manual e apenas para o motorista).
O que mais falta – A versão testada foi a Premier, a mais completa – e a ela faltam alguns equipamentos de conforto de segurança para ser, de fato, ‘completa’. Ela não tem, por exemplo, sistemas de condução semiautônoma – como, por exemplo, frenagem autônoma de emergência e alertas de mudança de faixa e de colisão frontal – e nem como opcionais. São opcionais da Toro Volcano. Aliás, ainda há nesse segmento freios traseiro a tambor – ultrapassado. A Montana também não possui o sistema de assistente de baliza automático – afinal, é um carro para uso urbano. Não tem nem mesmo sensor de estacionamento dianteiro. Mas, apesar dessa lacuna, essa versão traz seis 6 airbags e os indispensáveis controles eletrônicos de tração e de estabilidade.
Novo Versa vem aí – O tradicional sedã da Nissan, já como linha 2024, já tem data para chegar aos concessionários brasileiros: o final deste mês. Ele mantém as características que o consagraram, como o excelente espaço interno e a capacidade de porta-malas, e trará novidades no design e ainda mais equipamentos de segurança. Como, por exemplo, o alerta de objetos no banco traseiro – que pode ser uma bolsa, um bolo e até (sim, isso acontece) uma criança.
Commander ganha nova versão… – O Jeep Commander foi lançado em agosto de 2021 e logo se tornou uma referência entre os SUVs grandes do país: é dono, por exemplo, de 32% de participação no segmento nos primeiros cinco meses do ano. Agora, ele passa a ter a versão Longitude!, com motor turboflex 4×2. O Commander tem três fileiras de assentos, sete lugares e com porta-malas variando de 1.760 litros (todos os bancos rebaixados) a 661 litros (com cinco ocupantes) a 233 litros com os sete assentos levantados. Preço? R$ 230 mil.
…e o Fastback também – Para entrar no grupo dos carros passíveis de descontos (e renúncia fiscal por parte do governo), o Fiat Fastback também passou a ter uma nova versão de entrada. A T200 automático tem preço definido de R$ 119.990, o que garante desconto e preço final, neste momento, de R$ 115.990. O motor é um 1.0 turbo capaz de entregar 130cv e torque de 20,4kgfm. O câmbio é automático CVT com simulação de 7 marchas.
Ranger chega esta semana – A nova geração da picape da Ford já tem data marcada para ser oficialmente vendida: quinta-feira (22) para quem já é cliente e dia 26 para os novos interessados. O processo será todo on-line, pelo site www.ford.com.br: basta que os interessados façam um pagamento de um sinal para garantir o negócio com uma das versões equipadas com motor 3.0 V6 turbodiesel de 250cv de potência e 61,2 kgfm de torque e câmbio automático de 10 marchas. A tração será 4×4 com acionamento eletrônico e reduzida. Segundo a marca, a previsão de entrega deve variar de 30 a 60 dias. Os preços não foram divulgados.
L200 Triton Savana – Nova picape Mitsubishi chega às lojas por R$ 310 mil. Além de cores vibrantes, de propósito para esse tipo de versão aventureira, como amarelo Rally e verde Forest, ela traz um pacote caprichado de acessórios. Tipo snorkel, bagageiro com rampa, estribos laterais e caçamba com acabamento anti-riscos. E uma caixa multifunções integrada, com parte removível e muita praticidade para o transporte de cargas menores que não ficam se deslocando na caçamba durante o trajeto. As rodas são de aço com 17’’ e pneus GoodYear Duratrack 265/60 R17. Ela se situa entre a intermediária HPE, de R$ 300 mil, e a topo de linha HPE-S, de R$ 327 mil. O motor é o 2.4 turbodiesel capaz de desenvolver 190cv de potência e torque de 43,9 kgfm.
Contran classifica cinquentinha, patinete e skate – Bicicletas elétricas precisam de indicador de velocidade e retrovisores? Para conduzir ciclomotores, aquelas motos de 50cc, é necessário ter CNH? Para tentar resolver pelo menos uma parte dessas dúvidas e confusões, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) resolveu agir e aprovou nesta quinta (15) uma resolução para atualizar a classificação de ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos de mobilidade individual como patinetes e skates.
A iniciativa, pelo menos, clareia a definição dos veículos e estabelece linhas de fronteira entre uma tecnologia e outra – até para facilitar o registro e o licenciamento nos órgãos locais de trânsito. E é bem-vinda devido ao aumento desse tipo de veículo em circulação, principalmente nas grandes cidades. Ela também servirá para que os órgãos de trânsito façam regramento claro para o tráfego. E, claro, deixar mais clara a classificação desses veículos e equipamentos para garantir a proteção e segurança dos usuários vulneráveis: acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre pessoas de 5 a 29 anos, principalmente de pedestres, ciclistas e motociclistas.
Ficam definidos como:
• Ciclomotor: veículo de duas ou três rodas com motor de até 50 cm³ limitada a uma velocidade máxima de 50km/h.
• Bicicleta: veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sendo, para efeito do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.
• Equipamentos de mobilidade individual autopropelidos: patinetes, skates e monociclos motorizados.
Além das características de cada tipo de veículo, a norma considera como parâmetros potência do motor; velocidade máxima de fabricação; equipamentos obrigatórios, registro e emplacamento; e habilitação. Bicicletas elétricas, por exemplo, devem ser dotadas de sistema que garanta o funcionamento do motor somente quando o condutor pedala e contar com indicador de velocidade, campainha, sinalização noturna dianteira e lateral e espelhos retrovisores. A particularidade no caso dos ciclomotores, motocicletas e motonetas, é a exigência do registro e emplacamento obrigatório.
Para conduzir ciclomotores é necessária a emissão de autorização para conduzir ciclomotores (ACC) ou carteira nacional de habilitação (CNH), na categoria A. Já os equipamentos de mobilidade individual autopropelidos e as bicicletas elétricas devem circular nas mesmas condições das bicicletas convencionais. Cabe aos órgãos locais de trânsito regulamentar a circulação dos equipamentos de mobilidade individual autopropelidos e da bicicleta elétrica. A resolução entra em vigor em 1° de julho de 2023.
Crescimento dos elétricos – Com 6.435 emplacamentos, maio de 2023 marcou um novo recorde para a eletromobilidade no Brasil. Foi a melhor marca mensal de vendas de veículos leves eletrificados da série histórica. Com isso, o total de veículos leves eletrificados em circulação no Brasil, desde janeiro de 2012, passou dos 150 mil. O recorde anterior, de 6.391 emplacamentos, foi em setembro de 2022. No acumulado do ano, já foram 26.014 unidades vendidas. Esse número significa um aumento de 59% sobre os 16.354 emplacamentos do mesmo período de 2022.
Populares seminovos despencam – Anunciado no fim de maio pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), o pacote de medidas que visava reaquecer as vendas de carros novos já teve efeitos. Diante do questionamento de qual o impacto dessa redução nos preços dos carros novos teria nos valores de mercado dos seminovos, a Mobiauto apressou-se em buscar em sua base de dados uma resposta para o consumidor. E ela aponta queda média de 5,13% nos preços dos carros populares seminovos no último mês – anos/modelos 2022, 2021 e 2020. “Apuramos as cotações de dezenas de milhares de anúncios em nossa plataforma, inicialmente na primeira semana de maio, quando não havia essa medida do governo. E repetimos a pesquisa na primeira semana de junho, período que já traria o impacto da redução nos novos. Em um mês, portanto, a queda média foi de 5,13%”, atesta Sant Clair de Castro Jr., consultor automotivo e CEO da Mobiauto.
Os modelos mais anunciados e procurados pelos clientes apontaram um percentual menor de diminuição nos preços, exatamente pelo aquecimento da demanda. Mas, à medida que os novos preços de zero km “emplacarem” no dia a dia do mercado, a tendência é que esse percentual suba ainda mais. “Tivemos modelos de altíssima procura, como o Hyundai HB20S, modelo 2020, que caiu menos de 1%. Já um Chevrolet Joy, que está fora de linha e possui menor atratividade para a revenda, já despencou em mais de 10% em um único mês”, exemplifica Sant Clair de Castro Jr. De qualquer modo, de acordo com o executivo, a variação negativa nos preços dos populares pelos próximos meses é fato consumado. Todos irão cair, principalmente nessa primeira fase do programa do governo, que incentiva as vendas com desoneração tributária em favor de compradores pessoa física. “Não há milagres: se você está vendendo um carro 1.0 com dois ou três anos de uso e chega em uma loja, ele será avaliado na compra a um preço 5% ou 10% abaixo do que seria um mês atrás. O lojista precisa pagar mais barato, pois sabe que o preço final diminuiu”, diz.
Carro popular para locadoras?
Os fabricantes de automóveis brasileiros querem ampliar os benefícios do programa de renúncia fiscal do governo federal que garante descontos em carros populares para pessoas jurídicas. A medida seria boa para a indústria, que desocuparia mais rapidamente seus pátios, mas principalmente o é para as locadoras de automóveis. Elas compram cerca de um terço da produção de veículos novos e têm descontos diretos que podem chegar até a 30% do valor real cobrado numa concessionária. E ainda os revendem, geralmente após um ano de uso, pelo preço de mercado.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a associação que reúne as montadoras, diz que deve haver “isonomia” no benefício, sim. Pondera, no entanto, que espera que o benefício – limitado a R$ 500 milhões em renúncia fiscal para acabar – possa ser usado só por pessoa física. Ele diz não ter ainda informações suficientes para avaliar o impacto das medidas nas vendas de modelos 0km. O programa de benefícios fiscais para impulsionar a venda de automóveis e veículos pesados já teve a adesão de 9 montadoras de carros e 10 de ônibus e caminhões. O primeiro balanço do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), divulgado na quarta-feira (14), mostra que o setor já pediu R$ 150 milhões em créditos tributários; o programa prevê até 1,5 bilhão, incluindo ônibus e caminhões, que deve ser usado em descontos para o consumidor.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.