Bebês de 1 mês aguardam há dias por leito de UTI e mães denunciam falta de cirurgião
A espera por um leito de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para bebês e crianças em Pernambuco continua longa. Algumas famílias passam dias na esperança de conseguir uma vaga. Até a sexta-feira (20), eram mais de 100 menores nessa situação. Entre eles, Ravi Van Egmond Silva, de pouco mais de 1 mês. A pedagoga Gicely Van Egmond Silva, mãe de Ravi, contou que está, desde a quinta-feira (19), aguardando um leito de UTI para o filho, diagnosticado com problemas respiratórios. As informações são do portal G1/PE.
Outro caso é o de Arthur Rafael Lima do Nascimento, de 1 mês e 3 dias, que teve diagnóstico de bronquiolite, a espera é desde o sábado (21). De acordo com a mãe, Júlia Silva, Arthur teve cinco paradas cardiorrespiratórias ainda na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ravi e Arthur estão internados no Hospital Barão de Lucena, que fica no bairro da Iputinga, na capital, e é referência em pediatria. Segundo as famílias, desde o sábado (21) não havia cirurgião no local para fazer o acesso venoso central nos bebês.
“Nós estamos com urgência de um médico plantonista cirurgião pediatra para que ele possa fazer acesso venoso nas crianças. Muitas crianças, por serem bebês, não conseguem o acesso e não estão tomando a medicação, correndo risco de vida”, disse Gicely. No caso de Ravi, a dificuldade é que o menino se move ou a veia fica "saturada" nos brações, perdendo o acesso chamado periférico. A mãe contou que precisou ficar segurando a mão do filho para que ele receba a medicação corretamente. Hoje, o acesso foi colocado no pé dele.
Nascido em 14 de abril, Ravi deu entrada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Caxangá, na Zona Oeste do Recife, na segunda-feira (16), mas precisou ser transferido para o Hospital Barão de Lucena. “Ele teve pneumonia e transferiram ele de emergência nessa promessa de que ele viria para uma UTI aqui no Barão de Lucena, mas não tinha vaga”, disse Gicely.
Desde então, a mãe e o bebê estão na emergência pediátrica da unidade. No sábado (21), a família tentou acionar o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), mas disse não ter conseguido por ser final de semana. No documento ao qual a reportagem teve acesso, a médica responsável diz que Ravi foi diagnosticado com um quadro de bronquiolite viral aguda complicada com infecção do trato respiratório bacteriana associada. Além disso, a médica já apontava que ele estava sem o acesso venoso no sábado (21) e estava em estado crítico de saúde.
“Ele está aguardando, ele e todas as crianças que estão aqui. Atualmente temos 14 crianças na emergência, que se transformou em uma UTI. [...] Meu foco não é julgar equipe médica. Meu foco é que os hospitais coloquem uma equipe completa”, declarou a mãe.
O pai de Ravi, o advogado Tim Van Egmond, contou que dói para eles ver a situação das outras crianças que também necessitam do acesso venoso central para evitarem serem furadas diversas vezes. "Não é só por Ravi que estamos lutando. Tem até um bebê de lado da gente que já teve umas quatro ou cinco vezes paradas respiratórias. [....] São os piores dias da minha vida. Ver um bebê assim, intubado, lutando pela vida, literalmente, é horrível ", afirmou Tim.
Entre as crianças que precisaram ser reanimadas estava Arthur Rafael, filho de Júlia Aline Lima da Silva e de Fernando Nascimento. "Meu filho teve várias complicações, de ficar roxo e os médicos tirarem a gente da sala. Reanimam e chamam a gente de volta", contou Fernando.
Segundo os pais, o menino, também diagnosticado com bronquiolite, teve duas paradas cardiorrespiratórias depois de conseguir ser transferido da UPA do Torrões, onde deu entrada na sexta-feira (20). "Já furou ele várias vezes, já fez vários acessos. [...] Ele já teve duas paradas e precisa de um acesso central e aqui no Barão está sem cirurgião pediatra para isso", disse a mãe.
Arthur nasceu aos 8 meses e 10 dias de gestação e, segundo o avô Thiago Lima, ele bronco-aspirou leite, o que piorou o quadro. "Ele está entubado, se alimentando por sonda. Só que todos os acessos periféricos dele, todas as veias do braço e da mão já estouraram, se estressaram. O menino está parecendo uma 'peneirazinha'", relatou o avô.
Thiago Lima afirmou que cobrou várias vezes do hospital a presença de um cirurgião para fazer o acesso venoso central do neto e, assim, fazer com que ele não precisasse passar por tanto "estresse". "Pelo acesso venoso, ele tomaria qualquer tipo de medicação sem estar passando por isso. Está correndo o risco de qualquer um dos acessos periféricos funcionar", disse o avô de Arthur.
Por volta das 11h40, as famílias de Ravi e Arthur afirmaram que os dois tinham conseguido atendimento com cirurgião, depois de aguardar durante a manhã. No caso de Arthur, o avô explicou que, perto do meio-dia, ainda aguardava o fim da cirurgia. Clique aqui e confira a matéria do portal G1 na íntegra.