Há muito, não havia tido um almoço tão bom e descontraído como o de ontem com Dona Fana, viúva do ex-deputado federal José Mendonça Bezerra. Na companhia da minha Nayla Valença, ouvi muitas histórias engraçadas do saudoso Mendonção, com quem dona Fana viveu um grande amor.
Um amor de mais de 70 anos, que gerou seis filhos e uma penca de netos, entre eles o deputado e ex-governador Mendonça Filho, pai da emenda da reeleição, ex-ministro da Educação. De volta ao Congresso, o filho de dona Fana era o grande e verdadeiro xodó do velho cacique, como assim o tratava carinhosamente.
Leia maisMinha relação com Mendonção foi de tapas e beijos, mais beijos, me corrigiu dona Fana durante o almoço. Embora jeitoso, articulado e sedutor no trato político, o velho era um tremendo pavio curto. Perdi as contas dos desatinos que teve comigo. Uma nota na minha coluna que ferisse os seus brios, era motivo para ataques duros à minha pessoa.
O engraçado, porém, era a sua capacidade de reconhecer os erros e exageros no trato com a Imprensa. Apesar de ser um político de bastidores, arredio a entrevistas, Mendonção era muito bem informado. Odiava duas coisas: ser contrariado e a solidão. Almoçar sem companhia, era um terror para ele, porque passou a vida inteira ladeado de muita gente.
A propósito, rimos demais com uma historinha contada por dona Fana. Segundo ela, numa certa ocasião, Mendonção estava sozinho num restaurante. Extremamente incomodado com a situação, foi se aproximando de um grupo que almoçava ao lado, e para puxar conversa foi logo dizendo: “O papo de vocês está tão bom. Posso ficar aqui com vocês? Não me importo de pagar a conta”.
E foi aceito! O velho cacique era assim mesmo. Gostava de dividir a mesa com muita gente, principalmente a família, seu maior patrimônio. A política só não era a sua primeira e grande paixão porque os filhos Andréa, Isabela, Carla, Mendonça Filho, Danilo e Pedro estavam acima de tudo. Nunca conheci um pai tão amoroso, tão apaixonado e dedicado aos filhos como ele.
Amor eterno da sua vida, dona Fana era Deus no céu e ela na terra. Casou-se com 27 anos, ela com 21. Seu plano era ter dez filhos. Em quatro anos, dona Fana já estava com quatro filhos, quase um a cada ano. Seu sonho era que o primogênito fosse homem, certamente já planejando seu sucessor na política. Mas Mendonça Filho, que abraçou a carreira do pai, foi o terceiro.
As grandes mulheres, estrelas que aparecem e brilham na vida das pessoas, são como dona Fana foi para Mendonção. Fez sua jornada na terra mais leve e segura, deu colo, sacudiu quando preciso, amou muito! Nunca desistiu do amor! Nem um vento a derrubou. Ela é uma mulher de verdade, uma deusa, guerreira!
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