Coluna da terça-feira
Namoro ou casamento?
O ato que assinalou a entrada do deputado Sebastião Oliveira como vice de Marília Arraes, domingo passado, em Serra Talhada, não contou com os 17 prefeitos do grupo do parlamentar. Sebá, como é mais conhecido o líder do Avante na Câmara dos Deputados, disse, ao blog, que não convidou nenhum prefeito.
Estavam lá, entretanto, todos os vereadores ligados a ele em Serra e o ex-prefeito Carlos Evandro. A surpresa foi a junção do seu grupo no município ao do ex-prefeito Luciano Duque (Solidariedade). Sebá e Duque são dois bicudos, travam uma guerra histórica pelo poder na terra de Agamenon Magalhães há 20 anos.
Em 2012, Duque derrotou o próprio Sebá na disputa pela Prefeitura de Serra Talhada. Em 2016, na sua reeleição, impôs uma nova derrota a Sebá, reelegendo-se no enfrentamento a Victor Oliveira, neto de Inocêncio Oliveira. Já em 2020, Sebá se aliou ao ex-prefeito Carlos Evandro, que ficou inelegível, e apoiou a esposa dele Socorro Brito. Abertas as urnas, Márcia Conrado (PT), apoiada por Duque, saiu eleita com 64% dos votos.
Três derrotas seguidas, Sebá se une, agora, na eleição estadual e não municipal, com o velho algoz. No domingo, fumaram o cachimbo da paz diante da responsável pela união antes impossível: a candidata do Solidariedade do Governo do Estado, Marília Arraes. Se Marília for eleita, como apontam as pesquisas, Sebá e Duque estarão num mesmo palanque na eleição municipal de 2024?
Criatura como adversária? – Se o destino unir, mais uma vez, Sebá e Duque em 2024, a surpreendente arte da política poderá colocar do outro do balcão deles a atual prefeita Márcia Conrado, cria de Duque, eleita pela força e prestígio dele. É que, na contramão do criador, a criatura se aliou ao Palácio das Princesas e está apoiando a pré-candidatura de Danilo Cabral à sucessão de Paulo Câmara.
Quem entende? – Ovelha desgarrada do grupo do deputado Sebastião Oliveira, o deputado estadual Rogério Leão também não estará no mesmo palanque majoritário do aliado. Eleito por Sebá e historicamente agregado, cumpriu missões quase que impossíveis, mas deixou o PL e se filiou ao PSB para tentar salvar o seu mandato. Sebá entende a situação periclitante e de sobrevivência do velho parceiro, mas vai ser difícil o eleitor entender porque Rogério Leão não votará na chapa que Sebá está como vice.
Excesso de pesquisas – Ao longo desta semana podem ser divulgadas 24 pesquisas de intenção de voto no Brasil, com cenários para Presidência da República, governos estaduais e Senado. Entre os levantamentos registrados no Tribunal Superior Eleitoral estão o do PoderData, que será divulgado na próxima quarta-feira e o do Datafolha, previsto para o dia seguinte, 23 de junho. Ambos medirão a intenção de voto para presidente. Hoje, tem o instituto Ideia para presidente.
Mesmos suspeitos – Um dossiê apresentado à Polícia Federal aponta que o assassinato de um amigo do indigenista Bruno Pereira foi um crime de mando. A morte do também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, em setembro de 2019, teria sido encomendada pela rede criminosa de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atuam na fronteira com a Colômbia e o Peru. É o que denunciaram familiares dele a investigadores, segundo o jornal O Estado de São Paulo. Familiares do indigenista acreditam que o mesmo grupo que matou Maxciel está por trás dos assassinatos de Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no último dia 5, no Rio Itaguaí, em Atalaia do Norte.
Demissão lamentada – Embora João Antônio tenha sido um dos melhores diretores do Hospital Regional de Serra Talhada, o Hospam – Hospital Professor Agamenon Magalhães – foi afastado do cargo, ontem, por motivação política. Estava no posto por indicação do deputado federal Sebastião Oliveira, escolhido vice de Marília Arraes, mas seu desempenho era muito elogiado por separar as questões mais necessárias e urgentes da população do seu vínculo político. A demissão foi bastante lamentada na cidade.
CURTAS
PISADA DE BOLA – O relato sobre sua intervenção junto ao governo Fernando Henrique Cardoso para suspender a greve de fome de sequestradores do empresário Abílio Diniz e defender a extradição dos presos pelo crime, nos anos 1990, é a mais recente de uma série de falas polêmicas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevistas e atos políticos que tiveram repercussão negativa ou foram usadas por rivais para desgastá-lo.
OUTRA MANCADA – No último sábado, o ex-presidente afirmou, durante um ato em Aracaju (SE), que o PT ainda vaiava a bandeira do Brasil e o hino nacional “de vez em quando”. Ele comentava as críticas que o partido recebia quando ainda era recém-criado, nas décadas de 1980 e 1990. Contudo, segundo ele, a legenda “aprendeu muito”.
Perguntar não ofende: A crise no Governo Bolsonaro provocada pela alta dos combustíveis terá peso na eleição?