Abraçando sonhos que pareciam impossíveis, como estradas que viraram realidades indiscutíveis, faculdades instaladas em rincões de terras inóspitas que, com tempo, trouxeram desenvolvimento, melhoria na qualidade de vida.
Ainda imberbe, correspondente do Diario de Pernambuco em Afogados da Ingazeira, minha terra natal, nos anos 80, comprei brigas, dei uma colaboração importante para o meu Pajeú se transformar na semente sólida do movimento sindical alicerçado na luta pela terra, pelo pão, contra o cangaço.
Da poesia que pulsa solta e leve como pena da alma e do coração da nossa gente pajeuzeira fiz virar manchetes versos de protestos contra a seca e o abandono de nossa gente. Do improviso mágico de Lourival Batista, o Louro do Pajeú, dos gritos estonteantes de Dimas, Valdir Teles, João Paraibano e Pinto do Monteiro, o maior de todos, a quem entrevistei em sua Sertânia, vizinha de Monteiro, seu berço natal.
Há quem pergunte: por que tantas cidadanias? O que Magno fez ou faz? Faço jornalismo em favor dos esquecidos, combato infortúnio, as injustiças. Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Que parte dos que usam o poder para chacoalhar com o povo, os que metem medo, os que não têm espírito público, buscam o poder pelo poder.
Hoje vim a Caruaru comemorar com sua gente seus 165 anos de emancipação política. Chego na condição de jornalista. Em homenagem à Nação de Vitalino, vou apresentar o Frente a Frente, a partir das 18 horas, ao vivo, diretamente do plenário da Câmara de Vereadores. Mas Chego também com autoridade e orgulho de ser cidadão caruaruense.
Que orgulho estufar o peito e gritar em alto e retumbante som: sou Cidadão de Caruaru! Sou conterrâneo de Vitalino, de Tristão de Athayde, de Nelson Barbalho, Onildo Almeida, Álvaro Lins, Petrúcio Amorim, Azulão, Carlos Fernando, da banda de Pífanos, do Coronel Ludugero.
"És bonita, és lendária, Caruaru! Teus caboclos tão cantando, não há terra como tu. Quem tá longe, tá chorando longe de Caruaru", recitou Nelson Barbalho, o homem do País de Caruaru. Caruaru deriva do dialeto dos índios cariris, que habitavam a região na época da chegada do homem branco, no século 16.
Caru significa alimento, coisa boa, e “aru aru”, uma repetição que significa abundância. Caruaru é abundante no calor contagiante da sua gente, na poesia de Condé, na criatividade de Vitalino, na harmonia do Pífano, na cadência do forró. Amar uma cidade é amar a sua própria história.
Amamos uma cidade não porque ela é famosa, pequena, cosmopolita, conservadora, moderna, calma, bonita, turística, industrial, limpa ou qualquer outro adjetivo que se possa imaginar. Amamos simplesmente porque aprendemos a nos sentir parte dela.
Amo Caruaru. Amor não tem explicação. Amo porque amo. Aprendemos a amar uma cidade não pelo que ela é, mas pelo percurso do nosso caminhar. E não existe regra para o amor. Ele simplesmente acontece, de qualquer jeito e sem avisar onde, como e porque viver.
Amar uma cidade não tem nada a ver com ter nascido nela. A vida é feita de escolhas. Podemos escolher sair ou ficar em busca do que nos chama. O que importa mesmo é ouvir o chamado.
Caruaru me chamou, me adotou, trouxe o Ipojuca para irrigar meu coração com a fonte perene dos versos de Petrúcio Amorim olhando para o seu Vassoural.